quarta-feira, 22 de maio de 2013

QUEM SOMOS ...



Quem somos , para onde vamos?



João Joaquim de Oliveira




Nós humanos somos dotados de muitos atributos que nos tornam animais especiais. Dentre estes atributos especiais está a inteligência, nossa capacidade de ver, ouvir, e decodificar tudo à nossa volta. Sem falar que somos uma dualidade, corpo e alma. Alma esta que nos dá chispas, chamas, pequenas atribuições divinas.

Todos nascemos com um potencial divino. Agora, poucos, mas muito poucos mesmo, têm a capacidade de expressar e demonstrar essas fagulhas que recebemos de Deus.

Na história da humanidade poucos terráqueos atingiram a máxima expressão de seres especiais dotados de faculdades divinas. Além da figura de Jesus Cristo, temos na cultura e filosofia orientais as figuras de Sidharta gautama (Buda, o iluminado) e confúcio. Como se sabe Buda viveu na Índia por volta de 563 a.C a 483 a.C. e Confúcio na China , 551 a.C. - 479 a.C

Ao olhar essas figuras e seres tão diferenciados de um passado tão longínquo e o mundo da idade moderna, sobretudo do século XIX até início do século XXI ( 1801-2000), nós podemos indagar: por que não tem mais notícias dessas pessoas tão virtuosas, tão especiais nos dias de hoje? Todos sabemos da eterna luta entre o bem e o mal. Trata-se de um embate que acompanha a espécie humana desde a sua gênese, desde a criação do cosmo, do planeta terra e toda sua forma de vida.

O homem surgiu, evoluiu-se, fez-se o progresso. Inúmeras foram as conquistas do século XX ( 1901-2000). Tem-se como certo que os avanços tecno-científicos dos últimos 100 anos foram maiores do que tudo que se alcançou em toda a história da humanidade. Não é pouca coisa em tão curto espaço de tempo.

Mais eis que surge outra indagação! Por que o ser humano, apesar de tanto crescimento industrial e científico, não obteve, ele próprio uma diferenciação como pessoa humana, como um animal racional e de natureza biopsíquica? Dotado que é de uma natureza dual, corpo e alma?

Todos as conquistas empreendidas pelo gênero humano, resultaram por óbvio, de sua natureza como racional e inteligente. Mas, permanece a dúvida, a última pergunta: e a essência do ser, o que o homem tem de mais belo e imortal, seu espírito, sua alma?

Em todas as correntes filosóficas e mesmo religiosas são feitas três inquirições de difíceis respostas, quais sejam; de onde viemos, o que somos, para onde vamos?

Tomo então a questão do embate bem versus mal . Todos temos assistido o recrudescimento das forças do mal, da violência, do feio, das trevas. Em todas as esferas da vida vêm imperando as forças diabólicas que destroem e aniquilam o outro, a pessoa honesta e honrada. Autoridades e gestores públicos, religiosos, juízes e médicos vêm ocupando com frequência as páginas policiais e da justiça pela prática desmedida de delitos, os mais indignos e hediondos. E neste contexto as leis e a justiça têm sido lenientes e muito tolerantes com a prática de todo mal, tanta torpeza, tanta maldade contra pessoas inocentes.

Tem-se tanto progresso, tantas conquistas, tanta informação, tantos avanços culturais e sociais. Entretanto, o mal, o banditismo, a violência cresceram na mesma proporção. No outro polo nossos legisladores teimam em não mudar as leis. Direitos humanos e respeito parecem institutos criados apenas para os criminosos. Para as vítimas e famílias apenas as condolências e pêsames ; e continuam apenas vítimas. Às famílias dos bandidos há até a garantia de uma bolsa mensal.

A ganância de muitas nações tem feito da natureza uma presa fácil. A cada dia assistimos passivamente espécies sendo extintas, rios sendo poluídos e desviados do curso natural , florestas e espécies vegetais sendo dizimadas. Tudo em nome de um extrativismo predatório e sem controle.

Na minha modesta e otimista opinião ainda acredito nas muitas pessoas boas e honestas deste mundo. E elas estão por aí e são a esperança de uma sociedade melhor. Torna-se necessário que retomemos nossa capacidade de indignar-se e de espantar com a teimosia e resistência do mal sobre o bem, do feio sobre o belo, da virtude sobre o vício, do egoísmo sobre a fraternidade, da mentira sobre a verdade, do rico sobre o pobre, da corrupção sobre a honestidade, do ódio sobre o amor.

Se nada for feito a tempo, por quem de direitos e deveres ( gestores públicos e governantes, em especial) estaremos próximos do autoextermínio e aniquilamento da própria espécie. Um derrocada que dispensa o prenúncio de qualquer profeta ou messias. Quem viver até lá morrerá junto com essa hecatombe terrestre . Que triste!




João Joaquim de Oliveira médico e cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com



quinta-feira, 2 de maio de 2013

Opinião- JORNAL O POPULAR
Cigarro pode ser remédio?
 
Está de volta, mais uma vez, a polêmica sobre cigarros. Desta vez, não apenas sobre os males à saúde que seu uso gera; mas também sobre o desejo de fabricantes de conseguir, por enquanto em outros países, que sejam registrados como medicamento, vendável em farmácias, o cigarro eletrônico - com teor reduzido de alcatrão, porém mantendo a nicotina e centenas, às vezes milhares, de aditivos. A Grã-Bretanha está analisando o pedido de registro do e-cigarro como medicamento, a Nova Zelândia também. Mas esta pretende aumentar o preço do maço de cigarros para R$ 120. A Austrália e o Canadá proibiram sua fabricação. Nos Estados Unidos, os e-cigarros são classificados como produtos à base de tabaco - mas uma das maiores fabricantes do mundo (British American Tobacco), que comprou a indústria produtora da novidade, quer mudar a classificação. E assim ter o melhor de dois mundos – fabricar o veneno e também o suposto remédio. No Brasil, a polêmica está até no Congresso, onde há projetos que querem impedir a Agência de Vigilância Sanitária de proibir – como fez – a comercialização de cigarros com sabor e cheiro artificiais.
O argumento dos defensores do cigarro eletrônico é de que ele não emite cheiros, não gera fumaça tóxica, não incomoda nem prejudica não-fumantes. Com isso, poderia até ser receitado por médicos, porque no mínimo ajudaria a reduzir o consumo. Mas as resistências são muito fortes. O tabaco já é a segunda maior causa de mortes no mundo (6 milhões por ano, 100 mil das quais no Brasil), após a hipertensão (New Scientist, 23/2); em média, reduz em 10 anos a expectativa média de vida dos fumantes inveterados. Diz a Sociedade Americana do Câncer que neste século um bilhão de pessoas morrerão por consumo de tabaco ou exposição a ele. Na China, atualmente já morrem 1,2 milhão por ano.
Mas a briga segue. Os adversários do e-cigarro, como os que o estudam na Universidade da Califórnia, lembram que ele espalha uma nuvem tóxica no ar. A Organização Mundial de Saúde diz que sua segurança ainda está por ser provada. No Brasil, argumenta-se que o poder público gasta mais de R$ 20 bilhões por ano com o tratamento de doenças provocadas pelo fumo (cerca de um terço do orçamento do Ministério da Saúde; três vezes mais do que os impostos recolhidos pelos fabricantes). Enquanto isso, a indústria do setor já é a segunda maior exportadora no mundo (o País é o maior produtor de fumo). Sem falar em que cerca de 30% dos cigarros consumidos no País entram por contrabando, sem nada pagar em taxas.
A fumaça do cigarro libera mais de 4 mil agentes químicos e aditivos, dos quais 300 venenosos e 65 carcinogênicos. A média de mortes de fumantes no País, por esse motivo, tem sido de 100 mil por ano. Apesar disso tudo, a indústria do setor tem recebido incentivos fiscais e altos financiamentos de bancos oficiais (só de um deles, R$336 milhões em cinco anos). Mesmo nos Estados Unidos, onde a comercialização de cigarros é livre, o fabricante é obrigado, a partir deste ano, a declarar, por exigência da Food and Drugs Administration (FDA), o nível de produtos perigosos em seu produto.
Segundo a New Scientist, agora, com o e-cigarro, “o grande dilema é saber se se deve proibi-lo até que sua segurança e qualidade como produto de consumo sejam provadas (...). Nos Estados Unidos, a FDA adverte os consumidores de que ela não pode assegurar essa segurança”. Na Inglaterra, a Action on Smoking and Health também é cautelosa, embora admita que o cigarro eletrônico tem ajudado em alguns países a reduzir quantidade de cigarros convencionais fumada por parte dos consumidores. Na Itália, por exemplo, 9 de 40 usuários de cigarros em grande quantidade conseguiram parar de fumar os convencionais após seis meses consumindo o produto “eletrônico”; outros 16 reduziram seu consumo dos convencionais à metade.
No Brasil, é quase inacreditável a posição de uma parcela ponderável dos congressistas, assim como do ministro da Agricultura, que não só não admitem qualquer restrição – de conteúdo, de publicidade etc. – aos cigarros convencionais, como até pressionam o poder público a ampliar suas “benesses” aos produtores e processadores de tabaco – sempre com o argumento de que o setor contribui para aumentar o PIB e gerar trabalho e renda (sem comparar com os custos públicos e privados do consumo).
É mais uma evidência de como precisam ser aperfeiçoados os métodos de calcular a riqueza produzida por um país – para não deixar de fora os custos (além da não contabilização do trabalho informal, doméstico etc. etc). É preciso colocar todas as cartas na mesa na hora da decisão, fazer todas as contas. Se não, os não-fumantes continuarão a pagar por ônus que não geram.

 
Washington Novaes é jornalista

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Megalocracia e omissão

Megalocracia e omissão DIÁRIO DA MANHÃ JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA O fim de outubro/2012 será eternamente lembrado pelos americanos pela gigantesca borrasca que assolou vários Estados do país. O (a) Sandy, ciclone no mar e furacão em terra, passou com forças e efeitos de uma tsunami. Tudo cronologicamente previsto pelos meteorologistas e sismólogos de plantão. Diante de tão gigantesca tragédia, humana e material, com prejuízos de bilhões de dólares, cerca de uma centenas de pessoas mortas, grande impacto na flora e fauna, pus-me a refletir sobre a responsabilidade e/ou omissão dos governos sobre catástrofes dessa dimensão como fenômenos da natureza. Não só no caso dos EUA, mas de outros países sujeitos a estas fúrias e revoltas naturais. Um belo exemplo de como investir em infraestrutura e tecnologia para enfrentar e prevenir os devastadores efeitos de catástrofes é o Japão. Dois momentos tão distantes mostram como essa nação oriental foi capaz de soerguer dos escombros e ruínas e se tornar a potência econômica de hoje. Falo da 2ª Guerra Mundial e das recentes tsunamis (março-2011). São duas marcas históricas de como esse povo é organizado, preventivo e proativo quando o assunto é tragédia. Em 1945, o país nipônico foi destroçado. Em poucos anos se refez das hecatombes da guerra. Alguém se lembra das tsunamis que trituraram o país em 2011? Tudo foi refeito rapidamente. Reporto de novo ao Sandy nos EUA. Essa potência ocidental sabe que ciclones, furações, tempestades ali são cíclicas, passam e voltam. Intriga-me ver essa nação, que se julga dona da bola, quando a questão é tecnologia e ciência, deixar os seus cidadãos à mercê destas megatragédias a cada 2 ou 3 anos. Uma outra questão que trago à reflexão das pessoas é a seguinte: o homem, aqui falamos de estadistas e governantes, tem mesmo mania de grandeza (megalomania). De novo o exemplo americano. No projeto espacial, missões para a lua e Marte, os EUA gastam cifras de trilhões de dólares (isto mesmo, 12 zeros). Imagina bem! Naves, robôs espaciais para Marte para quê? Qual o benefício desses projetos para o povo, para a humanidade? Eu ainda não consegui captar sobre os benefícios imediatos de tão vultosos investimentos. Assim caminha a ambição do homem, enquanto se procura chifre, ou melhor, água e bactérias em Marte, as pessoas morrem e perdem tudo, de forma periódica. O país (EUA) não se manca. Eles não dão conta de proteger a população de catástrofes com dia e hora para acontecer e querem encontrar ETs em outros planetas! Não, que espírito o desses estadistas e governantes megalocráticos. Uai, este qualificativo não existe? Pronto, não existia, porque fica aqui consignado desde já. Então Japão neles, que não tem muita ambição em missão espacial, mas sabe abrigar as pessoas de sismos e terremotos que ocorrem por lá com grande frequência.

A rouquidão e miopia de um ex-presidente

A rouquidão e miopia de um ex-presidente DIÁRIO DA MANHÃ JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA "Falta à sociedade brasileira, incluindo todos os setores: política, economia, justiça, mídia etc, uma âncora moral” – Antonio Callado (1917-1997). Definição de Voltaire para Ética: "É aquilo que nós queremos que os outros não façam”. Se perguntássemos a qualquer analfabeto brasileiro a definição de honestidade, certamente ele não teria dificuldade em, se não expressá-la com termos elegantes, no mínimo lembrar de seus contraexemplos que vêm ocorrendo em nossos atuais governos. Seja em âmbito municipal, estadual ou federal. Mas, sobretudo da administração lulopetista do ex-presidente Lula até sua atual sucessora e vassala Dilma Rousseff. A mim beira ao escárnio e ao deboche quando um ex-presidente tão arguto e inteligente como sua excelência o sr. Luiz Inácio da Silva se diz surdo e míope em não ter ouvido ou visto tantas traficâncias ilícitas e ilegais ocorridas nas alcovas de seu governo. E elas não param. A putrefação vinda e exalada dos bastidores e intimidade do governo é tamanha que a gente fica a indagar: qual será a próxima fedentina? Será que os mandatários-mores do PT têm deficiência olfativa também? A condenação de 25 dos 40 mensaleiros torna-se um alvissareira realidade para uma sociedade que desacreditava até mesmo na Justiça brasileira. A posição firme, arrojada e isenta da maioria dos ministros do STF pode ser emblemática de um avanço que as pessoas almejavam neste País de tantos desmandos, de tanta corrupção e impunidade. Pode ser esta postura de nossa suprema corte um facho de luz e muita esperança onde ainda impera muito escuridão e incertezas, os bastidores dos palácios de governo. A Operação Porto Seguro da Polícia Federal neste novembro/2012 desbaratou mais uma quadrilha comandada por uma apaniguada do ex-presidente Lula. Os líderes das traficâncias exerciam cargos de “confianças” no núcleo do poder. Isto durante pelo menos os últimos 10 anos. O que intriga as pessoas não surdas e não míopes é o seguinte: nós brasileiros tomamos conhecimento do mensalão e outras ilicitudes no governo porque houve delatores, porque a mídia denunciou ou a Polícia Federal fez diligências e pegou muitos desses larápios em franca atividade. Nunca esqueçamos como esses fatos vieram ao conhecimento público. Pois bem, então fica a dúvida, a nossa pergunta! E aqueles ladravazes e gatunos do governo com todos os sentidos bem apurados (não cegos, não surdos)? Aqueles “agentes públicos” capazes de façanhas e crimes perfeitos que não deixam rastros? Que não têm “deslizes” no cometimento da corrupção? Aqueles mercadores e “profanadores da república”, que não negociam via celular, via e-mail , etc, e não deixam pistas que os incriminem? Então o que temos até então de mensalão e Porto Seguro pode ser apenas a ponta de um grande iceberg muito mais caudaloso. Credo em cruz, que Deus nos livre de tanta devassidão! (João Joaquim de Oliveira, médico. E-mail: joaomedicina.ufg@gmail.com)

Riscos de morte em uma cirurgia plástica

Riscos de morte em uma cirurgia plástica DIÁRIO DA MANHÃ JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA Risco anestésico-cirúrgico é a probabilidade de complicações e/ou óbito decorrentes do ritual pré, peri e pós-operatório. As chances destas intercorrências são dependentes de fatores diversos, como estado de saúde do paciente, qualificação profissional da equipe médica, técnica operatória e instituição hospitalar. Constitui requisito capital na segurança e sucesso de qualquer procedimento cirúrgico uma avaliação clínico-laboratorial criteriosa do doente no período pré-operatório. Não raramente, esta pode ser a primeira oportunidade para algumas pessoas passarem por um “check-up” médico, quando então diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, derrame cerebral, insuficiência cardíaca, arritmia ou doenças constitucionais como diabetes, doenças renais, tireoidianas, colesterol elevado podem ser detectados. O não tratamento e a instabilidade destes fatores encerram grande risco no período trans e pós-operatório. A avaliação pré-operatória não deve restringir-se a uma lista de exames laboratoriais. Conforme a condição física, constituição do paciente, porte e duração do ato anestésico-cirúrgico, faz-se necessário uma consulta prévia (história clínica) pormenorizada seguida de exames complementares e específicos para cada pessoa. Nesta entrevista médica, são essenciais informações sobre alergia ou intolerância a medicamentos, anestésicos, antissépticos, uso de drogas ilícitas ou psicotrópicos, e outras reações adversas em algum procedimento cirúrgico-odontológico pregresso. Independentemente da complexidade da cirurgia, o paciente deve passar por alguns exames básicos, como hemograma completo (contagem de hemácias, leucócitos e plaquetas), análise da coagulação sanguínea, taxa de glicose (diabetes), exame de função renal e eletrocardiograma. Em cirurgias de médio e grande porte (intra-abdominal, intra-torácica, craniana, vascular), cirurgia plástica qualquer, é recomendável exames mais sensíveis objetivando a presença de insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, infarto do miocárdio antigo já cicatrizado etc. Estas doenças, ainda que leves ou silenciosas, somadas ao estresse metabólico e circulatório de qualquer cirurgia, agravam o prognóstico com iminentes riscos de vida em qualquer cirurgia. Há que diferenciar os riscos inerentes e inevitáveis de certos procedimentos daqueles que eletiva e antecipadamente podem ser minimizados ou evitados. Neste contexto, temos como exemplos as cirurgias emergenciais (e.g. úlcera gástrica perfurada, hemorragia interna por rompimento vascular, aneurismas) e traumas, onde as circunstâncias exigem pronta intervenção cirúrgica para salvar a vida do enfermo. Nas cirurgias plásticas, lipoaspiração e corretivas anatômicas em geral, existe um tempo hábil de planejamento pré-operatório, quando então todos os exames pré-admissionais à internação são executados com quantificação dos riscos alusivos à pessoa e procedimento e medidas atenuantes e profiláticas. Um grupo particularmente susceptível de complicações no trans e pós-operatório é representado pelos idosos. Nesta faixa etária existe uma incidência maior de comprometimento de órgãos vitais, como coração, aparelho circulatório, cérebro e rins. O sistema imunológico é menos operante nessa faixa etária. Portanto, além de maior ocorrência de infarto e derrame cerebral, há risco de infecções na ferida operatória e em todo o organismo (septicemia). A avaliação pré-cirúrgica do idoso, mesmo hígido, é sempre mais rigorosa. Nas cirurgias eletivas de grande porte, além dos exames rotineiros, torna-se mais prudente considerar exames mais sensíveis de função cardiovascular (teste ergométrico, ecocardiograma, cateterismo cardíaco). Outro grupo que merece orientação e cuidado especial são os portadores de doença de valvas cardíacas (com ou sem próteses artificiais). Neste grupo, há grande risco de infecção intracardíaca (endocardite infecciosa). Trata-se de doença de grave prognóstico independente do risco pertinente ao ato cirúrgico. As únicas maneiras de evitar a endocardite são técnica cirúrgica rigidamente asséptica e uso adequado de profilaxia antibiótica (medicamentos antimicrobianos). O ritual operatório é um trabalho de equipe, onde todos devem assumir seu papel com zelo, ética, humanismo e competência para um fim comum, que é a saúde e satisfação do paciente. Cirurgião, anestesista e auxiliares devem atuar solidários para o bem- estar do doente. Um integrante que tem papel primordial, considerado vital na cirurgia, é o anestesista. Este profissional deve ser conhecedor não apenas de técnicas anestésicas, mas da fisiologia do paciente como um todo. Uma parcela significativa de pacientes cirúrgicos é portadora de múltiplas afecções que com o estresse da cirurgia são passíveis de agravamento, com exigência de manuseio eficaz e emergencial. Todo medicamento e modalidade anestésica têm potenciais efeitos adversos no organismo. O sistema circulatório e coração são particularmente vulneráveis aos anestésicos e fármacos adjuvantes no ato anestésico-operatório. Ainda que a instituição hospitalar disponha de monitores, equipamentos e todo instrumental cirúrgico modernos, o melhor monitoramento peri e pós-operatório é a própria equipe médica. No curso operatório, o anestesista em especial, este profissional paramentado de vestes brancas e pouco lembrado torna-se o verdadeiro “anjo da guarda do doente”. (João Joaquim de Oliveira, médico. E-mail: joaomedicina.ufg@gmail.com)

Bolas e bilhões para a Copa-Fifa

Bolas e bilhões para a Copa-Fifa 2014, bananas e relento ao doentes do SUS DM.COM.BR DIÁRIO DA MANHÃ Nós brasileiros, aqueles que vêem alguma coisa que presta pela TV, e lêem algum jornal ou revista que publicam matérias com significado social, cultural e político, temos visto imagens e fatos de dois cenários que são a só tempo mostras de poder e opulência de um organismo e da miséria e abandono de outro. Estou a me referir ao mundo da bola comandado pela Fifa/CBF e ao submundo e caos da saúde pública do Brasil. Nosso SUS anda como um carro na banguela ou desgovernado sob a batata do PT. Digo PT porque a presidente, o ministro da saúde e todos os gestores da saúde do governo Dilma ou são petistas ou base de apoio da sigla vermelha. Nada contra este ou aquele partido ; poderia ser PSDB, DEM etc, por acaso o PT é a bola da vez. Mas, então falando desses dois mundos, não podemos desmerecer que a Fifa sempre administrou e muito bem e com mãos de ferro o reino do futebol. Todos sabemos de seu poder econômico e rigidez na imposição de suas regras quando se realiza um torneio qualquer e copa do mundo. Só não é muito ética com as traficâncias de alguns cartolas. Todos ficamos sabendo num passado recente de negócios corruptos dos ex-cartolas João Havelange e Ricardo Teixeira (Fifa/CBF). Estas trapaças e subornos respingaram até no atual presidente Joseph Blatter. Mas, para o bom andamento dos negócios da Fifa/CBF aqui no Brasil, falar das propinas recebidas por esses ex-dirigentes , neste momento, soa leviano e cheira fichinha perto dos milhões de nossos corruptos aqui no Brasil. Então, bola para frente que se não a gente perde o jogo, ou melhor a copa . Uma marca imutável da Fifa são suas tirânicas exigências. Sob pena de boicotar a realização da copa neste ou aquele país escolhido como sede deste torneio quadrienal do futebol. O Brasil não está sendo exceção a estas pétreas regras. Alguma lei foi quase revogada para atender a entidade e os patrocinadores. Caso da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. O estatuto do torcedor já foi relaxado. Na copa haverá cervejas e outras bebidas á vontade para todos. Mas, só durante a copa por imposição da Fifa e multinacionais de bebidas. E o mundo da saúde aqui no mundo Brasil? Nosso ministério da doença ( que chamam eufemicamente da saúde ),não dá conta de resolver e salvar as pessoas das enfermidades mais corriqueiras. Nos prontos (ou atrasados )-socorros as pessoas morrem de pneumonias, infartos, asmas, fraturas e falta de tudo. Faltam macas, médicos, medicamentos, UTIs e funcionários treinados. Faltam até educação, respeito e generosidade aos doentes. Nossa carta magna, tem sido uma carta maligna em tratar de forma tão indigna nossos pobres e desvalidos irmãos. Na verdade, não ela, mas nossos políticos-governantes, os seus intérpretes e aplicadores. Nela está em cláusulas pétreas e lindas sentenças : a saúde é um direito de todos e dever do Estado. Quanto desrespeito à nossa constituição não é cometido pelos nossos dirigentes da Nação! Para os donos da bola, para a Fifa, as multinacionais patrocinadoras da copa tudo. Estádios na faixa de um bilhão (itaquerão por exemplo), hotéis e estradas de luxo, apoio logístico e segurança no top da modernidade. São esses dois mundos e cenários que temos visto no momento. Os holofotes, o foco e os bilhões para a copa do Brasil e da Fifa em 2014. Os usuários e doentes do SUS às favas, ao relento e ao abandono. Para esses o ministério da doença ( não saúde ) destina apenas muito verbo. E põe verbo nisso, sobretudo em palanques em véspera de eleições. Verba que é bom mesmo , para comprar o básico para socorrer e salvar as pessoas, parece que fica entalada nos crivos e peneiras da corrupção. (João Joaquim de Oliveira, médico, cronista DM.E-mail: joaomedicina.ufg@gmail.com

terça-feira, 13 de novembro de 2012

MEDICINA DE MÁQUINAS

Na relação médico-paciente, uma consulta (anamnese) feita de forma segura, calma e confiante jamais substituirá qualquer procedimento diagnóstico. A primeira entrevista de um paciente com o médico, se mal conduzida, se for superficial e sumária pode trazer riscos de diagnósticos incorretos, exames inadequados e caros, retardo no esclarecimento da causa da doença e sérios transtornos nos contatos futuros do profissional com seu cliente. Trata-se de um algoritmo lógico e técnico que não pode ser quebrado: anamnese(ausculta)> exame físico >exames diagnósticos. Infelizmente hoje temos assistido com as gerações mais novas de médicos uma inversão desta milenar arte da consulta médica , que é primeiro saber ouvir o doente e interpretar suas palavras ( auscultar), depois interrogar e colocar os ouvidos e mãos no paciente , depois sim exames complementares, se necessários. Os avanços das ciências médicas com os métodos diagnósticos e terapêuticos de ponta (high tech) vem inebriando os profissionais de saúde. Os médicos pouco ouvem, pouco veem, pouco examinam seus doentes. Torna-se cômodo simplesmente listar exames caros e a esmo, entregar ao cliente e aguardar os resultados. Fica a parecer um jogo lotérico, quanto mais exames se faça mais chance de algum dar alterado. Se nenhum der pistas diagnósticas , tudo recomeça do zero. A tão antes valorizada relação médico/paciente tem se tornado maquinal, robótica, informática, fria e sem diálogo ; ou seja inexistente! Na década de 1950, uma boa historia clínica, um eletrocardiograma e radiografias simples eram tudo que o médico tinha na área cardiovascular. E olha que se resolvia tantos casos quanto os médicos de hoje. Com as modernas técnicas de imagens de agora pode-se mapear o corpo humano de alto a baixo. Isto é inovador e eficaz? Claro que sim, mas com critérios. Existe o alto custo e tem efeitos colaterais. Imagina a carga radioativa de raios x, tomografias em um curto período de tempo , pode ser um perigo invisível e que um dia deixará suas marcas . O paciente nesses laboratórios modernos de diagnóstico e investigação passou a ser um número, um prontuário, um caso bom ou ruim, uma boa imagem para publicação, uma ilustração de aula, palestra, etc. É a tecnologia da desumanização da Medicina, do doente fatiado em “peças”. O médico passou a tratar não um doente , mas um coração, um fígado, um pulmão, um cérebro, uma perna e assim por diante. Um dia desses eu senti esta tendência na pele. Um médico-residente de cardiologia trouxe-me para opinião um cateterismo de um paciente que ele atendeu. O exame exibia uma doença coronária, cujo sintoma é angina (dor) no peito. Perguntei ao colega residente: trata-se de angina estável ou instável? Ele não sabia, não havia perguntado ao doente como era e qual a frequência da dor. Faltou melhor auscultar os sintomas do paciente e interpretar suas queixas, as dores no peito que o motivaram a buscar ajuda. Há certos diagnósticos que se faz tão somente ouvindo as queixas do enfermo. Imagina um indivíduo com sintomas de esquizofrenia. Todos os exames bioquímicos e de imagem serão rigorosamente normais. A confirmação diagnóstica só se faz interpretando(ausculta) os sintomas do doente. A medicina vem perdendo “pari passu” este lado humanístico que a sempre a caracterizou. Trata-se de um sacerdócio , onde o médico deve estar aberto a todas as confissões e angústias do cliente. Na gênese dessa deturpação de uma relação profissional com o paciente de generosidade, de amparo, de conforto entram vários fatores. A baixa qualidade da assistência oferecida pelo SUS , políticas públicas ineficazes e de pouco resolução para doenças as mais corriqueiras que assolam nossa população , falta de hospital e unidades que atendam a todos com dignidade, etc. Do lado do profissional da saúde, podemos citar a baixa remuneração nos serviços públicos, péssimas condições materiais e estruturais oferecidas pelo governo, necessidade de múltiplos empregos para se viver dignamente. O que seria ideal para o médico? Ter apenas um vínculo de trabalho e ser pago de forma digna para isto. Seria como ocorre na área jurídica, onde há a exigência, de dedicação exclusiva. Para isto, seria oferecido, salário justo e condições de trabalho compatível com o múnus exercido : Cuidar da saúde dos outros dentro dos melhores princípios éticos e técnico-científicos. Aliás, um direito de todos, creio uma cláusula pétrea de nossa Carta Magna. Mas, enquanto o gozo desses direitos não chega de forma plena, nós profissionais da saúde, podemos fazer um pouco mais de arte do que Ciência, mais humanismo do que tecnicismo, mais ouvidos, mais olhos e mãos, do que as grafias de tantos pedidos de exames, das ultrassonografias, das radiografias, das tomografias, e assim por diante. Vamos pensar nisso que dá para fazer muito mais pelos nossos doentes, que , às vezes pedem apenas para serem mais escutados e compreendidos em suas lamúrias . E nessas horas, nós médicos e humanos, precisamos de ser também pacientes. Joao Joaquim de oliveira joaomedicina.ufg@gmail.com

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...