quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Fofoca

A FOFOCA EM SUA ESSÊNCIA
Joao Joaquim

Uma das funções muito em voga das redes sociais se chama fofoca. E essa atividade tem sido exercida ,à larga, porque a internet permite o anonimato, a clandestinidade. Com um aviso e alerta aos fofoqueiros mais afoitos e desavisados: quando a pessoa alvo de maledicências denuncia e faz um boletim de ocorrência (BO) a polícia com uma ordem judicial vai atrás e acha o agressor. Ou seja, o malfeito ou mexerico só ficará sem identificação de autoria se não houver um inquérito policial.
O que se tem de certo e registrado é que o expediente de bisbilhotagem ou fofoca faz parte da história da humanidade. Em todas as épocas, em todas as esferas da vida, em todas as classes sociais esse expediente de explorar e maldizer a vida alheia sempre existiu. Para tanto basta revisitar e estudar as biografias de distintos personagens , e  lá estão os relatos da vida privada das pessoas, sua intimidade, suas relações conjugais e muitos outros feitos e fatos impublicáveis por iniciativa das vítimas.
Se assim pode ser feito, pode-se classificar a fofoca em benigna e maligna, no que se refere ao seu grau de ofensividade. Em termos de consequências para ofensor e ofendido, bem entendido.  Pode se ter a fofoca noticiosa e criminal, a depender do sentido meramente jornalístico ou com intenção  ignominiosa e ofensiva ao outrem. A fofoca benigna é aquele relato de detalhes da vida alheia sem tom pejorativo ou malicioso. São características quase públicas da pessoa alvo desses enredos. Como são os casos da celebridades e famosos.  Como exemplos os hábitos alimentares, o gosto pessoal com roupas, a preferência cultural e de lazer, entre outros comportamentos.
A fofoca maligna busca sempre o menosprezo, algum feito ou um comportamento antissocial e ilícito, um adultério que a pessoa tenha cometido, etc.
Nessa circunstância o fofoqueiro tem como objetivo a desqualificação e vilipêndio do outro.
O que se tem de concreto é que a fofoca traz sempre uma conotação negativa e ofensiva ao outro. Ela gera uma instabilidade emocional, muito mal estar e sofrimento psíquico na vítima. Há circunstâncias em que ela se torna até motivos de crimes e assassinatos. De uma inicial intenção informativa e noticiosa algumas fofocas podem se resvalar  para a esfera penal com graves consequências para vítima e autor das injúrias. Vejamos o enredo fofoqueiro a seguir que envolveu duas famílias, três personagens, um assassino frio e calculista e duplo homicídio.
Foram três integrantes de nomes Mário e Camila, casados;  e um terceiro, Ricardo, casado com Jéssica. História real .  Mário e Camila viviam juntos. Eles viviam tão bem que iam se casar. Camila avistou com Ricardo em algumas baladas (festas e danças noturnas, muito preferidas por jovens). Ricardo era visto em companhia de mulheres em tais festejos. Camila, de smartphone em mãos, fotografa Ricardo e envia para sua esposa. Até que um certo dia, Ricardo vê as fotos (os prints) no celular da própria esposa, enviadas por Camila, noiva de Mário( que já viviam juntos e iam se casar). O que faz Ricardo? Ele pega a esposa, vai à casa do casal Camila e Mário. Eles eram casais amigos. Aperta a campainha, Camila abre o portão. Ricardo mostra-lhe as fotos no celular da esposa. Ele dá-lhe um tiro fatal. Mário, que nada tinha a ver com a história vem em socorro da amada e leva também o tiro fatal.
Nenhuma fofoca justifica um tiro, nenhuma intriga justifica um assassinato. Um duplo homicídio então ultrapassa as raias da loucura e do desvario humano. Mas, quem garante de ele não estar a espreita e não ocorrer. Nas probabilidades humanas tudo é possível, tudo é passível de alguns laivos passionais, tudo pode ter um quê de atos de pessoas aloucadas ou até mais, as tresloucadas.
Todo mexerico, toda bisbilhotice da vida alheia, todo boato e pós-verdade tem esse potencial corrosivo, difamatório e destrutivo. A fofoca, ainda que traga traços verídicos, traz mensagens falaciosas, fantasiosas e pejorativas, com um potencial de trágicos desfechos para os dois lados do enredo. O caso aqui narrado, dos dois casais é apenas mais um de tantos que ocorre aqui e alhures. Basta olhar as manchetes do telejornais policiais e fofoqueiros. Cruz credo! Tal enredo  é uma mostra dessa virulência que traria até inveja em Sófocles, Ésquilo ou Eurípedes. A maldade , a malícia, a astúcia. Que o digam esses luminares autores das tragédias gregas. Como foi o caso do destino de Édipo-Rei , registrado das tragédias gregas.  Novembro/ 2017

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