quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Esquisitices

PAREM O TREM QUE EU QUERO IR EMBORA
João Joaquim  

Pare o mundo que eu quero descer/porque eu não aguento mais notícias de/corrupção, violência que não param de aumentar/ e pensar que a poluição contaminou até as/ lágrimas e eu não consigo mais chorar-Raul Seixas.

Há mais de 30 anos o nosso roqueiro-mor, Raul  Seixas (1975-1989), cantava a música dos versos acima- “pare o mundo que eu quero descer-“
Fico a conjecturas se ele vivo fosse nos dias de hoje. Acredito que apesar de achar muito estranho e esquisito, certamente incluiria em suas canções alguma esperança e uma certa sensação de INjustiça quando comparado com o período em que ele viveu, notadamente, durante o regime quando ele fez grande sucesso.
 De fato quando se faz uma retrospectiva de 20 anos ou 30 anos atrás, significativas mudanças ocorreram, sobretudo no mundo político, não só no Brasil, mas em todo o planeta. Em que pese tantos avanços, ficam ainda muita incerteza e desconfiança, notadamente em algumas instituições de governo. De forma mais objetiva e explicita justamente nos três poderes. Quais sejam: o Executivo, o Legislativo (congresso nacional) e o Judiciário. Nos três poderes porque eles servem de referência e paradigma ou diretriz para todas as outras instituições e órgãos de governo, como por exemplo os estaduais, distrital e municipais.
Bem entendo também que o poder Executivo toca projetos em prol da sociedade, o congresso também implementa projetos, mas tem a missão precípua de criar leis, além de também ajudar o executivo e fiscalizá-lo; o  poder judiciário tem a função primordial de ser o fiscal ou guardião das leis e da constituição. Um dos postulados da constituição é que os três poderes são independentes e harmônicos entre si. Em se falando de Brasil, um país com altos índices de corrupção, começa então uma complicação quando se fala em independência dos poderes. Nesse sentido, analisando os poderes Executivo e Legislativo, parece mesmo que eles são harmônicos, sim. Mas independentes?
Não é o que nos revelam os acontecidos policiais e criminais envolvendo as pessoas públicas desses dois órgãos públicos. Por que? Eu explico, ou melhor, eu replico aqui o que nos passam todos os noticiários atinentes aos seus membros. Todo fato ou feito criminal que implique uma dessas casas (Executivo e Legislativo) tem sempre o apoio, a acolhida e apoio da outra. Como exemplo, uma denúncia de corrupção do chefe do executivo. Todo esforço e embromação são empreendidos para que não haja inquérito e investigação.
E vice versa. Se o presidente da República precisa do apoio do congresso, ele se vale da liberação de verbas para aqueles parlamentares, que sem esse dinheiro, votariam contra o projeto em análise.
Um poder que tem deixado o país com a pulga atrás da orelha, isto é, desconfiado e em inquietante hesitação é justamente o Judiciário. Claro que quando as pessoas comuns veem as decisões tomadas pelas cortes superiores, o superior tribunal de justiça (STJ) ou o supremo tribunal federal (STF), elas, pessoas comuns, e leigas podem ver as coisas com suas paixões e vieses (treinamento) ideológico. Seria algo parecido com torcida ou paixão por futebol. Mas não é o que sistematicamente vem ocorrendo no Brasil, quando as questões jurídicas dizem respeito aos políticos com a chamada imunidade parlamentar que na verdade representa um escudo, uma blindagem, uma impunidade parlamentar.
Diversos são os julgamentos que afetam parlamentares que deixam a opinião pública inconformada com as decisões a favor dos investigados ou réus. Têm-se lá a denúncia, o inquérito feito pela polícia federal, provas testemunhais, delações premiadas que resultam em nada. Em absolutamente nada. Muitos são os exemplos em que se quer o dinheiro roubado é ressarcido. São decisões das cortes superiores de justiça, no caso o STJ e o STF.
Então, ficam ainda essas indagações, não resta dúvida de que houve muitos avanços quando se analisa o Brasil pós-constituição de 1988.
Quem imaginava nos idos anos de 1980, que com as investigações do mensalão e da lava-jato o país teria hoje um ex-presidente da república condenado e preso, um ex-presidente da câmara encarcerado e outros ex parlamentares condenados e cumprindo suas penas na cadeia? Tais feitos de nossa justiça provam que as instituições estão funcionando.

 Agora não resta dúvida de que as instâncias superiores de nossa justiça precisam falar menos em suas entrevistas e ser mais rigorosas com os crimes daqueles que saqueiam e dilapidam o nosso país. Nisso todos falam, discernem e pensam em uníssono, Ou não ?   novembro/2108

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