quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Se fosse Gay ou Negro

SE ME CHAMAM DE MACACO OU OUTRO BICHO EU ACHO GRAÇA
João Joaquim  
As relações humanas são revestidas de muitas particularidades. Por isso são temas de muitos estudos, de debates e alvo de interesse de todos os ramos científicos. Assim, temos a psicologia, a psiquiatria, a antropologia, o direito etc. Todos se ocupam no estudo das relações humanas. Dentro do direito, temos o ramo ou o grupo dos direitos humanos, que trata das relações sociais das pessoas entre si, com segmentos da sociedade civil e com o estado.
Neste artigo não pretendo deslindar o que parece inextricável que são as questões dos direitos e deveres humanos. Trata-se de tema mais da área jurídica e, portanto, mais afeto aos operadores do direito. Cada Ordem dos Advogados do Brasil (OAB, e seccionais) tem o seu grupo dedicado aos direitos humanos. Falta criar o grupo dos deveres humanos. Seria um contraponto aos tão propalados adeptos e defensores dos direitos do cidadão.
Quando se fala em comunicação a humanidade evoluiu muito.  Vamos imaginar a comunicação no estrito campo interpessoal. Até a década de 90 (1990) o que tinha o indivíduo para se comunicar? Cartas e telegramas, telefone fixo e recados via outra pessoa, e só.
Passados 20 anos, através do telefone celular e redes sociais, a pessoa se comunica com o outro em qualquer parte do planeta. E quase de graça. Como já referido, não é objeto do presente texto falar de direitos humanos; o alvo aqui são as chamadas fofocas, referências ao outro, os apelidos e até os xingamentos e maledicências.
As fofocas e intrigas fazem parte da história da humanidade. Hoje, a internet e redes sociais representam instrumentos que atomizaram esses expedientes nas relações interpessoais. Porque o contato se tornou facilitado, rápido, gracioso e instantâneo; com mais um catalisador importante nessa prática: o anonimato, quando não se busca a investigação da polícia especializada em crimes virtuais.
Abstraindo de situações mais ofensivas, danosas e geradoras de danos psíquicos e morais a quem se sente vítima, existem aquelas comunicações e referências que não passam de nomear o outro com apelidos pejorativas, exaltação a algum atributo físico, de caráter, de comportamento, de um estilo de vida fora do padrão geral, da vida conjugal, sexual etc.
Neste sentido e contexto eu tomo de empréstimo os conselhos do historiador e filósofo Leandro Karnal, professor e palestrante do Unicamp SP.
Como lidar com essa situação? Continua o professor; se estou no trânsito por exemplo e alguém me chama de filho da puta. Eu paro e analiso. Será que minha mãe exercia essa profissão? Pela análise de sua biografia, não. Ela tinha uma vida recatada, sempre recolhida ao lar. Ainda assim: se ela o fizesse nada existe de ilegal e ilícito, a atividade já é regulamentada. Por que exasperar ?
Eu citaria uma outra situação eu que eu mesmo figurei no próprio contexto. Em certa ocasião e circunstância, verbal e por escrito, eu fiz referência a uma parente já na madureza da idade que não trabalhava e a meu sentir, não tinha vocação ou fixação por nenhuma atividade produtiva. Pronto! Isto foi o bastante para que essa pessoa criasse uma enorme cizânia e aversão por mim.
Tal reação de repulsa e rancor nas pessoas mostra o quão são complexas as relações sociais. O quanto é difícil se orientar pelo chamado politicamente correto.  O sujeito me chama de caloteiro, de veado, de papa-jantar, de mau pagador, de comensal, disto e aquilo. Eu( o aqui modesto escriba) paro e rio e acho no mínimo fútil e sem sentido porque nada disso eu sou. E se eu fosse, qual o problema?   Janeiro /2020.

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