segunda-feira, 30 de junho de 2014

CIÊNCIA E PRODUÇÃO NA CONTRAMÃO DA ÉTICA


ABRA O LINK E VEJA INFOGRÁFICO


João Joaquim                     
Hoje as ciências nos seus mais diversos ramos têm evoluído no sentido do bem da humanidade. Podemos assim chamar aos  muitos  ramos de estudos científicos  de ecletismo científico. São diversos tentáculos do saber humano que se desenvolvem e se criam para o bem comum das pessoas . No ramo da botânica por exemplo, quantos avanços no aprimoramento genético dos vegetais, no sentido de aumentar a produção de grãos e frutos consumidos na alimentação.
Nas questões da botânica, na produção de  grãos e vegetais, um quesito que tem se tornado um desafio para as ciências agrárias tem sido o controle das pragas. O emprego abusivo de defensivos e agrotóxicos para combater parasitas e doenças vegetais traz sempre um risco à saúde humana. Tais substâncias trazem potenciais chances de doenças crônicas como insuficiência renal, doenças da tireoide, cardiovasculares e a mais grave, o câncer . Um dos avanços tem sido obter plantas resistentes a muitos parasitas . Contra muitas dessas pragas tem-se desenvolvido também   outros organismos ( exemplo, insetos) que combatam estes “micropredadores” de vegetais produtores de alimentos (grãos e frutos).
Outra questão que vem despertando muita expectativa, desconfiança e críticas tem sido as pesquisas e produção dos transgênicos. Os efeitos e potenciais danos à saúde humana continuam ainda sob acaloradas perguntas e críticas. Trata-se de temas de genética que todos aguardamos sejam  resultados benéficos a nossa saúde.
Outros ramos científicos  a que temos assistido com muito otimismo e bom prognóstico tem sido na biologia e veterinária. Para pontuar alguns aspectos desses avanços, eu destacaria a produção de por exemplo ovos e carnes de boa qualidade para o consumo humano. Mas, aqui com preocupações e cobranças de mesma importância. Na produção por exemplo de carnes aviária e bovina. O emprego de hormônios e modificação genética desses animais com o fim principal de aumentar a produtividade e lucro tem sido duramente criticado . Aqui vale aquela lei de mercado, os fins (lucros) justificam  empregar todos os meios para atingir as metas de mais e mais faturamento. Apesar de leis e órgãos de controle, ainda há muitas fraudes, que burlam a fiscalização.
Uma outra questão seriíssima que passa ao largo dos olhos e lentes da sociedade se refere à Ética no manejo e  criação animal. Em especial,  à maneira, confinamento e tratamento dado aos animais de abate (aves , suínos  e bovinos). A rotina no tratamento  e falta de conforto e dignidade por que passam os animais causam às vezes asco, repulsa e desaprovação. São questões de bioética animal que têm recebido severas críticas dos defensores (e com razão) dos direitos a um tratamento digno oferecido aos bichos. As cenas e vídeos de onde são mantidos muitos desses animais nos despertam muita misericórdia, engulhos e pasmo. Há pessoas que, como forma de protesto, se recusam a consumir carne animal em função das condições e tratamento em que são confinadas e presas aves e reses (vitelas) por exemplo  para abate.
Por último e mais importante, os avanços da medicina no campo de genética, bioengenharia, mapa do genoma humano, medicina fetal, ginecologia e  técnicas de inseminação artificial. Um dos tópicos mais polêmicos, cheio de controversas e incertezas têm sido a prática da clonagem humana. Ainda tem muito pano para manga e as intrigas e controvérsias  continuam. Uma outra questão que aos poucos vem sendo pacificada é o emprego de células tronco no tratamento de muitas doenças incapacitantes, de alta morbidade e incuráveis. Como exemplos o diabetes mellitus, o infarto do miocárdio, a doença de Alzheimer, traumas raquimedulares com paraplegia  ou tetraplegia entre outras.
No campo da ginecologia, medicina fetal, genética, e inseminação artificial, muitas dúvidas, controvérsias, dissensos na comunidade científica e dúvidas da sociedade existem e tendem a continuar por muito tempo.  São avanços científicos que se por um lado mostram soluções para muitas pessoas, por outro colidem com os postulados da bioética, com a cultura das pessoas e outros valores como tradição e religião.
Enfim o que é saudável e harmônico numa sociedade é quando a par dos progressos das Ciências, não haja ofensas e transgressões aos ditames da Ética e às práticas morais e religiosas das pessoas e da comunidade onde elas estão inseridas.
O homem como agente das Ciências, não deve descurar de sua humanidade, não brincar de Deus e aplicar os achados científicos dentro de postulados aceitos como boa prática e de boa moral por todos.                                
João Joaquim médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com
A MODA DAS PLÁSTICAS E TATUAGENS. ENTRE O PADRÃO E O BIZARRO.


JOAO JOAQUIM

Um fenômeno ou comportamento que mexe com as pessoas é a tal da moda vigente. Nesses tempos de comunicação tão fácil e massificada, sobretudo de imagens como a TV e internet, como se muda as tendências das pessoas em seus hábitos, usos, pertences, vestimentas e tantas outras atitudes e uso dos mais variados objetos e bens nas rotinas diárias.
Diversos fatores são responsáveis pelas mudanças dos hábitos da sociedade. Um setor que tem grande interesse em ditar a moda vigente são as próprias indústrias dos objetos de desejo de todas as pessoas. Os fabricantes dos bens cobiçados estão sempre de plantão. Eles vão explorar este filão de clientes, usando de todo o marketing para vender os seus manufaturados.
“A propaganda é a alma do negócio”. Este princípio na relação fabricante/consumidor será a pedra filosofal na meta de convencer o cliente a comprar os produtos anunciados. Assim vai suceder com os mais variados objetos e bens de consumo. O discurso das indústrias é sempre este: todos têm que estar na moda. Não importa se o consumidor vá penhorar até a alma ou endividar por 50 ou 100 meses. Mas, todos deverão estar na tribo dos que vivem e andam na moda.
Os veículos de mídia visual como as redes de televisão e internet são os maiores responsáveis por imporem os padrões vigentes. Quando estes canais de comunicação anunciam é fatal, aquele comportamento entra na moda. Até as tatuagens e cirurgias plásticas seguem este apelo.
A televisão ainda conta com outros componentes para aliciar as pessoas ao consumo. Além dos slogans bem elaborados com artes audiovisuais, tem-se o recurso dos chamados garotos-propagandas. Quem são esses garotos ou garotas-propaganda? São os mais belos e charmosos atores e atrizes das telenovelas assistidas por milhões de pessoas. Sabe-se que a maioria das pessoas pode até ser analfabeta absoluta e funcional, mas assistir TV todas assistem. Então elas são alcançadas por esses meios de comunicação.
O mesmo vale para muitas pessoas com “bom nível de escolaridade”. Parcela significativa desta  classe de gente pode até não dispor de uma biblioteca mínima em casa, mas ela sabe o que se passa na TV, quais são as novelas mais interessantes, os “reality shows” em andamento, quais atores (atrizes) mais badalados e por aí vai.
No Brasil um outro cenário que tem imposto sua moda é o mundo do futebol. São os jogadores com seus cortes de cabelo exóticos e cores mutantes ao sabor do sucesso pessoal ou de seus times, as roupas, os brincos e até os chavões criados nas entrevistas. E as tatuagens? “ Pelas barbas dos profetas”, diria um conhecido locutor que anda meio sumidão. Por onde você anda Silvio Luiz? As tatuagens, que mais parecem emporcalhar e enodoar a pele dos adeptos desses adereços pictóricos constituem um campo para análise de antropólogos e psicanalistas. Algum destes cientistas poderia nos dar uma luz das motivações e significados psíquicos para essas indeléveis pinturas cutâneas? Eu não consigo entender por que de tanta sujeira e lixo  tegumentar.
Agora se tem uma moda que anda revolvendo a cabeça e corpo das pessoas se chama cirurgias plásticas ou estéticas. Aliás, hoje se tornou até difícil separar o que seja uma cirurgia reparadora, plástica ou estética. Quase ninguém está satisfeito com o corpo e órgãos com os quais nasceu. E aqui torno à grande influência exercida pela televisão com seu “staff” de atores e atrizes. No mundo televisivo ninguém aceita uma ruga, uma flacidez, uma estria, um bumbum ou seio fora dos padrões tidos como belos. Assim a plebe, o povão, ricos ou pobres têm que a todo custo seguir os modelos de beleza e de comportamento a que se assistem todos os dias. Nem que para tanto e tão caros procedimentos se financie estes sonhos e desejos de consumo em intermináveis e suadas prestações no cartão de crédito ou outros tipos de financiamento
Impossibilitas de participar da moda vigente, muitas pessoas se tornam angustiadas, deprimidas e  neurotizadas; e para estas deformações do humor e do espírito ainda não criaram nenhuma cirurgia plástica ou estética ou tatuagem . Que feio, que triste!


       João Joaquim médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com

quinta-feira, 22 de maio de 2014

BRASIL ESCRAVO



João Joaquim        

Os escravos do império e de hoje


Mês de maio no Brasil lembra um fato histórico na vida do país. No dia 13 se comemora a abolição da escravidão. Ela se deu, com a assinatura da lei Áurea em 13 de maio de 1888. Um estado brasileiro teve a primazia de se anteceder a extinção da escravidão, foi o Ceará. Por isso ele foi intitulado Terra da Luz. Em 1884 ele declarava extinto o tráfico negreiro. Para tanto, teve um personagem que foi decisivo nesse feito. Um jangadeiro negro, Francisco José do  Nascimento, apelidado de dragão do mar, foi decisivo nessa conquista. A princesa Izabel teve a honra de assinar o decreto da abolição, mas na verdade ali era a materialização de movimentos nacionais que já se alastravam país afora desde 1870. Não perdendo de vista que a Inglaterra e outros países já cobravam do império o fim dessa prática abominável.
Quando olhamos para aqueles anos do século XIX com o final da escravatura e começo do século XXI; ou seja quando lemos a história das últimas décadas do império (1870-1889), e comparamos com nossa história presente, se torna oportuna uma indagação: A escravidão foi extinta de ofício e de fato?
Vamos ao que temos de concreto naqueles tempos e nos dias de hoje. Para começar a abolição como uma lei não foi uma unanimidade. Figuras políticas e muitos proprietários de terra eram contra o fim da escravidão. Afinal isto criaria um problema econômico para os latifundiários que teriam que contratar mão-de-obra dos próprios libertos ou de imigrantes europeus. A própria constituição da chamada república rio-grandense de 1843 era favorável ao tráfico negreiro, à escravidão.
Para felicidade dos escravizados prevaleceu a corrente dos notáveis brasileiros pró-abolição. Dentre esses grandes homens não podemos deslembrar um Eusébio de Queirós, José Antonio Saraiva, André Rebouças, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Rui Barbosa, Castro Alves dentre tantos outros.
A conquista da extinção do tráfico e da  escravidão dos negros foi, para a época e sempre, um feito heróico para os seus defensores e chancelada pelo Estado ( império na época  ), na pessoa da princesa Izabel, uma vez que seu pai  dom  Pedro II se encontrava de viagem pela Europa. No entanto, numa questão o Brasil foi omisso e imprevidente; o que fazer com os libertos e seus filhos? Não houve um planejamento para aquela legião de pessoas, absolutamente analfabeta. Como eles poderiam substituir e se abrigar? E a educação daquelas crianças e adolescentes? A ausência e falha do estado com políticas de assistência aos seus ex-escravos e filhos parecem ter reflexos até hoje. Uma demonstração dessa constatação pelo próprio país tem sido a criação das cotas e direitos diferenciados (ou privilégios ) para os negros, afrodescendentes e mulatos. Institutos estes que sugerem reforçar uma outra questão vergonhosa e intolerável que é a discriminação ou preconceito racial. Fica a sensação de uma oficialização estatal do crime de racismo, o que contraria os próprios ditames da nossa constituição quando proclama em alto e bom som que  todos somos iguais em direitos e deveres.
Uma política muito deficitária de todos os governos, desde tempos imemoriais e imperiais foi na área educacional. Esta deveria ser uma plataforma administrativa prioritária de todos os partidos que chegam à condição de governar e chefiar o país. Fosse assim a visão de cada chefe de estado, não haveria a necessidade desse remendo ou ressarcimento sócio-educativo de cotas para tantos direitos como ingresso a universidade, em serviço público e outros bens e serviços públicos.
Mas, volto e arremato com nosso tema maior, a escravidão. É vergonhoso, mas na prática e nos rincões de nosso país ela ainda é praticada. Calcula-se que cerca de 40.000 pessoas trabalham para os seus patrões em condição escrava. O que vemos em algumas cenas denunciadas pela imprensa e ministério do trabalho nos parece mais degradante do que o trabalho escravo da época dos senhores de engenho. Naqueles tempos, pelo menos abrigo e comida farta os trabalhadores tinham, os escravos de hoje nem tanto.
Hoje mesmo para muitas categorias profissionais ditas formais, com carteira assinada, o salário e condições de trabalho se assemelham muito aos escravos da época do império.
Se alguém se atreve em me contradizer eu pergunto: o que um homem que tenha mulher e pelo menos um filho fará com um salário mínimo? Com que dignidade viverá esta família com R$ 750,00 em nossos tempos? com a palavra os nossos digníssimos governantes entronados lá em Brasília.     

O INFERNO É BEM AQUI



      O INFERNO ,  DANTES E DE AGORA



 João Joaquim      
            
O mundo parece andar de ponta-cabeça. Há pessoas que dizem nem gostar tanto de assistir televisão como antes, dado o noticiário de violência e  policial que aparece nos telejornais diários. Tais manifestações de recusa em não ver tanto mais TV como se fazia antes não se dão sem razão. O espaço ocupado pela maldade  nos noticiários nos enoja, nos deprime, nos preocupa e muito. Entre tantas afirmações que ouvimos de entrevistados, uma tem se tornado lugar-comum, “a gente vai para o trabalho e não sabe se volta vivo”. “Hoje foi fulano, amanhã pode ser eu a próxima vítima”.
A sociedade, as famílias perguntam atônitas. Onde vamos parar com tudo isso?  por que de tanta violência? A vida tem perdido o valor na consciência e coração dos maus. Quanto vale eliminar o outro? Um par de tênis, um aparelho de celular, um amassadinho no carro, uma rápida discussão de trânsito, vinte , dez reais, ou nada disso.
Onde estão as causas de tanto mal? Perguntam a sociedade encurralada e as famílias de todo o país.
Seria o aumento vertiginoso da população? A competição por mais território? O recrudescimento dos ânimos e intolerância a tudo? Onde entra o papel do capital em índices tão alarmantes de agressão? Seria a neurose do consumo a qualquer preço?
O capitalismo desregrado e selvagem traz embutido o instinto canibal, de agredir o outro de forma inconsequente. É o homem sendo lobo do próprio homem já dizia Thomas Hobbes , um dos filósofos contratualistas .
E a educação, ou melhor a sub ou falta dela, que papel tem na violência? Vivemos no século da educação rasa, supérflua;  quando  tudo parece descartável e sem valor.
Estamos na era do predomínio das imagens, das piadas fúteis, burras, pornôs e sem nenhum senso de criatividade. Vivemos a época do excesso de leis não cumpridas, da abundância dos direitos. Temos até o ECA( estatuto da criança e adolescente), para adolescentes delinquentes. O Estado se intrometeu muito  onde não devia, na educação dos filhos que  é de direito e dever das famílias. Hoje temos  por exemplo   a lei da palmada. Conforme o corretivo que os pais aplicam aos filhos, pode haver denúncia e processo na justiça. Todo os direitos possíveis aos filhos. Os pais agora que se cuidem. Os filhos podem entregá-los a justiça. Crianças e adolescentes hoje têm acesso irrestrito a informações no mundo virtual. Ainda que sejam informações que deformam o indivíduo em tudo, no caráter, na cidadania, na ética, no convívio social  civilizado.
Vivemos a escola da criação e formação de monstros humanos( basta acessar as mídias virtuais). Parece ser a materialização das profecias apocalípticas. Tudo tem se passado ao vivo e em  cores vermelhas de sangue. São pais e madrastas eliminando filhos, filhos descartando e executando pais em planos e cenas as mais desumanas e diabólicas. Idosos e avós de antes eram fonte de exemplo, de inspiração, de sabedoria e modelos para filhos e netos.  Hoje são estorvos, trambolhos e deixados à própria sorte.
As famílias têm se abdicado da educação dos filhos. Delegam esta missão indelegável  a terceiros(escolas). Os alunos passaram a ter formação como mercadorias. É como se para tanto bastasse um manual de instrução. As escolas são este manual, e para as famílias é o quanto basta. Basta contratar uma creche, um bom colégio e pronto, missão cumprida.
As famílias, os pais vêm tocando as suas vidas em completa distração e distanciamento entre seus membros. Falar uns com os outros para quê? Melhor falar com as mídias digitais: celular, smartphone, ipad, tablets. As máquinas não cobram nada e obedecem a tudo e a todos os dedos. Bastam simples toques digitais. O diálogo com pessoas cansa, exige raciocínio lógico, troca de emoções, hipocrisia, fingimento.
 Entramos de cabeça na era das monstruosidades. São monstros na política, monstros na cultura, na justiça, em toda a  vida social. Monstros têm sido criados até no esporte. A violência e atos monstruosos vêm grassando e contaminando todo o tecido social. Quando achávamos que tínhamos visto tudo de ruim e tenebroso, assistimos cenas as mais dantescas e repulsivas praticadas de forma gratuita e sádica. Linchamentos e execuções a sangue frio têm se tornado corriqueiros nos noticiários de TV. Armas de  fogo para os homicidas nem fazem tanta falta. Mata-se por esganadura, mata-se por estrangulamento, mata-se até com  injeção que de sedativa se usa como destrutiva( dormonid, diazepan, lexotan) . Na fúria vale até arrancar um vaso sanitário e jogar na multidão. Infeliz e perdida a cabeça  atingida, afinal a morte é gratuita, pouco importa a identidade da vítima.
Todos nós perguntamos em pânico. Quem vai nos proteger? Ninguém acredita mais nas instituições que deveriam nos defender e tutelar. O Estado está falindo ? Temos visto um estado criminoso e do mal se emulando e digladiando com o Poder Oficial.

Depois do macabro sequestro  e venda das  adolescentes e jovens nigerianas pelo grupo terrorista Boko Haram ;  desse repulsivo e nojento estupro coletivo; o que mais nos reserva este mundo-cão de tanta violência e abominação? Vamos esperar pela próxima reportagem.   Maio/2014

       João Joaquim médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com



O PAPA INFALÍVEL ?




A IGREJA CATÓLICA É SANTA E INFALÍVEL PARA SANTIFICAR ALGUÉM ?

João Joaquim                     


No mês de abril/2014 tomamos conhecimento da santificação de dois papas pela igreja católica. Foram elevados à condição de santos os já falecidos João Paulo II e João XXIII.
Foi então mais uma oportunidade onde eu pus-me a refletir com meus botões e cadarços sobre essa prática milenar da igreja católica. E aqui quero até puxar uma outra prática já de alguns séculos abolida que era a “venda” de indulgências.
 Esse instituto do negócio da venda de indulgências funcionava mais ou menos assim: quem estava disposto a  pagar podia comprar o perdão ou indulto dos seus pecados e ter a garantia de salvação da alma. Uma espécie de passa-porte para o céu. Agora pelo pouco que pude apurar, não era aquisição para qualquer um. Em geral era negócio de gente rica. Os clientes citados na história eram nobres, reis e rainhas. Na aquisição dessas indulgências havia permuta de vastidão de terras, jóias e muito ouro. Não é sem razão que a igreja acumulou um patrimônio invejável que dura até hoje. Basta imaginar o patrimônio do Vaticano que supera o PIB de muitos países. Só em relíquias, obras de arte e imóveis etc, imaginem  o quanto de riqueza tem a nossa gloriosa e operante igreja católica. Não é pouca coisa não. Ela não paga imposto de renda , o que é outro mimo e benesse do Estado.
Na época da venda de indulgências ( vigorou até o século XV) havia uma espécie de “cartel” ou coalizão entre igreja e Estado. Havia uma influência de reciprocidade muito grande. Houve momentos políticos na História  em que o pêndulo da balança inclinava muito para o lado da igreja. A influência política dela nas decisões dos estadistas( reis e rainhas) era muito incisiva.
Torno eu ao tema maior, a santificação de pessoas. Fico eu a inquirir a quem pudesse me responder. Se existe alguém com tal aptidão e ciência ou força mística, por favor que ilumine as trevas de minha ignorância.
As perguntas que evolam de minha curiosidade e insciência  são: pode uma instituição humana, na caso, uma seita religiosa (ex igreja católica) conceder a santidade a alguém? Noutras palavras, uma igreja ou seita religiosa qualquer (católica ou protestante), na(s) pessoa(s) de seus dirigentes (pastores, papas) têm o condão, poder ou capacidade para conceder esse mérito ou status de santidade a uma pessoa? Em termos religiosos e de Teologia, onde se encontra nas sagradas escrituras essa missão de instituições, de pastores, sacerdotes e dirigentes religiosos ? questão de minha ignorância . Eu nunca li nada a respeito.
 Discorro na minha assumida ignorância, das minhas impressões e o que eu penso. A mim me parece que beatificar uma pessoa, torná-la santa é uma função sobre-humana, uma atribuição divina. Por mais pura, proba, reta e ética que seja uma entidade religiosa, nas pessoas de seus dirigentes, sacerdotes e pastores não teria ela esta divina missão de conceder a santidade ao um ser humano.
Algum leitor deste modesto artigo poderá ter uma comichão interrogativa sobre mim, como um tacanho articulista que sou,   e supor ser eu um agnóstico ou até ateu. De plano, já assevero. Não! Fui criado e educado numa igreja evangélica, de familiares protestantes e católicos. Hoje, considero-me católico e nenhuma divergência carrego  com igrejas que creem em Jesus como nosso messias e salvador e em  um Deus uno criador de tudo e de todos.
Para não ampliar polêmica sobre este instituto tão nevrálgico, aliás me parece , esta prática , exclusiva da igreja católica, na pessoa do papa, em conceder a santidade a alguém;  eu vou já arrematando com uma consideração. Refiro-me às condições ou exigências do candidato a santo.
Está lá no direito canônico: Entre os atributos maiores há de se comprovar milagres do futuro santo. E então eu expresso minhas dúvidas, incertezas e desconhecimento. O que é milagre? Eu creio em milagres, que é um atributo divino. Aliás, a vida já encerra um milagre, o nascimento é um milagre. Algumas pessoas sobreviver a alguns fatos sinistros e outras não, sugere milagre. Crer em tudo isso encerra-se em questão mística e de pura fé.
Havendo apresentação de milagre, continuam os códigos  canônicos,   este é examinado numa reunião de peritos; e se se trata de curas, passa  por um  Conselho de médicos, depois é submetido a um Congresso especial de teólogos, e por fim à Congregação dos cardeais e bispos. O parecer final destes é comunicado ao Papa, a quem compete o direito de decretar o culto público eclesiástico que se há de tributar aos Servos de Deus. A beatificação  portanto, só pode ocorrer após o decreto das virtudes heroicas e da verificação de um milagre atribuído à intercessão daquele venerável.
O milagre deve ser uma cura inexplicável à luz da ciência e Medicina , consultando inclusive médicos ou cientistas de outras religiões e ateus. Deve ser uma cura perfeita. Comprovado o milagre é expedido um decreto, a partir do qual pode ser marcada a cerimônia de beatificação , que pode ser presidida pelo papa ou por algum bispo ou cardeal  delegado por ele.
Caso a pessoa em causa já tenha o estatuto de beato e seja comprovado mais um milagre pela igreja católica , em missa solene o Santo Padre ou um Cardeal por ele delegado declarará aquela pessoa como Santa e digna de ser levada aos altares e receber a mesma veneração  em todo o mundo, concluindo assim o processo de Canonização.
Milagres e mistérios . Como estas coisas sucedem com uns e com outros não, resvalam puramente para as questões  do sobrenatural, do paranormal .
Deus é tão puro, magnânimo, excelso e prodigioso que continuará sendo um milagre, para nós. Uma realidade que escapa á nosso ínfima condição de racionais e pecadores.
Assim eu, como pequeno , pecador e mortal,  não consigo conceber que alguém do gênero humano possa ser investido dessa suprema glória que é reconhecer e conceder a outra pessoa a divina atribuição de santidade.              

João Joaquim médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...