quinta-feira, 30 de julho de 2015

UM CARETA

UM CARETA E  DESADAPTADO DOS TEMPOS MODERNOS 

  João Joaquim

 Eu confesso que sou um desadaptado para certas realidades desse mundo moderno. Se bem que a ideia de modernidade é algo relativo. Um conceito parecido com o tempo que para o nosso glorioso Albert Einstein é uma ilusão. Modernidade e antiguidade ou tradição nos remetem à noção de idade, de novo e velho; enfim ao conceito de tempo. Dentro dessa definição de moderno e tradicional, vamos ao seguinte conceito: moderno é aquilo que é melhor para mim, ou esta:  é aquilo que mais me traz realização e felicidade. Pronto. Aqui esbarramos num ponto relativo e conflituoso do que seja novo e velho. Mas, deixemos de filosofar e sejamos mais objetivo e prático .
 Vamos pinçar um exemplo  ainda de bom grado a algumas  pessoas, inclusive a mim mesmo, qual seja, o hábito da leitura. O que agrada a imensa maioria dos adolescentes e jovens de nossa era digital quanto ao gesto de ler. ? Proceder à leitura nas plataformas digitais, notebook,  tablet,  iPad. Todavia, para mim e alguns outros aficionados ao livro a melhor opção ou meio de ler um bom texto ainda é o formado físico impresso. Ler um livro em papel me traz uma enorme satisfação e felicidade. Eu não trocaria o moderno do adolescente dos tempos virtuais, pelo tradicional. O jovem de hoje prefere  o livro eletrônico (e-book). Eu ainda vou mais pelo mesmo conteúdo encadernado, ou em brochura,  e, às vezes, até cheiroso com uma agradável textura ao tato e manuseio.
Nessas premissas exordiais em falei do moderno e do antigo e puxei o livro como exemplo. Iniciei com o particípio desadaptado e continuo com minha desadaptação a certas coisas (coisa, palavra coringa) desses tempos digitais e da informática. O meu word office já grifou meu texto me alertando que desadaptação não existe. Não mudo o verbete porque não estou nem aqui ou aí para rigor léxico ou ortográfico. Se no Aurélio ou Houaiss não existe , no meu há e fica assim consignado, desadaptação, desadaptado. Ou seja não ajustamento, não conformado.
Outro setor que me faz sentir meio careta ou desantenado se refere às diversões ou entretenimento. Eu pego as opções de música, sejam na forma gravada com um dj ou mais comumente ao vivo com uma banda ou um vocalista a sós(solo).
A primeira desadaptação que tenho é com a vibração sonora (altura). Muitas vezes somos convidados para uma confraternização, uma tertúlia, um encontro de colegas ou familiares. Iniciada a parte que deveria ser acessória, um fundo musical, não se pode mais falar. Ninguém ouve nada. São sons tão altos que aliás extrapolam em muito os limites recomendados como fisiológicos aos ouvidos humanos. São 150, 200 decibeis. A muitas pessoas tal exagero sonoro causa desconforto e dor nos tímpanos e terminações nervosas no ouvido interno.
Outra questão também a que não me adapto se refere ao estilo das músicas, suas letras e melodias. Em tempo, é de bom alvitre que se lembre a origem da palavra música. O termo vem de musa. Eram nove as musas, deusas das artes. Fico eu aqui a pensar com meus botões , o que deve sentir a musa Euterpe ligada às melodias, à criação artística musical (sic) nos tempos modernos. Certamente com algumas canções e estilos que temos hoje ela deve portar algum EPA , equipamento proteção auditiva, porque são letras e estilos de deixar até as deusas surdas.
Muita vez temos como convidados de uma festa pessoas na sua maioria acima de 40, 50 ,60 anos. Nesse cenário e para esses convivas são apresentados músicas tipo pagode, rock moderno ou funk; ou seja, em absoluto descompasso com o público presente.
Este exemplo da desarmonia e da disfonia( dismusia) entre a platéia e as músicas apresentadas ocorreu comigo. Fui convidado para uma festa de encontro com meus pares( médicos).  Seria um bate-papo despretensioso para falar de amenidades, umas trocas de figurinhas entre amigos. Tudo ia muito bem, festivo e com diálogos  até saudosistas.  Iniciada a cantoria, o que se tinham  era sons estridentes e músicas com letras nada poéticas, não se ouvia nada. Como ninguém dos convivas se comunicava por libras, muitos foram embora, inclusive o desadaptado que aqui vós fala. Nesse tipo de festa jamais.    Never more -   junho/15

 João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com - www.jjoaquim.blogspot.com

ELIXIR DA ETERNA...

VENDE-SE O ELIXIR DA ETERNA JUVENTUDE

 João  Joaquim


 Todos temos observado o quanto as pessoas lutam para não parecer que estão envelhecendo. Cada vez mais , vemos muitos  procedimentos, e recursos, e terapias, e drogas, e cirurgias, e disfarces para não se mostrar velhas. Tudo para não mostrar a idade que têm! Na verdade vivemos uma epidemia neurótica pela busca da juventude eterna, do corpo turbinado, de glúteos e seios estufados, de lábios grossos artificialmente, de faces esticadas, de pálpebras plastificadas. As senhoras  não têm mais os cabelos encanecidos como as avós de idos tempos. Todas colorem as madeixas de loiro ou preto. Os homens não aceitam mais a calvície. Para isto inventaram os implantes capilares. E a moda pegou geral. E então pergunta-se, por que as pessoas não querem a idade que de fato têm? O que leva uma mulher, um homem a esconder a sua idade? Porquê de  buscar artifícios e modas como disfarce do próprio envelhecimento? Ora, vamos buscar alguma luz nos ensinamentos da antropologia, da sociologia, da psicanálise.
Desde que o mundo é mundo, de quando o gênero humano surgiu, se sabe que a existência de qualquer animal   tem o imutável ciclo nascimento-maturidade-velhice-morte. Este determinismo da existência humana é imutável, a que ninguém pode se furtar a uma aceitação tácita, pacífica e inelutável.
Nessa perspectiva da juventude eterna (desejo imanente) do ser humano é contributivo que busquemos outras definições. Por exemplo, entre outras  ideias, o que é a vida? O que é a morte? O que é o tempo (ou idade)?
Vejam meus leitores(as) o quanto pode parecer enganoso e pérfido definir tais estados. Uma pessoa mais afoita e pouco reflexiva se encarregaria de pronto em considerar fácil tal definição. Vida seria talvez (para essa pessoa) o conjunto de atividades ou propriedades de metabolismo, de crescimento, de reprodução, reação aos estímulos sensoriais formando então um organismo, um animal. Se considerar o animal  humano, ainda se acrescentariam os atributos de razão, pensamento, discernimento, dualidade física (corpo) e abstrata (alma). A princípio, um conceito que traz ótimas impressões, beleza e estética. Mas, ele é subjetivo, não um consenso dos que estudam e interpretam a vida.
E a ideia de morte? Num entendimento simplista seria a cessação de todas as atividades acima expressas sobre a vida. Para a Medicina por exemplo o conceito de morte, começa pela morte cerebral. Morte encefálica nada  mais é do que uma arreflexia absoluta e irreversível. Param todas as sensações:  térmica , tátil, dolorosa, auditiva, gustativa etc . O encéfalo como um todo não emite mais nenhuma onda de ação elétrica  neuronal (vista no eletroencefalograma).
E o tempo. Quem ousaria conceituá-lo de forma insofismável e convivente? Entre os cientistas de várias áreas ou filósofos existencialistas  cada um a seu tempo certamente emitiria uma ideia. Só para ficar com alguns exemplos. John Wheeler: o tempo é o jeito que a natureza encontrou para não deixar que tudo acontecesse de uma só  vez. Vejam, se não é belo este pensamento. Albert Einstein: a distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão! Observem que os dois divergem na definição da mesma coisa, o tempo. Há uma frase também da rádio relógio (RJ) que é bem criativa sobre o tempo: “cada segundo que passa é um milagre que jamais se repete”.
Eis então a questão capital ; o  que tem a ver  a neurose da eterna juventude com essas realidades:  vida, morte e tempo? Ao fim e ao cabo, nós humanos, temos a atitude do aceite, da acomodação ao que seja na íntegra esses fatos indissociáveis de nossa existência. De forma breve pensemos a idade de uma pessoa na dimensão de Deus. Assim pensado nossa idade ou toda existência biológica, neste planeta,  nada mais é do que um minúsculo capítulo  de toda existência pré e pós-mortem. É muito pequeno e insignificante pensar o ser humano como apenas uma dimensão biológica terrena.  A grande nobreza da condição humano está em sua estrutura biopsicossocial. Somos um ser refinadamente diferenciado por termos inteligência, razão, discernimento, livre-arbítrio e uma condição imortal , a Alma.  Não foi sem razão que Sócrates, forçado ao suicídio o fez de forma serena e escarnecendo de seus algozes. Nas palavras dele (Sócrates) os que o condenaram tremiam mais do que vara verde. E o grande filósofo e sábio  assim se comportou pela firme convicção na imortalidade da alma.
Enfim e no balanço  das ideias, a fobia, o medo, o preconceito social à velhice tem sido uma criação da hipermodernidade, das indústrias do consumo e da beleza, do mercado de toda forma de procedimentos estéticos e cirurgias plásticas. É a  venda de uma ilusão , a tentativa de burlar e ofuscar um fenômeno natural . O envelhecimento é tão natural e inevitável como o nascer, o crescer , a maturidade , a morte.
E toda essa busca ansiada e tão obsessiva pelo disfarce e ocultação das rugas, dos sinais de senilidade tem liame  forte com a publicidade. A mídia tem tudo a ver com esse mal que cada vez mais assola a humanidade. O inconformismo com a idade em todas as  fases da vida tem deixado as pessoas mais e mais infelizes. Falta a elas refletir mais sobre o que é a vida, a morte, o tempo!  Falta a elas pensar melhor com a alma  e sobre a alma. Que lindo e reconfortante seria!    
 João Joaquim  - médico e articulista do DM joaomedicina.ufg@gmail.com

ALUGEL DE MULHERES

ALUGAM-SE E  COMPRAM-SE MULHERES  
 João Joaquim


 Muito já se falou nesse mundo, continua a ser  falado, hão de falar por séculos e milênios  sobre o tráfico de pessoas. Acho dispensável falar por exemplo sobre o tráfico negreiro. Aquele negócio hediondo de que o Brasil foi o último a renunciar a fazê-lo em fins do século XIX. Isto pelo menos de forma oficial e no papel, quando se transportava os negros da África para outros continentes como se fosse uma boiada . Será que acabou mesmo a escravidão ?
 É oportuno questionar porque volta e meia somos surpreendidos com notícias de que  a compra e venda de gente ainda existe em muitos rincões e outros cantões onde o vento faz a curva ou o Judas perdeu as botas. Quem nos dão conta desse ainda ignóbil mercado, aqui no Brasil ,  são as delegacias regionais do trabalho(DRT) e o próprio ministério do trabalho. Uma vergonha ainda em pleno século XXI.  Quando será que tal crime  deixará de existir por aqui e pelo mundo? Mas, deixemos esse repulsivo tipo de comércio de humanos que parece sempre existir e falemos de um outro tipo de negócio que prevalece desde que o mundo é mundo.
Não estou a falar do mercado de crianças, nem  da venda de órgãos para transplantes, nem de pais e mães  em algumas plagas do globo que vendem os filhos a preço vil, por questões de cultura e de sobrevivência. Também não quero perder tempo a citar os casos de aliciamento de jovens por fanáticos e terroristas do Boko Haram( Nigéria , Niger)  ou do estado islâmico (isis). Meus caros leitores, eu estou querendo me referir ao tráfico de mulheres por pura opção, prazer e livre-arbítrio das próprias mulheres. Se esse tráfico ainda lhes passa despercebido eu quero exortar e esclarecer a todos o quanto ele agora mais do que antes se dá, às escâncaras, para todo mundo ouvir, ver e dele participar se assim o desejar. E olha que tem muita gente que deseja e participa.
Esse mercado de mulheres também não se refere àquele do mesmo gênero da época dos navios negreiros, quando as meninas, moças e mulheres eram também mercadorias de compra e venda por monarcas, ricos , nobres e proprietários de terras e engenhos de cana-de-açúcar. Eu quero falar mais estrita e seletivamente do mercado do corpo das mulheres. Do corpo como um todo ou partes dele. Um bumbum, um rosto, um par de coxas, um par de peitos, ou o aluguel , digo melhor, uma locação para o uso dessas mulheres. Pode ser por uma noite, uma estada em uma hospedagem qualquer, uma companhia para dormir, uma exibição em shows diversos , uma temporada em prostituição em países da Europa, em turismo sexual no Brasil  e coisas do gênero.
Como se dá essa compra e venda do corpo das mulheres? Em tudo, ou quase tudo na vida. Esse comércio ou indústria da mulher não se dá apenas nos shoppings e lojas de sexo e erotismo que existem em todas as cidades. Ele se faz em quase todas as utilidades e futilidades da vida social e comercial.
A questão se estabelece mais ou menos assim: tem uma indústria de escova de dentes e do creme dental, como se faz para vender mais. Simples, coloca uma mulher pelada e com ótimos dotes físicos fazendo uso do produto. Aí tanto a mulherada como os homens vão consumir mais aquele produto. As mulheres consumidoras vão comprar mais aquela marca porque querem parecer com aquela bonitona da estampa. Já os homens vão preferir mais aquela escova e aquele dentifrício, porque sentem mais revigorados na sua libido. Ou seja puro erotismo e sensualidade. No caso de marcas de pneu. O que tem a ver pneu de automóvel com corpo de mulher?  É o mesmo espírito da escova de dentes e dentifrício. Andar sobre dois ou quatro pneus que lembram uma mulher nua e bem siliconada traz a sensação de mais sucesso, mais energia e de mais performance seja na cama, mesa ou banho.
O que tem a ver produtos alimentícios com mulher de biquíni   ou em trajes sumários? A princípio parece que não há nenhum nexo ou sexo  nas relações. Mas, as fábricas de alimentos acharam uma proximidade muito grande. Se bem que em nossos gestos de comer, os publicitários dessas propagandas devem empregar um princípio metafórico ou metonímico. Bem, pode parecer meio obscura esta última frase. Seria aquela mútua troca de sentidos da parte pelo todo ou do conteúdo pelo continente. No caso de uma caixa de biscoitos de maisena por exemplo, se as bolachas não são lá muito apetitosas tem o consolo de uma nua e bela mulher no rótulo.
Agora se tem dois setores onde se empregam as imagens do corpo das mulheres em abundância  são a moda e os esportes em geral. Roupas e calçados. Haja o emprego de figuras femininas. Numa partida de futebol ,  pugilismo, UFC, MMA ou artes marciais, como se abusam das peladonas como atração para o público masculino. Porquanto no octógono, os lutadores parecem canibais. São socos , bofetões, coices de fazer inveja a qualquer asno ou cavalo. Pelas regras só não vale usar os dentes nem morder as orelhas do adversário. Como lenitivo para gladiadores e público têm as mulheres peladonas que desfilam nos intervalos dos rounds . Certamente a exibição dessas mulheres em poses e trajes muito eróticos vai aguçar ainda mais o apetite canibalesco dos contendores.  Vence a luta quem for mais canibal. Detalhe, o vencedor só não dá os chutes e socos mortais (de misericórdia ) porque nessa hora tem um mediador( que chamam de juiz, que ironia) e impede o massacre mortal do perdedor.
Nos shows artísticos e musicais os mais diversos abundam (sem trocadilho) as participações das mulheres seminuas. E aqui a figura feminina vale mais quanto mais atrativas forem sua intimidade (peitos, coxas, bumbuns) e sua dinâmica e gestos nas coreografias de apresentação (dança, rebolado, strip-tease ). E como arremate é oportuno e justo que realce que todo esse tráfico e negócio envolvendo a figura feminina se dá com a absoluta e o livre-arbítrio delas, mulheres, que têm nesse mercado um jeito fácil e livre de sobreviver e ganhar dinheiro. Não perdendo de consideração também que existem todo um engodo, um marketing e aliciamento de quem explora este negócio envolvendo as candidatas . São os caftens ou os rufiões  dos tempos modernos , que se passam por empresários de fachadas; mas no fundo mesmo são exploradores de mulheres. E isto não se dá apenas no Brasil , é um negócio do mundo. Só mesmo os humanos !   Maio/2014

quinta-feira, 16 de julho de 2015

V E N D E -SE SALA CONSULTÓRIO



VENDE-SE  ÓTIMA SALA CONSULTÓRIO- Ed
 clinicas Set Aeroporto  Av Ismerino carvalho  595– fino acabamento- ótimo ponto/ fluxo pacientes            PREÇO 90,000 / Estuda contra-proposta
SALA de 30m2 + área externa de 12 m2- 2 subsolos de garagem(2 vagas), banheiro privativo, uma recepção recém-reformada, porteiros 24 horas, vigilância eletrônica
( câmaras garagem, recepção e andares)
PREÇO IMPERDÍVEL  Tratar  JOAO JOAQUIM  3229-4447   lucimar  8471-4899  
EXCELENTE PONTO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE: MÉDICOS, DENTISTAS, NUTRICIONISTAS, FISIOTERAPEUTAS, PSICÓLOGOS

domingo, 31 de maio de 2015

DIÁLOGO DO CÉREBRO-ESTÔMAGO DE OBESO

DIALÉTICA NEURO-BARIÁTRICA
João Joaquim


 A história começa em domicílio e foi mais ou menos assim:  o sujeito acessório do enredo, tinha revertido sua cirurgia para obesidade, ele estava em casa e acabado de acordar de sua sesta. De particular ele se deleitava de seu peso mórbido. Deleitava-se?  Como assim? Poderia protestar algum endocrinologista. E já de súbito eu rechaço
- Deleite puro. Nós, magros ou macérrimos, é que padecemos de nossa magreza. Gordo além de não sofrer com fadiga e  suor  de malhação passa a vida na alegria e nos prazeres de comer sem restrição. Pensando nesse lado prazeroso e cheio de desejos não vou chamar nosso personagem de doentio ou mórbido, mas de obeso cúpido, aquele prenhe de fome e compulsões para as mais apetitosas comidas.
Assim pensando pensaria o nosso agente: não me venham com alface, tomate, pepino, rúculas e grãos integrais. Nesses pratos eu estou fora. Meu negócio é macarrão, lasanha, calabresa, fritas, carnes da boa e coca de um litro para cima.
 – Meu prato tem que ter sustança e muita massa para me manter no maior vigor e robustez. Esses pratos de muitas folhas, raízes e rabanetes é pra gente que busca flacidez.
Nosso obeso cúpido também chamado repimpão ,   já passadas duas horas do farto almoço sentiu então uma estranha corrente dialética que nascida da barriga e ia dar-se no cérebro.
O cérebro então ordena   para todo o aparelho  digestivo - você está todo se esvaziando, procure uma coisa de mastigar, na geladeira é o ponto mais próximo. Lá é que se guardam aqueles doces, tortas e outros acepipes.
O sujeito com o  estômago aos roncos   vai e abre a geladeira.  –Hum!  pouco o que de comer. Vai este copo de leite - glute, glute.
 –Tenho que fazer compras, vou ao supermercado. No hall do super o sujeito da cúpida obesidade pega o carrinho de compras e começa as vias do prazer
 -Carnes! Esta não, não, ela é muito branca e pouco suculenta. Esta outra serve. Está vermelhinha e saborosa. Vai dar aquela combinação com muito molho e batata frita. Vão  doces, chocolates e muito queijo.
-Macarrão! Onde ficam as massas? Tão ali. Três pacotes. Que deliciosa macarronada! Faltam as pizzas. Estão do lado das massas. Umas seis tamanho gigante.
–Hum!   tô sentindo a boca salivar. É fome.  Onde fica a padaria? Tá logo aqui depois das cocas.
- E assim já aproveito e coloco uns refrigerantes.
 – Hum! Com uma pizza a três queijos e bacon, que delícia!
Na padaria o sujeito completa as compras. São mozarela , pães de queijo, presunto, pão mandi, torta de chocolate e roscas carameladas.
-Vou pra fila do caixa, pensa nosso persona acessório.  Qual está mais vazia? –Esta, ali, são dois na minha frente.
A fila está indo bem, os dois consumidores à frente têm poucas compras, uns quinze itens em cada compra.
Cérebro ordena ao estômago . – Você está vazio, coma alguma coisa!
-Hum que fome. O sujeito não se vexa e não hesita. Ele saca em meio à carga uma coca 600 ml e glute, glute, glute. Todos os circunstantes tem olhares críticos e curiosos.
Cérebro para estômago:  -Isto não basta, eu preciso de mais substância! O sujeito saca o embrulho da padaria. - Vai este, um pão mandi com recheio de presunto e mortadela. Na fila mesmo do caixa do supermercado o sujeito atende aos cúpidos apelos do cérebro e estômago e devora sofrega e famelicamente aquela coca, seguida de abocanhadas naquele sanduiche improvisado.
 Nosso sujeito ex-bariátrico e repimpão está impaciente. Ele paga a conta das compras no caixa com cartão de crédito.  O cérebro já está a combinar com estômago ; -   no carro nós completamos este pré-lanche com mais coca e pão à mortadela. E assim nosso cúpido obeso seguiu com as compras já de olho gordo na próxima refeição.     mario/2015


João Joaquim - médico - articulista DM -joaomedicina.ufg@gmail.com - www.jjoaquim.blogspot.com  

MEDICINA...E...

AVANÇOS E DESAFIOS DA MEDICINA
 João Joaquim


Eu costumo falar para muitos amigos e pacientes que a Medicina hoje encontra-se num estágio de desenvolvimento que dá para escolher por exemplo do que se quer morrer. Ou ficaria melhor a afirmação do que não se quer morrer. Se passar desta para a outra já não é agradável, tem umas formas muito mais sofríveis .  Os avanços conquistados nas Ciências de saúde nos últimos 50 anos é muito maior do que os conhecimentos  nos dois  mil anos anteriores. Não é pouca coisa . Vamos pontuar aqui alguns exemplos. A tuberculose pulmonar há 60 anos atrás tinha a mesma mortalidade da AIDS de hoje. Os primeiros antibióticos eficazes  contra o bacilo de Koch(tuberculose)  surgiram em fins de 1940/50. As doenças virais como varíola e sarampo dizimavam milhões de pessoas porque não havia vacinas. A varíola hoje nem existe mais, foi extinta. A poliomielite (paralisia infantil)em breve deverá ser abolida  da terra graças à eficácia das campanhas vacinais. As vacinas e os soros de imunização são uma das grandes conquistas da Medicina.
É evidente que a Medicina ainda enfrenta muitos desafios com os quais vem estabelecendo um combate inelutável. Como exemplos a AIDS, a malária em regiões endêmicas como a Amazônia e no continente Africano e a dengue que vem assolando o país inteiro.
A malária . Trata-se de um doença conhecida de milênios . Ela mostra-se explicável  a dificuldade em sua eliminação porque há  em sua gênese e perpetuação um mosquito vetor e transmissor, o anófele, que procria em águas de clima tropical. Caso por exemplo do norte do Brasil e África.
No que concerne à dengue eu já disse em outro artigo e repito que ela é fruto da precariedade ou falta de higiene das pessoas. Seja aqui no Brasil ou alhures. Ela resulta maciçamente  de falta de higiene pessoal e privada (particular). Bastaria que cada pessoa, cada família, cada empresa privada ou pública dessem uma destinação correta aos lixos produzidos e não haveria criadouros do mosquito aedes aegypti. Não tendo o vetor e  doentes para contaminá-lo ter-se-ia a extinção da doença, que vem molestando, tumultuando os já precários hospitais e postos de saúde  do SUS e matando centenas de pessoas. Trata-se de uma calamidade pública , mas com muita culpa  de gente sujismunda e porca com o lixo que se produz. Eu nunca vi falar de dengue na Suécia ou Cingapura. Lá não se joga um palito ou bituca de cigarro na rua. Aqui se joga tudo em vias públicas, até vergonha e honradez são jogadas fora . As pessoas perdem-nas e não acham mais . Que triste!
Se tem outra doença 100% evitável com método simples e eficaz , a camisinha de Vênus, se chama AIDS. Além de grátis pelo SUS, quando custa muito, não passa de R$ 1,00 o preço de um bom preservativo. A contaminação pelo HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST) é hoje mais uma daquelas idiotices que acomete o gênero humano. Numa transa ou relação sexual, na dúvida sobre o estado sorológico do parceiro(a),  é inconcebível que o indivíduo não use preservativo.  Se o sujeito não conhece (laboratorialmente ) o estado clínico do(a) parceiro(a) como se expõe a essa atitude de falta de higiene de um sexo de alto risco? Tal prática se mostra inconcebível para nós humanos que somos racionais e inteligentes .
É oportuno lembrar que nessa tragédia da pandemia do HIV e AIDS está subjacente outra tragédia de igual monta e impacto na saúde global, o consumo crescente das drogas lícitas e ilícitas. Entre as drogas lícitas temos desde as bebidas alcoólicas até aquelas compradas com receita médica ou no mercado clandestino. É o caso dos já populares lexotan, rivotril, citalopram, sertralina, sibutramina e outros tantos vendidos por aí . São substâncias de uso generalizado, sem critérios médicos no seu emprego e que se adquirem facilmente com a prescrição conivente de um médico bonzinho e amigo, ou nem precisa dessa ajudazinha porque se acha em muitas farmácias que vendem sem receita, ou mesmo se compra pela internet ou no camelódromo de cada esquina. Um deboche e escárnio das policias e das autoridades sanitárias .  Mas , com as leis complacentes que temos não se poderia esperar outra coisa. Somos campeões em automedicação e consumo de remédios sem receita médica.
Portanto, esse tem sido o principal mecanismo ou fórmula de perpetuação de tantas trágicas epidemias;  de muitas doenças contagiosas facilmente preveníveis. No rol dessas evitáveis doenças que causam milhares de morte no mundo inteiro temos as hepatites virais, a AIDS, o câncer de colo de útero pelo HPV e muitas outras bem conhecidas pela Medicina. Todas contraídas por falta de higiene e atitudes simples de biossegurança como sexo seguro, uso de água e sabão na lavagem de alimentos e mãos , preservativos etc.
No âmbito das doenças degenerativas e oncológicas(câncer) temos vários exemplos bem conhecidos e estudados pela Medicina para as quais o melhor remédio está na sua prevenção. Para fecho desta resenha vamos pinçar alguns tipos bem sabidos até pelas pessoas comuns e leigas em Medicina ( basta perguntar ao dr Google ) .
O câncer de pulmão em 95% dos casos tem como causa o tabagismo, seja ele ativo ou passivo. A nicotina é a principal causa de tumores de boca, vias aéreas superiores e sistema gênitourinário. O álcool é a principal causa de cirrose hepática, doença esta  mais maligna do que muitos tipos de câncer. Na área cardiovascular, as principais causas de infarto e derrames cerebrais são o fumo, a hipertensão arterial, o colesterol alto e o diabetes.
E por fim, cada vez mais existe uma clara associação entre ingestão excessiva de alimentos e sedentarismo com doenças metabólicas e degenerativas de alto impacto na qualidade e expectativa de vida das pessoas. Existe um clichê popular ,mas não menos verdadeiro que diz; comida tanto engorda quanto mata. Ou este outro: o peixe morre pela boca. Eu acrescento:  nós temos um cérebro muito  evoluído e morremos pela boca tanto quanto os peixes . Para isso as boas e apetitosas iscas estão sempre ali, nas gôndolas dos supermercados para nos fisgar como as carnes vermelhas contaminadas de hormônios e nitrosaminas( cancerígenas) , os queijos gordurosos, as massas, os doces, os refrigerantes, as cervejas , os frangos criados com anabolizantes etc .
Portanto, fica aqui esta sentença como conselho: a chamada Medicina baseada em evidências (científicas) tem plenas condições de mostrar a cada pessoa as chances ou riscos do que ela pode morrer ou deixar de fazê-lo se adotar as medidas profiláticas; medidas esta que são  simples e baratas ao alcance de todos. Por falar nisso eu vou continuar fazendo minhas caminhadas diárias e comendo o suficiente para viver. De preferência viver  bem e com saúde.  maio/2105


  João Joaquim médico 

MORTE DAS ARTES PLÁSTICAS

A MORTE DAS ARTES PLÁSTICAS

João Joaquim


 Hoje deu-me no coco (desculpe-me a gíria) de falar sobre criação. Aliás, conforme defendia o filósofo e teólogo Huberto Rhodden, este termo deveria ser grafado creação e não criação. Segundo ele, criação deveria ser aplicada à geração e produção de animais. Criação de boi, de cavalos, de mosquitos da dengue, de corruptos no  meio politico  etc. Creação, vem do latim “creatione”. Trata-se daquela habilidade ou dom na produção de qualquer arte no sentido concreto e abstrato .
Sabe-se que eu não sou dotado de confissões íntimas. Mas, esta eu vou expressá-la. Trata-se da inveja. Não aquela inveja vil, mesquinha, da felicidade ou posses e bens  do outro. Eu exalto aqui aquela inveja saudável e construtiva de se ter o mesmo ou semelhante talento desse ou aquele artista. Eu nem vou buscar exemplos tão longínquos como um Shakespeare ou Oscar Wilde. Quando eu leio por exemplos livros e crônicas do Bariani Ortêncio,  de Miguel Jorge ou Antenor Nascentes. Como que as palavras saem da pena desses notáveis escribas de forma tão fácil. Quando não são poesias puras se tornam textos  prosopoéticos, tal a beleza na concatenação das palavras. Desse talento nato e cultivado  eu tenho uma enorme inveja.
Quando lemos com interesse e silêncio um texto de Shakespeare ou uma poesia de Walt Whitman. Aqueles artistas quando fizeram aquelas creações só podiam estar atacados de algumas coisas sobrenaturais. E estas coisas sobrenaturais só poderiam ser chispas ou centelhas divinas. Segundo convicções de grandes pensadores a creação artística na acepção de beleza, harmonia e encantamento tem uma contribuição da mão de Deus. Vamos a um exemplo bem aqui do nosso Brasil, as obras barrocas de Aleijadinho( Antonio Francisco Lisboa). Quando contemplamos as esculturas disse admirável artista temos a sensação de que elas são cópias fieis dos personagens que representam, como os Profetas, o anjo Gabriel etc.
Esses personagem em escultura  só faltam falar. Então imagina se isto não nos convence de um toque paralelo da mão do criador divino. Pensar que esse genial artista chegou a essa proeza em artes plásticas ou sacras, numa época de poucos recursos técnicos e material e tendo muitas limitações físicas por uma doença que na época não tinha cura, a hanseníase. Como se sabe essa doença( antiga lepra ou morfeia) deixava sequelas mutilantes, porque à época não tinha tratamento, não existia antibióticos. O indivíduo ia perdendo os dedos das mãos . Além do que havia uma grande discriminação contra os  seus portadores, era muito estigmatizante.
 Uma face interessante quando falamos em arte é lembrar daquela dualidade desde a creação do universo, do embate bem versus mal .  Dizem as lendas que o demônio sempre tentou imitar as creações de Deus. E pensando bem, essas teses nos convencem, porque tem gente que está muito mais para uma criatura demoníaca do que de Deus. Imagina por exemplo um Hitler do nazifascismo, um Pol Pot do  khmer vervelho-Camboja, um Bin Laden da Al Qaeda , um terrorista do Isis . Não parecem criaturas de Deus. Tem todos a face do mal.
 No princípio era tudo um caos, uma escuridão, veio a luz. Deus fez a virtude, o diabo o vício. Fez-se o belo, surgiu o feio. Enfim se trava a eterna luta entre o bem e o mal. Entre a beleza e a feiúra.  Esse conflito só se resolverá no juízo final através do Armagedon conforme refere o apocalipse 16:14-16.
Referem as lendas culturais e religiosas que Lúcifer, o anjo decaído ou demônio, sempre tentou imitar a Deus em suas obras da natureza e da humanidade. Na área do esporte por exemplo. Os jogos olímpicos de atletismo, de corridas e tantos outros de demonstração de habilidade e inteligência seriam de inspiração divina. E então eis que o diabo tomado de inveja resolveu exibir a sua arte. Assim surgiram as chamadas artes marciais (vem de marte deus da guerra ou do fogo). Dentre essas temos hoje, em moda, o MMA e as modalidades de boxe (pugilismo). Pensando bem não pode mesmo ser uma creação de Deus. Dois brigões entram num octógono e trocam socos e sopapos. O tempo todo se esmurrando . É sempre hematomas e  ferimentos para todo lado. As consequências são muito  graves, lesões neurológicas, demência precoce, mal de Parkinson ou doença de Alzheimer, quando não há  coma aguda e morte. Ou seja são obras muito mais diabólicas do que divinas.
Torno ao tema central que é creação ou arte no sentido de beleza, harmonia e estética. Eu confesso que ando cético e pessimista com muitas formas de expressões artísticas com o surgimento da internet. Eu penso que dificilmente surgirão outros Di Cavalcantis, Portinaris, Picasso e Salvadores Dali. Eles estão condenados à extinção, se continuar a tendência de abolir o uso do papel e da caneta. O livro se tornou e-book, caderno, notebook, caneta será trocada por toques digitais no ipad ou tablet.
As crianças antes de irem para a escola já estão recebendo e aprendendo a manusear os coloridos e mágicos instrumentos virtuais. Tudo prontinho e atrativo ao simples toque dos dedinhos. Os pequenos estão sendo adestrados a não pensarem. E para quê. Dá trabalho. A internet já traz tudo pensado e criado, ainda que quase tudo fútil e deseducativo.  As gerações virtuais, crianças e adolescentes de hoje, já estão tendo alguns  distúrbios graves em leitura e na escrita. Em neurologia e psicologia é o que se chama agrafismo ou disgrafismo, e dislexia. Ou seja dificuldade na arte de escrita e de se expressar.
Nas artes plásticas por exemplo onde a pessoa cria elementos visuais e táteis, com linhas e cores, sensação de profundidade e percepção tridimensional. Como se constrói uma obra de arte desta natureza? Na base de tinta, de uma tela, de um cinzel, de um pincel. Enfim pintando e escrevendo. Pergunta simples e capital:  como que a criança vai manifestar tais habilidades inatas e vocação natural  na tela de um Ipad ou tablet?  Impossível. E eu estou encabulado.  Será que os artistas plásticos estão condenados à extinção ?  Pode ser a morte das artes plásticas,  quão triste essa tendência !

maio/2015

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...