terça-feira, 31 de julho de 2018

SOS TERRA

LAUDATO SI É UM DOCUMENTO DE SOCORRO AO  PLANETA

João Joaquim  


Na recente encíclica Laudato Si (Louvado Seja), o papa Francisco nos dá grandes lições ecológicas. Vejamos a seguir as principais mensagens , em resumo, extraídas desse magnífico documento universal, sobre os riscos que correm o planeta Terra, os recursos naturais e todos os ecossistemas, onde estão incluídos nós humanos. A Integra acha-se grátis na Internet.
O homem é o culpado pelo aquecimento crescente do mundo, com o uso irresponsável dos recursos da terra. A concentração de gases, com efeito  estufa impede que o calor dos raios solares, refletidos pela terra, se dilua no espaço. Em 2050, teremos 6 graus a mais de calor do que hoje!
A água será fonte de conflitos e guerras, pois começa a ser mercadoria, sujeita às leis do mercado. Os recursos naturais estão se esgotando, enquanto o hábito de desperdiçar água atinge níveis inauditos. Grandes cidades poderão sofrer cada vez mais períodos de sua carência e lençóis freáticos estão ameaçados pela poluição.
A submissão da política às finanças é a causa dos fracassos nas reuniões mundiais para conter a deterioração do planeta. Poderemos testemunhar uma destruição sem precedentes dos ecossistemas com consequências sérias para a vida.
A Terra, nossa casa comum, está se tornando um enorme depósito de lixo, pois criamos a cultura do consumismo e descarte. As soluções baseadas na tecnologia resolvem um problema, mas criam milhares de outros distúrbios.
As religiões devem promover diálogos com vista à conservação da natureza. Devem se preocupar com o meio ambiente. O patriarca Bartolomeu da Igreja Ortodoxa diz: “Todos, na medida em que provocamos pequenos danos ecológicos contribuímos para a destruição do ambiente”.
Propõe-se um crescimento com mais sobriedade, e uma capacidade de desfrutar sem estar obcecado com o consumismo, que nos sufoca e não nos torna felizes. Não há como se pensar num mundo melhor sem pensar na crise do meio ambiente, pois tudo está estritamente interligado a fraqueza dos pobres e a fragilidade do planeta.
Milhões de toneladas de resíduos não biodegradáveis como fertilizantes, inseticidas, fungicidas, pesticidas e agrotóxicos são lançados na terra envenenando-a, às vezes, desnecessariamente. “A terra geme e sofre as dores do parto” (Romanos, 8.22).
Estamos com cada vez menos água potável e energia e assistimos a extinção da biodiversidade  do planeta, o desmatamento das florestas e o derretimento das calotas polares, criando grande degradação ambiental. A atual e violenta migração para a Europa, representada pela morte e foto do menino sírio Aylan Kurdi na beira da praia, infelizmente, não será a última onda migratória da pobreza, avolumando os problemas ambientais.
Desde sua  edição / junho /2015 , a encíclica Laudato Si (Louvado Seja), do Papa  Francisco tem ganhado grupos de leigos (Goiânia, por exemplo) que buscam a interpretação do documento papal. O eixo das reflexões é a expressão de Francisco: “Como pensar num mundo melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e nos sofrimentos dos excluídos.”
Oração pela nossa terra
Deus Onipotente, que estais presente em todo o universo/e na mais pequenina das vossas criaturas,  Vós que envolveis com a vossa ternura/tudo o que existe, /derramai em nós a força do vosso amor/  para cuidarmos da vida e da beleza. /Inundai-nos de paz,  /para que vivamos como irmãos e irmãs /sem prejudicar ninguém.....( LAUDATO SI-  maio 2015).

É isto, se fizermos , cada um de nós a parte que nos cabe, poderemos deixar filhos melhores, futuros cidadãos melhores, e por conseguinte um meio ambiente, ecossistemas melhores e um planeta mais saudável e agradável de se viver.

ESCRAVIDÃO POR OPÇÃO

 ESCRAVIDÃO DIGITAL VOLUNTÁRIA
João Joaquim  

Pelo Brasil  e por muitos outros países mundo a fora ainda viceja muita escravidão. E aqui pode-se abrir uma chave dividindo-a em duas ou mais  formas. Há uma escravidão tradicional, quando o ser humano é explorado à moda da “extinta escravidão negreira” (SIC), e uma oficial.
Só para lembrar:  Na primeira forma de escravidão o indivíduo trabalha à exaustão e não tem nenhum direito trabalhista, como uma carteira de trabalho assinada e depósito de um fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS). E muitas vezes em condições degradantes de saúde e de segurança. Por isso é entristecedor e doído de afirmar que essa nódoa humana ainda existe por muitas regiões do Brasil e do mundo. Extinta solenemente por muitas nações, mas na prática ainda praticada com a conivência e tolerância de muitos governantes. Há ainda uma outra escravidão, agora com a chancela dos governos. A escravidão oficial.
Os trabalhadores sem qualificação profissional constituem uma forma de escravidão oficial. São os também nominados trabalhadores braçais, aqueles que executam trabalhos pesados, necessitando de muito esforço físico. Como exemplos nesse rol de pessoas têm-se o trabalho de construção civil, os serviços de limpeza de condomínios e empresas, os garis, os estivadores, etc. Muitos desses operários trazem outro triste estigma, o do analfabetismo.
Essa “segunda” classe de trabalhadores, embora tenham alguns direitos trabalhistas como carteira de trabalho assinada e férias, quanto têm,  enfrentam muitas dificuldades como trabalho extenuante, baixa remuneração, falta de assistência médica e condições insalubres e até degradantes na profissão. Como exemplo citam-se falta de equipamentos de proteção individual, má alimentação, jornadas extenuantes e falta de assistência médica. Ou seja, temos aqui nessas levas e levas de operários e serviçais uma forma dissimulada e disfarçada de escravidão, porque é oficializada e legalizada pelos órgãos de governo, inclusive pelos tribunais do trabalho e ministério público do trabalho. O que analisado de forma isenta e cuidadosa revela-se um absurdo tolerável, porque legal, mas muito injusto e indigno.
Uma última forma de escravidão em quase nada tem sido debatida porque ela se faz e se dá de forma silenciosa em todo o planeta. Silenciosa porque é consentida ou voluntária. Ela se dá linearmente com os avanços tecnológicas da chamada era pós moderna ou hipermodernidade. No sentido de mais compreensão vou nominá-la de escravidão digital. O adjetivo digital faz sentido porque o processo escravagista se dá marcantemente com o emprego dos instrumentos de mídias, internet e redes sociais. Na verdade a intitulada escravidão consentida sempre prosperou porque é inerente a todas as formas de governo. Nos regimes tirânicos há a escravidão por coerção e a consentida. Mas, ela está também presente de forma mais disseminada nos sistemas de governo democráticos.   Como se processa a escravidão consentida?
Os governos democráticos a estabelecem através de regulamentação e legalização de obrigações, regras e impostos contra o cidadão. O expediente de explorar o cidadão em caráter escravagista legalizado se dá em toda forma de tributação. Sejam serviços, atividades profissionais e circulação de produtos e mercadorias. NO Brasil, o povo paga quase 38% do que produz, compra e consome em impostos e obrigações aos governos.
A escravidão consentida também se dá em âmbito privado. É o sistema capitalista, comercial e consumista impondo suas regras e diretrizes na relação fornecedor/consumidor.
A escravidão voluntária ou consentida se faz muito forte e presente com o surgimento da internet. No Brasil tal fenômeno se massificou a partir dos anos 2000 com o surgimento das redes sociais e popularização dos grandes provedores (google e provedores de lojas virtuais). Pelas Internet e redes sociais vendem-se de tudo , de amor e casamento até drogas de toda ordem.
O sistema capitalista com todos os seus tentáculos de consumo, marketing e comércio têm na televisão,  na internet e redes sociais os seus principais instrumentos de engodo, aliciamento e controle do cidadão. Todos são bombardeados o dia todo, com os apelos de consumo.
Há uma cadeia mercadológica, ideológica que induz, seduz e convence as pessoas a obter toda forma de serviço, atividade e produto. E aqui vem a razão do sistema se constituir na mais explícita e genuína escravidão consentida. Todos os dados pessoais, financeiros, endereço com CEP, gastos e preferências são fornecidos graciosa e voluntariamente pelo consumidor quando ele acessa a Internet e redes sociais.
Ou seja, tanto os governos (tirânicos ou democráticos) como de resto as empresas privadas têm acesso e controle dos dados do cidadão, trabalhador e consumidor. É por isso também chamada de escravidão digital. Todos se acham embevecidos e anestesiados com os sistemas que têm no mundo digital suas principais ferramentas e aliados.

Hitler, Stalin, Mussolini não tiveram acesso ao que têm hoje as indústrias, governos, provedores de internet e todo o sistema comercial e consumista  em termos de dados e informações sobre os cidadãos. E pelo jeito das tecnologias da informação , a coisa vai apertar ainda mais.  Basta que os usuários de Internet e Redes Sociais( sociais ?) , continuem distraídos, encantados e enganados pelo mundo digital.  Julho/2018. 

RACISMO

O RACISMO E PRECONCEITO TÊM A IDADE DO PRÓPRIO HOMEM


João Joaquim 

 A copa mundial de futebol, a copa FIFA Rússia 2018, se engajou na campanha contra o racismo. Em vários jogos da competição, no telão dos estádios e faixas exibidas antes das partidas lia-se o slogan “Say No To Racism”. Em tradução livre: “Diga Não ao Racismo”. E com isso eu faço o presente artigo.
Na historicidade do problema do racismo poder-se-ia buscar as suas origens na teoria do criacionismo ou da evolução do gênero humano. Mas, por questão mais abrangente e mais universal, tomemos a questão na abrangência do evolucionismo. Teoria do cientista britânico Charles Darwin.
Para tal reportamos ao homem nos seus idos tempos de vida nas cavernas. Era então o homem primitivo, de vida livre, nativo que para sobreviver se valia do extrativismo natural, frutas, peixes e caças de animais igualmente a ele, selvagens. Assim duríssima era a sobrevivência desses ancestrais humanos. Além de extrativista natural, tinha que ser exímio caçador com instrumentos naturais, pau, pedra, rede de pescar, arco e flecha e as próprias mãos.  Essa homem original viveu há cerca de 40 mil anos atrás .
O sujeito era ora caçador, ora caça. Nessa etapa evolutiva o homem tinha como rivais ou emuladores muitos outros animais selvagens, os grandes predadores da natureza. Basta relembrar, havia as feras vegetarianas ou herbívoras e os carnívoros estritos. Como exemplos dos grandes herbívoros citam-se os macacos de grande porte. Entre os carnívoros estritos tinham-se os grandes felinos, onças, tigres etc. Ou    seja, só com esses dois grupos de predadores, fica patente como era difícil, competitiva e de alto risco a vida nesses primitivos tempos da evolução e adaptação humana em habitar o planeta.
Nesse cenário evolutivo, predatório e competitivo, não eram as feras e predadores selvagens os maiores inimigos e rivais do homem primitivo. Iniciam-se a formação de grupos humanos. Têm-se a formação de tribos, a diversidade étnica e racial. Tem-se ali a atividade competitiva,  rivalista, a emulação dentro da própria população hominídea. Há uma busca acirrada, exploratória e bélica, nos moldes primitivos, por espaço, território, comida, extrativismo natural, caça e abrigo, cavernas, a melhor caverna e proteção para as famílias. Desses primitivos humanos.
É nesse ambiente original que nasce o racismo. A primeira manifestação e comportamento racista. É o homem primitivo expressando o seu primeiro expediente, a sua primeira verbalização de oprimir o outro homem, representante da mesma espécie. É o olhar sobre o outro como se esse outro e ao mesmo tempo o da mesma espécie como diferente, desigual; e aqui vem o nó  desse sentimento, uma reação de inferiorização de um integrante e membro da mesma tribo global, a tribo dos humanos, representantes do homo sapiens sapiens. Esse indivíduo deixa provas consistentes de sua existência, conforme o atestam os estudos de arqueologia, paleontologia e antropologia e exame macro e necroscópico.
Enfim, o racismo tem suas raízes, sua gênese na primitiva rivalidade do próprio homem contra outros humanos. Dando um salto na trajetória evolutiva da espécie humana. Analisemos então o homem já civilizado. Homem esse já munido de ferramentas, capaz da  exploração da terra, o cultivo do solo, a agricultura, a produção de bens para a subsistência, o extrativismo mineral, o acúmulo e comércio de bens agrícolas.
Para tanto o que fez o homem contra o próprio homem? O escravizou. Quem majoritariamente foram escravizados? Os povos do continente  africano. A África foi a bola primeira e da vez por ser um continente atrasado, pobre e primitivo no processo evolucionista e civilizatório. A questão poderia ter se dado ao contrário, se uma Ásia, uma América, uma Europa tivessem a infelicidade e destino do atraso, subdesenvolvimento.
E  pior que isto: a escravidão e racismo ali já eram praticadas primitivamente por chefes tribais. Um fenômeno e um sistema que informalmente ocorrem até hoje com a displicência, conivência e participação  de muitos chefes de Estado. Para tanto basta revisitar a História recente e atual de muitas nações africanas.
Na verdade o racismo, a discriminação, o preconceito contra o negro ou afrodescendente nascem dentro da própria evolução e civilização humana, na sua intestina e instintiva reação de rivalidade em emulação com os mesmos integrantes da mesma espécie. Nessa natureza e corrente de reação, de comportamento há uma obra muito pertinente e atemporal, a magnifica obra de Thomas Hobbes, O Leviatã, que fala justamente da luta de classes, do homem como lobo do próprio homem.
Daí, afirma Hobbes, a necessidade da criação do  Estado para impor regras, limites, leis e punição aos infratores das normas e legislação do Estado. Faz muito, faz todo sentido o código penal cominar a injúria racial, o racismo como crime inafiançável. Como de resto a toda injúria e preconceito contra a opção sexual, ao indígena, ao estrangeiro, ao pobre, ao deficiente físico, ao analfabeto, ao obeso e qualquer pessoa fora dos padrões considerados como bons ou melhores  pela sociedade . Sociedade esta instigada, movida pelo sistema capitalista, consumista irracional e exploradora do outro.
O mais intrigante e esdrúxulo é observar, constatar que a questão do racismo ocorre dentro dos próprios grupos étnicos . Quantos não sãos os indivíduos afrodescendentes ,  ditos famosos, ricos, bem sucedidos, midiáticos( jogadores bem pagos , artistas de cinema, etc) que raramente se casam com mulheres negras ? Basta ler a biografia e comportamento desses tais.  Ou seria mera coincidência ? Fica essa primeira impressão de preconceito ou rejeição da própria cor da pele.
O que  se pode registrar e consignar é que o racismo, a discriminação , o preconceito , nos dias de hoje, se tornaram um comportamento abominável, intolerável, inaceitável . Quem assim o procede está expressando nada mais do que sua idiotia e imbecilidade . Neste sentido faz muito bem e oportuno cada nação classificar o racismo ou intolerância étnica como um crime  repudiável e inafiançável .   Julho/2018   


PSIQUE DO FUTEBOL

PSICANÁLISE  DAS TORCIDAS E COMUNICAÇÕES  DE FUTEBOL
João Joaquim 

Uma matéria que deveria merecer mais estudos, seja pela psicologia, seja pela neurofisiologia (neurociência), seria o fenômeno das torcidas de futebol. Trata-se de um fato de ordem planetária, talvez até em âmbito extraterrestre. Então, tem-se com essa constatação tal imperativo. Os mecanismos neurais e psíquicos que levam milhões de pessoas a se manifestar tão apaixonadamente, delirantemente, irracionalmente por esta e aquela equipe de futebol. Assim tais expressões de simpatia, de paixão que beiram a irracionalidade  mereciam mais ensaios e trabalhos científicos. E não há!
No   mês de julho de 2018 , o planeta inteiro, assistiu  a Copa FIFA Rússia 2018. Torneio que reúne 32 seleções dos 5 continentes. E mais uma vez vimos como se dá a paixão nos mais variados graus dos torcedores de futebol. São sentimentos que vão de simples gostos e admiração pelo esporte até as manifestações efusivas de alegria, delírio e destempero total. São manifestações ora de extrema alegria e felicidade, ora de muito choro, tristeza e depressão. Tais explosões de sentimentos ora na exaltação de alto bom humor, ora de raiva e até confrontos e brigas se dão na medida em que haja vitória ou derrota dos times em jogo. Trata-se de um fenômeno de massa humana, repita-se, de ordem mundial.
Falando-se mais seletivamente de Brasil, conforme bem pontuou o dramaturgo Nelson Rodrigues, constituímos uma pátria de chuteiras. Isto porque o país majoritariamente, além de torcer por algum time, torce para a seleção, principalmente na vigência de Copa do Mundo, realizada de 4/4 anos. A bola da vez foi  a Rússia do Vladimir Putin. Dois são os fenômenos que levam o indivíduo a torcer para uma equipe esportiva. Falemos mais especificadamente da seleção de futebol. São os efeitos da sugestão (ou sugestionabilidade) e os efeitos-manadas.
Em psicologia dá-se o nome de sugestão ao processo com que uma pessoa ou entidade exerce na decisão de outra pessoa. O mecanismo da sugestão abrange vários fatores. Como exemplos práticos desses fatores,  quanto mais imaturo, psicologica  e intelectualmente for o indivíduo mais susceptível ele será aos efeitos da sugestão. Nesse grupo de pessoas estão as crianças, adolescentes, os jovens, os analfabetos absolutos ou funcionais. Fazem parte desse grupo  aqueles indivíduos que têm alguma natureza de déficit cognitivo ou crítico.  O efeito sugestivo tem um papel construtivo por exemplo na educação da criança.  Uma construção pedagógica.
O filósofo John Locke( 1632 – 1704), foi o filósofo do empirismo.  Sua teoria era de que todo conhecimento vem da observação do mundo , e era alinhado com os efeitos da sugestão e da manada. Teses contrarias ao inatismo de Platão.
O chamado efeito-manada tem alguma semelhança com a sugestão mas dela difere porque o indivíduo no sentido de nenhum ou mínimo esforço crítico e de tomada de decisão opta e acompanha a decisão de um grupo de pessoas. Quanto  mais membros compuser esta manada (grupo) mais influência exercerá no individuo (torcedor). O efeito-manada se faz ver em muitos cenários sociais e civis. O futebol representa em paradigma do fenômeno.
O efeito-manada no futebol se dá em todos os estratos sociais, daí dever-se-ia merecer  mais estudos e investigação das ciências do comportamento,  como a psicologia e neurofisiologia. Tanto a influência da sugestão quanto do efeito-manada são enormemente exploradas pelos meios de comunicação em massa. Sobretudo as redes de televisão que patrocinam as seleções esportivas. Existem nessas emissoras tanto o emprego da sugestão como o efeito-manada.
Nesse sentido sempre que a seleção brasileira vai participar de alguma competição, a TV patrocinadora, no caso do Brasil , a Rede Globo procede a uma antecipada e longa campanha de propagandas da participação da equipe esportiva. Tudo se dá nos moldes de uma dramaturgia. Todas as estratégias de arte cênica e marketing são postas em ação. Isto vai de exaltar os atletas como super homens, às vezes, como vilões também. Tudo vai depender do impacto que uma e outra manobra vai gerar no torcedor ou consumidor final. O fim último é satisfazer a grande audiência, o grande público consumidor das marcas e produtos dos patrocinadores.
Basta lembrar que a emissora patrocinadora da seleção vende o seu tempo, os minutos aos anunciantes e também patrocinadores. Quanto mais audiência mais caros os minutos de anúncio das marcas e produtos expostos aos telespectadores. É dentro de todo esse esquema de marketing, de chamamento, de vinhetas enfim,  que entram os resultados da sugestão e do efeito-manada. Assim, indistintamente, todos, literalmente todos, entram de roldão na torcida pela seleção. Os fenômenos se dão tão intensamente que muitas dessas pessoas jamais se disporia a ouvir sobre futebol. Muitas outras tais sequer quer saber se a bola é redonda ou oval. O que para elas importa é participar daquele evento que soa como a chegada de um avatar ou messias. Tal fenômeno é a quintessência do chamada sugestão e efeito-manada.
Em conclusão, o certo é que todas as estratégias empregadas, tanto pelas redes de televisão quanto pelos fornecedores de marcas e produtos atingem os seus objetivos (fins). Invariavelmente os grandes patrocinadores, os anunciantes na televisão são os fabricantes de cerveja, ou seja, além de sugestão e do efeito-manada as pessoas torcedores são como que entorpecidas e inebriadas por bebidas alcoólicas consumidas e compradas desses patrocinadores.
Todos são levados como bois em uma boiada (manada). Os repórteres, os âncoras e locutores fazem de suas locuções e transmissões genuínas  melopeias e aboios na condução e sedução das massas, em explosão de alegria ou fúria. Todos, enfim, se passam por cordões e multidões de imbecis pelo incisivos efeitos da sugestão e efeito manada( no vulgo também chamado maria-vai-com-as-outras).  
EM tempo: a administração do futebol brasileiro ( CBF), sediada no Rio de Janeiro, onde governava o ex governador e atual presidiário Sérgio Cabral, mostra um curriculum vitae assombroso. Dois últimos 3 presidentes da entidade, um está preso nos USA, aguardando o tamanho da pena que vai cumprir( sr José Maria Marin).  Dos dois últimos , um está foragido e escondido(homiziado) aqui no Brasil ( Sr Ricardo Teixeira). O Outro sr Del Nero foi banido do futebol e também foragido da Justiça americana. Uma história bem parecida com nossos políticos na ativa e também cumprindo pena na Polícia Federal , em Curitiba PR.   Julho/2018


PREGUIÇA...

OS PORTADORES DE PREGUIÇA E OUTROS PECADOS CAPITAIS  
João Joaquim  


Uma vez mais debruço-me sobre o tema preguiça, essa condição de que muitos são acometidos. Na verdade, ela constitui um dos setes pecados capitais. Vícios ou pecados que são o orgulho, a ira, a luxúria, a inveja, a gula, a avareza e ela, a preguiça que em alguns tratados ou descrições é também referida como acídia. A  preguiça (acídia) já é tema de filósofos, teólogos e escritores. Tomás de Aquino, Fernando Pessoa e Freud, por exemplo escreveram sobre o vício de nada fazer, far-niente .
No Brasil ,por uma questão cultural, genética e educacional pululam, vicejam os representantes tais. Infestam os casos de gente  de preguiça. Alguns são tão deslavados que portam os outros pecados. Orgulho, muitos além de vagabundos e indolentes se ufanam de tê-lo.
Avareza, como um sujeito não tem posse de quase nada, ele se torna um mão-de-vaca e mesquinho. Ele nada distribui do que amealha na sua via vadia. E acima de tudo costuma ter inveja de outros que laboram. Tem preguiçoso que  fica irado se lhe faz algumas reprimendas. Ele não gosta de ser tachado de improdutivo.
 A luxúria,  por quê? Nada tendo o que fazer o malandro tem tempo de sobra para gestos fesceninos e libertinos. Muitos se tornam dissolutos em sua faina de entretenimento.
Por outro lado a gula. E para tal eles se tornam em autênticos comensais oportunistas e fila-boias. O preguiçoso e entregue ao estilo de vida de vagabundagem padece também de outros pecados. A lassidão e a indolência como exemplos. Se aplicar a lei da inércia ao preguiçoso, sua predisposição seria uma vez inerte, eternamente na inércia. Porque a sociedade sempre o encontrará improdutivo e nunca em qualquer agitação ou movimento laboral.
Na apreciação psicanalítica a preguiça é referida como acídia. Ela guarda uma quase equivalência a melancolia. O preguiçoso ou melancólico é também acometido de tédio, de fastio, do ócio improdutivo. No íntimo , ele sofre de asco, de rejeição aos esforços, a qualquer atividade construtiva. Segundo Tomás de Aquino o preguiçoso ou acídico pode sofrer de transtorno depressivo, de tristeza, a ponto de esse estado trazer algum dano ao corpo, o que hoje pode se referido como uma doença psicossomática.
Sigmund Freud foi outro que chegou a aventar que o preguiçoso afetado de inércia (apatia) e melancolia chega a perder a capacidade de amar.
Fernando Pessoa, o poeta português, alude à acídia em seus poemas. Para ele a vagabundagem, a improdutividade e inércia são filhos da preguiça. Entre  os grandes pensadores temos Friedrich Nietzsche que discorreu sobre a preguiça (acídia) e o ócio. Ele defendeu os preguiçosos. Disse em alto e em bom som, não fosse o ócio ou preguiça não teria o homem inventado a roda. É o que se constata lendo sua obra Assim Falou Zaratustra.
Revisitando as referências alusivas à preguiça ou acídia o que se tem de conclusivo é que todos os portadores desse estado mórbido e pessoal portam muitos estigmas negativos e rejeitados em todas as épocas sociais. Muitos dos estudos e autores como os referenciados dedicam ao tema no sentido de sua gênese e compreensão.
À luz e apreciação dos tempos modernos, quando se tanto valoriza o trabalho, a competição e produtividade, a preguiça, abstraindo-se do cunho cristão e teológico, sofre forte rejeição e intolerância. Porque se vive justamente num mundo de alta rivalidade profissional e operacional.
Usando o termo popular mesmo, preguiça, ao que sugerem as abalizadas e referendadas opiniões, ela pode ter  uma gênese mista. Ou seja, uma predisposição genética, mas também ser uma marca comportamental do processo educacional do indivíduo. Processo porque vem da influência familiar. Uma criança, um adolescente ou jovem que recebe uma educação permissa, libertária e frouxa, sem limites , está na verdade sendo instruído, com alta probabilidade de acerto de se tornar um preguiçoso, além dos outros pecados capitais. A prática e a vivência de cada pessoa podem bem revelar o quanto pode existir de genética, de educação familiar e meio social nessa afetação psíquica e comportamental que acomete milhões de pessoas.
 No meu entorno, dou conta de muitos parentes, contraparentes, aderentes e outros tais, cunhados, cunhadas, papa-boias e quejandos, que se valer a danação da alma por muitos dos vícios  aqui listados, os ditos pecados capitais , eles vão direto para os quintos, purgar todos esses defeitos e no fim da eternidade, talvez voltar ao Paraíso. 

Julho/2018.   

NIILISMO GENÉRICO

DA INUTILIDADE E NULIVALIA DAS COISAS  
João Joaquim   

De esferográfica em punho deu-me vontade de escrever sobre a inutilidade das coisas. Não, não leram errado. É exatamente isso! O quanto de inútil que há em coisas inúteis. Para minha segurança e meu apoio eu tenho a meu favor duas figuras emblemáticas do pensamento e das artes. Trata-se de ninguém menos do que Aristóteles(384- 322 a.C) e o poeta e artista Oscar Wilde(1954-1900). O grande filósofo grego falou por exemplo sobre a inutilidade da felicidade. Pasmosa tal afirmação, mas ele afirmou que a felicidade não tem nenhuma, zero utilidade. Já o escritor e dramaturgo wilde disse que a arte é inútil. Simplesmente não serve para nada.
Pronto, ancorado então apenas nessas duas lendárias figuras, uma do antes, outra do depois de Cristo eu vou discorrer sobre a não serventia, a nulidade ou o niilismo, conforme já o cravou Nietzsche, de um milhão de coisas que nos oferecem.
Para ser sincero, este próprio texto. Qualquer leitor que por desventura o ler poderá tirar essa singela conclusão. Que afirmação inútil e tola. Ela não me acrescentará nada porque como diria Leandro Karnal ou Marcelo Tass eu estou careca de saber.
Ok. Mas, para fins mais utilitaristas bom é que se dê( eu por agora) alguns exemplos práticos do cotidiano. E em se falando nesse ciclo dos dias pegue-se o caso do uso do horóscopo para análise do signo das pessoas. Eu desconheço coisa mais inútil do que astrologia. Se fosse científica, todos os astronautas iriam para o paraíso e nenhum deles tem essa garantia. Esse resto de afirmação, como se vê, não tem nenhuma, bulhufas de utilidade, mas fica o dito por feito e pronto.
Previsões da meteorologia para uma vastidão de pessoas. Em que acrescentam alguma coisa à vida do povão? Em nada. Cotação do dólar e do euro para quem pouco real tem no bolso. Pura inutilidade. Mesmo para quem tem alguns minguados trocados na poupança. O poupador não vai sair às carreiras e fazer câmbio de seus caraminguás. E todos os canais e periódicos de comunicação têm esse tipo de informação. Com que razão?
Ah! Tá bom, são exemplos inúteis? Aqui vão outros de não somenos importância. Podem ser alguns useiros e vezeiros na vida das pessoas. Cirurgias plásticas com fins cosméticos e estéticos. Mesmo obedecendo a todos os princípios éticos. Todas, rigorosamente todas, não tem nenhuma finalidade. Zero  fim!
Ah, não, mas a estética traz um certo bem estar psíquico, traz felicidade!  Olha o Aristóteles com sua tese. Para que serve a felicidade?
Olha esta aqui ,de estarrecer! Ter filhos. Que finalidade subsiste e persiste nesse prevalente expediente de gerar filhos. O sujeito que não teve um bom pai, que de igual modo, à moda do pai,  se tornou um mau filho , e agora quer por filho nesse mundo cheio de maldades e incertezas. Filho, bem entendido, supõe provisão de educação, de família e do Estado. E pelo estado das coisas no Brasil, a coisa desanda para lá de feio.
Agora esta.  Tatoo, tatuagem. Que finalidade  alguém vê nesse expediente, o sujeito (homem ou mulher) em trocar a sua pele natural, biológica que se renova diuturnamente, por pinturas, gravuras, desenhos os mais psicodélicos?  Tanto inútil que com o enjoo da coisa, assim que o sujeito tem tédio com a marmota,   tem que se buscar a utilidade de uma profissão útil, a cirurgia plástica reparadora , com o fim de reparo daquela inutilidade impensada. E olha que roubada, porque agora com muitos ônus.
Porque nem todas as plásticas retornam  o tônus do tecido cutâneo anterior. O freguês pode estar predestinado a uma tatuagem cicatricial pelo resto da vida. Se bem pensado, tem até uma certa finalidade nessa última inutilidade. A pessoa adquire marcas corporais, que podem ajudar, no caso de cometimento de faltas criminais. Torna-se fácil a identidade do farsante.
Uma inutilidade contemporânea. Na verdade muitas inutilidades modernas.  Os  tais objetos de mídia como celular, smartphone e redes sociais. Aqui entra até um  novo conceito. Porque além de inútil, se torna de uma  entranhada nocividade. Quantos não sãos os transtornos sociais, emocionais, até sexuais, advindos desses perendengues digitais ?  sem-número  .
Muitos são os relatos de até sexo virtual com este e outro gestual, e tudo sensual sem o mínimo de cerimonial e respeito moral no emprego dos tais apetrechos digitais e outras futilidades tais. Muitos filhos, sequer dão ouvidos ao que dizem os seus pais.
Uso de drogas licitas ou ilícitas. Todas de absoluta inutilidade. Qualquer um  desses aditivos, além de levar à tal da adicção traz para a pessoa muita danação. Porque além das avarias físicas e mentais  surgirão como nocividade o rebaixamento da emoção. Assim é com toda e absoluta razão que se a pessoa for de bom juízo e sentir com o coração evitará  a todo custo tamanha profanação.
E por fim, para não ficar de fora, tem até muita gente que entra de roldão nesse clube das inutilidades por absoluta inação. Para tanto, eu concito a cada um de per si, que  tenha muita atenção ,  que olhe aqui e acolá, que seja longe ou ao seu redor. Tem gente tão resoluta em viver no bem-bom que se quer consegue enxergar sua pequenez ou frivolidade ante mesmo até o pai ou a mãe, que na verdade ,foram  quem o assim fez.
Tem gente de tamanha  inutilidade, que se fizer um censo, elas(as gentes) encerram uma infinda inutilidade. E nesse rol tem-se gente de qualquer idade. Arre !  será que não estou sendo inútil, depois de tanta urdidura ou  estar esbordando  em algo tão inconsútil?            Julho/2018.  


INFLUENCIA DIGITAL

A EPIDEMIA DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS
João Joaquim 

Eu fico a imaginar qual teria sido o resultado da 2ª  guerra mundial, nos seus horrores, se naquele tempo já existisse a internet com sua ubíqua conectividade, com suas ubíquas redes sociais. Será que os resultados de perversidades, o catastrofismo seriam os mesmos?
Impossível de se ver e de se imaginar. Algumas indagações simples seriam: todos aqueles soldados e os oficiais participantes e cúmplices tinham algum distúrbio psíquico e psicopático ou foram coagidos e induzidos a participar das cenas do holocausto?
Como lembrete, holocausto (de holo, completo, inteiro; e causto, queima, incineração). Esse era um processo de morte coletiva de grupos e minorias pelo nazismo de Adolf Hitler . Lamentavelmente, em alguns pontos do planeta, são cometidas atrocidades semelhantes. Talvez  não com gases tóxicos, mas com outros meios igualmente cruéis e sanguinários. A guerra na Síria, tem sido um desses macabros e hediondos exemplos mundo afora.
A violência de pessoas desumanas contra outras de seu grupo (o homem como lobo do homem, conforme teorizou Thomas Hobbes em o Leviatã)) permeia todas as sociedades, em todos os grupos étnicos, contra todas as classes minoritárias, contra todos os estilos de vida e opções sociais e de comportamento. Não precisa nem estar  na Síria ,  em Cuba, no Afeganistão ou Coréia do Norte.
Tal mais prolixa introdução foi apenas um modo de dar vazão a outra questão, de natureza igualmente em profusão, que é a influência digital. A era da internet e redes sociais propiciaram a que tivéssemos então a época ou a vez dos influenciadores digitais. Eles ganharam corpo e voz e pululam pelo espaço virtual como bactérias em provetas  de leveduras e outros meios de cultura. Alguns surgem para o bem, pena que são minoritários, porque divulgam cultura, entretenimento de bom gosto e cultura. Mas, em profusão, e aos borbotões têm-se os mercadores de futilidades, inutilidades e toda sorte de platitudes e mediocridades.
E eles, em se tratando de Brasil ganham fama, visibilidade e sobrevivência. E pela singela razão de que vivemos um contínuo processo de idiotização e imbecilização. Somados os absolutos e funcionais somos quase 100 milhões de analfabetos. E referidos influenciadores digitais nem precisariam desse rebanho de cegos escolares ou pessoas na rota da contracultura.
Na vigência e existência dos formadores de opinião, de estilo de vida, de opção cultural, do que comer e vestir, dos gurus, dos profissionais de autoajuda,  entra em ação um fenômeno que passou a ser estudado após a 2ª  guerra mundial. Esse período belicoso, motivou, entre outros estudos, este de grande relevância no entendimento do cérebro, da mente e do comportamento das pessoas. Foi-lhe dado o nome de CONFORMIDADE SOCIAL , porque passou a ser estudado e debatido pela psicologia social. Mas , afinal o que vem a ser o processo de conformidade social? trata-se de um fenômeno psíquico em que o indivíduo reage como a água em um recipiente. Em outros termos, a água adquire o formato do receptáculo que a contem. A mesma tendência tem o indivíduo com o mundo e meio social que o cerca , que o contem .
O meio social ou grupo social que o cerca em primeiro plano é a própria família, a célula mater da sociedade. O indivíduo que é pouco ou nada assertivo vai, frequentemente , seguir, ser obediente, se tornar sectário e conformado (ter o mesmo formato) de pessoas  do seu entorno; ou até mesmo de  uma única pessoa com o poder e efeito de influenciá-lo.
O fenômeno da conformidade (social) tem comprovação não só empírica como em vários ensaios e estudos científicos. Como referido, basta que surja apenas um líder com ares messiânicos  , um caudilho, um cabeça de alguma ideologia, de uma revolução. Ele tem todos os ingredientes para exercer o poder da chamada conformidade social e fazer os seguidores, os sectários, os súditos, os sequazes de todos os estratos sociais, independentemente do nível escolar, ou formação técnica desses submissos , desses cordões humanos, desses rebanhos de pessoas.
O processo tem os mesmos mecanismos psíquicos e neurais do efeito-manada. Os agora tão prevalentes e salientes influenciadores digitais são os mais novos empresários e profissionais a se beneficiar dos efeitos da conformidade social.
Do lado do cidadão. Tendo-se à mão qualquer aparelho de mídia, como um tablet ou smartphone, encontraremos os tão famosos e esfaimados influenciadores digitais. Têm-se nas páginas e links que nos chegam, de forma invasiva e graciosa, desde os variados personals até aqueles que nos vendem de tudo. Sexo, terapias alternativas, auto ajuda, dietas da moda, academias virtuais,  até como ganhar dinheiro sem trabalhar.  E nós, os idiotas e imbecis consumidores,  somos os mantenedores desses tais que crescem como bactérias nos caldos de cultura ou larvas varejeiras. É o rebaixamento do indivíduo em todos os escores de cidadania, de valores éticos e cultura. Julho/2018.


MORTE EST.ÉTICA

POR QUE SE MORRE TANTO EM  CIRURGIAS PLÁSTICAS E ESTÉTICAS ?
João Joaquim  

Uma vez mais, o Brasil e o mundo, puderam assistir e constatar o quanto a aparência sobrepaira e supera a essência que deveria imperar ao lado da existência. Nesse sentido estão por aí todas as ofertas de estética, de cosmética, de plásticas, de tanta coisa sintética que foi-se parar no lixo a esquecida deontologia e mesmo morrer  qualquer diretriz ética. As rimas vieram de forma casual. 
Paralelamente a tamanho descalabro de império das aparências, vieram a lume outras questões por demais encontradiças do Brasil contemporâneo. Qual é a diferença entre o que é legal, o que é lícito e ético em nosso país?  Existe uma sigla PQD que encerra uma pergunta emblemática para nortear as ações humanas em sociedade. Será que tudo que eu posso e quero eu devo fazer(Posso-Quero- Devo ?).  Tal instigante questão nos reporta ao Eclesiastes que nos adverte: tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.
O caso modelo do mês  refere-se a mulher que insatisfeita com suas nádegas (glúteos) procurou um cirurgião plástico sem as necessárias credenciais e qualificação para tal procedimento. Ato contínuo, e sem as necessárias cautelas da paciente, o procedimento se deu na própria residência do profissional, bairro da Tijuca RJ. Houve complicações e a mulher veio a falecer. Pior que isso, no caudal de tamanho escândalo e desmedida insensatez vieram outros casos ao conhecimento público das autoridades, que agora estão a investigar tais ilícitos e criminais atuações profissionais pelo Brasil a fora .
Eis que então várias perguntas foram trazidas a público.
 Do lado da falecida. Como uma mulher, na madureza da vida, tida e havida como bem informada, se deixa ser operada, com um procedimento altamente invasivo, com injeção corporal de substância de alto poder de cair em vasos , e com isso provocar embolias de toda ordem, emergência essa das mais letais , por um profissional charlatão? O produto em questão foi o polimetilmetacrilato – pmma .
Pior do que charlatão, em um cenário não hospitalar, sem as elementares condições assépticas e de assistência emergencial na hipótese de complicações no curso transoperatório.
Basta lembrar que qualquer procedimento que envolve sedação, analgesia e anestesia tem o potencial de complicações. Entre essas, de maior frequência, têm-se a hipóxia, a convulsão, a hipertensão ou hipotensão arterial, as arritmias cardíacas, as tromboses, infarto do miocárdio e embolias. Todas de alto risco de morte súbita ou tardia em uma UTI; quem sobrevive pode portar sequelas pelo resto da vida .
Do lado do profissional -Como um sujeito que se diz médico, propõe a fazer um procedimento invasivo, em sua própria residência, sem os meios de monitoração das condições vitais e aparelhos de assistência emergencial, em caso de uma complicação perioperatória, que coloque em risco a vida do paciente?
Do ponto de vista ético e técnico e científico é no mínimo um sujeito abestalhado, aventureiro e irresponsável. São requintados erros de imprudência, negligência e imperícia médica. Conforme vem noticiando a imprensa, o infausto profissional da vez tem no curriculum vitae, um histórico de erros médicos, processos ético-profissionais, suspensão  do exercício profissional e até participação em homicídio. Como noticiado, o dito-cujo profissional tinha registros nos conselhos de medicina de GO, do DF e RJ. Como tais disparates são aceitáveis? No Brasil pode.
Do lado do conselho profissional (CRM);  como se permite ao auto intitulado médico, com uma folha corrida eivada de malfeitos, continuar no seu múnus de cuidar da saúde, das doenças, da vaidade e vida das pessoas?
Onde está consignado na cartilha do código de ética médica que um profissional com tais qualificadoras possa continuar exercendo um ofício tão nobre? Qual seja, o de promover a saúde, o bem estar, a vida e a felicidade das pessoas.
E por fim, Do lado da justiça. Como bem o expressa, a Justiça (com J maiúsculo) existe para fazer justiça. Simbolicamente, a deusa Témis, da mitologia grega, traz consigo uma balança (equilíbrio) e uma venda nos olhos. Por que de tais adereços? Julgar com equilíbrio e sem um juízo dos olhos, sem olhar a quem está aplicando justiça. Para esses objetivos em que se baseiam os operadores de justiça?
Em indícios, em relatos de testemunhas, em provas concretas de documentos, fatos, perícias. Como compreender, assimilar, aceitar a decisão de um magistrado que ante todas as provas de imprudência, imperícia e negligência libere um profissional médico para o exercício profissional? Tal natureza de decisão tem sido um fato recorrente em nosso país. Um médico comete lá um determinado ilícito, um grave erro no atendimento a um paciente, ele é suspenso do exercício profissional, vem uma liminar judicial com a permissão ao referido investigado o cassado profissional  a que volte a atuar em sua especialidade.
Por isso ficam aqui essas inquirições que nos inquietam, o que é ética, o que é lícito e legal neste país?
No caso líquido e concreto em foco dos erros médicos ficam aqui algumas diretrizes. Médico se equipa a muitas outras profissões. A um ourives, a um sapateiro, a um advogado ou jornalista. Assim como há os rábulas e chicaneiros na advocacia, há os charlatões da saúde. Já disse em outros artigos que o pior charlatão em saúde é aquele que faz uma faculdade e tem diploma. Com o diploma, o indivíduo tem autorização ética (conselho de medicina por exemplo) e legal para fazer o bem ou o mal . No Brasil com mais uma esquisitice vigente. Qualquer médico pode fazer procedimento de qualquer especialidade. Os conselhos de medicina e a lei assim o permitem. Não deveria ser. Mas é assim em nosso pais.
Então a melhor segurança é: observar o histórico do profissional na comunidade onde ele atende. Se informar sobre os pacientes por ele atendidos. E mais importante, se informar no conselho de medicina e na sociedade da especialidade. Com esses dados em mente se torna muito mais seguro passar por qualquer procedimento cirúrgico ou invasivo. E importantíssimo, fazer  exame pré operatório com um Cardiologista, além dos hematológicos indispensáveis para o procedimento.   Agosto/2018.  


Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...