sábado, 27 de setembro de 2014

ANALFABETISMO E DESEMPREGO



NOSSA TRAGÉDIA CULTURAL E DE DESEMPREGO

 João Joaquim

Neste setembro de 2014 saíram alguns dados estatísticos sobre a população do Brasil. Um número já aumenta a empáfia de nossos governantes porque somos mais de 202 milhões de pessoas. Outros índices tabulados nos deixam arrepiados e encabulados. Vamos a três e fiquemos só nesses porque já são  de dar engulhos. Isto a quem tem um mínimo de senso humanitário e se condói de ver a penúria em que vivem milhões de compatrícios pelos rincões, guetos, periferias e favelas desse país. Cito então o Ideb, o gini e os milhões de cegos de educação.
Nosso Ideb (criado em 2005) mede o nível de nossa escolas (união, estados e municípios). O gini mede diferença (ou concentração) de renda, desemprego etc. Ele vai de zero a um . Zero seria a distribuição mais justa de renda. Um(1) seria extrema concentração de renda na mão de poucas pessoas.
Já o analfabetismo não tem nem índice que o qualifique. E para que nome para percentual de analfabetos ,  considerando que os dados do IBGE e do governo são  subestimados e todos manipulados. Mas par ajudar eu criei um indicador , o accid : acríticos , cegos culturais , ignorantes e desinformados . Não confundir com uma tal de cide, um imposto sobre combustíveis que os nossos governantes gostam muito.
Eu, embora não seja educador, sempre tive um grande interesse pela educação, gosto de saber  como anda a cultura em nosso país. Parodiando Monteiro Lobato, um país se move, se desenvolve e diz o que é pelo nível de escolaridade de seus filhos, de seu povo. " Um país se faz com  homens e livros"( Monteiro Lobato).
Volta e meio quando me avisto com professores, pedagogos, gestores de nossa educação pública;  eu os arguo sobre a qualidade de nossas escolas, professores e desempenho (aproveitamento dos alunos). Minha gente (permita-me o  vocativo), meus caros leitores(as), vocês nem imaginam a falência generalizada da educação brasileira. E segundo a lei de Murphy, o que está ruim vai piorar, se continuar o governo que aí está.
Deu-me uma comichão de voltar á carga sobre esta matéria porque os índices divulgados pelo IBGE estavam errados e nossa engomada e renitente presidente Dilma Rousseff e acólitos se exasperaram com a incorreção dos dados. E para que tanto protesto? Tais índices e estatísticas são tão inúteis e improdutivos como útero de mula. Tanto que a cada ano, qüinqüênio e década eles pouco mudam de lugar. Imagina um país como a 6º economia do mundo ter um Ideb de 4,2 (numa escala de zero a 10)!
Eu vou revelar apenas para os meus leitores alguns dados que me revelaram funcionários, professores e diretores das escolas públicas. Primeiro que se tornou proibido reprovação de qualquer aluno. É o requinte dos absurdos! Segundo absurdo, as notas (boletins) encaminhados para o MEC, que balizarão o Ideb, são todas supra-estimadas (a maior). Isto para melhorar a avaliação da escola. Só mesmo no Brasil de Lula e Dilma.
 E nosso rebanhão de analfabetos?  Gente, a parcela de pessoas cegas de letras e números é muito, mas muito maior do que o que se divulga por aí. São dados e estatísticas completamente maquiadas para favorecer os governantes responsáveis pela educação, pela saúde e todos os serviços públicos essenciais.  
Para encurtamento de papo educacional vamos pegar o percentual de analfabetos. Foi divulgado que de analfabetos absolutos temos 8,3 % do povo. Algo em torno de 17 milhões. Outros índices falam em 13,3 milhões. Alguém acredita nessa taxa? Segundo o MEC e nossos gestores da educação analfabeto absoluto seria aquele que não assina o próprio nome e não faz uma operação simples de somar 8+7. Perguntamos ao nosso ministro da educação (nem sei quem é! Era Aluizio Mercadante, muda tanto!): um individuo que mal lê uma placa de carro ou de endereço ou não lê um parágrafo de um jornal pode ser considerado alfabetizado?
Por último, quais as chances de ascensão social ou profissional de um cidadão(ã) com este perfil escolar? será que este cidadão  seria aprovado para ser um gari ou porteiro do prédio do ministro da educação? No meu modesto condomínio ele seria reprovado num teste elementar de somar e transcrever um ditado.
Portanto, o tragédia cultural, educacional; a cegueira escolar que é epidêmica em nosso país é muito pior do que os mentirosos índices divulgados pelos órgãos do governo. 

 João Joaquim médico – articulista DM joaomedicina.ufg@gmail.com  

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

ACOMODAÇÃO E PASSIVIDADE




João Joaquim

 Estes dias eu debrucei-me a pensar sobre duas questões comportamentais dos brasileiros, que já concluo não ser uma exclusividade nossa, mas do gênero humano. Minhas reflexões foram sobre dois fenômenos que nos envolvem muito, a acomodação (ou adaptação) e a aceitação passiva do que o outro, um grupo, a sociedade ou até um estilo de vida nos obriga, ou imposições de um  governo corrupto, inepto e incompetente.
Eu pego aqui alguns exemplos ligados à saúde para consubstanciar esses dois comportamentos(nossa adaptação e passividade) frente a muitas coisas com as quais nos defrontamos. Numa primeira ilustração trago à tona uma epidemia que cada vez mais tem uma prevalência ameaçadora para a humanidade, para a saúde pública em geral. Expresso aqui a questão preocupante da obesidade. Preocupação, óbvio e desnecessário dizer, para a comunidade médica (endocrinologistas e obesólogos).  Porque  para os seus portadores ou doentes desta condição eles são  vitimados do  fenômeno da acomodação à doença. Uma explicação recorrente é  que o excesso de peso corporal ocorre de forma insidiosa e gradual, e por isso não dói e não desperta medo e pânico nas pessoas. É o que se denomina em medicina de doença silenciosa.
Fui buscar na literatura médica alguns trabalhos, artigos e opiniões a propósito do tema. O fenômeno da acomodação (adaptação) e passividade do sujeito (portador) desta e outra condição mórbida ou desfavorável. Não são tantos os ensaios e depoimentos médico-científicos.  Um pesquisador britânico, Phd em psicologia do comportamento e psicanalista, MD Irvind Destonet e cols fizeram um trabalho retrospectivo de pessoas com obesidade. Foram estudados 2 mil indivíduos com idades entre 30 e 60 anos. A medicina o que demonstra  de certo é que a causa do excesso de peso é multifatorial. O que ficou patente desse trabalho é que na obesidade de gravidade moderada a severa (pré-mórbida e mórbida) existe um componente genético bifatorial. Isto é; uma influencia genética orgânica essencial e uma influência genética comportamental.
No elemento genético essencial, se engloba “ aquelas pessoas que mesmo não exorbitando na ingestão alimentar portam mediadores químicos, reguladores e hormônios que conduzem ao ganho paulatino e crônico de peso”. A par dessa demanda genética “stricto sensu”, funciona o comportamento do aprendizado por condicionamento ao hábito familiar. Na verdade um misto de genética comportamental somada ao fator educacional. Noutros termos o indivíduo terá uma ingestão desequilibrada e excessiva de alimentos moldada, influenciada  pelo  meio onde ele é criado e educado desde o nascimento. A família enfim, como primeira e máxima educadora condicionará a criança à glutonaria, à busca incessante do alimento como uma forma de abrandar, de alívio de sintomas de ansiedade, das frustrações as mais corriqueiras da vida.  Somados os dois fatores, genético essencial e comportamental, a doença do excesso ponderal  será mais grave, como exemplo   os  tipos de obesidade mórbida de difícil reversão.
 Os fenômenos da acomodação e passividade estão presentes em muitas outras atitudes e comportamento das pessoas. Ainda dentro do contexto saúde temos vários fatores frente aos quais as pessoas nada fazem ainda que conscientes de sua nocividade, de suas ameaças. É o caso dos vícios do alcoolismo, do tabagismo e outras dependências químicas . Quando muito tomam algum expediente preventivo ou curativo em iminente ameaça da saúde ou da vida.
Para materializar esta forma de comportamento humano eu cito um caso real que ocorrera em meu  consultório como cardiologista.  Um jovem senhor  de 40 anos me procurou para um check-up preventivo porque perdera um parente com infarto do miocárdio e estava preocupado de ter algum risco. Tratava-se de pessoa sadia, sem nenhum sintoma, com o seguinte perfil ao fim da consulta e exames complementares. Sedentarismo, hipertensão arterial, sobrepeso de 15 kg, diabetes de 130 mg de glicose, triglicérides de 200 mg, colesterol de 250 mg, etilismo social, tabagismo de 10 cigarros/dia, e com estresse profissional. Trata-se, repito, de homem jovem e que não tinha nenhuma queixa clínica. Referia-se o paciente gozar de ótima saúde.
Diante de meu veredicto nosso consulente ficou estarrecido. Ele possuía 10 fatores de risco para doença cardiovascular ou morte súbita. Fatores adquiridos de longo prazo num claro fenômeno de acomodação e passividade. Atribuindo um ponto a cada fator são 10 pontos ou uma grande  de chance de algum evento cardio ou cérebro-vascular num período entre 10 e 20 anos.
O exposto demonstra o quanto nós humanos nos adaptamos e nos tornamos passivos frente a tantos fatores nocivos ou adversos à nossa saúde, ao nosso bem estar, à nossa felicidade, à nossa vida e não reagimos ou quando o fazemos já não há nada a fazer ou consertar. As sequelas das doenças ou a própria morte se encontram nessas considerações. O chamado estilo de vida insalubre, a exemplo do caso concreto ilustrativo do texto demonstra bem o quanto aos poucos e paulatinamente nós nos acomodamos e nos tornamos passivos a tantos fatores e imposições que nos molestam, que nos limitam direitos, liberdade e independência .
 No campo político por exemplo,  2014 é ano de eleições e podemos ajudar a fazer um país mais justo, mais honesto e bom para todos. No campo da saúde individual, um estilo de vida saudável  seria adotar uma  dieta hipocalórica mais vegetariana, atividade física regular, menos estresse, e uma vida sem ambições desmedidas e não  pautada excessivamente no materialismo. Afinal de contas, nem só de dinheiro, muitas joias, pompa e ouro se constrói a felicidade. Viver bem com a família e os amigos e cuidar da alma faz muito bem  e demonstra apego a uma felicidade mais duradoura e cheio de significados. 
            

 João Joaquim – médico – articulista DM joaomedicina.ufg@gmail.com


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

LULA E DILMENOS

LULA  FALA DEMAIS E DILMA  GOVERNA DE MENOS
 João Joaquim 


Num artigo anterior eu discorri sobre dois comportamentos de que  é acometido o gênero humano. Não na sua totalidade, mas com uma prevalência significativa. Eu falei então do comportamento da acomodação ou adaptação e da passividade. Eu disse , e repito aqui,  que trata-se de um característica não do brasileiro, mas da espécie humana. Eu repiso ainda a questão, não como opinião pessoal, mas foco de estudo científico. Dei como exemplos questões de saúde onde a obesidade, os vícios, o estilo de vida insalubre materializam esta característica da atitude  de não se  reagir ao problema. Hoje eu continuo nas minhas reflexões com outro viés, isto é, de nosso mesmo comportamento frente aqueles que nos governam ou no caso do Brasil que nos desgovernam.
 É assustador e desanimador quando olhamos para certos fatos e realidades de nosso cotidiano e temos quase a certeza de que daqui dez anos tudo continuará  como antes ou até pior. Eu fico aqui pensando de mim para mim por exemplo sobre a corrupção. É bem possível que todos esses condenados do mensalão , passada uma década ,estejam no bem bom de novo. Novos mandatos políticos, elaborando as nossas leis, influenciando nos destinos da nação, roubando e corrompendo com mais experiência trazida dos “presídios-escolas; e mesmo mofando e ridicularizando do povo, de nossa inteligência e utilizando das brechas e atalhos da leis que eles mesmo irão criar em beneficio pessoal .
Então tomo de novo a questão. Parece que nos quesitos acomodação e passividade somos uma gente, um povo distinto de outras nações, de outras culturas. Quando eclodiram as manifestações, os protestos de ruas no Brasil em junho/2013, eu confesso que fortaleci  minhas esperanças, eu acreditei em mudanças, em um Brasil melhor. Verdade seja dita que algumas conquistas foram alcançadas pelos protestos. Como exemplo manutenção de tarifas do transporte coletivo em São Paulo, passe estudantil grátis  em algumas capitais. Verdade também deve ficar registrada que muitas daquelas passeatas se deram sem liderança e com pautas reivindicativas muito vagas. Infiltrados nos protestos havia os incendiários e amotinados black blocs que só queriam materializar seus instintos de selvageria e de destruição. Muita ruína, danos ao patrimônio público e privado, feridos e até um jornalista morto no Rio de Janeiro.
Passado um ano daquela sublevação popular, parece que tudo voltará paulatinamente  ao marco ou estaca zero. De novo nossa acomodação e passividade a tudo quanto se tinha de ruim. Alguma coisa parece até pior. Basta olhar o estado da saúde (ou doença) pública, dos hospitais do SUS, dos hospitais universitários, das escolas de 1º e 2º graus, das universidades federias e outras infra-estruturas país a fora.
 Os crimes contra a vida continuam com a mesma estatística, o trânsito continua matando mais do que a guerra na Síria; e as leis com a mesma brandura de antes. Aliás, existe um conjunto de leis chamado direitos humanos. Alguém por aí pode me acudir e me explicar , se eles valem também para as vítimas? Ou são seletivos apenas para os malas, os meliantes quando vão presos? Até hoje eu nunca ouvi falar de direitos humanos para os lesados ou assassinados ( vítimas) e suas famílias, só  servem para quando o delinquente é preso e tem que ser libertado. Trata-se do princípio de direitos humanos, bandidos, em especial do colarinho branco, são intocáveis  
Então eu amarro nas questões iniciais. Acomodação e passividade são comportamentos próprios dos hominídeos. Mas, no Brasil, parece que extrapolamos aos índices da razoabilidade. Tudo caminha para o que era antes na terra de Abrantes, ou melhor de Lula e Dilma! Sinceramente que eu fico fula de preocupado, porque aturar o PT mais quatro anos vai ser demais com um presidente emérito(Lula)que fala tudo ,  manda muito e nada faz;  e outra (Dilma) que fala pouco e nada faz para mudar a ruína em que nos encontramos. 

A CULPA É DA ETERNA

   A CULPA É DA ETERNA 

João Joaquim   
      
 Aquela senhora bateu em meu consultório sem um sintoma bem definido. Maria de Fátima da Piedade. Pia era a alcunha com que era conhecida de amigos e vizinhança.
- Mas, dona Pia o que motiva a sua consulta?
- Doutor, nem eu sei direito o que sinto. Na verdade se contar  tudinho é um rosário de coisas de muitas horas.
- Não importa dona piedade, quer dizer dona Pia, o que interessa é a senhora me contar o que mais lhe aflige e incomoda.
- Sabe doutor, sinto muita ausência, uma ausência não dos sentidos, uma ausência de isolamento, de estar no mundo sem ninguém em volta de mim, mesmo sendo mãe, avó e bisa de filhos, netos e bisnetos.
- Tá bem dona Pia, mas vamos aos outros informes de sua saúde, do passado de doenças, de como a senhora viveu e toca a vida  .
Para encurtar o perfil clínico de nossa personagem, dona Piedade era potiguar de nascimento e batismo, mas tinha sido criada em Castro Alves - BA, terra do poeta condoreiro e bardo das causas abolicionistas. Tinha estudado somente os dois anos do ensino fundamental. Mal lia, mal assinava o nome. Ia fazer 70 anos. Poucas vezes tinha ido ao médico;  era mãe de 13 filhos, fora os abortos de que não se lembrava quantos. Os  partos todos foram com amigas parteiras. Dos 13 filhos, 10 eram vivos. Os outros  três dos 13 tinham falecido ainda recém-nascidos  de causas ignoradas. Nunca tinha submetido a alguma cirurgia, passou por uma internação de 4 dias na BA, por uma febre impalustre (malária).
De remédios, dona Pia usava apenas um comprimido de aspirina e algumas pérolas de arnica, receitadas por um raizeiro.
Do mesmo curandeiro usava vez por outra chás de sabugueiro e gotas do neca para algumas "macacoas"  e dor de cabeça.
Antecipo uma etapa do rito de uma consulta médica padrão e adentro no exame físico. Dona Pia mostrava-se em plena lucidez, suas expressões demonstravam uma idosa bem orientada no tempo e espaço. Mostrava-se zelosa com a higiene corporal e sobriedade simples na indumentária e adornos corporais. Os achados do exame clínico e aferições do sinais vitais eram compatíveis com faixa etária; ou seja rugas da senilidade, marcas de expressão acentuada no rosto, pele com marcas de exposição solar  Alguns exames básicos foram-lhe indicados buscando alguma disfunção de tireoide, de rins, de pulmão, de glicose, de lipídios  e exame de papanicolau para rastreamento de câncer ginecológico. Lembro que nada a ver com o papa ou com Nicolau , mas ao teste idealizado pelo famoso médico grego.
Retorno ao fecho da consulta
 -  Dona Pia, mas a senhora me dizia que se fosse contar tudo seria uma prosa longa, um rosário de queixas de muito tempo. De todo modo penso que deve ter algum incômodo, algum mal-estar que mais atormenta. A senhora pode me escolher um.
- Tá bem doutor, muito do que sinto, eu acho que é da vida sofrida, das pelejas da família, da criação e labuta com os filhos. Fiquei viúva com 40 anos e tudo ficou nas minhas costas . Hoje eu moro com outra irmã mais nova. Aqui e acolá algum filho me visita. O mundo tá todo virado do avesso, tudo tá mudado de quando eu fui criada.
- Nisso eu atalhei e intervim de novo -Mas, dona Pia o que tanto atrapalha a senhora na vivência diária com tantos filhos e bisnetos?
- Doutor, eu penso que seja esta eterna que veio dividir e apartar  as pessoas das outras. Todo mundo vive em seus cantos, nos  seus quartos.
- Como assim dona Pia, a senhora quando diz eterna, como se dá isso?
- Doutor, sabe aquelas máquinas de abrir e fechar que parece um “albo” ou aqueles tijolinhos luminosos que deixam as pessoas mudas e abobadas e nem escutam os outras?
- Ah sim dona Pia, a senhora quer dizer a internet
 - Isto mesmo doutor! A eternete 
- O mundo mudou dona Pia. E não tem volta. Mas a senhora me faz os exames, e ainda tem o retorno.  

 João Joaquim joaomedicina.ufg@gmail.com médico – cronista DM


PORTA ARROMBADA

FECHADURA E CADEADO DEPOIS DA PORTA ARROMBADA
João Joaquim        



Há um ditado ou princípio popular que diz :  nós só preocupamos em colocar um cadeado ou boa fechadura na porta quando ela é arrombada ou quando o ladrão entra na casa. Por esse e tantos outros adágios ou provérbios pode-se avaliar o alto grau do bom senso e da inteligência das pessoas, mesmo aquelas  sem alta escolaridade. Fazendo uma análise e interpretação deste princípio do cadeado depois da porta arrombada entramos no campo da imprevidência do ser humano frente a toda forma de ameaça, risco e prejuízo.
E aqui nesta mesma perspectiva eu puxo um outro senso popular que tem tudo a ver com a falta de prevenção da pessoas. Refiro-me à reação das pessoas em perceber o valor de algum bem, de algum conforto na ausência, falta ou perda deste bem ou conforto. Já de pronto eu cito alguns exemplos da cultura vulgar para realçar esta realidade. Vamos tomar alguns serviços básicos do nosso  dia-a-dia. Na interrupção do fornecimento de água, energia elétrica, sinal telefônico etc. De pronto sentimos  aquele impacto, nos exasperamos, nos praguejamos e então a ficha cai;  o quanto são importantes estes serviços para a nossa qualidade de vida, nossa segurança e conforto. Tanto assim que normalizado o problema (luz, água, sinal telefônico), todos soltamos um altissonante uau! quanta  alegria e felicidade reconquistadas.
Mas, o porque de o ser humano viver de forma  desacautelada e não preventiva ?  Ao todo e ao certo não se tem muitas respostas. Como muitas perguntas em saúde ou do comportamento ficamos na seara das conjecturas.  De todo modo isto tem sido  motivo de estudos da psicologia, sociologia e psiquiatria por exemplo.
As atitudes do ser humano em viver e tocar a vida abstraído dos riscos e ameaças que o cercam   é instigante e de intrigar aos estudiosos do índole , da personalidade, do caráter , do modus vivendi do gênero humano   . É o homem em sua jornada ; seja na sua rotina no trabalho, no lazer, no trânsito; enfim em toda a sua dinâmica de relação com o mundo, com o meio ecológico e com as pessoas `a sua volta.
Poder-se-ia ficar aqui descrevendo laudas e laudas listando as inúmeras atitudes dos indivíduos relativas ao seu desleixo, descuido, enfim ao seu jeito de viver de forma imprevidente. Mas, vamos a seguir ilustrar algumas condutas que bem expressam esta tendência que vai além da clássica solução do bom cadeado ou boa fechadura depois do prejuízo do arrombamento da porta e visita do ladrão.
Podemos pegar os próprios acidentes ou sinistros pessoais ou de trânsito. Ocorrido o imprevisto ou fatalidade, o indivíduo se dá conta de que daí para frente é importante fazer um seguro de saúde e de vida (ou de morte). Penso ser muito difícil alguém não ter tido uma questão pessoal ou familiar  desta natureza, eu pessoalmente tenho diversos exemplos na família.
No quesito acidentes domésticos então a sociedade anda repleta de tais casos. Quantas fraturas ósseas  de idosos, queimaduras de adultos  e crianças nos lares por falta de medidas de segurança simples, às quais temos acesso e informação diariamente. Trata-se do velho e recorrente achismo de que “ comigo isso não vai ocorrer. Só que uma hora acontece e aí se toma, tardiamente,  as providências e prevenção. De todo modo como expressa o dístico da bandeira de Minas, antes tarde do que nunca (“ Libertas qual será tamem” , liberdade ainda que tardia). Imitando este lema, prevenção ainda que tardia.  Na área de finanças e economia então o brasileiro é notório em desleixo e falta de planejamento. Aliás, a invenção do cartão de crédito e cheque especial foi para explorar este lado imprevidente e irresponsável das pessoas. Muitos gastam além das possibilidades, depois se endividam e não sabem como sair do efeito dominó das dívidas. Por isso o grande número de calotes, inadimplência e cheques sem fundos no mercado. Trata-se da forma mais desonesta e inconsequente de prevenção. Como uma pessoa pode adquirir um bem, um serviço sem dispor de dinheiro para tais despesas? Tal prática beira a demência! Eu devo, não nego , mas não tenho como pagar.
Agora no arremate de pontuais considerações sobre tão vasta temática eu pego um campo onde somos campeões em falta de prevenção, em previdência. Em tempo: até nosso vetusto INSS é imprevidente com seus segurados. Como sofrem as pessoas que dependem da previdência social. Somos mestres  no descuido com a saúde. Hoje depender de INSS e SUS, além de susto é risco de morte .
 No estilo pingue-pongue vamos a outros exemplos : passei a vida toda em orgias alimentares, cheguei à obesidade mórbida. Agora vou fazer dieta e cirurgia bariátrica. Aí vem os efeitos sanfona do emagrece, engorda , recaídas, muita vez, se  engorda mais do que antes da cirurgia. Cirurgia , aliás, de grande porte, com seus riscos e mordidades no pós-operatório.
Levei uma vida sedentária, fumando e bebendo. Colesterol e açúcar no sangue sempre altos. Tive um infarto. Pronto, agora eu preciso me tratar, me reabilitar e exercitar, porque o bicho ( no caso novo infarto) pode me pegar de novo .
Check-up e exames preventivos periódicos para que? Eu não sinto nada. Se acometido por um câncer corriqueiro, tão preventivo , de mama, próstata, de útero, de aparelho digestivo; bate logo o desespero. Meu Deus! Por que logo eu? Não sentia nada, agora eu vou me tratar; e vem então a via crucis de quimioterapia, radioterapia, sequelas . Tudo poderia ter sido evitado.
E então eu finalizo e deixo uma pergunta: Se até com o bem mais precioso, a saúde, o  gênero humano é esculachado e desprevenido com o que mais ele  vai se antecipar e ser previdente? Só mesmo os humanos racionais e inteligentes . Tínhamos que olhar mais e aprender com a natureza. Quem sabe as abelhas e as formigas poderiam nos dar alguns conselhos, algumas lições previdenciárias; com a palavra estes insetos tão organizados e preventivos.  A gente pode até cantar muito e divertir como as cigarras, mas aprender um pouco a se prevenir como fazem por exemplo as saúvas e mesmo as formiguinhas-doceiras .
        João Joaquim médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com


GUERRAS SEM FIM...

                GUERRAS SEM FIM

João Joaquim      
  
Tirantes Deus e os santos, de fato santos, quase tudo o mais neste mundo, neste presente universo, tem um início, meio e fim. Nós mesmos, animais humanos que somos, temos um início (nascimento) meio ( vida) e um fim (morte). Acredito que meus caros leitores (as)  estarão em uníssono comigo e pacificados nestas realidades.
A par destas verdades triviais de abertura, eu quero pontuar sobre alguns fatos, acontecimentos e realidades que parecem contra os princípios de início, meio e fim a quase tudo existente .
Vamos começar aqui pelo Brasil, desde que o país foi descoberto (ano de 1500) certos fatos e hábitos foram trazidos pelos navegantes que se quer diminuíram. Eles pululam em nosso dia-a-dia  e só aumentam . A mentira e a corrupção por exemplo. Aliás, estas duas são irmãs siamesas. Nunca desgrudam uma da outra. Nesta seara sempre fomos pentacampeões, PHD  em qualquer especialidade ou ramo de roubo, engodo e trapaça.
No Campo da ingerência e cooptação política. O Brasil sempre foi uma excelência na arte da politicagem, do compadrio, do clientelismo, do tal do fisiologismo. O financiamento de campanhas eleitorais é um claro exemplo de relação espúria entre o público e o privado, entre o Estado e empreiteiras. Para saber do inicio dessas escusas e malquistas relações  basta se informar sobre como se dava a administração das capitanias hereditárias. Igualzinho ao que se dá hoje com a coligação dos partidos políticos, com a chamada base aliada do governo, com o loteamento dos ministérios entre os aliados e mais de 20 mil cargos comissionados. Alguém em sã consciência acredita que este “status quo” pode ter um fim?  Eu duvido .
Pespegando esta imutabilidade das coisas a um fato fresquinho. O fracasso e a crise do futebol brasileiro como ficaram patentes na campanha da copa 2014. Todos assistimos a chiadeira e protestos de norte a sul do Brasil. Contra o que se pode considerar um ninho de corruptos e larápios que é a CBF. Os fatos e ocorrências naquele covil de serpentes já foram bem demonstrados e documentados. Como proposta de alguns parlamentares e outros segmentos sociais , seria conveniente e  oportuna uma intervenção do governo federal nos descaminhos e desmandos na direção de nosso esporte mais popular.
Tudo em vão, passados alguns meses tudo ficará como antes agrade ou não aos  Abrantes. Daqui a 4 anos, na próxima copa 2018 na Rússia, aqui estarão os mesmos torcedores, frustrados com a mesma incompetência, os mesmos saltos altos, a mesma soberba, as mesmas roubalheiras, num moto-perpétuo sem tempo de validade, sem fim. É de se pasmar e exclamar  como nós brasileiros somos propensos à aceitação passiva e acomodada com os rumos das coisas no Brasil , nos desgovernos, nas alianças espúrias , naquilo que de ruim e pior nos é imposto goela abaixo, devagar , até tudo parecer que é normal , legal e lícito!
Deixando as implicâncias com o nosso querido Brasil, falo de  algumas coisas do mundo que foram criadas pelo homem,  mas não têm fim. Guerra por exemplo, quantas guerras a História registra com desfecho (estopim inicial ) meio e fim. Basta por exemplo olhar para as I e II guerras mundiais, a guerra das Malvinas, a guerra dos 100 anos etc. Já há outras que estão fadadas a eternidade. Vejam as guerras no oriente médio, Israel x Palestina ( Hamás), a guerra do Afeganistão, do Iraque. São conflitos fadados a eternidade. Alguém acredita na paz entre judeus e palestinos. É muito custoso crer no sucesso das propostas de paz entre esses povos.
E olha que não há papa, EUA e ONU que tragam solução para tais conflitos. Há como que uma maldição contra esses povos que vivem para a guerra, para as carnificinas e para a morte.
Fim mesmo só para nossa esperança de a paz e a concórdia reinar nessas nações fadadas á intolerância e ao ódio. Quanta tragédia, que triste!  Finalizando ainda com os rumos de muitos fatos, comportamentos, e tragédias de nosso Brasil. Alguém aí acredita em uma saúde padrão Fifa para os brasileiros ?  No fim da corrupção ? No fim das mentiras dos petistas ? No fim dos 60.000 assassinatos por ano ? Nas outras 60.000 mortes de trânsito ? No fim do crime organizado e narcotráfico nas grandes metrópoles ? Eu continuo cético e desconfiado. 

 João Joaquim  joaomedicina.ufg@gmail.com

ELEITORES E O BOI-MADRINHA

ELEITORES  COMO RESES ATRÁS DO BOI OU  VACA-MADRINHA

 João Joaquim  



 Eu fico de cá a refletir com meus cadarços e botões sobre o mundo em que vivemos, na era digital. O que é pacífico, unânime e positivo são os avanços que conseguimos em comunicação instantânea quase grátis, não importa o ponto do planeta em que estivermos ; houve  melhora tecnológica em vastas áreas. Nas ciências também. O salto de qualidade foi imenso. Entretanto, uma coisa me intriga e me incomoda muito, o nível cultural das pessoas;  cultura aqui num sentido abrangente, isto é, do homem (gênero humano) como um ser crítico, pensante, participativo, proativo e capaz de transformar e mudar o seu meio social, preservar e melhorar o meio ambiente, enfim, tudo à soa volta.
Nós, os brasileiros, estamos atingindo um estágio de tanto comodismo, de tanta inércia, de tanta passividade que mais parecemos reses em uma boiada, que seguem o boi ou vaca-madrinha.  
Fôssemos pelo menos elefantes a seguir a aliá-matriarca, estaríamos com um norte mais promissor, porque são paquidermes  dotados de um tirocínio e sentidos muito diferenciados, circunspectos e inteligentes. Por isso têm uma expectativa de vida igual aos humanos.
Preocupa-me e muito o futuro de nossa juventude. Longe de estar aqui me inspirando em um saudosismo piegas, contaminado de nostalgia e espírito romântico. Mas, é oportuno perguntar: o que andam pensando e planejando os jovens do Brasil? Que futuro eles pensam para eles mesmos, para suas famílias, para nosso país? Não venham me dizer que todas aquelas manifestações de junho/2013 foram frutos e ações, práticas de pessoas críticas, culturais e pensantes em prol de um mundo mais justo, republicano e melhor.  Muito do que vimos naqueles dias foram atos e expedientes de jovens incendiários e carbonários. Eram na maioria baderneiros e black blocs que estavam ali como arruaceiros expressando seus instintos animais. São energúmenos, ignorantes e limitados de razão e de inteligência. Não se viu nenhuma pauta séria e organizada de reivindicações para um Brasil mais justo, mais honesto e melhor para todos. Inclusive para eles mesmos. E atenção! Eram na maioria jovens de classe média, de famílias com bom poder aquisitivo e universitários. E boa pergunta:  que futuro esperam os estudantes das melhores universidades, como Rio , São Paulo e outras capitais desenvolvidas do Brasil ?
O que estamos assistindo tem sido a formação de classes de pessoas ridículas, imbecis e idiotizadas. Todas alienadas, pacíficas e acomodadas em seu mundinho particular. Assim temos as classes C, D e E , aqueles que recebem assistência do governo. São todos aqueles brasileiros(as) clientes de programas assistencialistas eleitoreiros,  de bolsas e abonos do governo. Nesse rebanhão estão os agraciados com a bolsa fome zero, minha casa minha vida, de nossa presidente e governanta Dilma Rousseff . Estão todos satisfeitos com os atuais programas do governo luto-petista. Estes são eleitores cativos, a maioria integra os milhões de analfabetos. Eles não criticam nada, não pensam e não querem nenhuma mudança. Para os patrões (ou petrões) ), os governantes do momento , também está tudo bem. E para que mudar! São a garantia de perpetuação no poder.
Educação e emprego tornam as pessoas mais pensantes, mais críticas e mais exigentes. Passeatas, protestos e rebeldia dão trabalho e derrubam governos. Todo tipo de ajudinha e engambelação vindas do sistema do governo atual funciona como pão e circo à moda da Roma antiga.
E o que esperar dos jovens das classes A e B? Eu não consigo antever o seu futuro. Parecem todos contentes. Para muitos desses moços e moças bastam talvez um carrinho, uma moto, ou nem isso. Alguns dão-se por satisfeitos e realizados com seus objetos de mídia, seus notebooks e tablets. Cultura, pensar e criticar para que? Pensando bem nem precisam. As mídias, o mundo virtual já trazem um monte de coisas prontas, pensadas e coloridas. Tá certo que são futilarias, mas, já vem acabadinhas, lindas, com designs muito atrativos e basta um  click . Quando estas fontes de prazer se esgotar , há outras fontes de satisfação imediata como o álcool , as drogas licitas( compradas com receitas médicas) ou mesmo aquelas mais fulminantes compradas nas esquinas como maconha e cocaína .
 Somos mesmo como reses em uma boiada. Seguimos o guizo de qualquer boi. Qualquer líder que se diz o sal da terra, mesmo cego ou surdo para o que se passa nas cercanias de seu paço ou seu quintal. O pior cego é aquele cego de visão cultural e de cidadania e por isso facilmente manipulável por outro guia cego que pouco fez ou faz pela melhoria da cegueira do outro. Líder ou lideres estes que tentam tirar proveito de toda  forma de atraso, de falta de  instrução e qualificação técnica e profissional de seus súditos e seguidores.   
 Somos mesmo, cada vez mais bois em uma manada  que marchamos para onde apontar o sistema reinante. Os poderes dominantes como as  redes de televisão , com o apelo ao consumismo idiota e besta nos guiam  e estamos todos indo pelas suas cartilhas e dicas.
Parece que estamos vivendo aquela filosofia que  recomendava o gato Garfield , para quem não sabe o caminho a seguir qualquer caminho serve. Basta a gente ouvir o som do boi-madrinha com seu guizo e todos vamos atrás.   

João Joaquim  médico e cronista DM joaomedicina.ufg@gmail.com 

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...