quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Esperança

ESPERANÇA  EXIGE UMA ATITUDE ATIVA

João Joaquim  


Um sentimento ou energia que move e dinamiza o ser humano se chama esperança. Ela é, aliás, uma das 3 virtudes teologais, fé, esperança e caridade. Nos sistemas da filosofia devemos distinguir esperança de espera ou expectativa. A esperança  se dá na medida em que seja uma  atitude ativa do indivíduo em se alcançar aquele objeto de sua ação.

Se eu tenho por exemplo um projeto qualquer eu tenho que me imbuir de iniciativa, de uma atuação, estratégia e força na sua realização. A espera ou expectativa torna a pessoa apenas uma expectadora de que algo lhe ocorra de favorável. 

Dois exemplos, de espera e esperança. Vamos a eles . 
No  jogo da megasena, vou apenas ficar na espera dos números escolhidos e marcados na cartela coincidir com aqueles do dia do sorteio. Uma simples e passiva espera.
Já na triste situação ética e política por que passa o Brasil, eu posso ter uma esperança ativa, com protestos, luta pacífica, manifestação de insatisfação em vias públicas ou através de um meio de comunicação. Tem sido o exemplo das redes sociais, com mensagens de protesto, de cobrança de atitudes dos governantes, abaixo-assinados e até lei de iniciativa popular. Como se deu no caso da lei da ficha limpa.
Essa lei de 2010 se deu por esperança ativa de centenas de pessoas, mais de mil pessoas. Trata-se, referida lei,  da inelegibilidade de candidato a cargo político com algum antecedente criminal, que tenha se tornado réu ou já condenado por algum tribunal colegiado.
As coisas, os fatos, os comportamentos e condutas de ilicitudes e de delitos andam tão corriqueiros e repetitivos que parecem querer entrar para os códigos de conduta, de ética, de postura e jeito de se viver e relacionar com pessoas e empresas do mesmo caráter, de mesmo jaez e natureza; fatos comum  neste nosso Brasil . Parece que estamos na era da naturalização ou normalização (tornar normal, regra) da desonestidade.
Tal percepção se tornou tão nítida que gestos corriqueiros e comezinhos de ética e honestidade passaram a ser motivos de grandes manchetes de telejornais e condecoração, feita por órgãos públicos e privados.
Alguns casos pontuais remanescem na memória dos brasileiros. Basta citar o exemplo do adolescente que achou um smartphone e teve o trabalho e diligência de localizar o dono e devolver o objeto.
E o gari que em sua laboriosa jornada de trabalho, em recolher os lixos produzidos pelos humanos, encontrou uma carteira ou pasta repleta de dinheiro. Num gesto extremo de honestidade e honradez, como não havia endereço ou telefone de contato com o dono daquele valor entregou todo o achado na primeira delegacia de polícia.
Tais atitudes e comportamentos têm sido motivo de regozijo e comemoração por muitos veículos de comunicação, por segmentos sérios da sociedade e por muitas pessoas de gestos, atitudes e vida plenamente honesta. O que deveria ser uma regra de vida passou a ser exceção e razão de condecoração . Achar uma carteira ou bolsa com dinheiro e devolver deveria ser um gesto corriqueiro e simples de qualquer cidadão e não ato heroico.
Eu nunca li, mas gostaria de saber qual a  relação que existe entre desonestidade com por exemplo  o status socioeconômico, com o grau de instrução e hierarquia funcional ou política. Por uma dedução observável ou empírica fica-me a impressão que quanto mais abastado (ou rico) ou hierárquico for a pessoa, mais tendência ela terá de ser desonesta e corruptora (ou corrupta). Do mesmo modo o indivíduo mais instruído, mais técnico e conhecedor de sua área profissional. É servir-se do poder em beneficio pessoal ao invés de servir-se do poder em prol da sociedade.
Nos dois exemplos, do rico ou alto grau funcional (político, autoridade), o sujeito reúne condições econômicas, poder de cooptação de autoridades e tráfico de influência pela função pública exercida. Nosso sistema político tem esses exemplos em profusão, como o têm demonstrado o esquema do Mensalão e a operação Lava-Jato.
Tomando por fim a atual situação de nosso Brasil; as cenas vistas no cenário político e em alguns meios empresariais (ou empreiteiras) deixam-nos pasmados, estupefatos e até sem expectativa de melhora, de mudança e punição a tantos corruptos e corruptores.
Sem nominar porque se torna impossível pelo número de denunciados pelo ministério público, o que acontecerá com os larápios e ladrões do dinheiro de órgãos públicos, de desvios de verbas destinadas a serviços básicos como merenda escolar e saúde pública?
E com os ladravazes e saqueadores da Petrobras? Alguns estão presos e até devolveram parte dos roubos. Mas, e os outros? Só porque ficaram ricos e foram altos hierarcas como políticos e mandatários da nação? A lei deveria igualmente valer para todos. Uma justa pena a esses gatunos e ladrões seria tomar de volta tudo que roubaram e longos anos na cadeia.
Por isso eu conclamo a todos. Vamos ter esperança de melhora. Para isso , que não seja uma espera passiva como num jogo lotérico, mas uma esperança de mudança ativa, com manifestações livres (direito de opinião e expressão) e protestos de indignação. “indignai-vos”! Seria o meu conselho a todos.  Dezembro 2018

Nenhum comentário:

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...