sábado, 30 de setembro de 2017

MEDÍOCRES

 A INVASÃO  DA MEDIOCRIDADE

João Joaquim 


E assim foi tomando o seu (dela) lugar a digníssima mediocridade. Ela aproximou-se do erudito, do clássico, do mérito, da qualidade, do formalismo, do bom gosto e os escorraçou a todos. E tudo feito de modo insidioso e aderente. Aliás, tem essa senhora constituído até um sistema de governança, a mediocracia. E quem comanda são alguns próceres do sistema, os mediocrões e os mediocráticos.
O processo de mediocrização chegou a tão alta eficiência que ele permeia em todos os setores da vida social. Temo-lo na culinária ou gastronomia, na religião, nos gostos culturais (ou contraculturais), no entretenimento e sobretudo na política.
Na verdade a mediocridade não existe por si só. Alguém a traz bem definida e sustentada em seus hábitos, atitudes, condutas e comportamento. Ela passou a ser um estilo de vida e de apresentação .
Vamos objetivar e pontuar alguns modelos bem encontradiços da invasão ou vigência do sistema mediocrático.
Na arte musical por exemplo. O medíocre do sujeito, do nada se propõe a compor e cantar. Ele se tatua, se espeta de brincos e piercings, boné ao avesso, violão a tiracolo e começa a berrar com toda zoeira. As letras de suas músicas são aquele rosário de abobrinhas, umas frases sem nexos, que falam de drogas e sexo e outros termos desconexos . Aos poucos tais criações já estão no palco, no AM e FM e recursos de streaming.
E creiam, fazem sucesso e seguidores. E acham pouco? Continua a mediocridade. Daqui a pouco, tem empresa de mídia e televisão tocando o contratando o intitulado (a) artista; e a venda e escores de tais esquisitices alcançam o topo das paradas de sucesso. Parada indigesta para o bom gosto é ter que engolir tais criações.
Agora no outro polo de tais famas estão os consumidores que fomentam tais medíocres. É a inserção, o pertencimento desses tais e quais ao sistema da mediocracia. Tal funcionalidade só se vinga pelos seus lídimos e legítimos representantes. Os mediocastros e castrados de algum valor.
No mundo das artes plásticas, na cenografia, do teatro e das ciências e letras. A mediocridade tem buscado o seu assento em todos os cenários da vida . Vida que chamam de modernidade. Ela parece não ter limites. O autor faz lá algumas compilações, notas biográficas e assentos e se arvora ao direito de escritor. Para esses tais bem que se podia criar uma academia brasileira dos imbecis (ABI). É muita presunção para zero de significação.
E não fica por aqui a influência da mediocrização. No âmbito profissional superabundam os mais variados tipos. Nenhum ramo do mercado escapa a tais e quais medíocres. Ainda há pouco eu deparei com um médico que formado (talvez deformado) numa tal uniesquina( faculdade de esquina)  se propunha a curas nunca vistas e outras terapias sem embasamento científico. Fez-me tal tipo medíocre lembrar do Dr Simão Bacamarte, da Vila de Itaguaí, que se encantou com um recanto da Medicina, o recanto cerebral e psíquico. ( Leiam essa história em O Alienista de Machado de Assis).
O mais que fiz foi resguardar alguns clientes do risco de acreditar em tais promessas de curas, só por leituras de outros charlatões.  
E não fica apenas nessa classe de profissionais na arte da cura. Se a pessoa se  der ao trabalho de  procura, na certa muitos outros magarefes, mequetrefes, biltres e parlapatões  hão  de se encontrar pelos cantos e becos das cidades.

Por fim não se pode deixar de menção que essa assanhada e intrusiva senhora vem dominando a vida política brasileira. É ali, aliás, onde achou guarida e outras comparsas, entre essas a tão decantada e repulsiva corrupção. Destarte o que me resta é bradar em alto e bom som: morra a mediocridade nas cenas do Brasil!  Setembro /2017

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