segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Megalocracia e omissão

Megalocracia e omissão DIÁRIO DA MANHÃ JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA O fim de outubro/2012 será eternamente lembrado pelos americanos pela gigantesca borrasca que assolou vários Estados do país. O (a) Sandy, ciclone no mar e furacão em terra, passou com forças e efeitos de uma tsunami. Tudo cronologicamente previsto pelos meteorologistas e sismólogos de plantão. Diante de tão gigantesca tragédia, humana e material, com prejuízos de bilhões de dólares, cerca de uma centenas de pessoas mortas, grande impacto na flora e fauna, pus-me a refletir sobre a responsabilidade e/ou omissão dos governos sobre catástrofes dessa dimensão como fenômenos da natureza. Não só no caso dos EUA, mas de outros países sujeitos a estas fúrias e revoltas naturais. Um belo exemplo de como investir em infraestrutura e tecnologia para enfrentar e prevenir os devastadores efeitos de catástrofes é o Japão. Dois momentos tão distantes mostram como essa nação oriental foi capaz de soerguer dos escombros e ruínas e se tornar a potência econômica de hoje. Falo da 2ª Guerra Mundial e das recentes tsunamis (março-2011). São duas marcas históricas de como esse povo é organizado, preventivo e proativo quando o assunto é tragédia. Em 1945, o país nipônico foi destroçado. Em poucos anos se refez das hecatombes da guerra. Alguém se lembra das tsunamis que trituraram o país em 2011? Tudo foi refeito rapidamente. Reporto de novo ao Sandy nos EUA. Essa potência ocidental sabe que ciclones, furações, tempestades ali são cíclicas, passam e voltam. Intriga-me ver essa nação, que se julga dona da bola, quando a questão é tecnologia e ciência, deixar os seus cidadãos à mercê destas megatragédias a cada 2 ou 3 anos. Uma outra questão que trago à reflexão das pessoas é a seguinte: o homem, aqui falamos de estadistas e governantes, tem mesmo mania de grandeza (megalomania). De novo o exemplo americano. No projeto espacial, missões para a lua e Marte, os EUA gastam cifras de trilhões de dólares (isto mesmo, 12 zeros). Imagina bem! Naves, robôs espaciais para Marte para quê? Qual o benefício desses projetos para o povo, para a humanidade? Eu ainda não consegui captar sobre os benefícios imediatos de tão vultosos investimentos. Assim caminha a ambição do homem, enquanto se procura chifre, ou melhor, água e bactérias em Marte, as pessoas morrem e perdem tudo, de forma periódica. O país (EUA) não se manca. Eles não dão conta de proteger a população de catástrofes com dia e hora para acontecer e querem encontrar ETs em outros planetas! Não, que espírito o desses estadistas e governantes megalocráticos. Uai, este qualificativo não existe? Pronto, não existia, porque fica aqui consignado desde já. Então Japão neles, que não tem muita ambição em missão espacial, mas sabe abrigar as pessoas de sismos e terremotos que ocorrem por lá com grande frequência.

A rouquidão e miopia de um ex-presidente

A rouquidão e miopia de um ex-presidente DIÁRIO DA MANHÃ JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA "Falta à sociedade brasileira, incluindo todos os setores: política, economia, justiça, mídia etc, uma âncora moral” – Antonio Callado (1917-1997). Definição de Voltaire para Ética: "É aquilo que nós queremos que os outros não façam”. Se perguntássemos a qualquer analfabeto brasileiro a definição de honestidade, certamente ele não teria dificuldade em, se não expressá-la com termos elegantes, no mínimo lembrar de seus contraexemplos que vêm ocorrendo em nossos atuais governos. Seja em âmbito municipal, estadual ou federal. Mas, sobretudo da administração lulopetista do ex-presidente Lula até sua atual sucessora e vassala Dilma Rousseff. A mim beira ao escárnio e ao deboche quando um ex-presidente tão arguto e inteligente como sua excelência o sr. Luiz Inácio da Silva se diz surdo e míope em não ter ouvido ou visto tantas traficâncias ilícitas e ilegais ocorridas nas alcovas de seu governo. E elas não param. A putrefação vinda e exalada dos bastidores e intimidade do governo é tamanha que a gente fica a indagar: qual será a próxima fedentina? Será que os mandatários-mores do PT têm deficiência olfativa também? A condenação de 25 dos 40 mensaleiros torna-se um alvissareira realidade para uma sociedade que desacreditava até mesmo na Justiça brasileira. A posição firme, arrojada e isenta da maioria dos ministros do STF pode ser emblemática de um avanço que as pessoas almejavam neste País de tantos desmandos, de tanta corrupção e impunidade. Pode ser esta postura de nossa suprema corte um facho de luz e muita esperança onde ainda impera muito escuridão e incertezas, os bastidores dos palácios de governo. A Operação Porto Seguro da Polícia Federal neste novembro/2012 desbaratou mais uma quadrilha comandada por uma apaniguada do ex-presidente Lula. Os líderes das traficâncias exerciam cargos de “confianças” no núcleo do poder. Isto durante pelo menos os últimos 10 anos. O que intriga as pessoas não surdas e não míopes é o seguinte: nós brasileiros tomamos conhecimento do mensalão e outras ilicitudes no governo porque houve delatores, porque a mídia denunciou ou a Polícia Federal fez diligências e pegou muitos desses larápios em franca atividade. Nunca esqueçamos como esses fatos vieram ao conhecimento público. Pois bem, então fica a dúvida, a nossa pergunta! E aqueles ladravazes e gatunos do governo com todos os sentidos bem apurados (não cegos, não surdos)? Aqueles “agentes públicos” capazes de façanhas e crimes perfeitos que não deixam rastros? Que não têm “deslizes” no cometimento da corrupção? Aqueles mercadores e “profanadores da república”, que não negociam via celular, via e-mail , etc, e não deixam pistas que os incriminem? Então o que temos até então de mensalão e Porto Seguro pode ser apenas a ponta de um grande iceberg muito mais caudaloso. Credo em cruz, que Deus nos livre de tanta devassidão! (João Joaquim de Oliveira, médico. E-mail: joaomedicina.ufg@gmail.com)

Riscos de morte em uma cirurgia plástica

Riscos de morte em uma cirurgia plástica DIÁRIO DA MANHÃ JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA Risco anestésico-cirúrgico é a probabilidade de complicações e/ou óbito decorrentes do ritual pré, peri e pós-operatório. As chances destas intercorrências são dependentes de fatores diversos, como estado de saúde do paciente, qualificação profissional da equipe médica, técnica operatória e instituição hospitalar. Constitui requisito capital na segurança e sucesso de qualquer procedimento cirúrgico uma avaliação clínico-laboratorial criteriosa do doente no período pré-operatório. Não raramente, esta pode ser a primeira oportunidade para algumas pessoas passarem por um “check-up” médico, quando então diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, derrame cerebral, insuficiência cardíaca, arritmia ou doenças constitucionais como diabetes, doenças renais, tireoidianas, colesterol elevado podem ser detectados. O não tratamento e a instabilidade destes fatores encerram grande risco no período trans e pós-operatório. A avaliação pré-operatória não deve restringir-se a uma lista de exames laboratoriais. Conforme a condição física, constituição do paciente, porte e duração do ato anestésico-cirúrgico, faz-se necessário uma consulta prévia (história clínica) pormenorizada seguida de exames complementares e específicos para cada pessoa. Nesta entrevista médica, são essenciais informações sobre alergia ou intolerância a medicamentos, anestésicos, antissépticos, uso de drogas ilícitas ou psicotrópicos, e outras reações adversas em algum procedimento cirúrgico-odontológico pregresso. Independentemente da complexidade da cirurgia, o paciente deve passar por alguns exames básicos, como hemograma completo (contagem de hemácias, leucócitos e plaquetas), análise da coagulação sanguínea, taxa de glicose (diabetes), exame de função renal e eletrocardiograma. Em cirurgias de médio e grande porte (intra-abdominal, intra-torácica, craniana, vascular), cirurgia plástica qualquer, é recomendável exames mais sensíveis objetivando a presença de insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, infarto do miocárdio antigo já cicatrizado etc. Estas doenças, ainda que leves ou silenciosas, somadas ao estresse metabólico e circulatório de qualquer cirurgia, agravam o prognóstico com iminentes riscos de vida em qualquer cirurgia. Há que diferenciar os riscos inerentes e inevitáveis de certos procedimentos daqueles que eletiva e antecipadamente podem ser minimizados ou evitados. Neste contexto, temos como exemplos as cirurgias emergenciais (e.g. úlcera gástrica perfurada, hemorragia interna por rompimento vascular, aneurismas) e traumas, onde as circunstâncias exigem pronta intervenção cirúrgica para salvar a vida do enfermo. Nas cirurgias plásticas, lipoaspiração e corretivas anatômicas em geral, existe um tempo hábil de planejamento pré-operatório, quando então todos os exames pré-admissionais à internação são executados com quantificação dos riscos alusivos à pessoa e procedimento e medidas atenuantes e profiláticas. Um grupo particularmente susceptível de complicações no trans e pós-operatório é representado pelos idosos. Nesta faixa etária existe uma incidência maior de comprometimento de órgãos vitais, como coração, aparelho circulatório, cérebro e rins. O sistema imunológico é menos operante nessa faixa etária. Portanto, além de maior ocorrência de infarto e derrame cerebral, há risco de infecções na ferida operatória e em todo o organismo (septicemia). A avaliação pré-cirúrgica do idoso, mesmo hígido, é sempre mais rigorosa. Nas cirurgias eletivas de grande porte, além dos exames rotineiros, torna-se mais prudente considerar exames mais sensíveis de função cardiovascular (teste ergométrico, ecocardiograma, cateterismo cardíaco). Outro grupo que merece orientação e cuidado especial são os portadores de doença de valvas cardíacas (com ou sem próteses artificiais). Neste grupo, há grande risco de infecção intracardíaca (endocardite infecciosa). Trata-se de doença de grave prognóstico independente do risco pertinente ao ato cirúrgico. As únicas maneiras de evitar a endocardite são técnica cirúrgica rigidamente asséptica e uso adequado de profilaxia antibiótica (medicamentos antimicrobianos). O ritual operatório é um trabalho de equipe, onde todos devem assumir seu papel com zelo, ética, humanismo e competência para um fim comum, que é a saúde e satisfação do paciente. Cirurgião, anestesista e auxiliares devem atuar solidários para o bem- estar do doente. Um integrante que tem papel primordial, considerado vital na cirurgia, é o anestesista. Este profissional deve ser conhecedor não apenas de técnicas anestésicas, mas da fisiologia do paciente como um todo. Uma parcela significativa de pacientes cirúrgicos é portadora de múltiplas afecções que com o estresse da cirurgia são passíveis de agravamento, com exigência de manuseio eficaz e emergencial. Todo medicamento e modalidade anestésica têm potenciais efeitos adversos no organismo. O sistema circulatório e coração são particularmente vulneráveis aos anestésicos e fármacos adjuvantes no ato anestésico-operatório. Ainda que a instituição hospitalar disponha de monitores, equipamentos e todo instrumental cirúrgico modernos, o melhor monitoramento peri e pós-operatório é a própria equipe médica. No curso operatório, o anestesista em especial, este profissional paramentado de vestes brancas e pouco lembrado torna-se o verdadeiro “anjo da guarda do doente”. (João Joaquim de Oliveira, médico. E-mail: joaomedicina.ufg@gmail.com)

Bolas e bilhões para a Copa-Fifa

Bolas e bilhões para a Copa-Fifa 2014, bananas e relento ao doentes do SUS DM.COM.BR DIÁRIO DA MANHÃ Nós brasileiros, aqueles que vêem alguma coisa que presta pela TV, e lêem algum jornal ou revista que publicam matérias com significado social, cultural e político, temos visto imagens e fatos de dois cenários que são a só tempo mostras de poder e opulência de um organismo e da miséria e abandono de outro. Estou a me referir ao mundo da bola comandado pela Fifa/CBF e ao submundo e caos da saúde pública do Brasil. Nosso SUS anda como um carro na banguela ou desgovernado sob a batata do PT. Digo PT porque a presidente, o ministro da saúde e todos os gestores da saúde do governo Dilma ou são petistas ou base de apoio da sigla vermelha. Nada contra este ou aquele partido ; poderia ser PSDB, DEM etc, por acaso o PT é a bola da vez. Mas, então falando desses dois mundos, não podemos desmerecer que a Fifa sempre administrou e muito bem e com mãos de ferro o reino do futebol. Todos sabemos de seu poder econômico e rigidez na imposição de suas regras quando se realiza um torneio qualquer e copa do mundo. Só não é muito ética com as traficâncias de alguns cartolas. Todos ficamos sabendo num passado recente de negócios corruptos dos ex-cartolas João Havelange e Ricardo Teixeira (Fifa/CBF). Estas trapaças e subornos respingaram até no atual presidente Joseph Blatter. Mas, para o bom andamento dos negócios da Fifa/CBF aqui no Brasil, falar das propinas recebidas por esses ex-dirigentes , neste momento, soa leviano e cheira fichinha perto dos milhões de nossos corruptos aqui no Brasil. Então, bola para frente que se não a gente perde o jogo, ou melhor a copa . Uma marca imutável da Fifa são suas tirânicas exigências. Sob pena de boicotar a realização da copa neste ou aquele país escolhido como sede deste torneio quadrienal do futebol. O Brasil não está sendo exceção a estas pétreas regras. Alguma lei foi quase revogada para atender a entidade e os patrocinadores. Caso da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. O estatuto do torcedor já foi relaxado. Na copa haverá cervejas e outras bebidas á vontade para todos. Mas, só durante a copa por imposição da Fifa e multinacionais de bebidas. E o mundo da saúde aqui no mundo Brasil? Nosso ministério da doença ( que chamam eufemicamente da saúde ),não dá conta de resolver e salvar as pessoas das enfermidades mais corriqueiras. Nos prontos (ou atrasados )-socorros as pessoas morrem de pneumonias, infartos, asmas, fraturas e falta de tudo. Faltam macas, médicos, medicamentos, UTIs e funcionários treinados. Faltam até educação, respeito e generosidade aos doentes. Nossa carta magna, tem sido uma carta maligna em tratar de forma tão indigna nossos pobres e desvalidos irmãos. Na verdade, não ela, mas nossos políticos-governantes, os seus intérpretes e aplicadores. Nela está em cláusulas pétreas e lindas sentenças : a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Quanto desrespeito à nossa constituição não é cometido pelos nossos dirigentes da Nação! Para os donos da bola, para a Fifa, as multinacionais patrocinadoras da copa tudo. Estádios na faixa de um bilhão (itaquerão por exemplo), hotéis e estradas de luxo, apoio logístico e segurança no top da modernidade. São esses dois mundos e cenários que temos visto no momento. Os holofotes, o foco e os bilhões para a copa do Brasil e da Fifa em 2014. Os usuários e doentes do SUS às favas, ao relento e ao abandono. Para esses o ministério da doença ( não saúde ) destina apenas muito verbo. E põe verbo nisso, sobretudo em palanques em véspera de eleições. Verba que é bom mesmo , para comprar o básico para socorrer e salvar as pessoas, parece que fica entalada nos crivos e peneiras da corrupção. (João Joaquim de Oliveira, médico, cronista DM.E-mail: joaomedicina.ufg@gmail.com

terça-feira, 13 de novembro de 2012

MEDICINA DE MÁQUINAS

Na relação médico-paciente, uma consulta (anamnese) feita de forma segura, calma e confiante jamais substituirá qualquer procedimento diagnóstico. A primeira entrevista de um paciente com o médico, se mal conduzida, se for superficial e sumária pode trazer riscos de diagnósticos incorretos, exames inadequados e caros, retardo no esclarecimento da causa da doença e sérios transtornos nos contatos futuros do profissional com seu cliente. Trata-se de um algoritmo lógico e técnico que não pode ser quebrado: anamnese(ausculta)> exame físico >exames diagnósticos. Infelizmente hoje temos assistido com as gerações mais novas de médicos uma inversão desta milenar arte da consulta médica , que é primeiro saber ouvir o doente e interpretar suas palavras ( auscultar), depois interrogar e colocar os ouvidos e mãos no paciente , depois sim exames complementares, se necessários. Os avanços das ciências médicas com os métodos diagnósticos e terapêuticos de ponta (high tech) vem inebriando os profissionais de saúde. Os médicos pouco ouvem, pouco veem, pouco examinam seus doentes. Torna-se cômodo simplesmente listar exames caros e a esmo, entregar ao cliente e aguardar os resultados. Fica a parecer um jogo lotérico, quanto mais exames se faça mais chance de algum dar alterado. Se nenhum der pistas diagnósticas , tudo recomeça do zero. A tão antes valorizada relação médico/paciente tem se tornado maquinal, robótica, informática, fria e sem diálogo ; ou seja inexistente! Na década de 1950, uma boa historia clínica, um eletrocardiograma e radiografias simples eram tudo que o médico tinha na área cardiovascular. E olha que se resolvia tantos casos quanto os médicos de hoje. Com as modernas técnicas de imagens de agora pode-se mapear o corpo humano de alto a baixo. Isto é inovador e eficaz? Claro que sim, mas com critérios. Existe o alto custo e tem efeitos colaterais. Imagina a carga radioativa de raios x, tomografias em um curto período de tempo , pode ser um perigo invisível e que um dia deixará suas marcas . O paciente nesses laboratórios modernos de diagnóstico e investigação passou a ser um número, um prontuário, um caso bom ou ruim, uma boa imagem para publicação, uma ilustração de aula, palestra, etc. É a tecnologia da desumanização da Medicina, do doente fatiado em “peças”. O médico passou a tratar não um doente , mas um coração, um fígado, um pulmão, um cérebro, uma perna e assim por diante. Um dia desses eu senti esta tendência na pele. Um médico-residente de cardiologia trouxe-me para opinião um cateterismo de um paciente que ele atendeu. O exame exibia uma doença coronária, cujo sintoma é angina (dor) no peito. Perguntei ao colega residente: trata-se de angina estável ou instável? Ele não sabia, não havia perguntado ao doente como era e qual a frequência da dor. Faltou melhor auscultar os sintomas do paciente e interpretar suas queixas, as dores no peito que o motivaram a buscar ajuda. Há certos diagnósticos que se faz tão somente ouvindo as queixas do enfermo. Imagina um indivíduo com sintomas de esquizofrenia. Todos os exames bioquímicos e de imagem serão rigorosamente normais. A confirmação diagnóstica só se faz interpretando(ausculta) os sintomas do doente. A medicina vem perdendo “pari passu” este lado humanístico que a sempre a caracterizou. Trata-se de um sacerdócio , onde o médico deve estar aberto a todas as confissões e angústias do cliente. Na gênese dessa deturpação de uma relação profissional com o paciente de generosidade, de amparo, de conforto entram vários fatores. A baixa qualidade da assistência oferecida pelo SUS , políticas públicas ineficazes e de pouco resolução para doenças as mais corriqueiras que assolam nossa população , falta de hospital e unidades que atendam a todos com dignidade, etc. Do lado do profissional da saúde, podemos citar a baixa remuneração nos serviços públicos, péssimas condições materiais e estruturais oferecidas pelo governo, necessidade de múltiplos empregos para se viver dignamente. O que seria ideal para o médico? Ter apenas um vínculo de trabalho e ser pago de forma digna para isto. Seria como ocorre na área jurídica, onde há a exigência, de dedicação exclusiva. Para isto, seria oferecido, salário justo e condições de trabalho compatível com o múnus exercido : Cuidar da saúde dos outros dentro dos melhores princípios éticos e técnico-científicos. Aliás, um direito de todos, creio uma cláusula pétrea de nossa Carta Magna. Mas, enquanto o gozo desses direitos não chega de forma plena, nós profissionais da saúde, podemos fazer um pouco mais de arte do que Ciência, mais humanismo do que tecnicismo, mais ouvidos, mais olhos e mãos, do que as grafias de tantos pedidos de exames, das ultrassonografias, das radiografias, das tomografias, e assim por diante. Vamos pensar nisso que dá para fazer muito mais pelos nossos doentes, que , às vezes pedem apenas para serem mais escutados e compreendidos em suas lamúrias . E nessas horas, nós médicos e humanos, precisamos de ser também pacientes. Joao Joaquim de oliveira joaomedicina.ufg@gmail.com

HORÁRIO DE VERÃO CONTRA NATUREZA

Entre outubro e fevereiro , aqui estamos nós: trabalhadores, estudantes, pais e mães de alunos a vivermos com as agruras e os inóspitos dias do pernóstico, malsinado e mal decretado horário de verão. Muitas pessoas já afeitas com minha posição irredutível e contrário a essa nociva invenção de nossos digníssimos representantes e governantes perguntam-me, como se adaptar a tal interferência tão insalubre como esta em nosso organismo ? Basta relembrarmos o seguinte : a natureza dotou os organismos vivos, inclusive as plantas, de um ritmo ou relógio interno. Assim, os seres vivos têm um ciclo de funções que sofrem influência de elementos biológicos e ambientais os mais diversos. Na espécie humana, várias funções biológicas, como sono, temperatura corporal, síntese e liberação de hormônios, são constantes e repetitivas num período chamado circadiano (circa dien, cerca de um dia). A temperatura corporal e o cortisol, por exemplo, se elevam antes de o indivíduo acordar. Muitas enzimas digestivas são ativadas nos horários habituais das refeições ( 12 h, 18 h, etc ). A sincronização e regularidade de muitas funções dão ao ser humano uma referência de tempo e horário, mesmo sem o relógio de pulso. Isto se processa através do relógio biológico interno. Por que somos assim? São mistérios e prodígios da natureza . O que sabemos é que a interferência, a quebra destes ritmos tem profunda e negativa influência na saúde e qualidade de vida das pessoas, de qualquer ser vivente, até no reino vegetal . O funcionamento, a coordenação e interdependência destes ciclos têm participação de estímulos endógenos (do próprio organismo) e meio ambiente (luz solar, período claro/escuro, hora de adormecer e acordar). O primeiro experimento científico de grande relevância sobre estes fatores internos e externos foi empreendido pelo astrônomo francês D’Ortous de Mairan. Este cientista isolou uma planta heliotrópica, a mesma da espécie de nossa conhecida onze-horas da incidência de qualquer luz solar. Para grande surpresa do cientista, essa belíssima planta herbácea manteve a mesma periodicidade de abrir e fechar as folhas e desabrochar as flores, sempre no mesmo horário (11 horas), mostrando que, apesar de ao abrigo da luz (escuro), tinha um estímulo interno (relógio endógeno) responsável por seu comportamento que se repetia sempre no mesmo horário. Os pesquisadores Aschoff e Weber, utilizando voluntários humanos isolados em cavernas, documentaram que essas pessoas resistiam por vários dias e mantinham quase inalterados os ritmos de secreção hormonal e outros parâmetros fisiológicos. Todavia, concluíram que a privação prolongada da luz natural, a inversão do ciclo dia/noite, como no horário de verão, gerava marcantes mudanças fisiológicas com um amplo espectro de efeitos, de elevada morbidade, interferência na saúde, quebra da homeostase (equilíbrio e interação orgânica interna), ou seja, com muitos reflexos negativos na qualidade de vida. Todos sabemos que muitos fenômenos naturais, como tempestades, enchentes, secas prolongadas, tufões, terremotos, trazem enormes impactos ecológicos, riscos à segurança e bem-estar das pessoas. São acidentes meteorológicos naturais inevitáveis, contra os quais nada se pode fazer. Inaceitável e condenável por qualquer pessoa de bem, lúcida e de bom senso é assistir repetidamente a ações e teimosias que voluntaria e deliberadamente são produzidas e perpetradas por muitos administradores públicos e governantes, que inúmeros constrangimentos, danos e malefícios trazem à população através de uma medida provisória, decreto-lei etc. Um exemplo dessas ações e medidas (des)governamentais é o malquisto e nocivo horário de verão, que, conforme estudos científicos e estatísticos, traz grande impacto à paz, à segurança e à saúde das pessoas. Tudo sob a justificativa de questionáveis e ínfimos índices entre zero e 4% de economia de energia elétrica. Mesmo sob reiterados protestos das pessoas, participação ativa de muitos políticos, o governo atual teima na manutenção de tão insalubre medida no estado de Goiás que já se sabe não se beneficia com tal mudança. Mesmo se tal economia fosse concreta, justificaria tanta sacrifício de estudantes e trabalhadores que têm de madrugar , ter noites maldormidas e se expor a riscos de assaltos em pleno escuro, entre 5 e 7 horas da manhã ? Na verdade, o governo precisaria era de mais investimentos em usinas hidroelétricas e mesmo fontes alternativas de energia. Isto, sim, mereceria admiração e apoio de todos nós. O horário de verão nada mais é do que um daqueles arbítrios próprios de governos populistas como este que vimos aturando , sob os auspícios dos ideários do lulopetismo. Até quando ? A paciência do povo tem limites. Por ora os nossos protestos e um basta para medidas muito antipáticas como esta de termos sono perturbado e levantar uma hora mais cedo com tantos reflexos danosos em nosso organismo. João Joaquim de Oliveira médico joaomedicina.ufg@gmail.com

NEUROSES E DEVASSIDÃO

NEUROSES E DEVASSIDÃO NO MUNDO DOS HUMANOS Nós vivemos tempos e costumes que para quem lê a Bíblia deve lembrar a lenda de Sodoma e Gomorra. Estas, eram cidades localizadas em Cananeia – próximas do Mar Morto . Conta esta lenda dos tempos do patriarca Abraão ( Genesis 19) que os pecados , a baixaria e a devassidão ali eram tamanhas que a solução foi a completa destruição através do fogo e enxofre , como castigo de Deus para purificar aquela região . Hoje assistimos fatos, comportamentos, atitudes e tendências que acredito só mesmo as chamas sagradas dos céus poderiam queimar e purificar, neste mundo de tantas coisas para lá de loucas . Há a questão do estado de espírito e emocional das pessoas, e o desejo de consumo e escolha das pessoas em suas vidas, seja na cultura , em diversão ou vida social. Há um desvario total em todas as esferas da vida e da sociedade. Senão, vamos listar e pincelar algumas das cenas diárias desse mundo insano. Comecemos pelo despertar de cada um. Quantos de nós já não acordamos de mau humor, com alguma enxaqueca, mal-estar e angústia pelo começo do dia! Mesmo fora do horário de verão, porque este já é um presente de grego de nossos palacianos e eminentes (ou iminentes) governantes. Imposição como esta( acordar mais cedo) deve ser mais uma via do purgatório dos brasileiros. O ritual de levantar, com ou sem despertador, não importa, já pode indicar quão estressante será o dia das pessoas . Há cidadão que sai de casa como se tivesse comido jiló cru ou jurubeba com suco de bílis negra. Este humor amargo dá para perceber quando cruzamos com os vizinhos no elevador ou garagem dos condomínios. Aliás, condomínio me traz à lembrança o conceito de vizinho. Sentido hoje completamente deturpado. Existe gente mais distante de nós do que nossos vizinhos? Deveriam ser as pessoas mais próximas e afetivas do que nossos parentes! Fica a pergunta: quantos vizinhos nós os conhecemos de verdade? Nome, o que faz, o que podemos fazer-lhes de útil e solidário? Há pessoas que giram anos, décadas sem ter feito uma visita ou conhecer melhor o condômino do lado . Culpa de quem? Das loucuras e velocidade de nosso tempo. Pode piorar ou melhorar ? Pode ambos. Depende de nós. O progresso e todas as tecnologias têm nos escravizado. Dentre os recursos, os objetos dos avanços tecnocientíficos temos os equipamentos de mídia. O aparelho de mídia que mais tem alienado e neurotizado o ser humano chama-se telefone celular. Os efeitos negativos e anti-sociais do celular se tornaram tão massivos e impactantes que chegamos ao princípio do “ eu não falo mais com você, eu estou conectado”. Aliás, celular em mãos de muitos adolescentes e jovens é usado não como telefone, mas como mídia de acesso á internet. Todos necessitam estar conectados. Esta tendência pode piorar? Depende de como estamos educando os filhos. E por falar em mídia, e as nossas músicas? Ainda me lembro, era criança; as músicas encerravam belas melodias e poesia. Caso de um Nelson Gonçalves, Clara Nunes, Dolores Duran. As músicas mais badaladas de hoje ( nada contra Michel Teló, Sorriso Maroto , mr Catra , etc) nos dão a sensação de que estamos em um cabaré ou casa de prostituição. Os refrões são incentivos e apelos flagrantes ao sexismo, à pornografia e ao erotismo de baixo calão. Um escárnio à moral e aos bons costumes. Artistas e emissoras têm culpa? Penso que não! Elas vendem e lucram porque há um filão consumidor sedento no mercado. E as mídias televisivas? As mídias que todos os brasileiros vêem . O cidadão pode mal assinar o nome, mas um aparelho de TV ele tem. Num Brasil com milhões de analfabetos absolutos e funcionais o que vemos pelas redes de televisão ( canal aberto ou fechado)? Várias emissoras se digladiam na apresentação do que tem de mais fútil e pobre quando se trata de comportamento e feitos humanos. Existe uma contra-cultura na televisão . Não se trata apenas de cenários do cotidiano do combate de policiais x criminosos. Aqui temos a exibição de tudo ,em sangue e cores, ao vivo, a qualquer hora. Esses reality shows são liberados para todas as idades, choquem ou não crianças, adolescentes ou pessoas dotadas de sentimentos de bom gosto cultural , fraternidade e altruísmo. Para a TV , aqui vale o princípio: os fins ( lucros) justificam todos as exibições possíveis. Um exemplo dessas baixarias e programações anti-sociais temos no horário nobre de ir para a cama, pela Rede Globo. Neste programa intitulado amoral e sem nexo, ou melhor amor e sexo, temos muito bem exibida a mais explícita e requintada teatralização de erotismo, sexismo (não sexualidade) e pornografia grã fina que a TV pode trazer aos lares brasileiros. Tudo encenado por belos homens e lindas mulheres ( globais em geral). As regras para participar desse teatro erótico-pornográfico são : não se vexar, não se envergonhar do linguajar chulo ou gestos os mais íntimos e baixos instintos de que o ser humano é capaz dentro de quatro ou nenhuma parede. Ressalve-se que tais programas não são exclusivos da TV globo. Basta zapear por outros canais e escolher o que há de pior para consumo. É claro que por falta de espaço e mesmo pudor deixo de citar algumas das coisas que são oferecidas pelo mercado virtual, e mesmo a céu aberto , para as pessoas consumidoras de tanta patifaria de nossos tempos. Existem muito mais coisas loucas e degradantes do que estas aqui comentadas? Penso que os pecadores de Sodoma e Gomorra iriam ficar morrendo de inveja, se assistissem às muitas cenas e fatos da sociedade de nossos tempos. João Joaquim de Oliveira cronista DM e médico joaomedicina.ufg@gmail.com

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...