sexta-feira, 29 de junho de 2018

Visibilidade...

SOBRE OS PORTADORES DE VISIBILIDADE OU INVISIBILIDADE
João Joaquim  

Uma das palavras muito elegantes e largamente empregada pelos homens de estado, adivinhem quem for capaz. Esta mesmo. Visibilidade. Significa aquela condição ou qualificação que torna a pessoa, o objeto, empresa ou feito conhecido (visível) pela sociedade, pelos meios de comunicação, sejam os tradicionais ou modernos a exemplo da internet e suas ubíquas redes sociais.
Existe uma classificação para a visibilidade. Quanto à duração, ela pode ser fugaz, temporária ou permanente. Exemplos, um figurante big brother ou de outro reality show, essa mediocridade da modernidade de tanta audiência, de nossos tenebrosos tempos. Esse  ator pode ter visibilidade fugaz ou temporária.
As missões do homem à lua, com Yuri Gagarim e cia, visibilidade permanente. A atuação de Nelson Mandela para o fim do apartheid na África do Sul. Eternamente será lembrando pelos sul-africanos e pelo mundo. Pelo fim daquela ignominiosa discriminação étnicorracial e pelo grande estadista que foi Mandela.
Quanto à organização, a visibilidade pode ser pública ou privada. A Ford por exemplo é uma empresa privada de visibilidade eterna. Já a nossa querida Petrobras se tornou uma organização pública de visibilidade permanente. Com os nossos lamentos de que para o bem e para o mal. Para o bem porque foi, ainda o é a nossa maior produtora de petróleo e derivados.
 Para o mal e eu explico. Não que nossa estatal petroleira seja predestinada ao mal. Ao contrário, pessoas, gestores dela mesma, executivos, políticos de mau caráter, dilapidaram-na, saquearam-na, assaltaram-na em bilhões de reais, e quase levaram-na à ruína, à bancarrota. Passado o esquema de corrupção cognominado petróleo, a justiça, na operação Lava-Jato, vem, paulatinamente, salvando-a dessa triste e permanente visibilidade. Oxalá que seja temporária. Mas, que está difícil, está.
Disse no pórtico do artigo do gosto de muitos estadistas pela palavra da moda, visibilidade. Há poucos dias ouvi de um governador e aspirante a presidente. Numa entrevista de cerca de 3 minutos ele repetiu a palavra 6 vezes. A cada 30 segundos, visibilidade. Ele fala da construção de uma ponte, em um “rio natural”. Segundo esse governante a inauguração daquela obra era no sentido de dar mais visibilidade aos fatos e feitos de sua administração. No mínimo ele teve uma visibilidade fugaz. Talvez temporária.
Ao contrário de sua antônima, pouco apreço ou distinção tem o verbete invisibilidade. Que à semelhança de sua antagonista pode ser fugaz, temporária, permanente, pública ou privada.
Conceitualmente, invisibilidade é a condição ou estado no qual uma pessoa, fato, feito ou empreendimento passa despercebido (invisível) do conhecimento da sociedade, dos meios de comunicação e do mundo.
Estendendo melhor os signos e significantes da invisibilidade vamos delinear no estrito sentido da natureza humana. Para mais clareza e consistência falemos primeiro das pessoas de visibilidade. Nesse quesito pode-se separá-las em apenas famosas, famosas e importantes. Muitas são algumas de fama fugaz ou até permanente. Vale caracterizar que muitos famosos não têm nenhuma importância. Como exemplos um ator global da Rede Globo ou de cinema,  o maior craque de futebol do Brasil,  um vencedor de big brother , etc.
Nesse grupo estão aqueles que nada fazem para além de sua cicatriz umbilical. Muitos são esses tais que ganham fama, têm visibilidade, mas nada trazem de bem estar ou construtivo para além dos muros de seus bens, seu patrimônio e visibilidade.
No outro extremo temos um grupo de abnegados, filantrópicos, voluntários que, embora sem acúmulo de riqueza e fortuna têm grande importância. São importantes não famosos e sem  visibilidade, mas com enorme utilidade moral.
Assim é o gênero humano, assim são as ambições humanas. Assim se poderia escrever laudas, tomos, ensaios e livros sobre esses dois estados, um tão em voga,  outro anônimo, recôndito, a invisibilidade humana.
Por outro  lado a visibilidade pessoal pode repimpar e revitalizar  o ego, a estima pessoal. A perda da liberdade de locomoção, talvez seja superada pelo aparato e logística de segurança oferecida ao indivíduo de alta visibilidade. São muitos estadistas.
Nesse sentido e como exemplo Imagine o ex presidente Lula, Donald Trump, Vladimir Putim. Eles que são populares e impopulares nos rincões do Brasil, nos cantões da Suiça e outros cantos do planeta. Eles não sabem o sabor e o regalo de ir a uma praça (do povo),  a uma cachoeira ou recanto natural sem a costumeira guarda pessoal armada. Qual o sentido  dessa visibilidade sem liberdade de ir e vir ?

Grande são as fileiras, as legiões e classes de homens e trabalhadores invisíveis. São os operários e proletários que compõem os órgãos e corporações deste Brasil e do mundo. Sejam elas públicas ou privadas. Entre centenas desses representantes temos os serviçais de condomínios  de residências, ou de serviços públicos e privados, os jardineiros, copeiros, porteiros, guardas de trânsito, os garis. Todos, literalmente todos, nunca são referidos, anunciados ou chamados pelo nomes, quando muito pelo trabalho, obra ou ofício que prestam. Esses constituem a maior população das pessoas ou homens invisíveis. O porteiro, o garçom, o jardineiro, o vigia, o policial, o gari entre outros que em meio à multidão se tornam invisíveis. São os portadores de invisibilidade permanente.   JUNHO / 2108

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