quinta-feira, 14 de junho de 2018

Febeapá

UM FESTIVAL DE BESTEIRAS DOS TEMPOS DIGITAIS

João Joaquim  


Nós brasileiros atingimos um grau tão requintado de fealdade em todas as searas da vida que mais me lembra a criação do Stanislaw Ponte Preta. O Sérgio Porto. Nos idos anos de 1966, ele escreveu um livro estilo panfletário, muito satírico em que fazia críticas acerbas e cômicas às autoridades do regime militar. É o seu divertido Febeapá -  Festival de besteiras que assola o país. Pena que esse brilhante autor morreu em seguida a edição do livro. Fosse vivo, hoje, teria terreno fértil para muitos febeapás. A obra mostra por exemplo o quanto os agentes de governo exerciam a função com muita truculência e autoritarismo e muito déficit cognitivo.
Vejam esta pérola do livro como amostra grátis: “ foi então que no teatro municipal de São Paulo passava a peça clássica Electra. Nesse Teatro compareceram  alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça. Ele foi  acusado de subversão. Mal sabiam o delegado e seus agentes da repressão que Sófocles  havia  falecido em 406 a. C. “ Além desta, muitas outras pérolas estão lá. Valem elas o prazer de ser revisitadas.
Ao fazer esta digressão por alguns fatos de nossos dias rendo aqui minhas homenagens a esse grande autor que foi Sérgio Porto, no heterônimo de Stanislaw Ponte Preta.
As besteiras e esquisitices a que assistimos hoje em dia brotam de todos os cenários da vida. Seja da política, da cultura, do esporte, dos costumes, das relações sociais as mais variadas. Mas têm sido a política e seus agentes os que mais contribuem para o festival de fatos e feitos que extrapolam o senso comum de normalidade, licitude, legalidade, ética e honestidade.
Falando um pouco de nossa história recente. Quando se faz uma comparação dos presidentes do regime militar (1964-1985) com aqueles após a redemocratização fica bem demonstrados nossos acontecimentos esdrúxulos e fora do eixo. Vejamos: os chefes de estado da ditadura militar, Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Ernesto Geisel e Figueiredo, entraram pobre e saíram quase indigentes. Agora com a democracia atual, temos quatro: Collor, Lula, Dilma e Michel Temer. Todos  encalacrados com a justiça. Desses, Luiz Inácio Lula da Silva, já está condenado a 12 anos e 1 mês de cadeia e preso em Curitiba PR.  Ou seja, já é muita esquisitice para um período tão curto de redemocratização.
Outras vigas e pilares fora do eixo se dão quando vários de nossos representantes do Executivo e congresso estão com vários inquéritos e processos nas costas. Não ficam só por aí nossas coisas fora de prumo. Isto no que toca às funções de governo e nossos membros do parlamento. E é para lamento mesmo, a imagem que esses representantes do povo passam para a sociedade daqui e alhures.
E os candidatos tachados de fichas-sujas? Esses mesmos que têm uma folha corrida tão suja quanto chão batido de galinheiro. O mais melancólico é constatar que esses tais lutam com unhas e dentes para retornar ao múnus público perdido. Sejam de deputado, senador, governador, presidente desse e outro órgão.
Essa tem sido a via crucis de nosso ilustre ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva ,o homem está todo encalacrado de inquéritos,  processos judiciais, denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro e mesmo assim luta e reluta por ser novamente candidato a presidente. Pior do que isto, ele está condenado em 2ª instância a cumprir pena na cadeia. Com tudo isto, ele e seu séquito de bajuladores desafiam e  mofam da justiça;  e ameaçam que não acatarão  a decisão judicial de prisão. Quer coisas mais estapafúrdias ou bestas do que essas?
Abstraindo do reino da política e divertindo-se com o festival de futilidades e baixarias da cultura. Na música por exemplo. O que dizer de um país onde músicas e suas letras (anti-poesia) fazem apologia ao consumo de drogas ilícitas e prostituição? Muitas dessas  estão no topo das paradas. Só como tira gosto. Olhem este refrão:  “ Que tiro foi este”?  da cantora Jojo Todinho. Uma clara referência aos estampidos e pipocos dos projéteis que cruzam o Rio de Janeiro. Uma rotina para os cariocas, a convivência com a violência do crime organizado que tomou conta do Estado.
Ou este “ vai, malandra” , de Anita. Detalhes; nos shows e exibição dessas músicas, suas vocalistas e autoras se vestem em trajes (ou falta deles) os mais sumários. E os trejeitos, meneios e coreografias são de refinada pornografia, sexismo e striptease. Fica só uma pergunta: o que tem a ver música (quanta ofensa às musas da música) com erotismo e pornografia e incentivo ao consumo de drogas como maconha ,cocaína e outros baseados de alto poder destrutivo de pessoas e de famílias ?
Em conclusão, este é o país em que vivemos, em pleno século da informática e da internet. Em lugar de luzes, ideias e inspiração, vê-se um mundo de trevas, tomado de cretinismo, mediocridade,  insensatez e devassidão!   maio/2018.

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