terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Internet e educação


CONTRIBUIÇÃO DA INTERNET E REDES SOCIAIS NA FORMAÇÃO ÉTICA E ESCOLAR DA JUVENTUDE

João Joaquim 


Quando se fala em meios de comunicação e seus usuários tem-se lá a classificação dessas pessoas:   X, Y e Z, de acordo com a popularização da internet e se a pessoa nasceu antes, junto ou após a massificação da grande rede de computadores, simbolizada pelo trio de ws, www. Eu, por exemplo, sou geração X porque em minha época de estudante secundário e universitário, máquina de datilografar era luxo, ainda se usava mimeógrafo para reproduzir textos e telefone celular parecia um objeto de ficção científica. Só para relembrar, X seria  pré - internet(1960-1980), Y nascido concomitante(1980-2000), Z seriam aqueles nascidos com o mundo virtual já em pleno funcionamento. São  os adolescentes de hoje. 
Hoje, quando se fala em conectividade, uma das chaves da discussão dessa ubíqua (global) conexão se refere ao que esse recurso tem agregado à cultura, aos conhecimentos, à formação do seus usuários. Comparada com gerações anteriores, essa nova geração tem aproveitado os recursos virtuais e digitais na sua formação ética, social e profissional ? Veremos.  
Na condição de usuário X eu nunca demonizei e praguejei a internet. Ao contrário, a cada etapa bem usufruída eu me senti e muito bem servido com os seus recursos em termos de informação , celeridade ,  troca de dados,  contato com empresas e pessoas. Aliás, esses foram seus objetivos originais, informação e permuta de dados (forças armadas, NASA, EUA).
A mim, ressoa como um privilégio poder fazer como que uma interface entre a tradição( época sem internet)  e a modernidade( virtual). Em outros termos, uma mistura da cultura e escolas sem e com a internet. Uma das vantagens da época sem o mundo virtual e digital é que se escrevia mais e se lia mais. Trata-se de parecer subjetivo desse modesto escriba.  Pode ser até que os recursos digitais e da internet permitem que as pessoas leiam muito ou se informem muito. Todavia, sem a qualidade e proveito que se fazia da leitura com recursos físicos. A saber, livros, revistas, apostilas, jornais, textos escritos  (tudo em papel).
Quando se traz à discussão o papel da internet e mídias sociais para a educação e formação escolar a questão central se refere aos critérios de uso dessas ferramentas. Desde os instrumentos da informática aos conteúdos técnicos e científicos disponíveis nos provedores. Uma dúvida muito sensível e pertinente, para os pais e educadores, se refere à idade com que oferecer à criança os primeiros recursos de informática e mídias para a sua alfabetização. Quanto ao conteúdo oferecidos por provedores não há controle de qualidade. Uma dica é olhar sempre as fontes de informação e os autores dos conteúdos . Se a televisão veicula um festival de besteiras, platitudes e abobrinhas, imagine então a Internet  ! 
No entendimento de muitos educadores e psicopedagogos, com os quais eu concordo, é que primeiro deve dar preferência aos métodos tradicionais na alfabetização da criança. Ou seja, a leitura, a escrita, o desenhar, o rabiscar com o emprego do livro físico, o papel e lápis.
  Existem estudos de neurociências mostrando o quanto esses métodos tradicionais estimulam as sinapses cerebrais, o raciocínio, o pensamento logico, e consequentemente, a inteligência na infância. Seria como um jogo de xadrez com o tabuleiro físico e nada virtual. O que é digital e pronto tende a desestimular a criança a pensar. E até mesmo o adulto na sua chamada zona de conforto. Nada de escrita, nada de aritmética, de matemática, tudo pronto e pensado.
A criança vai assimilar (aprender), incorporar em suas atitudes diárias, culturalmente falando, aquilo que lhe for apresentado e ensinado. Se oferecido um smartphone ou tablet aos 3 anos ou 5 anos de idade, como esse aluno vai trocar esse objeto tão “lúdico” e colorido por um livro, caderno ou lápis? Dá trabalho! Exige habilidade e pensar com os neurônios. Nos objetos de informática e digitais tudo parece pronto e mágico.
Basta considerar que toda criança, em termos de aprendizado e informação, nasce com o cérebro e memória como uma lousa em branco. Teoria da tábula rasa de John Locke. A responsabilidade das primeiras inscrições nessa tábula rasa ou lousa virgem será dos pais e primeiros professores. O que for ensinado e treinado ficará gravado para sempre. Portanto, quanta responsabilidade de pais, monitores, cuidadores e professores ( o homem e suas circunstâncias, Ortega e Gasset, teoria bom selvagem de  Rousseau).  
No concernente à relação da juventude (geração z) com a internet e suas tão massivas redes sociais, pairam ainda muitas discussões e dúvidas sobre a influência de todos esses recursos na cultura, na formação, no aprimoramento do usuário como um indivíduo pensante, inteligente e construtivo.  O objetivo magno e supremo da educação, lato sensu, é  formar   um cidadão criativo, participativo, evolutivo e transformador.
Fica a sensação, assistindo ao emprego excessivo e exclusivo da internet e mídias digitais; fica a sensação de que esses jovens usuários têm se tornado e capacitados   em indivíduos meramente informativos e pouco ou zero formativos. Há uma enorme diferença entre o que o mundo virtual me traz de informação e o que me agrega e me acresce de formação. Informação sugere algo superficial, transitório. Formação vai agregar valor, virtudes, preparo ético e profissional. 
Neste sentido basta que cada usuário (seja, x, y  ou z) faça a si mesmo o seguinte desafio, repto ou pergunta: com tanta informação, mensagens, troca de cumprimentos, notícias (muitas até fake News e pós-verdades) à minha disposição, de forma ininterrupta, o que elas me trazem de positivo, de valor e melhora em minha vida pessoal, familiar e profissional? A dúvida sobre essa contribuição já seria um bom exercício de nossa capacidade crítica como indivíduo pensante e criativo, frente ao festival de besteiras e asnices que a   Internet  e as redes sociais ( ou antissociais para muitos) nos oferecem . E ponto final .  
Em que pese parecer um viés pessimista, quando falo da relação dos jovens com a Internet, ainda se veem bons exemplos de leitores  adolescentes e jovens. Um bom expediente seria a leitura do livro eletrônico. Barato, prático e de  mesmo valor do livro físico. Eu cito meu próprio exemplo. Tenho gostado de ler os e-books. E economiza papel, tem esse valor ecológico.    Janeiro/2018

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