quinta-feira, 14 de junho de 2018

Livre-arbítrio sem ética

O LIVRE-ARBÍTRIO TRAZ EMBUTIDO UM ESCÁRNIO ÉTICO
João Joaquim 

Uma questão por demais sensível que sempre tem me deixado curioso e interrogativo tem sido a bipolaridade em que vivem as pessoas. Questão a que podemos também nominar de dualidade, ambivalência, dilema entre outras. Mas, bipolaridade se revela mais adequado a essa tendência que pode se definir como se segue. Até na política estamos vivendo a chamada polarização .
Antes dessa conceituação faz-se necessário, por ser ilustrativo o chamado dilema( ou paradoxo)  do asno de Buridan. Foi uma experiência do filósofo francês Jean Buridan. Também chamado de escolha de Buridan. Seria uma experiência para também ilustrar o livre-arbítrio. A experiência consistiu em colocar de forma equidistante de um burro um pacote de feno e um balde de água. E o animal com fome e sede teria que fazer a escolha. Ele usando de sua “racionalidade” iria morrer de fome e/ou sede! O que fazer?  Matar a fome ou sede ? Ou morrer da carência de ambos?. Eis o dilema.
Vamos falar sore o livre-arbítrio (também chamado livre-alvedrio). Há uma concepção filosófica (ou metafísica) e uma teológica. Para melhor concepção a semântica e a filologia podem nos permitir a sua desmistificação para os dias de hoje. Arbítrio pode ser entendido como vontade. Assim seria a livre vontade do gênero humano em decidir sobre seus desejos, planos, projetos ou objetivos dos aludidos desejos. Planos projetos, objetos de desejo (lato sensu) são infinitos e incluem até nossos sentimentos, nossa crença ou amor em Deus (ser ou não crente em Deus). Ser incrédulo, agnóstico; ser ateu ou fiel ao criador. Até tais sentimentos, ou concepções se regem pelo livre-arbítrio. Assim seguem os indivíduos em suas humanas lidas de exercer a sua livre-vontade ou livre-arbítrio.
No concernente à natureza ética e moral, estaria toda forma de livre-arbítrio correta e justo quanto à liberdade do livre agir, da livre ação? Imaginemos o exercício da livre-vontade na atitude de um usuário de drogas ilícitas. Um alcoólatra que também por décadas agiu com a prerrogativa de com tal dependência trazer dissabores, desavenças, conflitos conjugais entre outros transtornos sociais ainda na sua plena higidez física e mental . Mas  o tempo corre, esse alcoólatra vai ter  tantas doenças e se tornar agora um doente com sequelas e perenemente incapacitado para sua vida laborativa e atividades sociais.
O que dizer agora daquela livre-vontade de se entregar a um vício tão nocivo e agora depender de tanto sacrifício se seus cuidadores? ( filhos , parentes, enfermeiros, profissionais de saúde). Que significado ético teve o livre-arbítrio desse alcoólatra para com seus familiares e parentes que com ele se coabitavam? O mesmo raciocínio ético e moral se pode fazer com muitas outras experiências e opções de relações do homem com os seus semelhantes e meio-ambiente. Assim ocorre com o livre-arbítrio do cocainômano , um maconha-dependente etc. Assim naquela livre escolha, o sujeito dessa liberdade jogou fora todos os postulados éticos e morais no concernente àqueles à sua volta, seus familiares, filhos, cônjuges , cuidadores.
A bipolaridade tem muito a ver, muitos pontos de comunhão com a prerrogativa do livre-arbítrio. Muitos são os cenários da vida em que ela se manifesta. Até mesmo como bem o ilustra o fenômeno mórbido psíquico denominado transtorno bipolar, originalmente intitulado psicose maníaco-depressiva. Tal afecção psiquiátrica se caracteriza pela bipolaridade humor alegre e humor triste. Assim tem-se o polo maníaco onde o indivíduo doente se mostra muito expansivo, ridente e hilariante. E o polo depressivo quando o paciente se torna ensimesmado, introspectivo, retraído, triste e sem alegria (anedonia). Nesse caso mórbido, que fique assentado:  o indivíduo é inocente, inimputável, neutro, sem culpa porque ele é vítima de um transtorno da fisiologia mental e cerebral, com sua homeostase neuropsíquica doente e precisa de psicotrópicos e psicoterapia.
Assim se dá a bipolaridade em muitas esferas do convívio humano. No econômico, quando o indivíduo tem a opção de ter um estilo de vida mais simples, sóbrio e frugal; mas,  não resiste aos apelos do marketing do consumo, da vaidade e da imagem. Para tanto ele se opta para esse outro polo de vida com endividamento e financiamentos a taxas e juros escorchantes a perder vista. Como consequência, nome inscrito em órgãos de inadimplentes e estado de falência. E nessa borrasca de irresponsabilidades podem muitos familiares e amigos ser levados de roldão.
De igual forma  se dá no âmbito conjugal, assim se dá no campo profissional. É o viés ou inclinação do ser humano a essa dualidade, a não se firmar e decidir sem hesitação a uma opção de escolha. Tal bipolaridade é encontradiça até numa questão sanitária de grande relevância e prevalência, o controle ponderal. Quantos não sãos os indivíduo no seu perpétuo movimento do engorda e emagrece. É um demonstrativo bem consistente da condição hoje tão presente da bipolaridade humana, em tantos cenários da vida. Mas, que é muito merencório e instigante, da personalidade e das reações e expedientes do bicho homem, com os outros de sua espécie, disso ninguém diverge. Maio/2018.

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