quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Referências.....

XINGAMENTOS E REFERÊNCIAS INTERPESSOAIS
João Joaquim  

Nesse artigo busco falar sobre as referências interpessoais. O que vem a ser referência pessoal ou interpessoal? Diz-se daquilo que conto, que atribuo e digo a respeito de outra pessoa. Tal referência pode ser direta ou presencial; e indireta, quando a pessoa referida não está na presença do referente (aquele que faz a referência).
A referência pessoal pode ser classificada em construtiva ou negativa, e em verdadeira ou falsa. Esses termos classificados são intercambiáveis ou em outras palavras e como exemplos, pode-se referir ao outro com atributos e qualificativos positivos que possam ser falsos ou verdadeiros; e ainda em qualidades negativas ou depreciativas falsas ou verdadeiras.
Para mais clareza da matéria melhor são os exemplos das relações humanas. No âmbito familiar, é cediço , useiro e vezeiro os pais referir atributos ou virtudes aos filhos absolutamente falsas e fantasiosas. São os pais que repetida e exaustivamente intitulam os filhos de princesa, de príncipe, de heróis, de campões, entre tantos outros qualificativos absolutamente impossíveis de serem conquistados, por mais ingentes os esforço e intenções.
Uma falha gravíssima nas referências a um filho tem sido atribuir-lhe uma inteligência (QI) acima da média de seus amigos e parentes. Uma demonstração robusta desse terrível autoengano é quando esse filho vai avançando suas etapas de formação escolar. Não é incomum constatar que muitos desses indivíduos, atingidos a adultidade se tronam pessoas abaixo da média, quando não passam de  medíocres, inúteis e incapazes de prover a própria subsistência. Nosso entorno social está cheio desses tais.
Um segundo tipo de referência pessoal se caracteriza por ser ofensiva, negativa e depreciativa.  São  os exemplos da injúria, do preconceito, da discriminação racial, étnica e  religiosa. A intolerância pela homofobia, o preconceito étnico ou racismo; todas essas ofensivas referências constituem crime e devem ser rechaçadas pela sociedade, pelas polícias e autoridades jurídicas.
Por último, existe o grupo das referências interpessoais que não constituem crime e são menos ofensivos. Entretanto, a vida e os efeitos nos ensinam que devem ser evitadas, porque elas criam um clima de mal-estar, de ojeriza e antipatia entre os convivas e contatos pessoais, não importa se parentes ou não.
Todos nós temos de entender que mudar as pessoas é missão difícil, impossível. Em especial quando elas têm a síndrome da Gabriela, de ter nascido assim, ter sido educadas assim, e se tornado assim. A mesma natureza do pau torto, que nasceu torto, não foi retificado quando em broto, torto morrerá, e se queimado até as cinzas são tortas antes de voarem.
Há um grupo de pessoas com as quais deve-se ter prevenção no tocante às referências a elas endereçadas. Muitas delas portam uma deformação de caráter e de criação (síndrome da Gabriela). Elas trazem de berço uma referência de mimo conferida pelos pais. Portanto, uma deformação de índole e falta de uma educação ética familiar mais disciplinada e mais rígida. Esses filhos e filhas mimados são de alta chance de se tornarem pessoas imbecis, improdutivas e incapazes de prover a própria subsistência. É folclórico e de senso comum o intitulado golpe do baú. E atenção! Ele não foi criado pelo empresário Silvio Santos. Sempre existiu tal arranjo e expediente. Ele se dá com aquele homem ou mulher que busca no cônjuge uma forma de subsistência, de sobrevivência. Tal amor subliminar e dissimulado existe aos milhares por aí. Ele existe, houve e sempre haverá. Faz parte da natureza humana. O perigoso é fazer referência aos homens e mulheres (majoritariamente) que levam a vida nesse estilo de sobrevivência. Antipatia, malquerença e quizilia na certa. Melhor deixar pra lá e não criar aborrecimentos aditivos. Nesse contexto aprecio muito a obra emblemática,  Orgulho e Preconceito( Pride e prejudice) , de Jane Austen. Janeiro/2020. 

GOZO ...

UMA VIDA DE GOZO E SÓ PRAZER
João Joaquim  
O certo e sabido é que no que concerne à relação do homem com o trabalho e entretenimento, ficou pacificado assim: isto levando em conta a teoria da criação. Foi então convencionado num termo de ajustamento de conduta que o homem, uma vez cometido o pecado original ,teria que trabalhar e produzir o próprio sustento. Mas, Deus na sua infinita bondade e paternalismo permitiu que nós humanos pudéssemos usufruir de períodos variados de prazer, diversão e descanso.
E assim tem sido feito desde a criação original. E pensando de forma divina e humanística sobram razões. Basta recordar que até o Criador deu-Se o direito de um descanso no sétimo dia de sua magna obra de arte que é o universo, os animais e toda a magnificência do cosmo.
Faz tempo que as ciências recomendam o descanso, o lazer, o entretenimento como formas de regeneração do organismo. O trabalho é um expediente construtivo da pessoa humana, mas ele exige critérios na sua execução. Por exemplo, cada pessoa deveria se dedicar àquela atividade para a qual guarda uma certa afinidade. Quantas não são as pessoas que exercem algum ofício e profissão, sem nenhuma vocação!  Aqui o trabalho justifica o sentido original do termo,  tripallium, instrumento de subjugação e suplicio.
No tangente a entretenimento, lazer e diversão, um pouco de redação . Mínimas são as dissensões sobre a matéria. Pode-se começar a discorrer sobre a sua importância no período da infância. Para toda criança, as brincadeiras, os divertimentos, as atividades lúdicas são superimportantes. Todas essas práticas são fundamentais no desenvolvimento psicomotor, na habilidade cognitiva e linguagem das crianças.
Toda forma de entretenimento e brinquedo deve ser adaptada à idade dos pequenos. Os pais, as babás e educadores exercem uma função pedagógica em participar, monitorar e orientar a criançada em suas diversões e brincadeiras.
Retomando todas essas relações desde o início da criação, o combinado foi que houvesse um equilíbrio e proporção na ocupação do trabalho e entretenimento. A crítica e oposição que se fazem hoje, mas, não só após a idade moderna porque preguiça, pachorra e frouxidão sempre foram marcas do gênero humano. A crítica vai então para os intitulados prazenteiros que só quer sobremesa e mamão com açúcar.
Pessoas folgadas e mandrionas, aquelas aficionadas à mandriice  sempre existiram. As ditas que gostam de mamar nas tetas (do Estado por exemplo, de algum pai-trocinador, um avó aposentado). Todavia, fica a impressão que após a industrialização e com a hipermodernidade houve um incremento substancial no contingente de gente dada quase só a vadiagem, à NÃO produtividade e toda forma de gozo e prazer.
Existem dois sistemas, filosoficamente falando, de indivíduos dados ao regalo, gozo, prazer a alegria. O primeiro deles, o epicurismo, do filósofo Epicuro (341-270 a.C); para quem a vida deve prevalecer no prazer. Com uma condição, através da prática da virtude e cultura do espírito. Ou seja, no exercício do bem e da generosidade. Bom filósofo esse Epicuro.
O segundo sistema é o hedonismo. Este sim, não deve se confundir com o epicurismo, porque ele(hedonismo) busca o prazer e gozo como princípio e finalidade máximos de vida. É como se a vida se encerrasse em alegria.
Enfim, por deduções empíricas, o que se vê por aqui, por aí e acolá e alhures de gente hedonista, não se acha registro em nenhuma estatística. Janeiro/2020.

Baco e Boca

A FELICIDADE DA BOCA E DO BACO 
João Joaquim  
Aristóteles foi um filósofo que dedicou-se muito à compreensão da ética e do que vem a ser a felicidade. Ele fez grandes referências às relações pessoais e do home com a natureza. Ele é autor de um livro de nome emblemático sobre ética: Ética a Nicômaco, o próprio filho. Passados mais de 2 milênios, esse manual não perdeu a sua importância, e vale um pequeno esforço pela sua leitura.
Aristóteles também discorreu sobre a virtude e a felicidade. Se fizéssemos um paralelo dos tempos desse pensador com os dias de hoje fico aqui a imaginar com meus adereços e botões. O que imaginaria o insigne filósofo  grego dos tempos de hoje sobre ética, virtude e felicidade?  Motivos não lhe faltariam para elucubrações e inquietação.
Aos olhos e percepção da sociedade de hoje, pós o advento da televisão, internet e telefonia móvel, tivemos uma mudança de 180º nos valores de ética e virtude. Se tem algumas palavras para definir esse novo paradigma, sobram consumo, visibilidade, beleza corporal e glutonaria. Falemos brevemente sobre cada um desses desejos.
O consumo se tornou uma aspiração ditada e receitada pela sociedade. Na maioria das vezes a aquisição que a pessoa faz, seja de um objeto, um serviço, um direito, ela (pessoa) faz, mas persuadida, instigada pelo sistema do mercado. As lojas se tornaram locais de satisfação dos desejos.
A felicidade do “ser é ser percebido” ganhou corpo e realização com o advento da internet e suas tão intrusivas redes sociais - facebook, instragran e whatsApp. Tem sido através desses recursos de mídia e comunicação que os seus adeptos e usuários mudaram o conceito e os sentimentos de pudor, de recato, de pessoalidade, de confidências e intimidade. Ser feliz e mostrar-se para as pessoas. As melhores festas, as viagens, os sorrisos, os pratos apetitosos, as poses em sumárias roupas ou plena nudez, os resultados das cirurgias plásticas, os enxertos, os botox.  Vale  muito  mais  mostrar o que não seja do que o que de fato  é. “Ser é ser percebido”. Eis aqui o grande mote das redes sociais.
A felicidade da beleza está representada em toda forma de cirurgia reparadora e estética;  ou até com melhor definição em cirurgia plástica e estética, porque a reparadora, na essência, busca uma reparação funcional ou anatômica, como nos exemplos das deformidades congênitas.
Hoje existe uma relação fornecedor/consumidor muito presente e furte, no induzimento e aliciamento da rejeição das pessoas ao seu próprio corpo. A maioria das pessoas se vê insatisfeita com a anatomia de nascimento. Muitos não aceitam sequer a própria estatura e sexo. Há um chamamento à mudança de tudo. Muitas plásticas se transformam em verdadeiras mutilações. Trocam-se partes naturais por enxertos, silicones, material sintéticos etc.
Por fim a felicidade da glutonaria e da embriaguez. Esqueceram (os adeptos) de ligar a  gula e as orgias da boca e do baco como sendo um pecado capital. Existe, na era das redes sociais, uma retomada da época da derrocada do império Romano, a prática do prazer orgástico com a ingestão de comida e bebidas;  vivemos tempos do consumismo selvagem.
O expediente da ingestão de alimentos e bebidas (embriaguez) tem passado distante e dissonante de ter os alimentos e bebidas como fontes de nutrição, sustento e energia para o corpo e mente. O comportamento ansioso, neurótico, incontrolável das pessoas com comida, remete-nos ao que era nossos ancestrais, na idade das cavernas. Era quando o homem, justificadamente, ao encontrar algum alimento ingeria o máximo de calorias porque não se sabia se no outro dia haveria uma nova refeição.
Assim postas, as fontes da felicidade, a glutonaria, a gula, o refestelar-se de comida e bebidas tornaram-se os principais componentes do prazer e felicidade do homem da modernidade, do sujeito internetiano do século XXI. Esse novo homem buscar cumprir esses apelos, porque ele precisa pertencer ao grupo( in group), à tribo global do consumo.   Janeiro /2020

Somos frutos da educação ou falta dela

PARECE QUE ESTAMOS CRIANDO UMA LEGIÃO DE IMBECIS
João Joaquim

Faço aqui neste breve ensaio, ou melhor nesta sumária digressão , uma também rasa análise sobre os planos e sonhos que carrega grande parte  de nossa juventude.
Mas, por que uma análise do que andam pensando e sonhando muitos de nossos(as) adolescentes e jovens? A razão mais simplista se resume numa verdade também simplista. Eles são o futuro do mundo. Há inclusive um lugar-comum que bem expressa este meu comentário inicial. “ O mundo que vou deixar para meus filhos vai depender dos filhos que vou deixar para esse mundo”. Pronto, acho que não preciso de dizer mais nada. Para um bom leitor e amante de bons conselhos o mote deste princípio já diz tudo.
É bom que nós olhemos para a história, o tempo. Uma época sempre nos evoca alguma comparação com o presente; fico a cotejar e defrontar o que eram os sonhos e anseios das famílias e juventude dos anos 80(década 1981/90) e hoje, século XXI. Mais precisamente antes e depois da massificação do telefone celular e da informática (internet). Para quem era jovem nessa época ,como eu, deve lembrar-se. O adolescente ao ingressar no segundo grau já trazia definido o sonho de ingresso em uma universidade, ter uma carreira profissional de sucesso. Ser alguém na vida. Veja o peso desta expressão. Ser alguém ou um joão-ninguém. Uma diferença  quilométrica quando se pensa no papel de cada um para a família, para a sociedade , para o mundo.
O bom dessa atmosfera em que mergulhava nossa juventude, nesses tempos pré digitais,  é que a família se embalava nesses sonhos, nessa ascensão sociocultural e profissional do filho. Aqui, eu fui partícipe desse clima, dessa aura positivista que reinava nos corações e mentes das pessoas e famílias dos idos de 1980.
Todos se irmanavam na mesma idealidade, com a mesma energia na busca por um futuro promissor e construtivo para alicerçar e ancorar ainda mais este comportamento dos jovens. Eu sou fruto desse idealismo pessoal e de minha família. Nunca acalentei o sonho de ser famoso, quis e busco sempre ter alguma importância para as pessoas que me rodeiam. Muita vez, famoso é esculpir na areia, ser importante é talhar na rocha. Há pessoas famosas e nada importantes. Há outras importantes e são  eternamente assim  e nunca famosas.
Claro que não é uma regra maciça, mas estanque. Há bolsões de jovens neste vasto Brasil e mundo que precocemente, estimulados pelas famílias, têm os olhos fincados em um futuro rico de sucesso, fundado em uma carreira profissional bem reconhecida, no empreendedorismo, numa vida de relações ecológicas e sociais pautadas por cidadania participativa e ética.
O progresso fez muito bem à humanidade. A comunicação hoje, tida  como 8ª  maravilha para nossa juventude, parece que trouxe alguns graves efeitos colaterais para  todos; pais, crianças e jovens estão distraídos em relação aos valores que devem construir e moldar o ser humano.
Os adolescentes e jovens já não se preocupam com o futuro e não sonham  como antes. Parece não haver mais futuro para essa turma. A vida tem  se resumido no aqui e agora. A internet com suas redes sociais , games e tantos outras futilidades  se tornaram a razão  maior de se viver. As crianças e jovens já não pensam como antes. As máquinas da  informática pensam por elas. Isto vem se constituindo em um perigo epidêmico , que muitos se negam a enxergar.
Pais, os gestores da educação e a sociedade precisam  refletir e mudar esta tenebrosa tendência. Do contrário, os filhos que vamos deixar para este mundo serão uma legião de nerds , lerdos e de debiloides, dominados pelos computadores e tantos outros instrumentos de mídia. E isto será muito triste. Triste e preocupante, quanto à sociedade formada por essa futura juventude.  Janeiro /2020.

Se fosse Gay ou Negro

SE ME CHAMAM DE MACACO OU OUTRO BICHO EU ACHO GRAÇA
João Joaquim  
As relações humanas são revestidas de muitas particularidades. Por isso são temas de muitos estudos, de debates e alvo de interesse de todos os ramos científicos. Assim, temos a psicologia, a psiquiatria, a antropologia, o direito etc. Todos se ocupam no estudo das relações humanas. Dentro do direito, temos o ramo ou o grupo dos direitos humanos, que trata das relações sociais das pessoas entre si, com segmentos da sociedade civil e com o estado.
Neste artigo não pretendo deslindar o que parece inextricável que são as questões dos direitos e deveres humanos. Trata-se de tema mais da área jurídica e, portanto, mais afeto aos operadores do direito. Cada Ordem dos Advogados do Brasil (OAB, e seccionais) tem o seu grupo dedicado aos direitos humanos. Falta criar o grupo dos deveres humanos. Seria um contraponto aos tão propalados adeptos e defensores dos direitos do cidadão.
Quando se fala em comunicação a humanidade evoluiu muito.  Vamos imaginar a comunicação no estrito campo interpessoal. Até a década de 90 (1990) o que tinha o indivíduo para se comunicar? Cartas e telegramas, telefone fixo e recados via outra pessoa, e só.
Passados 20 anos, através do telefone celular e redes sociais, a pessoa se comunica com o outro em qualquer parte do planeta. E quase de graça. Como já referido, não é objeto do presente texto falar de direitos humanos; o alvo aqui são as chamadas fofocas, referências ao outro, os apelidos e até os xingamentos e maledicências.
As fofocas e intrigas fazem parte da história da humanidade. Hoje, a internet e redes sociais representam instrumentos que atomizaram esses expedientes nas relações interpessoais. Porque o contato se tornou facilitado, rápido, gracioso e instantâneo; com mais um catalisador importante nessa prática: o anonimato, quando não se busca a investigação da polícia especializada em crimes virtuais.
Abstraindo de situações mais ofensivas, danosas e geradoras de danos psíquicos e morais a quem se sente vítima, existem aquelas comunicações e referências que não passam de nomear o outro com apelidos pejorativas, exaltação a algum atributo físico, de caráter, de comportamento, de um estilo de vida fora do padrão geral, da vida conjugal, sexual etc.
Neste sentido e contexto eu tomo de empréstimo os conselhos do historiador e filósofo Leandro Karnal, professor e palestrante do Unicamp SP.
Como lidar com essa situação? Continua o professor; se estou no trânsito por exemplo e alguém me chama de filho da puta. Eu paro e analiso. Será que minha mãe exercia essa profissão? Pela análise de sua biografia, não. Ela tinha uma vida recatada, sempre recolhida ao lar. Ainda assim: se ela o fizesse nada existe de ilegal e ilícito, a atividade já é regulamentada. Por que exasperar ?
Eu citaria uma outra situação eu que eu mesmo figurei no próprio contexto. Em certa ocasião e circunstância, verbal e por escrito, eu fiz referência a uma parente já na madureza da idade que não trabalhava e a meu sentir, não tinha vocação ou fixação por nenhuma atividade produtiva. Pronto! Isto foi o bastante para que essa pessoa criasse uma enorme cizânia e aversão por mim.
Tal reação de repulsa e rancor nas pessoas mostra o quão são complexas as relações sociais. O quanto é difícil se orientar pelo chamado politicamente correto.  O sujeito me chama de caloteiro, de veado, de papa-jantar, de mau pagador, de comensal, disto e aquilo. Eu( o aqui modesto escriba) paro e rio e acho no mínimo fútil e sem sentido porque nada disso eu sou. E se eu fosse, qual o problema?   Janeiro /2020.

Fome ou..

MATAR A FOME E NUNCA O APETITE
João Joaquim  
“Uma das causas de qualquer grau de obesidade é o comportamento de se alimentar sem verecúndia” Hipócrates. Verecúndia significa vergonha. Pode não parecer politicamente correto tal milenar afirmação. Todavia, não me soa muito estranho quando lembro-me que quando criança, meus avós e  meus pais ensinaram-me uma minúscula ética, ou a hoje referida etiqueta à mesa. O que pensavam meus genitores, trazido de seus ancestrais? Que nunca se deve comer, alimentar eliminando por completo o apetite. Noutros termos, diziam eles:  pode-se matar a fome, mas não o apetite.
Acredito, que minha ascendência tem esses postulados e diretrizes de se comportar à mesa porque leram o  grande sábio grego de cós, Hipócrates, também tido e intitulado o pai da medicina. É dele também o axioma “primum non nocere”, dirigido a todo profissional médico. Primeiro não ser nocivo;  eis aqui o artigo mais importante do juramento de qualquer profissional de saúde, o mais simbólico , capitaneado pelo médico.
Podemos considerar a grande ética como uma ciência das relações humanas. Quem assim se indispuser que a considere como um conjunto de sugestões, de regras, diretrizes capazes de nortear e bem reger a interação, contato, convivência e relações humanas nos mais variados âmbitos e interesses, sejam eles sociais, afetivos e profissionais, gastrointestinais ou gastronômicos.
O que diferencia a ética da moral é que esta se revela como a aplicação prática dos princípios éticos. A moral é a prática da teoria ética. Assim se recomenda no expediente e gestos das pessoas no exercício de se alimentar. O princípio mais civilizado no tocante à relação do homem com o alimento é aquele da nutrição como sustento. O conceito mais ordinário e objetivo de nutrição é este: o ato de ingerir o alimento como fim fundamental e essencial de provisionar o organismo como um todo, as células, enfim,  dos nutrientes necessários à sua fisiologia (função enzimática, anatômica e reparadora). Para tanto entram aqui essas duas sensações gustativas: a fome e o apetite.
A fome é a sensação que informa de uma carência nutricional, em analogia com a sede, sensação que me indica necessidade de hidratação, água. O apetite se traduz em uma sensação gustativa prazerosa na ingestão de alimentas, sensação capaz, de gerar bem estar e gozo (prazer).
Imagine um indivíduo que ingeriu uma refeição habitual. A fome foi saciada porque houve a ingestão dos nutrientes essenciais às funções celulares, como glicose, vitaminas, minerais, água, lipídios, carboidratos e proteínas. Todavia, tendo saciado a fome, se disponível esse conviva e comensal será capaz de ingerir centenas, talvez milhares de calorias em doces e chocolates. Ou até outros alimentos salgados como uma cheirosa e apetitosa pizza ou lasanha, se esse conviva as tiver ao alcance. Trata-se de um comportamento de pura glutonaria, gula; a popular gulodice.
Tempos houve na história da humanidade, por exemplo:  época do antigo Império Romano, em que a glutonaria, as orgias alimentares, as libações alcóolicas inebriantes eram práticas comuns e consideradas como fontes de prazer e diversão. As pessoas tinham o hábito de comer desmedidamente, desbragadamente, até sentirem-se mal por se tornar empanturradas de comida. Em seguida para aliviaram-se, esses comilões provocavam vômitos e comiam de novo. Foi desses tempos e dessa cultura que surgiu o distúrbio alimentar intitulado bulimia (de boulemia, apetite de boi).
Os tempos se passaram. Vieram na esteira da idade moderna a era industrial e o capitalismo. Hoje temos um outro sistema, o consumismo. Como diretrizes das relações humanas, no gesto do consumo, criaram a etiqueta, um manual de mini-ética para a mesa. Ela funciona em parte. Por exemplo um cerimônias, num cenário de protocolos e com câmeras mostrando as pessoas, no seu vai-e-vem de comer e beber.
Basta o indivíduo se sentir mais liberto e privativo e com uns goles de cerveja que ele se comporta como um gargântua ou pantagruel( vide obras de mesmo nome de François Rabelais)Come, come, come. Bebe, bebe ,bebe, como se fosse o dia final.  Haverá um dia que o indivíduo e comilão, acerta, vai morrer de tanto comer. Janeiro/2020.   

O choro congelado

O GEMIDO DOS EMBRIÕES CONGELADOS

João Joaquim 

A Medicina é uma profissão que busca o apoio e as bases de muitos ramos científicos para o seu mais ético e humano funcionamento. São exemplos no seu constante aprimoramento a química (na síntese de medicamentos), a física (na execução de terapias e diagnósticos)  e a biologia (fisiologia, citologia, genética, fenômenos de reprodução etc).
Neste artigo busco falar especificamente sobre a reprodução humana. Trata-se de um ramo da Medicina que evoluiu muito. As expressões fertilização “ in vivo e in vitro” se tornaram até de domínio popular, tais as notícias veiculadas sobre tais práticas em clínicas de ginecologia e obstetrícia.
Antes de falar estritamente em humanos, faço um adendo. Na biologia animal e veterinária por exemplo os avanços chegaram ao estágio de clonagem e sexagem (escolher o sexo das crias). A reprodução induzida (“in vivo ou in vitro”) já vem sendo largamente praticada com vistas à geração de animais como matrizes, reprodutores e ao consumo como alimentos ( produção de  ovos e carnes de suínos e  bovinos).
 O instinto materno, muito mais do que o paterno, é um sentimento dos mais nobres. Ele deve estar presente em todas as mulheres, salvo um e outro caso fora dessa inclinação natural . Antes do advento da especialidade e das clínicas de reprodução humana o que sucedia com os casais inférteis ou estéreis? Três opções: a) aceitar a condição sem filhos, b) filhos adotivos, c) cuidar (ajudar) na criação e educação de sobrinhos ( se tornar tios e tias).
Vieram as clínicas de fertilização. E elas vêm se proliferando. Tornou-se um mercado rentável e próspero;  todavia,  com elas surgiram as questões colaterais. Algumas boas, outras ruins e péssimas. As notícias boas é que casais antes inférteis podem contar com esses serviços para o sonho de ter filhos. O lado ruim desses avanços da Medicina é que quase todas as clínicas são privadas e tudo muito caro. Existem poucas opções pelo SUS e nos hospitais-escolas das faculdades de Medicina.
Uma segunda questão digna de menção se refere à opção de muitas mulheres em adiar o sonho (plano) da maternidade. Todos havemos de lembrar que o risco de infertilidade e síndromes genéticas (ex Down) aumenta com a idade da mãe. Ou seja , mães inférteis mais velhas que buscam fertilização assistida, vão ter mais ônus monetário, porque a indução da gravidez é mais complexa,  e mais riscos de malformações fetais.
Uma terceira questão, talvez pouco lembrada de quem procura ter gestação induzida (“artificial, forçada, in vitro, de laboratório” ;  vários termos) envolve questões bioéticas graves, gravíssimas. Para tanto basta lembrar o que é feito e como é feito para uma mulher infértil engravidar. Basta enumerar os casos mais comuns. Situação 1. Vai-se estimular a produção da ovulação. Pode-se engravidar com feto único  ou gêmeos. Quanto mais gêmeos, mais riscos para mãe e filhos, são as gravidezes de alto risco. Todos os bebês , quase sem exceção, serão prematuros, o que gera mais ônus pelos custos de assistência neonatal.
Situação 2. A mulher não ovula, apesar de todas as técnicas de estimulação. Mas ela tem ovários e óvulos normais. Neste caso então entra a fecundação “in-vitro”. Vão ser obtidos vários embriões. Alguns vão ser implantados no útero da mulher. Como de todos sabido, muitas dessas gestações vão ser gemelares(2, 3, 4 fetos). As questões menos graves aqui são as de todas as gravidezes de gêmeos:  prematuridade, algum natimorto, complicações maternas , pré-eclâmpsia , diabetes, hipertensão etc.
As questões bioéticas gravíssimas que se revelam em autênticas monstruosidades no sentido ético, humano e religioso se referem aos embriões que sobram dessas práticas.   
Há hoje pelo Brasil e pelo mundo milhares desses embriões que “sobram”, das fertilizações  in vitro,  e estão congelados nessas clínicas de reprodução.
Os comitês de bioética, os conselhos de medicina, as entidades de direitos humanos não sabem o que fazer com esses embriões humanos. E todos tem um RG(pai e mãe ) e um genoma do casal  que se deu a esses expedientes. E esses casais sabem, porque todos assinam um documento intitulado “ Consentimento Informado”; ou seja, além dos médicos que fazem as chamadas gravidezes induzidas, a mãe e o pai são muito bem orientados sobre os desdobramentos dos procedimentos e a guarda (não pode descartar) dos embriões. Reprisa-se esse ponto porque se revela um questão bioética gravíssima com as quais os conselhos de Medicina ,entidades de Direitos Humanos e religiosas se deparam. O que será feito com tantos embriões humanos “congelados”?  Eles se transformaram no maior enigma ético e humanitário para os seus genitores( pais desses seres congelados) e autoridades legais e de saúde. Parece uma pergunta que soa  como  normal. Mas não é . Essa interrogação emblemática e enigmática das mais graves não pode se calar na consciência de quem permite essas práticas que são  os casais e médicos praticantes. O que será feito dos embriões que sobram das fertilizações ou gravidezes  artificiais ?  Janeiro/2020

Zero digital

 O NIILISTA DIGITAL

João Joaquim  

Celular por livros


FICA DECRETADA A TROCA DO CELULAR POR LIVROS
Joao Joaquim
Eu fico a imaginar com os meu botões sobre a relação das pessoas com o seu aparelho celular (o smartphone); não importa a grife, porque o fim e a eficiência são as mesmas. O termo vem do inglês, smart, inteligente, phone de telefone. Muito inteligentes foram os inventores do aparelho e do sistema. Nunca nenhum invento “pegou e colou” tanto. Chegamos a um estágio tão alto de consumo que hoje ninguém mais vive sem e nem desgruda de seu objeto móvel. Em estatísticas de Brasil, o número de celulares já supera em muito o de habitantes. São mais de 220 milhões de unidades. Quando se pensa em quantidade de chips surgiu no mercado outro gigantesco insight industrial e de consumo que é o dos chips (número do telefone móvel).
Nos últimos 10 anos calcula-se que as operadoras de telefonia  móvel tenham vendido cerca de um bilhão de unidades. Tal conta é simples porque dificilmente o usuário teve um único chip (número do chip celular) nos últimos 10 anos. Multiplicado por R$ 10,00, o preço por chip, são 10 bilhões de faturamento em chips.
Em se tratando da importância, das consequências e influência do celular na vida da sociedade e das pessoas.  É  de aceitação unânime que o telefone celular e seu uso como computador portátil representam importantes ferramentas para as pessoas que trabalham, que produzem, para os profissionais autônomos em geral. Vale enfatizar que o aparelho celular se tornou um computador de bolso, uma máquina multifuncional. Dentre suas múltiplas utilidades destacam-se o uso como telefone, das redes sociais, aplicativos diversos como os de acesso às contas bancárias;  pagamentos diversos e fonte de consultas pela internet.
Está aqui a se falar então da utilidade de um smartphone para as pessoas portadoras também de alguma  utilidade, compostas por aqueles e aquelas que trabalham, que têm um ocupação produtiva; não importa o ramo profissional ou empresarial.
De outro lado temos a maioria das pessoas, o grande rebanho de gente. Maioria esta composta por pessoas que não trabalham. Nesse grupo estão aqueles indivíduos que não trabalham por opção, os desempregados vítimas da crise econômica e falta de oportunidades, os estudantes em geral, idosos aposentados, menores de idade e crianças.
Pergunta-se, inquire-se e interroga-se:  Que finalidade traz um smartphone para esse rebanhão de pessoas? praticamente nenhuma. Quando muito vai aumentar o seu reportório e cultura em futilidades e nulidades.   Ou  seja, o smartphone na sua função de computador de bolso, de bolsa e mãos, representa para uma imensidão de gente, um instrumento de imbecilização. Não significa que um telefone seja inútil para essa multidão de pessoas, como telefone propriamente dito. E vêm as explicações.
 A  finalidade menos usufruída no celular é o de telefone. Basta observar as dezenas de pessoas à nossa volta;  quantas delas telefonam para outras pessoas ? Em conclusão: eu retomo a minha reflexão da introdução. O quanto de menos custo e muitíssimo de mais benefícios se essa massa dos inúteis e desocupados(as) trocasse os seus aparelhos de celular por livros. O quanto de ganho em termos de cultura e formação técnica teriam esses usuários de internet, redes sociais e outras excentricidades e futilidades que um smartphone oferece.
E como recomendação especial para a juventude. Quando se fala em leitura, não precisa ser no tradicional livro físico em papel. Bem ao sabor da garotada há os e-books, os livros nos tablets e notebook;  ouçam por exemplo os  audiolivros. Os objetos de mídia podem ser usados, na condição de trazer entretenimento saudável, cultura e conhecimentos científicos. Tal expediente, sim, seria de enriquecer a formação do indivíduo e melhor qualificar sua cidadania, beneficiando a grande massa de brasileiros, ociosa e desocupada, ou ocupada com ninharias, baixarias e futilidades. Janeiro/2020.   
João Joaquim médico e cronista DM www.jjoaquim.blogspot.com

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...