SE ME CHAMAM DE MACACO OU OUTRO BICHO EU ACHO GRAÇA
João Joaquim
As relações humanas são revestidas de muitas particularidades. Por isso são temas de muitos estudos, de debates e alvo de interesse de todos os ramos científicos. Assim, temos a psicologia, a psiquiatria, a antropologia, o direito etc. Todos se ocupam no estudo das relações humanas. Dentro do direito, temos o ramo ou o grupo dos direitos humanos, que trata das relações sociais das pessoas entre si, com segmentos da sociedade civil e com o estado.
Neste artigo não pretendo deslindar o que parece inextricável que são as questões dos direitos e deveres humanos. Trata-se de tema mais da área jurídica e, portanto, mais afeto aos operadores do direito. Cada Ordem dos Advogados do Brasil (OAB, e seccionais) tem o seu grupo dedicado aos direitos humanos. Falta criar o grupo dos deveres humanos. Seria um contraponto aos tão propalados adeptos e defensores dos direitos do cidadão.
Quando se fala em comunicação a humanidade evoluiu muito. Vamos imaginar a comunicação no estrito campo interpessoal. Até a década de 90 (1990) o que tinha o indivíduo para se comunicar? Cartas e telegramas, telefone fixo e recados via outra pessoa, e só.
Passados 20 anos, através do telefone celular e redes sociais, a pessoa se comunica com o outro em qualquer parte do planeta. E quase de graça. Como já referido, não é objeto do presente texto falar de direitos humanos; o alvo aqui são as chamadas fofocas, referências ao outro, os apelidos e até os xingamentos e maledicências.
As fofocas e intrigas fazem parte da história da humanidade. Hoje, a internet e redes sociais representam instrumentos que atomizaram esses expedientes nas relações interpessoais. Porque o contato se tornou facilitado, rápido, gracioso e instantâneo; com mais um catalisador importante nessa prática: o anonimato, quando não se busca a investigação da polícia especializada em crimes virtuais.
Abstraindo de situações mais ofensivas, danosas e geradoras de danos psíquicos e morais a quem se sente vítima, existem aquelas comunicações e referências que não passam de nomear o outro com apelidos pejorativas, exaltação a algum atributo físico, de caráter, de comportamento, de um estilo de vida fora do padrão geral, da vida conjugal, sexual etc.
Neste sentido e contexto eu tomo de empréstimo os conselhos do historiador e filósofo Leandro Karnal, professor e palestrante do Unicamp SP.
Como lidar com essa situação? Continua o professor; se estou no trânsito por exemplo e alguém me chama de filho da puta. Eu paro e analiso. Será que minha mãe exercia essa profissão? Pela análise de sua biografia, não. Ela tinha uma vida recatada, sempre recolhida ao lar. Ainda assim: se ela o fizesse nada existe de ilegal e ilícito, a atividade já é regulamentada. Por que exasperar ?
Eu citaria uma outra situação eu que eu mesmo figurei no próprio contexto. Em certa ocasião e circunstância, verbal e por escrito, eu fiz referência a uma parente já na madureza da idade que não trabalhava e a meu sentir, não tinha vocação ou fixação por nenhuma atividade produtiva. Pronto! Isto foi o bastante para que essa pessoa criasse uma enorme cizânia e aversão por mim.
Tal reação de repulsa e rancor nas pessoas mostra o quão são complexas as relações sociais. O quanto é difícil se orientar pelo chamado politicamente correto. O sujeito me chama de caloteiro, de veado, de papa-jantar, de mau pagador, de comensal, disto e aquilo. Eu( o aqui modesto escriba) paro e rio e acho no mínimo fútil e sem sentido porque nada disso eu sou. E se eu fosse, qual o problema? Janeiro /2020.
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