segunda-feira, 29 de abril de 2019

Riscos Celulares

OS CELULARES SE SALVARAM
João Joaquim  
Aquele era mais um domingo ridente, de um sol alegre e céu límpido, de um mês de março. Dia propício e convidativo a um passeio em família para um retiro rural como era de hábito daquela família feliz. Marcos Sintra o pai, Vera Figueiredo, a mãe, e os pequenos Filipe̶  10 anos, Lívio —  8 anos.
̶ Acordem, meninos está na hora da gente sair, antes que o sol esteja mais quente.
̶  Hum não, deixe eu dormir mais um pouco.
̶  Vai ver que ficou jogando até tarde, não é Filipe! Deixe eu pegar você até madrugada no computador.
̶  Hum mamãe, o que há? Hoje é domingo, eu quero dormir mais um pouco. Não é nem 9 horas ainda.
̶  Não enrolem, meninos porque eu e seu pai já estamos prontos.
Marcos e Vera formavam um casal e um casamento estável, para pessoas de classe média. Ele, 38 anos, ela 35 anos de idade. Em que concerne a sua estratificação tendo como critérios acessibilidade à internet, recursos digitais e uso do celular, inescapavelmente podia cravar que os dois porfiava com os jovens e adolescentes nominados de geração  Y e Z.
Além de Filipe e Lívio o casal hospedava como estudante o sobrinho Danilo, tendo em conta que os pais viviam na terra do tio Sam, considerando que lá nos States era uma oportunidade para fugir dos escores de desempregos aqui no Brasil.
̶  Vamos então, filhos! Vocês já tiraram mais uma soneca. Levantem, lavem apenas rosto, escovem os dentes e lá no sítio vocês tomam banho.
O celular de Vera toca, enquanto ela está no sanitário, por alguma premência digestória.
̶  Amor, pegue meu celular aí. Traga aqui para mim.
̶  Um momento, amor. Levo pra você. Ixe! Você precisa usar o odorante no banheiro, respondeu solícito o marido.
Era salete sútil, uma assídua “amiga” e seguidora do face e do insta.
̶  Nada de urgente amiga, tô só ligando para depois você conferir e curtir nossas fotos da festa de ontem. Tava massa, nos divertimos pacas, festa do carcará !
̶  Imagine, amiga, tô com inveja, kkkkkkk. Nisto, interveio Marcos
 ̶  prontos meninos, vamos embora porque o sol já está para fazer pipoca. O sítio remanso da família distava coisa de 20 km de Campinas SP, onda a família morava.
̶  Só um instante, meu amor, deixe só eu pegar um batom e meu outro carregador . Tô levando também o meu iphone como reserva,  um sobressalente.
̶  Eu desço e já vou aquecendo o carro. Era o 5º andar do edifício Loreto.
̶  Vamos embora, meninos. Seu pai já desceu, a gente vai para o sítio. Não esqueçam de colocar na mochila o celular.
Na garagem Marcos estava com o seu Toyota ligado, com expressão de impaciência.
̶  Pai, só um segundo deixe eu pegar meu pendrive do videogame. Quero ver aquele último jogo que pedi. E subiu sôfrego o pequeno Lívio seguido do irmão Filipe.
Já na saída de Campinas, Marcos seguiu por uma alça de acesso a rodovia. O trânsito era de pouco fluxo de carros, propício  a uma conversa em família. Estrada de mão dupla, segura, dia límpido e excitante a momentos de relaxamento em curtição à natureza e ao sol da manhã de um final de semana.
A exceção de Marcos, Vera e filhos curtiam o que chegavam de boas novas e curtidas nas redes sociais. O silencio só não era maior pelo ruído em moto̶ contínuo do motor.
 Do telefone de Marcos ouvia-se mini bipes, avisos de mensagens do face e whatsApp. Seguiu̶ se uma chamada. Era de Danilo.
̶  Fala Danilo, o que quer?
̶  É para saber da ração do Bidu.
̶  p..  até hoje você não sabe o que ele come!
Seguiu̶—se uma breve discussão. A última discussão. Marcos perdeu o controle do volante 90 km/hora. Transpôs o canteiro central, foi para a pista da contramão  já capotado. Vinha uma carreta carregada de eletrônicos. Na colisão morreram os quatros, naquele mesmo local. Um domingo que era para continuar risonho, verdejante e todo natureza. Em torno dos destroços do carro, foram achados os pertences da vitimas.  O quatro celulares e outros eletrônicos  estavam incólumes, sem nenhum arranhão . Abril/2019. 

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