quinta-feira, 14 de junho de 2018

Dinheiro

DINHEIRO PODE E/OU NÃO TRAZER FELICIDADE
João Joaquim  

Em meus escritos semanais nunca falei em dinheiro. Primeiro porque não sou economista e depois porque fui educado compulsoriamente a não depender desse indigitado bem para a plena felicidade; embora ciente que ele (dinheiro) integra os itens da felicidade e sobrevivência da maioria das pessoas, inclusive a minha.
 Ainda me lembra aquela emblemática frase de placa de caminhão, que bem expressa o que pensam muitas pessoas sobre o “vil metal”. Ei-la: “Dinheiro não traz felicidade, dê o seu para mim e seja muito feliz”. Aqui está bem revelado o espírito da coisa, sua excelência, o dinheiro. Não há saída para falar em dinheiro, sem falar em economia. É aquela ciência ou conjunto técnico que trata não só do dinheiro em si, mas sobretudo dos bens de produção, sua distribuição e relação de consumo.
 Uma curiosidade é que o verbete economia tem a mesma origem de casa ou domicílio e com uma explicação justa e coerente. Economia, vem do grego oikos, casa, domicílio. E aqui vem as razões.
A criação da economia, sistematização de normas, regras e preceitos no manuseio de bens, de patrimônio, de custos e receitas, de tudo quanto há nesse mundo teve inspiração numa figura pouco lembrada até pelos próprios especialistas, os economistas. Trata-se aqui da própria dona-de-casa. Há um termo, caindo em desuso para se referir ao ofício da mulher dona-de-casa, prendas domésticas, é o nome oficial da profissão (em desuso) de cuidar de todas as atividades da casa, do lar, da família.
Basta entendermos que uma casa, uma residência, o lar , enfim,  funciona nos moldes de uma empresa. Portanto, nada mais justo e digno, a ciência dos bens, patrimônio e dinheiro, a tão aclamada economia ter se inspirado na quase esquecida profissão de prendas domésticas, a injusta e quase esquecida e pouco valorizada  dona-de-casa. Ela deve ser considerada a vanguardista e primeira economista da história da humanidade.
Esse conjunto de regras, taxas, índices; enfim, o tal do economês, uma boa dona-de-casa sabe de cor e salteado. E tudo sem calculadora, tabela ou planilha Exel. No frigir de tudo e análise de bens e patrimônio, todos, literalmente, todos deveriam ter noções, fundamentos práticos de economia e dinheiro.
Não tem como desvincular dinheiro de economia, com a qual até se confunde. Quase sempre quando se depara com um economista, fica a impressão que ele pisca cifrão, real, dólar e euro. E quando se busca nas origens, o dinheiro tem uma história muito curiosa. Começa pelo seu léxico e semântica. O termo tem várias origens. Por exemplo do grego bizantino. Bizâncio era uma cidade grega, depois virou Constantinopla e atualmente Istambul, capital da Turquia.  Ou  seja, é uma palavra nascida bem antes de Cristo e da filosofia grega.
No latim (influência do antigo império romano) dinheiro  se grafa denarius, vem de deni e significa uma dezena. O dinar por exemplo ainda é a moeda oficial da Argélia, do Barein, do Iraque, Jordânia, Líbia e Macedônia. Quando criança eu ouvia algumas lendas e alegorias de que há uma divindade do dinheiro, que se maltratada e contrariada pode deixar o ofensor ou agressor na lona, sem nada, quando tudo que o sujeito faz anda para trás. Ou seja, tudo dá errado.
Eu sempre tive tais relatos como fantasia e mitos. Mas, depois de maduro e calejado pela vida começo a desconfiar de algum ente, um nume qualquer que rege nossa relação do homem com o dinheiro. Temos que imaginá-lo não como a única e última condição para a felicidade. Ele contribui como parte, não como essência, porque antes da essência temos a existência que deve se sustentar em muitos outros valores imateriais, espirituais e metafísicos.
Na era pós internet, virtual e grandemente digitalizada, tem havido como que um culto, uma religião ao materialismo, ao dinheiro. Nossos tempos da chamada hipermodernidade têm levado as pessoas a outro sistema de vida, ao consumismo. É a modernidade liquida , conforme teoria de Sigmunt Bauman( filósofo polonês , 192-2017). Nós nos tornamos consumidores. De tudo. Do material, da posse, do ser visível e curtido (likes) nas redes sociais, na imprensa, nas mídias. As redes sociais se tornaram os objetos mais consumidos pelas pessoas. Para tanto, elas custam dinheiro porque os instrumentos (smartphones), custam muito dinheiro. E o estado online também custa dinheiro, porque as operadoras cobram alto pelos sistemas, 3G, 4G, até o XG.  
Dinheiro não é tudo, nem essencial porque antes disso eu sou um ser existencial. Dinheiro e economia. Se mal compreendidos nos trazem muita agonia. O que se tem de consenso é que se deve lidar racionalmente com ele. Se não é  tudo, tem hora que ele faz muita diferença mesmo. Maio/2018

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