terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Pedantismo linquistico

NOSSOS JANOTAS COM SEUS ESTRANGEIRISMOS E SUAS TOLAS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
JOAO JOAQUIM 

O tempo e a semântica se encarregam de muitas transformações. E assim nosso idioma não escapa a esses efeitos dos homens, da sociedade e de seus organismos com suas deformações e subversões. Isto porque os homens criaram as chamadas  convenções, normas, leis e diretrizes. Imagine se não recebessem esses títulos.
Podem-se iniciar estas considerações pelo tanto de vocábulos estrangeiros  que são incorporados ao português. São tantos vocábulos que dariam um subdicionário. Eu nem quero lembrar os termos de informática e do mundo virtual, porque esse léxico se tornou uma espécie de esperanto. Um idioma universal. Seja aqui, em Kuala Lumpur ou na Cochinchina os verbetes são os mesmos. É a globalização da tecnologia e do capitalismo americano. Fora da internet e suas ubíquas redes sociais têm-se como pitadas os termos compliance, impeachment, coach, personal trainer, trainee, CEO (chefe executive officer), delivery, layout, fashion, approach e sister, etc.
O emprego destes vocábulos é tão frequente que o sujeito não sabe sua origem e significado mas sabe em que cenário (contexto) empregá-lo. A repetição pela sociedade torna-os conhecidos.  Certamente já ouvimos muitas madames e homens garbosos e galantes  contar que está no curso de coaching ou "fazendo atividade física com um personal trainer"  . Nunca ouviu?  Então  preste um pouco  mais de atenção.  
Os verbetes importados  se tornaram tão useiros e vezeiros que aqueles(as) que o expressam sequer saberiam a sua grafia correta. São os casos por exemplo do test driver, do CEO e outros tão encontradiços nos falantes autointitulados bem antenados com a modernidade. Aliás, hipermodernidade.
Tornando aqui para nossa última flor do Lácio. Ah tempo! Ah semântica! Ah sociedade.  Como vocês judiam de nosso idioma. E disso se valem muitos falsos mecenas, disso se valem muitos de nossos beócios e vilipendiadores de nossas palavras. Que os corroboram os  abusos e ofensas ao gerúndio, uma das formas nominais do verbo. Os campeões deste vício têm sido os atendentes e secretárias(os) de serviços e empresas, os tão encontrados serviços de “call center”. Olha o estrangeirismo aí! Para se certificar dessas pérolas basta ligar numa operadora de telefone. Isto quando o ligante tem paciência porque o cardápio (menu) de opções é infinito. A resposta com pouco versatilidade é esta: ”aguarde um pouco  que estarei transferindo sua ligação para o setor competente”.
Mas, aqui, com a devida vênia, e até me penitencio, porque  faz sentindo o "estarei  transferindo". Considerando o gerúndio uma ação prolongada, em curso, interminável, etc;  está  em conformidade com muitas das centrais de atendimento ao consumidor (usuário). Em geral, a resposta e solução da demanda do cidadão não se dão com uma, três ou mais chamadas, mas com uma série de contatos com a mesma empulhação .
Uma outra palavrona surrada pelos nossos néscios e parvos da comunicação é a conjunção temporal enquanto. Ainda está  chegadinho de fresco em minha memória, e eu conto;  assisti a uma entrevista de uma professora, feminista engajada e arrotando impropérios contra os assediadores sexuais, gaiatos e impostores do mesmo gênero. O chamativo nas assertivas dessa boa oradora era a repetição do enquanto. Enquanto mulheres, enquanto profissional, enquanto cidadã, enquanto isto e aquilo. A primeira impressão que tive é que sua condição de gênero era transitória e ela submeteria a uma cirurgia de transgenitalização (para mudança de sexo). E nas entrelinhas... que mudaria também  de profissão e cidadania. Enquanto tem sido empregado à exaustão no lugar de como, na condição de . Outro campeoníssimo( permita-me o termo) tem sido a expressão a nível de. Esta tem sido de dar repelões nos tímpanos.
Tão inócua   como pedante e repelente. O politico ou  o executivo (CEO) sai lá do nível do mar, vem para as alterosas ou para o coração do Brasil e começa suas falas e prédicas pelo “a nível de", a nível  disso, daquilo e é um moto-continuo fútil e vazio o mais enfadonho de se ouvir .
E o agregar valor, agregar conhecimento, agregar lucro. E são muitos os sujeitos dessa grei, os proclamados experts (de expertise). Coitados  dos gregos, nem imaginavam os helenos do quanto iam maltratar a boa herança linguística deixada pelos séculos dos séculos.    Agregar , de (ad, grex), juntar, associar ou agrupar. Bonita, mas  que se tornou um lugar-comum corrosivo e rebarbativo dos janotas com suas expressões idiomáticas.
Um grupo de pessoas que deveria ser processado por maus tratos e crime de lesa-idioma se constitui de políticos e gestores públicos. Eu tomo como exemplos os termos cidadania e inclusão. A palavra cidadania se tornou a coringa dos feitos e façanhas de nossos governantes e parlamentares. Se usa ao deus-dará. Em tudo se tem esse tempero, a repetitiva cidadania. Ela entre nas alocuções as mais disparatadas.
E nos mesmos motes e refrões  entra a nossa almejada  inclusão. Têm-se a inclusão social, a inclusão digital, a estatal, a batatal, pré-natal, a financial, etc.
Tem-se , acredite, um   candidato( quanta candura ou caradura), de um certo parlamento aqui no Brasil,  com um  projeto de lei versando sobre inclusão menstrual e  sexual . A   mulher, servidora pública ou privada teria direito a três dias de faltas abonadas motivadas por tensão pré-menstrual- TPM e fastio sexual. Nós merecemos ser regidos e legislados por esses representantes, ou não ?   Fevereiro/2018. 

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