quinta-feira, 30 de julho de 2015

CRIANÇA NÃO , CACHORRO SIM

TROCA-SE UMA CRIANÇA OU IDOSO POR UM CACHORRO
João Joaquim


 O nosso antes operoso e acreditável IBGE soltou estes dias um censo zoográfico de cães e gatos. Ou seja uma estatística sobre a população doméstica desses bichos. Não são poucos animais! Vamos às críticas observacionais. Em primeiro lugar, os dados são de 2013, por isso desatualizada. Em segundo lugar, estatística não é matemática, porque é sempre furada e imprecisa. Em terceiro lugar, os dados compilados se referem a animais domiciliares. Isto é; não são catalogados os bichos de ruas e mesmo aqueles arredios e semisselvagens; por essa análise vejam o quanto falhos são esses números. Mas, infere-se pela prática e convivência com esses pets que são milhões e milhões de canídeos e felinos a povoar o nosso planeta.
Antes de outros comentários vamos a algumas informações estatísticas , a pesquisa nacional de saúde-PNS (órgão do IBGE) revelou que mais de 24% dos animais não tinham sido vacinados nos últimos 12 meses; contra raiva por exemplo, uma doença incurável para os bichos e humanos. Ou seja, que ironia e bestialidade com os bichos e consigo mesmo, os donos de animais de estimação ( que estima é esta ?) sequer preocupam com a própria saúde. Os animais podem contrair doenças e passar aos criadores dos próprios bichos intitulados de estimação ( imagina se não fosse).
 Em 44,38% dos domicílios havia pelo menos um cão. Gatos, em 17,7% dos lares. Ao todo 28,9 milhões de cachorros e 11,5 milhões de gatos.
A pesquisa nacional por amostra de domicílios-PNAD (IBGE) revelou um dado curioso. Há mais bichos do que crianças. Esta supremacia dos animais não é exclusividade do Brasil. No Japão por exemplo, existe mais cachorros do que meninos. Lá tem sido fechadas maternidades, creches e escolas; e inaugurados muitos pet shops. Dá menos despesa e trabalho a criação dos irracionais. Faz sentido, porque educar um filho nos padrões coreanos ou nipônicos se torna muito oneroso. No Brasil isto não é muito levado em conta, porque Educação é coisa secundária . Os dados cachorrais e de crianças no Brasil ficaram assim: de cada 100 famílias 44(44%) criam cães, enquanto apenas 36(36%) tem crianças (filhos). Isto é; preferem-se mais bichos que filhos.
Vamos buscar os primórdios sociológicos, em especial no restrito aos cães, sua domesticação e suas relação com os humanos. De muitos sabido, os nossos cães de hoje têm origem em seus ancestrais selvagens carnívoros como as raposas, os lobos, os cães-selvagens e muitas outras subespécies do gênero. No meio selvagem, ele(cão),  sempre foi um exímio predador , caçador audaz e inteligente, talvez superado apenas pelos felinos.
O interesse original do homem em sua domesticação foi justamente para explorar essa  habilidade animal  na caça, pelo sucesso na perseguição e abate da presa. Um recurso que ainda é muito empregado até hoje em países e regiões onde a caça é permitida. Há cães que são  treinados especificamente na caça de certos animais. Como exemplos os cães perdigueiros (perdizes), os paqueiros (paca) e onceiros (onça).
Dada a característica territorial do animal, os canídeos também são empregados como sentinelas, vigias e guardas das pessoas , imóveis e bens. Os animais podem ser treinados também para outras funções  as mais nobres e diferenciadas como guarda pessoal, ação policial na busca e apreensão de criminosos, farejamento de vítimas soterradas e identificação de drogas escondidas em bagagens de viagens.
A relação de amizade e fidelidade homem/bicho foi se estabelecendo de tal forma que surgiram os efeitos colaterais  e as consequências nocivas, inúteis e prejudiciais na vida social e na saúde humana resultantes dessa convivência muito próxima e íntima com os chamados pets. Vamos considerar as finalidades da domesticação dos cães: ser um aliado na caça, um guarda de propriedade, um vigia doméstico, um cão policial. Perguntamos a todas as pessoas que vivem em condomínios, em apertados apartamentos, nos caóticos trânsitos urbanos: qual a finalidade de se ter um animal preso nesses ambientes? Ambientes totalmente contrários à natureza e liberdade desses animais? A vida de milhares de cães confinados e presos nessas residências urbanas é mais demonstração da alienação, da neurose e da idiotice que tomaram conta do agora “homo urbanus”. Quanto melhor se tivéssemos permanecido sapiens, sapiens! 
Aqueles que gostam de bichos dentro de casa, em gaiolas, presos em cubículos ou coleiras, restritos nos “apertamentos”  podem até me soltar os seus cachorros. Nós humanos ainda temos o direito(julgamos nessa prerrogativa) de segregá-los e fazê-los presidiários, e eu respeito  a todos com o meu inarredável  direito de expressar o que penso.  Mas, finalizo afirmando que há pessoas com atitudes tão promíscuas e insensatas com os chamados animais de estimação  que elas(pessoas humanas) beijam os bichos, dormem com eles, cheiram a xixi e cocô dos bichos ;e o que é mais melancólico e insensato: costumam, na posse dos pets,  negligenciar, terceirizar ou renunciar  à correta educação dos filhos ou serem omissas e ausentes no carinho e cuidados com pais e avós, muitas vezes doentes e debilitados . Que insensato e melancólico -  Junho/15.
João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com -

MÃE TERRA.. SOS

TERRA ,UM  ORGANISMO VIVO E PULMONADO
João Joaquim


 Vivendo, viajando, observando e aprendendo. Tudo no gerúndio. Aliás, como se abusam dessa forma nominal dos verbos em nossos  tempos vasqueiros de cultura . Liga-se para uma empresa qualquer e vem logo aquela resposta que causa uma certa arrelia nos ouvidos mais escolados: vou estar encaminhando seu pedido ou sua  ligação  para a sessão tal. Às vezes, o cliente  ligante responde, então tá, vou estar esperando. Mas, tem momento e contexto em que o gerúndio cai até bem. E assim começo esta matéria com quatro  gerúndios. Vivendo , viajando ....
 Uma semana dessas bem fria estive em um dos hotéis da Pousada do Rio Quente-Go, onde aliás de quente só havia a água e o preço das coisas. Queria entender o porquê das mercadorias  ali terem custos tão exorbitantes. Isto porque a atração maior  e principal entretenimento são as águas termais. Um presente da natureza que jorra em abundância sem nenhum gasto adicional. Extrativismo natural em cascata de forma graciosa. Mas, deixemos essa exploração ou especulação (espoliação) de nossas fontes hidrotermais e das pessoas, à parte, e falemos de outros legados daquele mimo  da natureza.
Antes disso uma observação: e esta constatação  eu não consigo entender o arrazoado da questão de não se vender revistas e jornais em Rio Quente. Eu até hoje ainda não consegui me adaptar a todas as ferramentas da modernidade: nem aos instrumentos das plataformas digitais. Telefone móvel por exemplo. Eu só uso celular como telefone, aquele recurso inventado por Graham  Bell  de falar com alguém a distância. Smartphone, iPhone; não sei nem usar. Tablet e iPad, não fazem parte de meu sonho de consumo. Não sei se isto é bom ou ruim. Para mim não fede nem cheira porquanto não me fazem a menor falta tais objetos de informática. Além do que o dólar e os combustíveis continuam em alta de mesmo jeito.
 Em face então dessas minhas características, assim que tomei o café da manhã no hotel( um deles,  da Pousada Rio Quente)  me dirigi á recepção em busca de um jornal para ler, como o faço de hábito. Não havia jornal, nem para funcionários, nem para os hóspedes. E mais, nos outros hotéis daquele resort não existe nenhuma revistaria ou venda de jornais. Indaguei então de um funcionário onde poderia comprar um noticiário . Ao que ele me respondeu ser possível encontrar  tal raridade na própria cidade de Rio Quente. Para encurtar o fato: perambulei por todo o comércio central daquela turística aglomeração urbana e necas de algum noticiário impresso. Moral dessa história: parece que nos hotéis da Pousada do Rio Quente são proibidos jornais impressos. Não se pode ler notícias enquanto ali hospedado. Mas, há outra hipótese.  É possível que os gestores daquele paradisíaco ecoturismo e hotelaria tenham já abolida a imprensa impressa em papel . Será ? Seria um má notícia.

 Tudo o mais naquelas hospedagens padrão 4 ou 5 estrelas é puro regalo, prazer e felicidade. Inclusive a contemplação das estrelas à noite.  Para os ainda não sapientes,  informo que aquelas águas, naturalmente aquecidas, são de origem vulcânica. Seriam como lavas hídricas. Acredito, como médico e paciente,  em suas propriedades medicinais. Além do que é a melhor forma de hidroterapia. Têm-se por exemplo temperaturas variadas e as massagens musculares nas cascatas naturais. O efeito é muito reconfortante. Melhoram-se o sono e os apetites . Ao que parece existe um efeito sildenafílico ( potência e libido) , resultado provável de uma vasodilatação sistêmica e dos órgãos genitais.  
Sobre os elementos Terra, Água e o Ar. Eu penso e tenho a mesma convicção de Leonardo Boff (teólogo e escritor) de que a terra é um organismo vivo. Ela tem metabolismo, respiração e um coração que pulsa. Ao banhar desta vez naquelas águas termais eu pude ter esta certeza. Por exemplo, nas piscinas naturais, onde os fundos das águas não foram concretados e revestidos com cerâmica.   Naquele manancial eu me pus a contemplar a respiração da terra. Dá para sentir e ver este órgão vital de nosso planeta.   Para tanto basta ficar em silêncio, ver e ouvir as bolhas e  o murmúrio de ar que brotam do fundo daquelas águas. São os ciclos respiratórios da inspiração e expiração de nosso planeta, um organismo vivo e pulmonado. Pena que a cobiça, a especulação e a ambição do homem estão envenenando esses tesouros da natureza. A terra pede socorro, e se nada for feito de prevenção morreremos com ela intoxicados de gás carbônico (CO2) e outros elemento tóxicos.
Que risco e que pena! Junho/2015  

   
João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com

UM CARETA

UM CARETA E  DESADAPTADO DOS TEMPOS MODERNOS 

  João Joaquim

 Eu confesso que sou um desadaptado para certas realidades desse mundo moderno. Se bem que a ideia de modernidade é algo relativo. Um conceito parecido com o tempo que para o nosso glorioso Albert Einstein é uma ilusão. Modernidade e antiguidade ou tradição nos remetem à noção de idade, de novo e velho; enfim ao conceito de tempo. Dentro dessa definição de moderno e tradicional, vamos ao seguinte conceito: moderno é aquilo que é melhor para mim, ou esta:  é aquilo que mais me traz realização e felicidade. Pronto. Aqui esbarramos num ponto relativo e conflituoso do que seja novo e velho. Mas, deixemos de filosofar e sejamos mais objetivo e prático .
 Vamos pinçar um exemplo  ainda de bom grado a algumas  pessoas, inclusive a mim mesmo, qual seja, o hábito da leitura. O que agrada a imensa maioria dos adolescentes e jovens de nossa era digital quanto ao gesto de ler. ? Proceder à leitura nas plataformas digitais, notebook,  tablet,  iPad. Todavia, para mim e alguns outros aficionados ao livro a melhor opção ou meio de ler um bom texto ainda é o formado físico impresso. Ler um livro em papel me traz uma enorme satisfação e felicidade. Eu não trocaria o moderno do adolescente dos tempos virtuais, pelo tradicional. O jovem de hoje prefere  o livro eletrônico (e-book). Eu ainda vou mais pelo mesmo conteúdo encadernado, ou em brochura,  e, às vezes, até cheiroso com uma agradável textura ao tato e manuseio.
Nessas premissas exordiais em falei do moderno e do antigo e puxei o livro como exemplo. Iniciei com o particípio desadaptado e continuo com minha desadaptação a certas coisas (coisa, palavra coringa) desses tempos digitais e da informática. O meu word office já grifou meu texto me alertando que desadaptação não existe. Não mudo o verbete porque não estou nem aqui ou aí para rigor léxico ou ortográfico. Se no Aurélio ou Houaiss não existe , no meu há e fica assim consignado, desadaptação, desadaptado. Ou seja não ajustamento, não conformado.
Outro setor que me faz sentir meio careta ou desantenado se refere às diversões ou entretenimento. Eu pego as opções de música, sejam na forma gravada com um dj ou mais comumente ao vivo com uma banda ou um vocalista a sós(solo).
A primeira desadaptação que tenho é com a vibração sonora (altura). Muitas vezes somos convidados para uma confraternização, uma tertúlia, um encontro de colegas ou familiares. Iniciada a parte que deveria ser acessória, um fundo musical, não se pode mais falar. Ninguém ouve nada. São sons tão altos que aliás extrapolam em muito os limites recomendados como fisiológicos aos ouvidos humanos. São 150, 200 decibeis. A muitas pessoas tal exagero sonoro causa desconforto e dor nos tímpanos e terminações nervosas no ouvido interno.
Outra questão também a que não me adapto se refere ao estilo das músicas, suas letras e melodias. Em tempo, é de bom alvitre que se lembre a origem da palavra música. O termo vem de musa. Eram nove as musas, deusas das artes. Fico eu aqui a pensar com meus botões , o que deve sentir a musa Euterpe ligada às melodias, à criação artística musical (sic) nos tempos modernos. Certamente com algumas canções e estilos que temos hoje ela deve portar algum EPA , equipamento proteção auditiva, porque são letras e estilos de deixar até as deusas surdas.
Muita vez temos como convidados de uma festa pessoas na sua maioria acima de 40, 50 ,60 anos. Nesse cenário e para esses convivas são apresentados músicas tipo pagode, rock moderno ou funk; ou seja, em absoluto descompasso com o público presente.
Este exemplo da desarmonia e da disfonia( dismusia) entre a platéia e as músicas apresentadas ocorreu comigo. Fui convidado para uma festa de encontro com meus pares( médicos).  Seria um bate-papo despretensioso para falar de amenidades, umas trocas de figurinhas entre amigos. Tudo ia muito bem, festivo e com diálogos  até saudosistas.  Iniciada a cantoria, o que se tinham  era sons estridentes e músicas com letras nada poéticas, não se ouvia nada. Como ninguém dos convivas se comunicava por libras, muitos foram embora, inclusive o desadaptado que aqui vós fala. Nesse tipo de festa jamais.    Never more -   junho/15

 João Joaquim - médico - articulista DM - joaomedicina.ufg@gmail.com - www.jjoaquim.blogspot.com

ELIXIR DA ETERNA...

VENDE-SE O ELIXIR DA ETERNA JUVENTUDE

 João  Joaquim


 Todos temos observado o quanto as pessoas lutam para não parecer que estão envelhecendo. Cada vez mais , vemos muitos  procedimentos, e recursos, e terapias, e drogas, e cirurgias, e disfarces para não se mostrar velhas. Tudo para não mostrar a idade que têm! Na verdade vivemos uma epidemia neurótica pela busca da juventude eterna, do corpo turbinado, de glúteos e seios estufados, de lábios grossos artificialmente, de faces esticadas, de pálpebras plastificadas. As senhoras  não têm mais os cabelos encanecidos como as avós de idos tempos. Todas colorem as madeixas de loiro ou preto. Os homens não aceitam mais a calvície. Para isto inventaram os implantes capilares. E a moda pegou geral. E então pergunta-se, por que as pessoas não querem a idade que de fato têm? O que leva uma mulher, um homem a esconder a sua idade? Porquê de  buscar artifícios e modas como disfarce do próprio envelhecimento? Ora, vamos buscar alguma luz nos ensinamentos da antropologia, da sociologia, da psicanálise.
Desde que o mundo é mundo, de quando o gênero humano surgiu, se sabe que a existência de qualquer animal   tem o imutável ciclo nascimento-maturidade-velhice-morte. Este determinismo da existência humana é imutável, a que ninguém pode se furtar a uma aceitação tácita, pacífica e inelutável.
Nessa perspectiva da juventude eterna (desejo imanente) do ser humano é contributivo que busquemos outras definições. Por exemplo, entre outras  ideias, o que é a vida? O que é a morte? O que é o tempo (ou idade)?
Vejam meus leitores(as) o quanto pode parecer enganoso e pérfido definir tais estados. Uma pessoa mais afoita e pouco reflexiva se encarregaria de pronto em considerar fácil tal definição. Vida seria talvez (para essa pessoa) o conjunto de atividades ou propriedades de metabolismo, de crescimento, de reprodução, reação aos estímulos sensoriais formando então um organismo, um animal. Se considerar o animal  humano, ainda se acrescentariam os atributos de razão, pensamento, discernimento, dualidade física (corpo) e abstrata (alma). A princípio, um conceito que traz ótimas impressões, beleza e estética. Mas, ele é subjetivo, não um consenso dos que estudam e interpretam a vida.
E a ideia de morte? Num entendimento simplista seria a cessação de todas as atividades acima expressas sobre a vida. Para a Medicina por exemplo o conceito de morte, começa pela morte cerebral. Morte encefálica nada  mais é do que uma arreflexia absoluta e irreversível. Param todas as sensações:  térmica , tátil, dolorosa, auditiva, gustativa etc . O encéfalo como um todo não emite mais nenhuma onda de ação elétrica  neuronal (vista no eletroencefalograma).
E o tempo. Quem ousaria conceituá-lo de forma insofismável e convivente? Entre os cientistas de várias áreas ou filósofos existencialistas  cada um a seu tempo certamente emitiria uma ideia. Só para ficar com alguns exemplos. John Wheeler: o tempo é o jeito que a natureza encontrou para não deixar que tudo acontecesse de uma só  vez. Vejam, se não é belo este pensamento. Albert Einstein: a distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão! Observem que os dois divergem na definição da mesma coisa, o tempo. Há uma frase também da rádio relógio (RJ) que é bem criativa sobre o tempo: “cada segundo que passa é um milagre que jamais se repete”.
Eis então a questão capital ; o  que tem a ver  a neurose da eterna juventude com essas realidades:  vida, morte e tempo? Ao fim e ao cabo, nós humanos, temos a atitude do aceite, da acomodação ao que seja na íntegra esses fatos indissociáveis de nossa existência. De forma breve pensemos a idade de uma pessoa na dimensão de Deus. Assim pensado nossa idade ou toda existência biológica, neste planeta,  nada mais é do que um minúsculo capítulo  de toda existência pré e pós-mortem. É muito pequeno e insignificante pensar o ser humano como apenas uma dimensão biológica terrena.  A grande nobreza da condição humano está em sua estrutura biopsicossocial. Somos um ser refinadamente diferenciado por termos inteligência, razão, discernimento, livre-arbítrio e uma condição imortal , a Alma.  Não foi sem razão que Sócrates, forçado ao suicídio o fez de forma serena e escarnecendo de seus algozes. Nas palavras dele (Sócrates) os que o condenaram tremiam mais do que vara verde. E o grande filósofo e sábio  assim se comportou pela firme convicção na imortalidade da alma.
Enfim e no balanço  das ideias, a fobia, o medo, o preconceito social à velhice tem sido uma criação da hipermodernidade, das indústrias do consumo e da beleza, do mercado de toda forma de procedimentos estéticos e cirurgias plásticas. É a  venda de uma ilusão , a tentativa de burlar e ofuscar um fenômeno natural . O envelhecimento é tão natural e inevitável como o nascer, o crescer , a maturidade , a morte.
E toda essa busca ansiada e tão obsessiva pelo disfarce e ocultação das rugas, dos sinais de senilidade tem liame  forte com a publicidade. A mídia tem tudo a ver com esse mal que cada vez mais assola a humanidade. O inconformismo com a idade em todas as  fases da vida tem deixado as pessoas mais e mais infelizes. Falta a elas refletir mais sobre o que é a vida, a morte, o tempo!  Falta a elas pensar melhor com a alma  e sobre a alma. Que lindo e reconfortante seria!    
 João Joaquim  - médico e articulista do DM joaomedicina.ufg@gmail.com

ALUGEL DE MULHERES

ALUGAM-SE E  COMPRAM-SE MULHERES  
 João Joaquim


 Muito já se falou nesse mundo, continua a ser  falado, hão de falar por séculos e milênios  sobre o tráfico de pessoas. Acho dispensável falar por exemplo sobre o tráfico negreiro. Aquele negócio hediondo de que o Brasil foi o último a renunciar a fazê-lo em fins do século XIX. Isto pelo menos de forma oficial e no papel, quando se transportava os negros da África para outros continentes como se fosse uma boiada . Será que acabou mesmo a escravidão ?
 É oportuno questionar porque volta e meia somos surpreendidos com notícias de que  a compra e venda de gente ainda existe em muitos rincões e outros cantões onde o vento faz a curva ou o Judas perdeu as botas. Quem nos dão conta desse ainda ignóbil mercado, aqui no Brasil ,  são as delegacias regionais do trabalho(DRT) e o próprio ministério do trabalho. Uma vergonha ainda em pleno século XXI.  Quando será que tal crime  deixará de existir por aqui e pelo mundo? Mas, deixemos esse repulsivo tipo de comércio de humanos que parece sempre existir e falemos de um outro tipo de negócio que prevalece desde que o mundo é mundo.
Não estou a falar do mercado de crianças, nem  da venda de órgãos para transplantes, nem de pais e mães  em algumas plagas do globo que vendem os filhos a preço vil, por questões de cultura e de sobrevivência. Também não quero perder tempo a citar os casos de aliciamento de jovens por fanáticos e terroristas do Boko Haram( Nigéria , Niger)  ou do estado islâmico (isis). Meus caros leitores, eu estou querendo me referir ao tráfico de mulheres por pura opção, prazer e livre-arbítrio das próprias mulheres. Se esse tráfico ainda lhes passa despercebido eu quero exortar e esclarecer a todos o quanto ele agora mais do que antes se dá, às escâncaras, para todo mundo ouvir, ver e dele participar se assim o desejar. E olha que tem muita gente que deseja e participa.
Esse mercado de mulheres também não se refere àquele do mesmo gênero da época dos navios negreiros, quando as meninas, moças e mulheres eram também mercadorias de compra e venda por monarcas, ricos , nobres e proprietários de terras e engenhos de cana-de-açúcar. Eu quero falar mais estrita e seletivamente do mercado do corpo das mulheres. Do corpo como um todo ou partes dele. Um bumbum, um rosto, um par de coxas, um par de peitos, ou o aluguel , digo melhor, uma locação para o uso dessas mulheres. Pode ser por uma noite, uma estada em uma hospedagem qualquer, uma companhia para dormir, uma exibição em shows diversos , uma temporada em prostituição em países da Europa, em turismo sexual no Brasil  e coisas do gênero.
Como se dá essa compra e venda do corpo das mulheres? Em tudo, ou quase tudo na vida. Esse comércio ou indústria da mulher não se dá apenas nos shoppings e lojas de sexo e erotismo que existem em todas as cidades. Ele se faz em quase todas as utilidades e futilidades da vida social e comercial.
A questão se estabelece mais ou menos assim: tem uma indústria de escova de dentes e do creme dental, como se faz para vender mais. Simples, coloca uma mulher pelada e com ótimos dotes físicos fazendo uso do produto. Aí tanto a mulherada como os homens vão consumir mais aquele produto. As mulheres consumidoras vão comprar mais aquela marca porque querem parecer com aquela bonitona da estampa. Já os homens vão preferir mais aquela escova e aquele dentifrício, porque sentem mais revigorados na sua libido. Ou seja puro erotismo e sensualidade. No caso de marcas de pneu. O que tem a ver pneu de automóvel com corpo de mulher?  É o mesmo espírito da escova de dentes e dentifrício. Andar sobre dois ou quatro pneus que lembram uma mulher nua e bem siliconada traz a sensação de mais sucesso, mais energia e de mais performance seja na cama, mesa ou banho.
O que tem a ver produtos alimentícios com mulher de biquíni   ou em trajes sumários? A princípio parece que não há nenhum nexo ou sexo  nas relações. Mas, as fábricas de alimentos acharam uma proximidade muito grande. Se bem que em nossos gestos de comer, os publicitários dessas propagandas devem empregar um princípio metafórico ou metonímico. Bem, pode parecer meio obscura esta última frase. Seria aquela mútua troca de sentidos da parte pelo todo ou do conteúdo pelo continente. No caso de uma caixa de biscoitos de maisena por exemplo, se as bolachas não são lá muito apetitosas tem o consolo de uma nua e bela mulher no rótulo.
Agora se tem dois setores onde se empregam as imagens do corpo das mulheres em abundância  são a moda e os esportes em geral. Roupas e calçados. Haja o emprego de figuras femininas. Numa partida de futebol ,  pugilismo, UFC, MMA ou artes marciais, como se abusam das peladonas como atração para o público masculino. Porquanto no octógono, os lutadores parecem canibais. São socos , bofetões, coices de fazer inveja a qualquer asno ou cavalo. Pelas regras só não vale usar os dentes nem morder as orelhas do adversário. Como lenitivo para gladiadores e público têm as mulheres peladonas que desfilam nos intervalos dos rounds . Certamente a exibição dessas mulheres em poses e trajes muito eróticos vai aguçar ainda mais o apetite canibalesco dos contendores.  Vence a luta quem for mais canibal. Detalhe, o vencedor só não dá os chutes e socos mortais (de misericórdia ) porque nessa hora tem um mediador( que chamam de juiz, que ironia) e impede o massacre mortal do perdedor.
Nos shows artísticos e musicais os mais diversos abundam (sem trocadilho) as participações das mulheres seminuas. E aqui a figura feminina vale mais quanto mais atrativas forem sua intimidade (peitos, coxas, bumbuns) e sua dinâmica e gestos nas coreografias de apresentação (dança, rebolado, strip-tease ). E como arremate é oportuno e justo que realce que todo esse tráfico e negócio envolvendo a figura feminina se dá com a absoluta e o livre-arbítrio delas, mulheres, que têm nesse mercado um jeito fácil e livre de sobreviver e ganhar dinheiro. Não perdendo de consideração também que existem todo um engodo, um marketing e aliciamento de quem explora este negócio envolvendo as candidatas . São os caftens ou os rufiões  dos tempos modernos , que se passam por empresários de fachadas; mas no fundo mesmo são exploradores de mulheres. E isto não se dá apenas no Brasil , é um negócio do mundo. Só mesmo os humanos !   Maio/2014

quinta-feira, 16 de julho de 2015

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domingo, 31 de maio de 2015

DIÁLOGO DO CÉREBRO-ESTÔMAGO DE OBESO

DIALÉTICA NEURO-BARIÁTRICA
João Joaquim


 A história começa em domicílio e foi mais ou menos assim:  o sujeito acessório do enredo, tinha revertido sua cirurgia para obesidade, ele estava em casa e acabado de acordar de sua sesta. De particular ele se deleitava de seu peso mórbido. Deleitava-se?  Como assim? Poderia protestar algum endocrinologista. E já de súbito eu rechaço
- Deleite puro. Nós, magros ou macérrimos, é que padecemos de nossa magreza. Gordo além de não sofrer com fadiga e  suor  de malhação passa a vida na alegria e nos prazeres de comer sem restrição. Pensando nesse lado prazeroso e cheio de desejos não vou chamar nosso personagem de doentio ou mórbido, mas de obeso cúpido, aquele prenhe de fome e compulsões para as mais apetitosas comidas.
Assim pensando pensaria o nosso agente: não me venham com alface, tomate, pepino, rúculas e grãos integrais. Nesses pratos eu estou fora. Meu negócio é macarrão, lasanha, calabresa, fritas, carnes da boa e coca de um litro para cima.
 – Meu prato tem que ter sustança e muita massa para me manter no maior vigor e robustez. Esses pratos de muitas folhas, raízes e rabanetes é pra gente que busca flacidez.
Nosso obeso cúpido também chamado repimpão ,   já passadas duas horas do farto almoço sentiu então uma estranha corrente dialética que nascida da barriga e ia dar-se no cérebro.
O cérebro então ordena   para todo o aparelho  digestivo - você está todo se esvaziando, procure uma coisa de mastigar, na geladeira é o ponto mais próximo. Lá é que se guardam aqueles doces, tortas e outros acepipes.
O sujeito com o  estômago aos roncos   vai e abre a geladeira.  –Hum!  pouco o que de comer. Vai este copo de leite - glute, glute.
 –Tenho que fazer compras, vou ao supermercado. No hall do super o sujeito da cúpida obesidade pega o carrinho de compras e começa as vias do prazer
 -Carnes! Esta não, não, ela é muito branca e pouco suculenta. Esta outra serve. Está vermelhinha e saborosa. Vai dar aquela combinação com muito molho e batata frita. Vão  doces, chocolates e muito queijo.
-Macarrão! Onde ficam as massas? Tão ali. Três pacotes. Que deliciosa macarronada! Faltam as pizzas. Estão do lado das massas. Umas seis tamanho gigante.
–Hum!   tô sentindo a boca salivar. É fome.  Onde fica a padaria? Tá logo aqui depois das cocas.
- E assim já aproveito e coloco uns refrigerantes.
 – Hum! Com uma pizza a três queijos e bacon, que delícia!
Na padaria o sujeito completa as compras. São mozarela , pães de queijo, presunto, pão mandi, torta de chocolate e roscas carameladas.
-Vou pra fila do caixa, pensa nosso persona acessório.  Qual está mais vazia? –Esta, ali, são dois na minha frente.
A fila está indo bem, os dois consumidores à frente têm poucas compras, uns quinze itens em cada compra.
Cérebro ordena ao estômago . – Você está vazio, coma alguma coisa!
-Hum que fome. O sujeito não se vexa e não hesita. Ele saca em meio à carga uma coca 600 ml e glute, glute, glute. Todos os circunstantes tem olhares críticos e curiosos.
Cérebro para estômago:  -Isto não basta, eu preciso de mais substância! O sujeito saca o embrulho da padaria. - Vai este, um pão mandi com recheio de presunto e mortadela. Na fila mesmo do caixa do supermercado o sujeito atende aos cúpidos apelos do cérebro e estômago e devora sofrega e famelicamente aquela coca, seguida de abocanhadas naquele sanduiche improvisado.
 Nosso sujeito ex-bariátrico e repimpão está impaciente. Ele paga a conta das compras no caixa com cartão de crédito.  O cérebro já está a combinar com estômago ; -   no carro nós completamos este pré-lanche com mais coca e pão à mortadela. E assim nosso cúpido obeso seguiu com as compras já de olho gordo na próxima refeição.     mario/2015


João Joaquim - médico - articulista DM -joaomedicina.ufg@gmail.com - www.jjoaquim.blogspot.com  

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...