PAREM O TREM
QUE EU QUERO IR EMBORA
João
Joaquim
Pare o mundo que eu quero
descer/porque eu não aguento mais notícias de/corrupção, violência que não
param de aumentar/ e pensar que a poluição contaminou até as/ lágrimas e eu não
consigo mais chorar-Raul Seixas.
Há mais
de 30 anos o nosso roqueiro-mor, Raul Seixas (1975-1989), cantava a
música dos versos acima- “pare o mundo que eu quero descer-“
Fico a
conjecturas se ele vivo fosse nos dias de hoje. Acredito que apesar de achar
muito estranho e esquisito, certamente incluiria em suas canções alguma
esperança e uma certa sensação de INjustiça quando comparado com o período em
que ele viveu, notadamente, durante o regime quando ele fez grande sucesso.
De fato quando se faz uma retrospectiva de 20
anos ou 30 anos atrás, significativas mudanças ocorreram, sobretudo no mundo
político, não só no Brasil, mas em todo o planeta. Em que pese tantos avanços,
ficam ainda muita incerteza e desconfiança, notadamente em algumas instituições
de governo. De forma mais objetiva e explicita justamente nos três poderes.
Quais sejam: o Executivo, o Legislativo (congresso nacional) e o Judiciário.
Nos três poderes porque eles servem de referência e paradigma ou diretriz para
todas as outras instituições e órgãos de governo, como por exemplo os
estaduais, distrital e municipais.
Bem
entendo também que o poder Executivo toca projetos em prol da sociedade, o
congresso também implementa projetos, mas tem a missão precípua de criar leis,
além de também ajudar o executivo e fiscalizá-lo; o poder judiciário tem a função primordial de
ser o fiscal ou guardião das leis e da constituição. Um dos postulados da
constituição é que os três poderes são independentes e harmônicos entre si. Em
se falando de Brasil, um país com altos índices de corrupção, começa então uma
complicação quando se fala em independência dos poderes. Nesse sentido,
analisando os poderes Executivo e Legislativo, parece mesmo que eles são
harmônicos, sim. Mas independentes?
Não é o
que nos revelam os acontecidos policiais e criminais envolvendo as pessoas
públicas desses dois órgãos públicos. Por que? Eu explico, ou melhor, eu
replico aqui o que nos passam todos os noticiários atinentes aos seus membros.
Todo fato ou feito criminal que implique uma dessas casas (Executivo e
Legislativo) tem sempre o apoio, a acolhida e apoio da outra. Como exemplo, uma
denúncia de corrupção do chefe do executivo. Todo esforço e embromação são
empreendidos para que não haja inquérito e investigação.
E vice
versa. Se o presidente da República precisa do apoio do congresso, ele se vale
da liberação de verbas para aqueles parlamentares, que sem esse dinheiro,
votariam contra o projeto em análise.
Um poder
que tem deixado o país com a pulga atrás da orelha, isto é, desconfiado e em
inquietante hesitação é justamente o Judiciário. Claro que quando as pessoas
comuns veem as decisões tomadas pelas cortes superiores, o superior tribunal de
justiça (STJ) ou o supremo tribunal federal (STF), elas, pessoas comuns, e
leigas podem ver as coisas com suas paixões e vieses (treinamento) ideológico.
Seria algo parecido com torcida ou paixão por futebol. Mas não é o que
sistematicamente vem ocorrendo no Brasil, quando as questões jurídicas dizem
respeito aos políticos com a chamada imunidade parlamentar que na verdade
representa um escudo, uma blindagem, uma impunidade parlamentar.
Diversos
são os julgamentos que afetam parlamentares que deixam a opinião pública
inconformada com as decisões a favor dos investigados ou réus. Têm-se lá a
denúncia, o inquérito feito pela polícia federal, provas testemunhais, delações
premiadas que resultam em nada. Em absolutamente nada. Muitos são os exemplos
em que se quer o dinheiro roubado é ressarcido. São decisões das cortes
superiores de justiça, no caso o STJ e o STF.
Então, ficam
ainda essas indagações, não resta dúvida de que houve muitos avanços quando se
analisa o Brasil pós-constituição de 1988.
Quem
imaginava nos idos anos de 1980, que com as investigações do mensalão e da
lava-jato o país teria hoje um ex-presidente da república condenado e preso, um
ex-presidente da câmara encarcerado e outros ex parlamentares condenados e
cumprindo suas penas na cadeia? Tais feitos de nossa justiça provam que as
instituições estão funcionando.
Agora não resta dúvida de que as instâncias
superiores de nossa justiça precisam falar menos em suas entrevistas e ser mais
rigorosas com os crimes daqueles que saqueiam e dilapidam o nosso país. Nisso
todos falam, discernem e pensam em uníssono, Ou não ? novembro/2108
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