sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Os Troglos do Futebol

AULAS DE  ÉTICA, CIVILIDADE  E ALFABETIZAÇAO NOS CLUBES DE FUTEBOL
JOÃO JOAQUIM

Uma ação denotativa da mais pura cidadania, ética e generosidade é aquela de alguns representantes da classe patronal em oferecer aos seus empregados cursos de alfabetização e qualificação profissional.
 Indiscutivelmente  tratam-se de mentes lúcidas e de civilidade os patrões que tenham tal iniciativa. Eu qualifico como o mais digno legado que um pai pode deixar ao filho ou um governante ao governado: o suporte e incentivo à  formação escolar e qualificação técnico-profissional. Nenhum patrimônio ou herança supera em valor , dignificação e construção de um indivíduo do que permitir-lhe a aquisição de sabedoria, de escolarização e qualificação em qualquer  área de seu agrado.
No Brasil, temos tido notícias desses bons exemplos. Deixo de citar algumas empresas para não consignar como um marketing e não ser injusto com outras que o fazem a contento. Como empresas e indústrias estrangeiras eu já li  e menciono aqui suas estratégias e investimentos em educação de seus servidores e não é antiético nominá-las . É o caso da Toyota, da Honda e da Microssoft. Bill Gates, dono e presidente da microssoft, além de investimentos em qualificação e treinamento para os funcionários tem vários projetos, centros de ajuda humanitária e amparo a pessoas carentes. Por isso merece nossos louvores e admiração .
Feitas estas premissas de tão relevante matéria eu concentro minhas ideias numa atividade de que muitos brasileiros gostam, às vezes chegando às raias do irracional  e da paixão. Falo da relação dos clubes de futebol com o seu maior patrimônio, ou seja, a própria equipe de atletas. Os atletas de um clube é como o staff de funcionários de outra empresa, seu bem mais valioso.
Para melhor contextualizar o tema lembremos como se dá a formação do jogador de futebol. Em geral há as escolinhas para tal ou o próprio clube tem as chamadas categorias de base. Que admitem crianças de 10 anos a 12 anos.
É bom lembrar que o esporte futebol  tem um grande glamour ou atrativo porque de fato trata-se de uma elite profissional com salários milionários, com um assédio imenso de imprensa, empresários( alguns exploradores de forma antiética dos coantratados), patrocinadores e os aficionados (torcedores). Bem lembrado também que, esses atrativos se dão  nos clubes de 1ª  divisão, notadamente os da Europa. As equipes de séries B, C e D são tidas como os primos pobres e quase anônimos do esporte. Fica patente que para se atingir o ápice da carreira há uma verdadeira gincana olímpica, cuja triagem é muito difícil, lembra-me os 12 trabalhos de Hércules. Numa expressão popular a peneira é muito rigorosa.
  Torno à ideia central da alfabetização e qualificação profissional como preocupação de parte da classe patronal. Esta deveria ser uma das metas e investimentos dos dirigentes de clubes de futebol. Tal iniciativa é praticamente ausente nas federações  esportivas do Brasil. Há na mente e objetivos de nossos empresários e cartolas de esporte a preocupação apenas no aprimoramento físico e técnico dos atletas, desde as chamadas categorias de base, 10 anos, 15 anos, 18 anos. O aprimoramento escolar, intelectual e ético deveria ter lugar de destaque em qualquer modalidade de esporte. E não temos nada disso, na maioria dos clubes. As boas iniciativas são pontuais.
 Considerando o lado do atleta em formação. Muitos desses alunos das escolinhas de futebol ou treinados no próprio clube são oriundos de famílias de baixa renda. Mais que isto, são filhos de pais analfabetos ou pouco preocupados com a formação integral do filho, em matéria  ética e escolar. E então desse cenário podemos ter dois grupos, um minoritário, que pode ser alçado ao topo profissional, a depender sobretudo de inata habilidade individual e adequada preparação pelos treinadores. Um outro grupo que pode se subdividir em aqueles que comporão a maioria nos clubes sem expressão, e os que passados dos 20 ou 25 anos não conseguirão emprego em atividade tão concorrida. Muitos desses candidatos, se tiver um bom tino e bom juízo, podem até voltar a estudar e buscar outra carreia, mas não parece ser uma tendência desses excluídos de  tão almejada e rica carreira, a de jogador de futebol.
Agora como arremate, o que os clubes brasileiros podiam fazer com os seus atletas de ponta e de seleção seria promover-lhe aulas ao menos de um português básico, de comunicação, de ética, cidadania e civilidade. O que vemos de asnices, patacoadas, matutadas , batatadas e  abobrinhas nas entrevistas dos milionários entrevistados é uma grandeza. São atitudes e gestos mais de brucutus , de  botocudos, dos apenas operários da bola , calçados de chuteiras , vestidos do uniforme dos clubes que representam. Em geral sem  outras condutas de  cidadãos , com um mínimo de preparo ético , social e cultural. Muitos se mostram até brigões, agressivos e violentos nas competições, sendo péssimos exemplos para os seus fãs e torcedores.
Bom seria ensinar para nossos “atletas e ídolos” que ética e fair play devem ser práticas dentro e fora do campo. E não apenas gestos compulsórios motivados  por imprensa, vigiados por  20 ou mais câmeras instaladas nas arenas de competição. Quem sabe não se possa ser ensinado aos nossos craques um pouco mais de comunicação, regras elementares de Português e outros gestos que também os dignifiquem , além dos títulos conquistados em seus clubes e seleção.
 O que poderiam fazer os times de futebol  desde as categorias de base aos profissionais ?  Cursos , do fundamental ao segundo grau. Trata-se de investimento de baixo custo e com um resultado expressivo na dignificação e escolarização de nossos jogadores. Tal estratégia traria como retorno até uma melhor imagem de nossos dirigentes e do próprio país, quando as equipes ou seleção se apresentassem em torneios internacionais .   Set/2016

Banho Cerebral

LAVAGEM CEREBRAL NA POLÍTICA E NAS RELIGIÕES
João Joaquim  

Eu queria entender o mecanismo da chamada lavagem cerebral. Também chamada enganação, aliciamento, alienação,  persuasão ou convencimento. Tal mecanismo de forçar o outro a acreditar em algo mentiroso ou ilusório é praticado em diversos setores da vida brasileira. Mas é mais encontradiço na política, na religião, no comércio, nas profissões liberais, entre outras. Muitos dos estudiosos do assunto têm teorias diferentes. O certo é que ele está presente no comportamento e modo de agir das pessoas.
Vamos começar pelo cenário político. Tal fenômeno na vida brasileira me parece ser o suprassumo na arte da enganação. Essa referida supremacia se demonstra pelo número de eleitores que os candidatos fichas-sujas têm em suas eleições e reeleições. Bem frisada esta realidade, em época de reeleição. Porque imaginemos que uma pessoa é candidata, passa por uma campanha eleitoral, promete mundos e fundos, e tais e outros empreendimentos públicos. O sujeito consegue os votos para se eleger. Entretanto, além de nada cumprir das promessas, ele se envolve em comprovadas práticas de corrupção, improbidade administrativa e outras maquinações afins se valendo do cargo público e tráfico de influência. As cenas politicas têm se tornado um rosário desses tipos. Que o diga a agora Lei da Ficha-suja e a operação Lava-Jato. Só mesmo uma gigantesca lavanderia para lavar tamanhos jatos de corrupção.
Quando muito, esse gatuno das coisas públicas, denunciado à Justiça pelo Ministério Público , perde o resto do mandato e se candidata nas próximas eleições. Tal fato vem ocorrendo mesmo com a chamada Lei da Ficha-Suja( que chamam-na de Lei da Ficha Limpa) e operação Lava-jato. E então vem o fenômeno da tal lavagem cerebral; dos eleitores, bem entendido, que de novo votam e reelegem o corrupto. Pura lavagem cerebral. Veem-se lá nas páginas dos jornais, os tribunais de justiça exibem as provas das ilícitas e criminosas traficâncias do corrupto e mentiroso, mas os seus eleitores continuam firmes e fieis na sua recondução aos cargos públicos. O que é isso? Pura cegueira crítica  ou a popular lavagem cerebral, ou também chamada alienação crítica e intelectual.
Um outro grupo de pessoas propenso à lavagem cerebral refere-se aos consumidores. O mecanismo indutor está na propaganda. Aqui vai desde a compra de produtos ao de serviços de toda ordem. Aparece por exemplo na TV um produto apregoado como a quintessência para impotência sexual. Pronto, grande parte de homens e até mulheres sequer se preocupam com a origem de tal medicamento, se ele é fruto de pesquisa médica; enfim prevalece a eficácia do marketing. Um exemplo bem ilustrativo tivemo-lo recentemente com a polêmica pílula do câncer, a fosfoetanolamina. O uso disseminado de tal substância foi tamanho que várias ações mobilizaram o judiciário. Por fim, em nome da saúde pública, a justiça suspendeu a fabricação e comércio da droga, até serem feitos estudos e ensaios clínicos sobre o emprego de tal princípio químico no organismo humano. Mas, não  sobra dúvida que diante de tantas propagandas enganosas, ocorreu o clássico efeito da lavagem cerebral dos que acreditaram na cura miraculosa do fármaco propagado.
Por fim um campo que está repleto de clientes vítimas de lavagem cerebral é o das religiões. Esse cenário guarda muita semelhança com o mundo político. Os mecanismos de induzimento e aliciamento dos fiéis é o de sempre. Há em muitas seitas religiosas uma modalidade de escolarização, de doutrinação dos seguidores. É muito instigante os efeitos das estratégias empregadas. Os pastores e oradores de muitas dessas igrejas -neopentecostais e evangélicas- se valem dos mesmos artifícios dos antigos filósofos sofistas. É o princípio da exploração da sugestão e boa fé das pessoas.
No âmbito das relações familiares existe uma forma de atitude de um pai ou mãe que comete a chamada alienação parental. Nada mais é do que aquela mãe ou pai que se separa e inicia um processo de desqualificação do outro cônjuge, fazendo crer ao filho defeitos e pejorativos do genitor ausente, num puro fenômeno de lavagem cerebral da criança. Essa odiosa prática, é prevista no código penal, constitui crime.
Na Filosofia grega tivemos dois sofistas protagonistas na arte do convencimento ou lavagem cerebral. Protágoras (480-410 a.C) que afirmou ser o homem a medida de todas as coisas; e Górgias (485-380 a.C). Sofisma (a arte dos sofistas ) é considerado um sistema de argumentação precursor da advocacia. Um advogado, quando habilidoso na sua retórica é capaz de formular teses que convencem aos mais argutos juízes e jurados e inocentar os respectivos clientes e réus, mesmo diante de crimes horrendos.
Então temos aí três cenários bem característicos dos imperativos da lavagem cerebral, na política, no comércio e nas religiões. Para tanto bastam os discursos populistas e demagógicos, propagandas enganosas ,  sermões e pregações que prometem ingressos em muitas benesses, cotas em faculdade sem estudar e sem  preparo intelectual e até ingressos  no céu e no paraíso. São as populares jabuticabas de países terceiromundistas. O Brasil é um desses.    set/2016.  

Dementes

para OpiniãoOpinião
LAUDO DE UMA  SOCIEDADE MÓRBIDA E DEMENTE
João Joaquim  

Pare o mundo que eu quero descer/Por que eu não aguento mais noticias de/Corrupção, violência que não param de aumentar- Raul Seixas


Pelo que assistimos, ao que parece, estamos todos inseridos em uma sociedade doente da alma, doente da cabeça, doente de espírito, doente da razão, doente da ética e da moral. Não bastasse todas estas síndromes e morbidezes de atitudes, ações e comportamentos, temos um vasto campo de doenças do tecido orgânico de nossa nação , do físico , do estrutural  e do  infraestrutural .
 Isto quando referimos à anatomia geográfica de nosso país, porque quando temos em consideração a estrutura física e orgânica do homem, temos, nas classes menos favorecidas um rosário de doenças que as deixam combalidas e em estado de risco. Neste último cenário basta fazer uma revista nas filas do segurados do INSS e do SUS. Elas mais parecem filas de um teatro inacabado e do absurdo. O que faz nossa previdência social ( que deveria ser previdente e preventiva) ser tão improvisada e imprevidente, que deixa as pessoas tão desassistidas e improvidas de saúde ?
Quando analisamos as cenas, as tendências, a cultura, o comportamento e caráter de nossa sociedade nos últimos 30 anos, a idade de nossa democracia;  temos, se bem pensado e sem emotividade, a sensação de que as bestas do apocalipse estão prestes a cumprir suas profecias. Decididamente estamos imersos em uma sociedade mórbida, desqualificada e demente, tamanhos os desvios do padrão em todos os qualificativos de virtudes, de ética e de moralidade humana.
Sem mais rodeios, solilóquios ou volteios, vamos a algumas variações e sintomas de nossa enferma sociedade. Em nome da justiça de considerações, não se referem apenas ao Brasil. Em que pese nosso país ser como que um plano piloto para outras sociedades e outras organizações político-estatais.
Como primeiro exemplo, tomemos o fato de que quando a pessoa humana se vê fragilizada e vulnerável em sua dimensão física ou psíquica ela busca  alguma escora e reforço  a quem? Ela busca na  religião, que se consuma e concretiza em uma seita, uma igreja, local de celebração dessa fé e dessa concepção de Deus. Pergunta fundamental e contundente de quem busca apoio espiritual nas muitas religiões: qual igreja, qual o pastor, qual dirigente se interessa pela parte essencial e única de seus fieis e seguidores? Em termos mais sucintos, qual apóstolo, líder  religioso se preocupa apenas e unicamente pelo lado espiritual dessa pessoa frágil, pecaminosa e tão carente desse último apoio, a esperança da ajuda e socorro divino? Que cada leitor faça sua própria conclusão ; eu vou fazer a parte que me toca.  
A resposta a tal sensível pergunta é de desesperança e descrédito para quem tem uma visão crítica e desapaixonada em matéria mística ou de ajuda espiritual. E com um argumento isento e sem defesa desta e aqueloutra seita. Eu desafio a qualquer pessoa que entre em 10 igrejas diferentes. Considere aqui aquelas que professam o cristianismo, evangélicas, pentecostais, neopentecostais por exemplo .  Que tais visitas sejam via rádio, televisão, ou de forma presencial.
 Quantas dessas 10 estão falando essencialmente, da alma, do espírito, das emoções das pessoas? Quantas estão voltadas  exclusivamente para Deus? Noutras palavras, a maioria apregoam o que ? E já com resposta :   a maioria tem um parlamento de a Teologia da riqueza, a maioria  impõe o seu marketing de arrecadação de dízimos, ofertas e outras doações para aumento de patrimônio ;  e todo o engodo, a lavagem cerebral e outros métodos persuasivos;  até de venda de indulgências e compra de ingressos para o paraíso. Isto como apenas alguns  detalhes de muitas das religiões . 
No campo material temos que a sociedade tem se voltado maciçamente ao culto da posse e do status social. Nós nos tornamos  a era do ter e do ser. A aquisição de um bem pessoal, custe o que custar:  o crédito, a honra pessoal, o cadastro como inadimplente em todos os órgãos públicos ou privados. Não importa! O que interessa é estar na posse de todos os objetos e bens que o mercado de consumo padroniza como símbolos de poder ou de um status social diferenciado. 
Aliado ao padrão da posse (ter) veio o padrão do ser (status social). Todos querem  visibilidade no meio social e nas mídias virtuais. Para tanto não importa a intimidade, o recato, a honra. As redes sociais estão dominadas pelos que querem ser vistos. Para tanto, tais famosos fúteis se valem das mais baixas platitudes, frivolidades e sandices. São muitos os que não  são capazes de nada fazer além de suas vulgaridades. As mídias e redes sociais se tornaram uma horda de desocupados(as), idiotas e lerdos , que nada fazem do que navegar , navegar, naufragar e nada acrescentar ao seu cabedal como cidadãos que poderiam fazer  a diferença para si e para as pessoas ao seu redor, sejam parentes, aderentes ou coniventes.  
E assim tem sido nossa sociedade. Neurótica, abestalhada, mórbida e demente. De uma ponta a outra;  que se inicia na religião, na convivência, na cultura, na civilidade, e na política. Ixe! Esta não serve de base. Está sob julgamento , no ponto mais baixo de degradação mórbida. Nossa política  aguarda recuperação no manicômio judiciário, que podem chamá-lo de Congresso Nacional ou Supremo Tribunal Federal.  Quão merencório, quão vil e triste ver quem poderia nos trazer esperança, estar em estado tão mórbido e na UTI -  Se continuar assim, eu tomo de empréstimo o Raul Seixas que vaticinou “ Pare o mundo que eu quero descer”.     Setembro/2016.

Vilões Rio 2016

para OpiniãoOpinião
HERÓIS, MERCENÁRIOS E BANDIDOS DAS OLIMPÍADAS
João Joaquim

Quando buscamos os objetivos e todos os benefícios do esporte, damos conta de que são inúmeros os seus efeitos na construção da pessoa humana. Disso todos têm ciência não tratar de nenhuma novidade. Os filósofos socráticos e pós socráticos já exaltavam a ginástica como um método na educação e formação do indivíduo. Na história da Hélade (antiga Grécia) os helênicos cultuavam o preparo físico do indivíduo, dos soldados e guerreiros, como sua formação integral para a cidadania e para o enfrentamento de todos os desafios da vida e dos combates bélicos.
Nesse mesmo caudal de aprimoramento e perfeição veio o povo espartano. Tanto assim que o termo espartano, com a semântica, se tornou sinônimo de vigoroso, virtuoso e austero. Não é sem motivos que vêm da Grécia o berço e a origem das olimpíadas. A tradição e prática dessa quadrienal competição começaram em Olímpia (de Olimpo, Tessália, morada dos deuses), na Grécia. Com base assim nos conhecimentos filosóficos, no empirismo e na tradição, se tornou folclórico e cultural o quanto qualquer forma de atividade física é importante para a saúde global do organismo humano, em todas as suas dimensões, da mente e do emocional a todas as variáveis e constâncias fisiológicas e do físico propriamente dito.
 Hoje, se sabe, à luz das ciências, fisiologia e Medicina por exemplo, o quanto a prática regular de exercícios traz de melhora na qualidade e expectativa de vida. Assim evoluiu o esporte, tanta na esfera amadora, em um estilo saudável de vida, chegando por fim como uma atividade profissional.
Até início do século XX (1920,1930), toda atividade esportiva era praticamente amadora. Tanto assim que as olimpíadas tentaram manter tal tendência e princípios. Em suas primeiras décadas, a partir de 1896, de fato não tinham por exemplo as cobiçadas medalhas de ouro, prata e bronze na premiação dos três primeiros colocados nas competições. Quando muito os vencedores recebiam uma grinalda de louro ou coroa de flores pelo mérito do feito olímpico. E eles sentiam eternamente recompensados com referidas distinções honoríficas. Não havia recompensa em dinheiro. A natureza e o espírito das Olimpíadas( paz e amizade entre os povos) continuam de ser uma competição amadora, sem fins lucrativos. Mas, não reina esse comportamento no meio dos competidores. Muitos têm salários milionários, de federações e patrocínios. É a especulação do capital e do consumo.
Os anos foram passando e surgiu então a profissionalização de todos os esportes. O capitalismo e empresas passaram a ver em todas as modalidades de competição uma fonte de investimento, uma mola propulsora de suas marcas e produtos. Mais que isto, cada esporte criou sua organização regional e nacional.
Surgiram então as federações internacionais. A FIFA e o COI constituem exemplos de como o esporte foi comercializado e mercantilizado. São faturamentos de bilhões de dólares por ano. Negócios de invejar alguns PIBS de algumas nações pelo mundo a fora.
Com cifras tão vultosas e empreendimentos tão rentáveis e milionários era natural que traficâncias ilícitas e criminosas se infiltrassem em tão atraente e promissor mercado que se tornou o ramo esportivo. Foi uma pena ver, pari passu, tal prática e atitudes (de esporte) voltadas primitivamente para a educação e formação do indivíduo serem desviadas  para um mercado tão cobiçado e manchado por atuação de máfias, contravenção, subornos e corrupção. E quando se fala nessa horda de bandidos e mafiosos, o futebol é campeão de todos. Entraram em cena,  cartolas e empresários, envolvidos com o crime... organizado.  O Brasil lidera o ranking mundial. Já tivemos por aqui as chamadas máfias do apito (árbitros corruptos e corrompidos), manipulação de resultados em torneios estaduais e nacionais e outras ingerências do gênero.
 É triste e melancólico saber que o único país até agora penta no futebol ostente também o primeiro lugar no escore da desonestidade no esporte mais popular do planeta. Só como exemplos pontuais de nossa contribuição nesse horroroso descalabro: o atual presidente da CBF Sr. Del Nero é um fugitivo do FBI ( polícia federal americana);  o seu antecessor, Sr. José Maria Marin, encontra-se preso nos EEUU, cumpre pena naquele país com tornozeleira eletrônica em regime domiciliar. Isto sob pagamento de fiança milionária. Outro fugitivo, agora da justiça brasileira, o sr. Ricardo Teixeira. Este foi também presidente da CBF, quando juntamente com o ex sogro, ex todo poderoso presidente FIFA, já falecido, João Hawelange, receberam milhões de dólares em propinas, subornos e corrupção. Seu falecimento(16.08.2016) se deu na hora mais azarada, durante a Rio 2016; quando fizeram questão de nenhuma menção meritória de seu nome. Ele, que integrou também o COI.
Curioso de fatos tão escandalosos no Brasil é que o nosso comandante do futebol do Brasil, sr. Marco Polo Del Nero, se refugia e esconde do FBI e justiças suíça e americana justamente aqui, no Brasil e nos recintos nababescos da CBF.
Outra jabuticabinha nossa ,todos os medalhistas olímpicos da Rio 2016, receberam entre R$ 10 mil a 17 mil. Todos! menos os jogadores da seleção de futebol. Cada atleta ganhou um mimo de 500 mil reais (meio milhão). Houve até alguns apelos de jornalistas e redes sociais para que eles rateassem os prêmios com os outros colegas medalhistas das olimpíadas, os primos pobres do esporte. Nenhum sequer manifestou sua posição .  Pode até ser legal, o que é pouco provável porque o dinheiro veio da corrupta CBF. Agora, comparados  em relação aos outros atletas é no mínimo deselegante, desleal, indecoroso e imoral, isto para dizer o mínimo desses mais iguais do que os outros competidores. Só mesmo no Brasil.

Para Rio 2016

 O LEGADO E BELOS EXEMPLOS DOS ATLETAS PARALÍMPICOS

João Joaquim

Assistindo a algumas das competições paraolímpicas , a performance de cada atleta ante suas limitações físicas e funcionais, mais que isto, os seus feitos e proezas, a energia e entusiasmo em cada esporte, eu não pude conter. Senti mesmo uns repelões de emoção. Assim suponho ter ocorrido com outras pessoas de mesma sensibilidade, pelo encontro memorável dessa classe de pessoas. Eu os chamaria  de heroicos, de vencedores, todos os que ali se apresentaram, independentemente de receber medalhas. Quanto de lição eles nos deixam. Sempre! E imaginar o quanto eles são esquecidos; por governos, por federações, por patrocinadores, por empresas de mídia. Eles de fato não preenchem, aos olhos do capitalismo de consumo e das redes globais de televisão, nenhum feito estético que outros milionários intitulados heróis ostentam, carrões importados, iates, contratos de milhões e jatinhos da moda.
Mas, eu os aplaudo de pé, os saúdo, os rendo loas e condecorações por todas as mais belas lições de heroísmo que representam. Pelas lições que dão a tantos que gostam de viver como comensais, em sinecuras e prebendas, sejam esses mimos e benesses vindos de famílias, parentes ou mesmo do Estado. E temos muitos dessa casta em nosso meio.
Como referi em artigo anterior, a atividade física regular ou exercício na promoção da saúde  data de mais de 2000 anos. Era uma prática muito valorizada pelos gregos e romanos. A própria mitologia grega ou romana cita essa atividade no aprimoramento mental, moral e físico do indivíduo. Na descrição das divindades do olimpo (morada dos deuses) estão lá descritas as competições que haviam entre os seus membros; ou  mesmo os grandes feitos de alguns deles. Vale a pena ,por exemplo, ler os relatos dos doze trabalhos de Hércules, os feitos de Prometeu e o desafio enfrentado por Sísifo.
Quando buscamos todos esses heróis, monstros e gigantes descritos na mitologia, alguém menos atento ou distraído poderia refutar, pensando ou desdenhando, ah! mas, tudo ali é mito, mentiroso e sem valor!
 Então, por partes, com paciência e eu explico. A conclusão imediatista e irrefletida é que soa inverossímil. Basta lembrarmos que os mitos não foram redigidos e eternizados por algum fantasma, nem surgiram junto com o big bang ,nem por geração espontânea, com se acreditavam para as bactérias.
Ao certo, todas as narrativas míticas foram concebidas por mentes brilhantes, grandes sábios e avatares para o bem da humanidade. Todos são frutos de pensadores de pura racionalidade e enorme sensibilidade. Foram mensagens de absoluta contemplação, reflexão e a mais genuína generosidade para a humanidade. Em síntese, cada mito e seu personagem encerram uma alegoria, uma parábola e muito ensinamento para os humanos. São como muitas parábolas e alegorias das escrituras sagradas.
Como exemplos desses mitos e chaves de interpretação dos gregos basta ver a relação da tocha (ou pira) olímpica com o esporte e com a vida em si. O fogo da tocha simboliza o trabalho de Prometeu que rouba o fogo(conhecimento) aos deuses do olimpo e o entrega aos homens, tirando-os das trevas (da ignorância e escravidão). Este , sim, deve ser caracterizado como um símbolo heroico porque ao fazê-lo, Prometeu não exigiu nenhum troféu, nenhuma comenda ou medalha de ouro. Ele o fez por pura e absoluta generosidade com a humanidade; e assim deve ser a principal característica do heroi. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, enfrentou as leis tirânicas da Coroa portuguesa na época e deu seu pescoço à forca, não pensando em si, e nem poderia, mas, no bem do povo brasileiro; este , sim, um  exemplo de puro patriotismo e gesto heroico . Quanta diferença de nossos milionários herois de hoje, do futebol, da política, das telenovelas.
O mito da caverna de Platão. É o símbolo da sombra ou ignorância em que vivem muitas pessoas. Só com a saída dessa caverna é que essas pessoas, enganadas e manipuladas por líderes inescrupulosos poderão, lá fora, perceber o quanto belo e radiante é o sol (sabedoria e visão clara das coisas). Esse mito da caverna de Platão encerra uma mensagem atemporal, e como ele pode ser aplicado e visto no meio político de antes e de hoje. Quantos governantes e candidatos políticos tentam com os grilhões de promessas e mentiras manter as pessoas cegas e sem enxergar o brilho da realidade e das verdade à sua volta. Todos esses enganadores sem ética e sem escrúpulo representam os mensageiros que mantêm as pessoas ludibriadas e cegas para as verdades a que elas têm direito.
Enfim, exercícios físicos, as atividades esportivas, as olimpíadas em suas origens tiveram sempre os objetivos como parte na educação integral do gênero humano. O desígnio e princípios sempre foram em direção ao aprimoramento global do indivíduo. Entendamos o que é esse aperfeiçoamento de nosso organismo. Dois pontos cardinais. O primeiro, da saúde física como um todo; força muscular, ativação de reflexos, velocidade nos movimentos etc. Segundo ponto, fazer do esporte e das competições olímpicas um instrumento de integração das pessoas, de amizade, de generosidade, de solidariedade do atletas, de todas as competições. Esta é a mensagem, são esses princípios encampados e defendidos pelo COI, para com todos os atletas, de todos os esportes participantes.
Já inclinando ao arremate e direto ao ponto. Observe o nosso futebol dentro e fora das olimpíadas. Primeiro em relação aos torcedores, que mais parecem um bando de cães raivosos e porcos selvagens. São autênticos trogloditas e energúmenos que se agridem, se pegam e se matam. Segundo, do lado dos jogadores, broncos e vilões, que tudo fazem para ganhar no grito, com pontas-pés e outros gestos nada éticos e de nenhuma generosidade com os camaradas de esporte. Não contando que muitos se envolvem em negociatas, fraudes de contratos, sonegação fiscal e outras traficâncias nada decorosas.
A última excrecência de nossos olímpicos “desdourados”  do futebol foi essa história entre arrogante e nada solidária: cada jogador recebeu um cachê de R$ 500 mil pela medalha dourada. Os demais medalhistas receberam de R$ 10 mil a R$ 17 mil. Houve sugestões e apelos para que nossos craques da seleção de futebol  dividissem o dinheiro recebido com os outros vencedores, das outras competições pelo Brasil. Houve silêncio geral entre os membros da equipe de futebol. Ou seja, nossos milionários competidores de campo perderam o espírito olímpico. Que feio! Todos são incensados e içados à classe de heróis e modelos para nossas crianças e juventude. Pelo menos ao olhos das redes de televisão que os patrocinam e pelos patrocinadores , cartolas e empresários corruptos e corruptores do Futebol . Mais feito ainda.  Setembro/2016.   

Canalhas...

QUANTA OFENSA AOS ROMANOS E AOS CACHORROS

João Joaquim  

Quando o mundo inteiro e o Brasil viram as patéticas cenas dos senadores Lindbergh Farias(PT RJ) e Ronaldo Caiado( DEM GO) se injuriando mutuamente com os xingamentos de canalhas, canalhas, canalhas, certamente que muitas pessoas devem ter ficado escandalizadas com tais comportamentos. Mas, não os brasileiros que assistem no dia a dia as sessões de nossos parlamentares. Não! Definitivamente aqui em nossas terras brasis tais atitudes e diálogos já não pasmam as pessoas. Afinal, no parlamento temos um pouco de hospício , como o hospício também tem muito de  parlamento, e cá entre nós, com trocadilho, tudo para lamento a perder de vista  .
Tudo ocorreu na sessão do congresso nacional, no julgamento final do impeachment da presidente Dilma Rousseff, 31 de agosto de 2016. Esse ato da dantesca peça que foi o teatro do julgamento de impedimento  da 1a presidente(‘mulher’). Ops, ela gostava de ser chamada de presidenta  do Brasil. Todo o enredo teve a duração cabalística de 7 dias, que terminou num 31 (13 invertido) de agosto (mês de muitos maus agouros). Tal data e mês lembram-me até o trágico fim de outro presidente, Getúlio Vargas, em 24 agosto de 1954, ele suicidou-se.
Em outro ato, do mesmo teatro que foi esse impeachment,  muitas outras esquisitices:  platitudes, abobrinhas, um infindo rosário de dissimulações, mentiras e perfídias, atitudes nada republicanas, sandices  e  outras injúrias que  já vinham sendo permutadas entre os nominados juízes (senadores) de tão assistida solene sessão . O certo é que tudo parecia mais um teatro mambembe e de horrores de nossas casas legislativas, de onde emanam as leias que nos governam. Por isso o desgoverno em que andávamos e nossa grande nau na iminência de um naufrágio.
Renan Calheiros, senador presidente do senado, em um aparte anterior, em alto e bom som já tinha asseverado ao ministro presidente do julgamento, ministro Ricardo Lewandowski( emprestado do STF). Disse sua excelência, o senador Renan Calheiros( investigado na operação Lava-Jato): vossa excelência, referindo-se ao ministro Lewandowski, parece estar presidindo um hospício.
No fundo foi até risível assistir  àquela pantomímica sessão julgadora, nominada pelos próprios componentes de egrégia; coitadas das muitas igrejas;  de excelsa, coitado do Celso Furtado, de colenda; dá vontade de sair correndo. Porque rima mesmo é com horrendo.
 Assistir então a inaudita e burlesca sessão lembrou-me uma outra peça, obra literária,  do nosso magnânimo e eterno Machado de Assis com o seu conto O  Alienista, cujo protagonista é o insigne e impostor Dr. Simão Bacamarte. Médico de renomada formação em universidades de Lisboa, Pádua e Coimbra. Ele que  recusa convite do Rei de Portugal a cargo importante, na época, e vem se instalar em suas origens na vila de Itaguaí, Brasil.
Nessa vila do interior, Dr. Bacamarte se dedica às doenças psiquiátricas, cria um manicômio, a casa verde, e começa internar pessoas que ele considera dementes. Mas, não sem protestos da maioria das pessoas, que consideram ele próprio( Simão Bacamarte) o único alienado, como de fato se concluiu ao final do conto, na internação  do próprio alienista( uma auto-internação), no hospício que ele fundara . Um lance que muito assemelha com os nossos tempos se dá quando a câmara de vereadores de Itaguaí pede imunidade para os vereadores  e vota tal decreto em prol de seus membros, para que nenhum deles seja recolhido e tratado como demente na casa verde, do então afamado e respeitado cientista, Dr. Simão Bacamarte. Qualquer semelhança com algumas casas legislativas de nossos dias não é mera coincidência.
Senado vem de senatus, o alto conselho da antiga Roma, nada mais significava do que conselho dos mais velhos, de senex, senil, idoso. O papel ou função  dessa casa de leis naqueles tempos era formar uma espécie de tribunal composto de os mais sábios, idosos e experientes. Era ali no senáculo, local de suas reuniões, onde se tomavam as mais lúcidas, sábias e invioláveis decisões. Tratavam-se de uma câmara legislativa e um tribunal, sem inimigos, cujas leis eram promulgadas em prol de todos, do Estado e do bem comum. Não era uma reunião de inimigos raivosos e briguentos, de aloprados, nem de fugitivos de qualquer  hospício, nem da Justiça.
 Nosso congresso brasileiro, desses tenebrosos tempos de mensalão, petrolão e lava-jato,  mais parece uma casamata ou valhacouto, onde muitos acusados e indiciados pela Polícia Federal e Ministério Público , se homiziam das garras e dos alcances  das Leis.
Sem desmerecer muitos  canalhas de nosso congresso e senado( não são todos); o termo canalha vem do latim canalia, de canis, matilha de cachorros. Agora sintetizemos o sentido do verbete: os cães que sempre trabalham solidários e amigos entre eles. Que se tornaram os melhores amigos do homem. Logo eles que emprestam seu nome para atitudes, comportamentos e diálogos tão vis, tão infames, tão mesquinhos e nauseantes. Que ofensa aos bichos . 
Juntando os dois termos: senado romano e matilha de cães, o quanto de injúria aos antigos senadores de Roma, o quanto de ignomínia e falta de respeito  aos nossos cachorros amigos. Setembro/2016. 

BIRRO...

para OpiniãoOpinião
NEM BURO NEM BURRO E SIM  BIRROCRACIA

JOÃO JOAQUIM

Quando naquela 6º feira, 19 de Agosto, saí daquela repartição pública, não tive mais dúvidas. Não tive em relação ao título que o Brasil ostenta de o mais burocrático do mundo. Nisso somos campeoníssimos . E somos não porque temos uma administração a mais organizada, com a melhor logística e a melhor prestação de serviços aos cidadãos-clientes. Muito ao contrário.
No caso Brasil, eu, sem ser filólogo gostaria de fazer um reparo com o verbete. Na maioria dos léxicos e dicionários está lá consignado. Burocracia, origem francesa “bureaucratie”; administração dos bens públicos, via ministérios e secretarias, com normas rígidas e inflexíveis. Fosse eu filologista ou lexicógrafo daria outro nome a essa recalcitrância  e estultice que reinam nas repartições de governo e autarquias em geral. Eu proporia birrocracia. A explicação etimológica então seria birra (do latim, espanhol, birria) e cracia (do gr. Kracia). Ou seja, governo de birras ou dos birrentos.
Birra, como de todos sabido significa teimosia, obstinação, vício no mesmo ato, indefinidamente. Não me venham com o termo burrocracia( forma depreciativa), porque trata-se de uma referência injusta aos muares,  burro ou jumento. Na verdade é uma referência infamante a essa criatura asinina, tão somente pelo seu porte rígido e comportamento introspectivo, resistente e até filosófico. Só porque , se molestado, desfere algum coice ou empaca? Não faz sentido essa relação semântica .
 Quantos outros humanos há  por aí que cometem as maiores estupidezes e imbecilidades e as justificam por apenas seguirem normais e regras administrativas? Quantos? E eles não são chamados de nomes pejorativos.
Então, 6a  feira 19 (tão primo e impar quanto 13), de um mês de Agosto. Adentrei a repartição de um órgão de governo para protocolizar (protocolar) uma petição de um direito pessoal, como funcionário público que também  sou. Ali apresentei a ficha cadastral e todos as cópias e documentos originais como RG, CPF, endereço, título de eleitor etc. Por pouco não me pediram batistério, cartão SUS e carteira de filiação partidária (não tenho, sou apenas eleitor...obrigatório). Contento-me apenas em ser eleito cidadão honesto e probo, mesmo pobre.
Tudo então certinho e conferido, torno ao funcionário que me atendeu e indago.
- O senhor pode então emitir-me o comprovante e o número do protocolo?
- Não, respondeu-me o atendente, o senhor  agora terá que ir ao cartório para autenticação e reconhecimento  de assinaturas.
- Mas, como assim? O sr. me identificou da forma mais correta e ampla, com cópias e originais dos documentos listados, exigiu-me tantas cópias , sabe que sou eu aqui, de corpo e alma;  por que tenho que certificar no cartório que eu sou eu ?
- Concordo sim, mas são normas de governo e da repartição nossa.
- Continuo eu, na minha argumentação. O sr. trabalha neste órgão há quantos anos e foi admitido de que forma?
- Tenho 10 anos de casa e sou concursado, respondeu-me meio seco o funcionário .
- Por fim, arrematei meu infrutífero argumento:  com esse tempo de funcionário, deve gozar de confiança (fé pública); exigir que outro órgão abone ou autentique sua tarefa é no mínimo ilógico e injustificável. Poderia ser anotado que todas as cópias conferem com os originais, além do que eu assino o requerimento na sua presença.
Fui vencido; não tive outro argumento que não enfrentar uma fila no cartório, pagar mais umas taxas para ter meu interesse atendido.
É isso aí, temos além da saborosa fruta, outras jabuticabas, como essas de nossa birrocracia. Fatos exclusivos do Brasil.  Para fecho de birrocrática explicação que é essa crônica,  uma historinha de esperteza, que conto agora.
Motorista é pego sem carteira de habilitação; o guarda está prestes a lavrar a multa. O condutor inconformado pergunta ao guarda de  trânsito : o senhor  é o que?
 – incontinenti, o policial retruca, uai! (ele era mineiro) eu sou fiscal de trânsito, o senhor  não está vendo que estou uniformizado?
- Não vale, argumentou o motorista sem carteira(CNH).
O policial, olha nos bolsos , mas não tem sua identidade funcional( como homem da lei e do trânsito), apenas o RG e CPF.
- E então, conclui o motorista “infrator”, é a mesma coisa. Sou motorista, só não tenho comigo o documento, que esqueci, igualzinho ocorreu com o senhor  
O guarda convencido cancelou a multa.
 A outra historinha é a da mais nefasta e repilante birrocracia. O cidadão está cuidando do espólio da falecido pai e busca um serviço num órgão público. São apresentados todos os papeis exigidos. O último item exigido no protocolo é a certidão de óbito ( pai do autor da demanda). O requerente tinha em mãos o documento original da época, 5 anos da morte do pai. A resposta do atendente é que aquela certidão  não valia mais, dada a época de emissão, 5 anos.
 Conta-se que o filho requerente teve um colapso nervoso na hora. Era compreensível. Recuperado do desmaio, ele explicou mais calmo;  o pai poderia ter ressuscitado na avaliação do birrento funcionário público..., daí o choque emocional. São coisas do Brasil. Igual a Jabuticaba, só vinga aqui. Setembro/2016.  

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...