quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Um Sim.. falso

NADA MAIS FALSO DO QUE O SIM DO CASAMENTO
João Joaquim  

Nada mais falso para mim do que as juras e promessas na hora do sim do casamento. Não é nada exagerado quando se trata o contrato esponsalício com os rigores que ele merece. Em prol dessa assertiva basta uma consulta notarial e fazer uma leitura do quanto há de rescisão contratual, o popular divórcio,  dessa milenar celebração.
Se ainda assim o leitor não der por satisfeito que consulte as delegacias da mulher, as varas de família, as promotorias da mulher. Não sentiu ainda convencido? Fale com as pessoas casadas, com as descasadas, com aquelas que desistiram antecipadamente, com as que caíram fora em plena igreja, quando havia esse item na celebração.
Sim, porque com a chegada da modernidade líquida (leia Zigmunt Bauman), muitos conúbios dispensam até a cerimônia religiosa. Nos tempos modernos tudo se tornou menos burocrático e informal.
Há casais hoje que fazem uma inversão total daquele casamento tradicional e convencional. São os casos por exemplo da união estável, de um contrato extraoficial no cartório, de apenas um contrato de gaveta, de um trato informal com testemunhas. Há até o contrato de namoro, para não surgir outros deveres indenizatórios e vexatórios. Tem gente que se casa até por procuração e pela internet. Ou nada disso é necessário em algumas uniões a dois.
Nesses tempos de abundância nas liberdades coletivas e individuais, as relações também se tornaram mais fluidas. Fluidas e invertidas no tocante aos frutos das conjunções. Tem algum fruto que, às vezes, até frustra uma relação mais estável. Quer um exemplo? Os jovens mal se conhecem e começam a “ficar”. Desse ficar já partem para um contato mais extremado.
Incautos, porque muitos namoram sem as devidas camisas, a saber:  a torácica e a de vênus, por serem jovens, a menina engravida. Frente a enorme responsa, em geral o jovem não assume maritalmente a mãe do rebento. E não são poucos os casos dessa natureza. Abunda pelo Brasil o número de mães solteiras. Sem falar também, nesse contexto, de um outro fruto proibido que é o aborto. É além de perigoso um crime cominado no código penal. Muitos desses delitos são cometidos na surdina e na clandestinidade, por clínicas e magarefes que são cúmplices nessas práticas em desacordo com a bioética e com a lei.
São milhares de abortos de  forma clandestina, com alta taxa de mortalidade materna devida a terrível e temível infecção puerperal (septicemia). O que é matéria para outro artigo.
Retomo aqui as chamadas relações fluidas nesses tempos de liquidez digital. O curioso é que com tanta distensão comportamental, foram-se criando novos termos. Terminologia da era das novas tecnologias. União estável, casamento homoafetivo, adoção por homoafetivos, barriga de aluguel, fertilização in-vitro ou in-vivo , inseminação artificial, doação anônima de esperma. Se bem que nessa forma de inseminação há o grupo dos contra. Entre os quais eu me incluo. Por quê? A mulher classificada como mãe independente, não quer ter marido. O que se faz? Ela pode ser engravidada com um espermatozoide sem identificação do doador.
Agora imagina esse filho, dessa gravidez. E se um dia ele desejar saber quem é seu pai ?  Torna-se complicado e susceptível de graves danos à saúde afetiva e psíquica dessa pessoa concebida de um pai anônimo. Imagine a situação, a mulher loirinha, olhos azuis, engravida e nasce uma criança afrodescedente . Ou o contrário. Nada de algum ranço ou laivos de discriminação étnica. Levanta-se aqui a expectativa da própria mãe e familiares em suas adjacências. 
Tais desdobramentos e mostras são evidências da complexidade em que podem redundar e resultar muitas formas de união conjugal. Assim pensado pode-se cravar de forma retumbante o quanto de sofisma, insegurança e falsidade subsistem no juramento perante o altar, quando se vai ao altar, e perante o escrivão casamenteiro, quando os nubentes fazem tal opção do casamento civil. 
Em assim pensando é que venho de propor novas dicções e um novo protocolo para o casamento. Tal proposição tem razões de ser pelo ainda elevado número de casamentos na forma tradicional. A proposta é que no ato do sim haja algumas condicionantes de parte a parte. Por exemplo: Dele para Ela - prometo ser fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, contanto que minha amada fulana de tal,  continue me amando pela simples razão do amor, que ela cuide bem de seu corpo, mas também da mente e do intelecto, que use menos smartphones e redes sociais, que ela continue  falando comigo de viva presença e não pelos aplicativos, etc e tal. 
Aí vem as outras condicionantes de parte a parte . Como modelo de algumas condicionantes: Da mulher para o homem. Prometo amar fulano, etc, contanto que ele continue  gentil, solidário, zeloso com sua saúde e seu corpo, que tome banho ao menos duas vezes por dia, que escove os dentes para me beijar, que não me deixe sozinha para beber com os amigos, etc.

Pronto! Postas assim tais condicionantes, a chance de fracasso seria até minimizada em muitos e muitos casamentos. E ainda assim, nos casos useiros e vezeiros de separações, os desfechos esponsais seriam mais ordeiros e civilizados. Haveria mais coerência e humanização nas cerimônias de separação. Para ser mais exato e congruente, festas alegres e mais sorridentes poderiam ser realizadas nos momentos de despedidas. Seriam as festas divorciais. Tem que ser lembrado que muitas vezes na separação é que as pessoas têm a chance de se encontrarem de verdade, porque na prática e no casamento nunca se encontraram inteiramente. Simples assim e ponto final -   novembro/ 2108

Folgados

OS FOLGADOS E APROVEITADORES 

João Joaquim 


As relações humanas se revestem de muita complexidade. Esta frase que abre este artigo se encontra nas regras sociais defendidas por Immanuel Kant e por Arthur Schopenhaner. Tal afirmativa se torna muito verossímel e convincente porque, ninguém, absolutamente ninguém guarda identidade com o outro. Por isso o conceito de que cada pessoa é única, indivíduo, não divisível e todos somos diferentes.
Quando se fala de relações sociais, muitos  atributos e qualificações podem ser dadas às pessoas. E é justamente aqui que moram as dificuldades,  o  quanto podem ser complexas, complicadas e impossíveis as relações  entre pessoas parecidas ou muito diferentes. Há semelhanças entre as pessoas, igualdade jamais. Nem gêmeos univitelinos são iguais.  

Dentre as pessoas de nossas relações, têm-se aquelas a que somos ligados pelo fator genético, as populares parentas (es) e aquelas pessoas por laços de amizade ou profissional. Ou seja, as nossas relações se dão pela chamada consanguinidade, por união conjugal ou de amizade e profissional. Estudos neurocientíficos e psicológicos mostram que traços genéticos não são garantias de relações sociais harmônicas e saudáveis. E a prática e vivências mostram isso, trata-se de dedução empírica . Quantos e quantos irmãos que têm divergências fratricidas!
Há duas classificações (classes ou tipos) de pessoas ou gentes que são o mote deste artigo. Têm-se aqui em análise os indivíduos folgados e aproveitadores. Ainda não há estudos estatísticos da prevalência destas espécies de gente. O que se tem de certo e substancial é que elas existem em todos os meios de convivência.
 Muitas são as pessoas de bom caráter, probas e honestas que são obrigadas a aturar e  suportar tais indivíduos. Os folgados e aproveitadores podem ser aqueles que se estabeleceram por laços de “amizades”, podem ser pessoas colegas de trabalho e que compartilham afinidade profissional,  de forma autônoma ,e num mesmo condomínio ou empresa pública ou privada.
Todavia, os folgados ou aproveitadores mais nefastos são os próprios parentes. Aqueles ou aquelas que entram nessa categoria pela parentela de consanguinidade ou conjugal. Podem ser marido, esposa, namorado, namorada ou companheiros.  Cunhados(as), como eles existem .
Não importa. O folgado parente é aquele que para atingir os seus intentos, vai se aproximando do parente ou parenta vítima. Seja entre irmãos por exemplo. Ele se torna um importuno recalcitrante, sub-reptício e nocivo em suas investidas. Seja na obtenção de um favor laborativo,  na execução de alguma obrigação ou uso de algum bem da vítima. Mas, em geral o seu foco de subtração está na tomada de empréstimo de dinheiro. Dívida que, às vezes, nunca será quitada, ou quando o faz, o faz sem as devidas correções monetárias.
A pessoa da classe aproveitadora têm muitas das características do folgado. Em geral suas atitudes se revestem também de perfídia, de má-fé e muita dissimulação. Nesse sentido o aproveitador se passa por exemplo por vítima de uma situação de saúde, uma dificuldade financeira, uma  dificuldade familiar no sentido de despertar a compaixão alheia. Nessa circunstância de sensibilização da solidariedade alheia é que o aproveitador justifica sua natureza e qualificativos. Ele aproveita dessa compaixão alheia para obter os favores, préstimos e empréstimos pecuniários almejados. E outras prestações  e favores que nunca são ressarcidos, retribuídos na justa proporção do tomado inicial. Ele quer sempre levar vantagem em tudo.
Tais categorias de gente, os folgados e aproveitadores têm sido objeto de estudos, tanto da psicologia comportamental como das neurociências. Quando se estuda o cérebro e as sinapses nervosas desses indivíduos têm-se as explicações neuroquímicas desses comportamentos. Dois são os hormônios dos circuitos cerebrais desses indivíduos, a serotonina e a dopamina.
De tal sorte que sempre que um folgado obtém a satisfação de suas malévolas intenções o seu cérebro está banhado de serotonina, o hormônio neural da alegria e do prazer. Quando caem os níveis de serotonina aumentam as taxas de dopamina ; o hormônio da motivação, dos impulsos; é hora então  do folgado buscar a satisfação explorando  suas vítimas. É como num jogo ou luta do gato e rato.
O que se recomenda para não fazer o jogo ou não ser vítima de uma pessoa (ele ou ela) folgada e aproveitadora? Simplesmente com peremptórias e incisivas negativas às suas investidas. Que, repitam-se, na maioria são os membros parentais. Nesse sentido, de pronto e sem meias palavras deve-se sem condescendência ter como resposta um bem soletrado não. Não! Não e não. É o mesmo princípio dos limites impostos a um filho, a uma criança, sobretudo quando ela se rebela contra as ordens dos pais. Por que não ? Porque não e fim de conversa.   Novembro/2108

Esquisitices

PAREM O TREM QUE EU QUERO IR EMBORA
João Joaquim  

Pare o mundo que eu quero descer/porque eu não aguento mais notícias de/corrupção, violência que não param de aumentar/ e pensar que a poluição contaminou até as/ lágrimas e eu não consigo mais chorar-Raul Seixas.

Há mais de 30 anos o nosso roqueiro-mor, Raul  Seixas (1975-1989), cantava a música dos versos acima- “pare o mundo que eu quero descer-“
Fico a conjecturas se ele vivo fosse nos dias de hoje. Acredito que apesar de achar muito estranho e esquisito, certamente incluiria em suas canções alguma esperança e uma certa sensação de INjustiça quando comparado com o período em que ele viveu, notadamente, durante o regime quando ele fez grande sucesso.
 De fato quando se faz uma retrospectiva de 20 anos ou 30 anos atrás, significativas mudanças ocorreram, sobretudo no mundo político, não só no Brasil, mas em todo o planeta. Em que pese tantos avanços, ficam ainda muita incerteza e desconfiança, notadamente em algumas instituições de governo. De forma mais objetiva e explicita justamente nos três poderes. Quais sejam: o Executivo, o Legislativo (congresso nacional) e o Judiciário. Nos três poderes porque eles servem de referência e paradigma ou diretriz para todas as outras instituições e órgãos de governo, como por exemplo os estaduais, distrital e municipais.
Bem entendo também que o poder Executivo toca projetos em prol da sociedade, o congresso também implementa projetos, mas tem a missão precípua de criar leis, além de também ajudar o executivo e fiscalizá-lo; o  poder judiciário tem a função primordial de ser o fiscal ou guardião das leis e da constituição. Um dos postulados da constituição é que os três poderes são independentes e harmônicos entre si. Em se falando de Brasil, um país com altos índices de corrupção, começa então uma complicação quando se fala em independência dos poderes. Nesse sentido, analisando os poderes Executivo e Legislativo, parece mesmo que eles são harmônicos, sim. Mas independentes?
Não é o que nos revelam os acontecidos policiais e criminais envolvendo as pessoas públicas desses dois órgãos públicos. Por que? Eu explico, ou melhor, eu replico aqui o que nos passam todos os noticiários atinentes aos seus membros. Todo fato ou feito criminal que implique uma dessas casas (Executivo e Legislativo) tem sempre o apoio, a acolhida e apoio da outra. Como exemplo, uma denúncia de corrupção do chefe do executivo. Todo esforço e embromação são empreendidos para que não haja inquérito e investigação.
E vice versa. Se o presidente da República precisa do apoio do congresso, ele se vale da liberação de verbas para aqueles parlamentares, que sem esse dinheiro, votariam contra o projeto em análise.
Um poder que tem deixado o país com a pulga atrás da orelha, isto é, desconfiado e em inquietante hesitação é justamente o Judiciário. Claro que quando as pessoas comuns veem as decisões tomadas pelas cortes superiores, o superior tribunal de justiça (STJ) ou o supremo tribunal federal (STF), elas, pessoas comuns, e leigas podem ver as coisas com suas paixões e vieses (treinamento) ideológico. Seria algo parecido com torcida ou paixão por futebol. Mas não é o que sistematicamente vem ocorrendo no Brasil, quando as questões jurídicas dizem respeito aos políticos com a chamada imunidade parlamentar que na verdade representa um escudo, uma blindagem, uma impunidade parlamentar.
Diversos são os julgamentos que afetam parlamentares que deixam a opinião pública inconformada com as decisões a favor dos investigados ou réus. Têm-se lá a denúncia, o inquérito feito pela polícia federal, provas testemunhais, delações premiadas que resultam em nada. Em absolutamente nada. Muitos são os exemplos em que se quer o dinheiro roubado é ressarcido. São decisões das cortes superiores de justiça, no caso o STJ e o STF.
Então, ficam ainda essas indagações, não resta dúvida de que houve muitos avanços quando se analisa o Brasil pós-constituição de 1988.
Quem imaginava nos idos anos de 1980, que com as investigações do mensalão e da lava-jato o país teria hoje um ex-presidente da república condenado e preso, um ex-presidente da câmara encarcerado e outros ex parlamentares condenados e cumprindo suas penas na cadeia? Tais feitos de nossa justiça provam que as instituições estão funcionando.

 Agora não resta dúvida de que as instâncias superiores de nossa justiça precisam falar menos em suas entrevistas e ser mais rigorosas com os crimes daqueles que saqueiam e dilapidam o nosso país. Nisso todos falam, discernem e pensam em uníssono, Ou não ?   novembro/2108

Medicalizados

VENDEM-SE REMÉDIOS PARA GAGUEIRA E IMPOTÊNCIA SEXUAL E SEM RECEITA MÉDICA

João Joaquim  

Vivemos em uma sociedade demasiadamente medicalizada. Não bastasse parcela significativa das pessoas viverem sob efeitos de drogas ilícitas. Ou melhor de ex drogas ilícitas porque ao que sugerem os julgamentos de nossas cortes superiores, ser usuário se tornou lícito e legal. Em outros termos, o usuário de qualquer entorpecente (maconha, cocaína, crack, merla, LSD) não sofrerá mais nenhuma punição da justiça. Ainda será definido o quanto em gramas, ou quantos cigarros o indivíduo pode portar. Missão a cargo de nosso colendo supremo tribunal federal (STF).
Três são as drogas (já lícitas e sociais) causadoras de grande número de doenças psíquicas e orgânicas. Sobretudo orgânicas. A nicotina (tabagismo), o álcool (alcoolismo) e a maconha (canabismo). Com uma observação muito pertinente, os vícios do álcool e da maconha trazem para muito além dos danos físicos, graves, gravíssimos efeitos psíquicos e sociais. Melhor explicado: o tabagismo, tirante o efeito passivo nas pessoas íntimas e coabitantes (cônjuges, filhos) não causa danos a terceiros, porque não interfere na sanidade psíquica, clinicamente significativa.
De outro lado e ao contrário temos os efeitos das substâncias psicoativas (ou psicotrópicas)do  álcool etílico e maconha (canabis sattiva). Em tradução popular, o indivíduo sob efeito do álcool e da maconha perde a sua personalidade, ele se transforma em uma figura animalesca e se torna capaz das piores perversidades. O viciado nessas substâncias perde o senso crítico, perde o sentimento do remorso, perde o pudor e o senso moral e se torna apto à prática de atos e atitudes as mais cruéis em resposta a alguma ofensa ou provocação que lhe são infligidas. E nem tanto precisa, basta revisitar as estatísticas dos crimes e mortes passivas nos acidentes de trânsito. São números de guerra, e com um gravoso adicional, costumam ser mortes coletivas .
No tocante à nossa sociedade medicalizada. O Brasil é um dos países que mais ingere remédios. Se revela como uma distorção, mas é uma triste e melancólica estatística. Apesar de considerada uma nação emergente, constituímos uma nação campeã no consumo de insumos farmacêuticos. E aqui vêm as razões.
Primeira, porque o mercado dos remédios é de fato muito poderoso quanto à questão do marketing e propaganda. O lobby dos executivos do ramo junto aos órgãos estatais é muito persistente e eficaz. O governo cede às investidas e reivindicações porque como contrapartida vêm as receitas sob a forma de arrecadação de impostos e outros dividendos, entre eles as cotas pessoais como propina e corrupção. Práticas naturalizadas no Brasil. Muitos expedientes nefastos, ilícitos, indignos, ilegais em nossa sociedade vão se naturalizando, se tornando aceitas e rotineiras na vida os cidadãos.  Junto com a negociação oficial, existe uma negociata paralela, um departamento de propinas.
A segunda razão também tem estreita ligação com a propaganda e marketing. Deveria ser como agora se faz com propaganda de cigarro, proibida na maioria dos países, inclusive  no Brasil. Mas, não é assim que se dá com medicamentos. Eles têm publicidade como se fosse produtos de supermercado. Uma lista enorme de medicamentos está à disposição dos consumidores como se fosse um cardápio de padaria e restaurante. As gôndolas de farmácias e drogarias estão à disposição dos consumidores, com rótulos bem visíveis de suas indicações. E os balconistas ali de prontidão para venda. São treinados pelos laboratórios para isso.
Irônicas e hilariantes são as ofertas de tantos produtos, para tantos males, deficiências e dores das pessoas. Sem nenhum pudor ou vergonha os anúncios de remédios aconselham ou receitam assim: para tal sintoma, dor, ou doença tome tal medicamento, se sentir mal ou não curar procure o médico. Ou seja, em primeiro lugar se automedique, se intoxique, complicou? Agora faça o certo e ético que é a consulta ao médico. Enfim, o marketing de remédios no Brasil chega a esse deboche, ao esse escárnio. Por isso a expressão “só mesmo no Brasil”. E todos os órgãos fiscalizadores e de  Ética são  permissivos; entre os quais os  conselhos de Farmácia e de Medicina, Anvisa, Procon, etc.  Acha-se de tudo, de remédios para gagueira  até milagrosas para turbinar o desejo sexual.
A 4º razão é de fato o comportamento useiro e vezeiro de nossa sociedade em automedicação. É rara uma família, onde junto com a dispensa de alimentos e víveres não se encontra uma mini farmácia. De forma igual, é difícil encontrar alguém que não use um analgésico, um antinflamatório  , vitaminas e outros suplementos por sua conta e risco. As Academias de ginástica são um bom exemplo desses produtos.
A 5º razão, também de enorme relevância, se refere a duas classes de profissionais, os médicos e farmacêuticos. Logo eles, de que maneira? São os grandes prescritores de medicamentos. Por injunções políticas, somos um país em involução e atraso em investimentos em qualidade na formação de profissionais de saúde. Faltam verbas e apoio dos sucessivos governos com as pesquisas e estrutura das universidades. Há um sucateamento lento e gradual das instituições de ensino, como de resto com toda a educação. À semelhança do Art 5º de nossa constituição temos um mantra de igualdade no tema Educação, inclusive a de formação de médicos. Estamos nos igualando aos egressos de Faculdades de Cuba, Bolívia, Venezuela e outras republiquetas socialistas. A questão não se revela discriminativa contra essas pessoas , desses países, mas, sim discricioanária de seus governantes com a  falta de estruturas para uma exigente formação de médicos.  Saúde e Educação para governos socialistas estão em segunda plano. Pessoas críticas, bem formadas e bem informadas incomodam governantes de índoles tirânicas , opressores dissimulados.
Um triste capítulo de nossa sociedade medicalizada é o do consumo dos chamados psicotrópicos. Os lícitos e receitados pelos médicos. Mas, nem deles, os médicos que receitam,  precisamos tanto porque o abastecimento se faz pelo mercado pirata ou alternativo (paralelo). Na falta de receita existem várias opções fáceis. Compram-se remédios até pela internet.

Em tempos da modernidade líquida, nunca se viu tanta depressão, tanta ansiedade, tanto transtorno psíquico e social. são as dores existenciais e da alma. São as angústias e dores da vida. Viver está difícil, angustioso, com insônias, enxaquecas, mal estar ?  Não há de quê. A indústria dos antidepressivos, dos ansiolíticos, dos soníferos e calmantes tem as respostas. As ofertas de drogas estão aí  para tudo. Por isso um mercado tão lucrativo e rentável, o de drogas. E a depender das relações com nossos piores governos e ineptos gestores públicos, o cenário continuará de igual para mais ameaçador. Não é só triste  ,é preocupante. 

Risco de Extinção

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ter, 27 de nov 12:21
para Opinião

O HOMEM E O PLANETA EM RISCO DE EXTINÇÃO 
João Joaquim  

Uma condição que me mobiliza, me inquieta, me fustiga a curiosidade é nossa finalidade de estar no mundo. Enfim, o significado de nossa existência. E aqui sem ser instigado pelo ramo filosófico(existencialismo) como o propõem os filósofos existencialistas Jean Paul Sartre(1905- 1980) e Soren Kierkegaarden(1813-1855). Sem me valer dessas teorias.
Aqui, no caso do ora escrevente,  se acha uma mente inquieta como o pode fazer qualquer outra pessoa, independentemente de sua formação escolar, sua instrução, religião ou ausência dela, seu estilo de vida, doutrina ou modo de relacionar com o divino. Inteligência, curiosidade e inquietação mental com a própria existência são condições independentes de escolaridade e formação acadêmica. Aristóteles, Sócrates, Platão, não fizeram nenhum faculdade. Machado de Assis foi um autodidata, não teve nenhuma formação universitária. Ele é considerado grande escritor e filósofo.
Nessa linha de raciocínio e com absoluta isenção de crença, fé e convicção vamos aqui imaginar as duas hipóteses para o nascimento ou surgimento do homem no planeta terra. Primeira, o homem é uma criação divina (teoria do criacionismo). Segunda, o homem é fruto do evolucionismo, tese da evolução natural do naturalista Charles Darwin(1809-1880). Considerando toda a população mundial, parte dela acredita que é fruto da criação de Deus;  parte, sendo crente ou não em uma divindade maior, supõe ser descendente de algum primata inferior até se tornar o atual homo sapiens sapiens.
De sorte que para a análise de nossa finalidade não tem significado ser religioso, agnóstico ou ateu.  E chegamos então à questão central, à grande inquietação e interrogação. Eu, como sujeito, como  um indivíduo ativo, participativo, cooperativo, com potenciais de refletir, pensar e produzir, será que estou cumprindo os fins aos quais fui destinado estando nesse mundo ?
Para alguns exemplos concretos. Todos os seres no planeta e no cosmo. Literalmente todos, animados (animais e plantas) ou inanimados têm e cumprem a sua finalidade. Assim, tomo a folha de papel que nela agora faço este rascunho e manuscrito, reciclável por sinal ,formulário antigo da unimed para solicitação de exames. Aliás, para que este papel chegasse às minhas mãos uma cadeia de outros seres tiveram a sua participação. De forma sintética alguns desses elementos. Para ter o papel, a árvore entrou com sua finalidade. A árvore veio de sementes, que dependem das chuvas das nuvens. Chuvas que se fazem de forma cíclica para regar a terra, encher os mananciais e rios. Para que o planeta floresça, produza os frutos e o lenho, necessário se faz o sol com sua finalidade e promover a  fotossíntese. E assim, no exemplo do papel podem ser buscados outros elementos da cadeia com suas finalidades. Como a indústria da celulose, os compostos químicos, a água e as pessoas no resultado último que é o papel.
E assim, sucessivamente, é o que se espera de todas as outras coisas, seres inanimados ou vivos. O que se espera da pedra? O seu papel da pedra, da areia, do cascalho, da prata, do ouro, do diamante, das gemas, da esmeralda? Que cada um tenha a sua finalidade e utilidade a que foi destinada. Independentemente de como chegou ao planeta, ao universo. Imagine, se o sol resolvesse se neutralizar!  Um dia que fosse, e não brilhar!
Se a terra resolvesse tirar umas férias de uns 15 dias. Nem rotação, nem translação. O desastre estaria à vista.
As águas dos oceanos se entrassem em greve de um ano que fosse. Não evaporar, não formar nuvens, não haver precipitação de chuvas. Seria quase o fim do mundo.
Uma greve dos caminhoneiros já parou o Brasil por duas semanas e trouxe o caos político e econômico. Imagine o sol, a terra. Uma grevinha que fosse.
Agora, durmam com essa possibilidade, a terra, apenas o nosso planeta parar por um dia. Tudo o que o planeta e o universo esperam de cada um é que cada qual na sua vez e destinação cumpra a sua finalidade existencial. Em se cumprindo o objetivo existencial cada ser humano em especial chegará à sua essência.
Eis que então se finaliza com o gênero humano em sua estada no planeta e no universo. Não é exagero a estada do homem no universo, porque além das viagens espaciais queremos agora chegar e habitar o planeta vermelho (Marte). A sonda Insight já está lá , enviará para a NASA, as informações sobre o solo, a temperatura e outros elementos fisicoquímicos do planeta tão distante e inóspito .
Ao que nos indicam as evidências e tendências das atitudes, expedientes e comportamento dos humanos, estamos num processo lento, mas progressivo de desumanização. Trata-se de uma estúpida ironia, mas se revela uma realidade; que por acomodação e zona de conforto; passa ao largo da apreciação e crivo da sociedade.
Os órgãos de proteção do planeta e da vida vêm se preocupando com a extinção de várias espécies de animais e faz todo sentido. Mas uma outra conclusão bem anterior é inegável. A espécie animal em maior risco de desaparecer do planeta é o próprio “homem humanizado”. Homo sapiens já sabemos que somos. Mas, juntinho de sabedoria, estamos perdendo a nossa humanidade.
Pleonástico, mas tristemente real. O homem ciente, consciente, sábio, civilizado, racional e “humanizado está em risco de extinção. Isto se justifica até pelo risco em que ele coloca as outras espécies de animais e espécies vegetais e até o próprio planeta. Um risco de extinção total. Cadê a finalidade principal do homem?

Esperança

ESPERANÇA  EXIGE UMA ATITUDE ATIVA

João Joaquim  


Um sentimento ou energia que move e dinamiza o ser humano se chama esperança. Ela é, aliás, uma das 3 virtudes teologais, fé, esperança e caridade. Nos sistemas da filosofia devemos distinguir esperança de espera ou expectativa. A esperança  se dá na medida em que seja uma  atitude ativa do indivíduo em se alcançar aquele objeto de sua ação.

Se eu tenho por exemplo um projeto qualquer eu tenho que me imbuir de iniciativa, de uma atuação, estratégia e força na sua realização. A espera ou expectativa torna a pessoa apenas uma expectadora de que algo lhe ocorra de favorável. 

Dois exemplos, de espera e esperança. Vamos a eles . 
No  jogo da megasena, vou apenas ficar na espera dos números escolhidos e marcados na cartela coincidir com aqueles do dia do sorteio. Uma simples e passiva espera.
Já na triste situação ética e política por que passa o Brasil, eu posso ter uma esperança ativa, com protestos, luta pacífica, manifestação de insatisfação em vias públicas ou através de um meio de comunicação. Tem sido o exemplo das redes sociais, com mensagens de protesto, de cobrança de atitudes dos governantes, abaixo-assinados e até lei de iniciativa popular. Como se deu no caso da lei da ficha limpa.
Essa lei de 2010 se deu por esperança ativa de centenas de pessoas, mais de mil pessoas. Trata-se, referida lei,  da inelegibilidade de candidato a cargo político com algum antecedente criminal, que tenha se tornado réu ou já condenado por algum tribunal colegiado.
As coisas, os fatos, os comportamentos e condutas de ilicitudes e de delitos andam tão corriqueiros e repetitivos que parecem querer entrar para os códigos de conduta, de ética, de postura e jeito de se viver e relacionar com pessoas e empresas do mesmo caráter, de mesmo jaez e natureza; fatos comum  neste nosso Brasil . Parece que estamos na era da naturalização ou normalização (tornar normal, regra) da desonestidade.
Tal percepção se tornou tão nítida que gestos corriqueiros e comezinhos de ética e honestidade passaram a ser motivos de grandes manchetes de telejornais e condecoração, feita por órgãos públicos e privados.
Alguns casos pontuais remanescem na memória dos brasileiros. Basta citar o exemplo do adolescente que achou um smartphone e teve o trabalho e diligência de localizar o dono e devolver o objeto.
E o gari que em sua laboriosa jornada de trabalho, em recolher os lixos produzidos pelos humanos, encontrou uma carteira ou pasta repleta de dinheiro. Num gesto extremo de honestidade e honradez, como não havia endereço ou telefone de contato com o dono daquele valor entregou todo o achado na primeira delegacia de polícia.
Tais atitudes e comportamentos têm sido motivo de regozijo e comemoração por muitos veículos de comunicação, por segmentos sérios da sociedade e por muitas pessoas de gestos, atitudes e vida plenamente honesta. O que deveria ser uma regra de vida passou a ser exceção e razão de condecoração . Achar uma carteira ou bolsa com dinheiro e devolver deveria ser um gesto corriqueiro e simples de qualquer cidadão e não ato heroico.
Eu nunca li, mas gostaria de saber qual a  relação que existe entre desonestidade com por exemplo  o status socioeconômico, com o grau de instrução e hierarquia funcional ou política. Por uma dedução observável ou empírica fica-me a impressão que quanto mais abastado (ou rico) ou hierárquico for a pessoa, mais tendência ela terá de ser desonesta e corruptora (ou corrupta). Do mesmo modo o indivíduo mais instruído, mais técnico e conhecedor de sua área profissional. É servir-se do poder em beneficio pessoal ao invés de servir-se do poder em prol da sociedade.
Nos dois exemplos, do rico ou alto grau funcional (político, autoridade), o sujeito reúne condições econômicas, poder de cooptação de autoridades e tráfico de influência pela função pública exercida. Nosso sistema político tem esses exemplos em profusão, como o têm demonstrado o esquema do Mensalão e a operação Lava-Jato.
Tomando por fim a atual situação de nosso Brasil; as cenas vistas no cenário político e em alguns meios empresariais (ou empreiteiras) deixam-nos pasmados, estupefatos e até sem expectativa de melhora, de mudança e punição a tantos corruptos e corruptores.
Sem nominar porque se torna impossível pelo número de denunciados pelo ministério público, o que acontecerá com os larápios e ladrões do dinheiro de órgãos públicos, de desvios de verbas destinadas a serviços básicos como merenda escolar e saúde pública?
E com os ladravazes e saqueadores da Petrobras? Alguns estão presos e até devolveram parte dos roubos. Mas, e os outros? Só porque ficaram ricos e foram altos hierarcas como políticos e mandatários da nação? A lei deveria igualmente valer para todos. Uma justa pena a esses gatunos e ladrões seria tomar de volta tudo que roubaram e longos anos na cadeia.
Por isso eu conclamo a todos. Vamos ter esperança de melhora. Para isso , que não seja uma espera passiva como num jogo lotérico, mas uma esperança de mudança ativa, com manifestações livres (direito de opinião e expressão) e protestos de indignação. “indignai-vos”! Seria o meu conselho a todos.  Dezembro 2018

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Sofismas

PROPAGANDA ELEITORAL  LEMBRA A ARTE DE SOFISMAR
João Joaquim  

 Assistindo a propaganda eleitoral deste 2018, vêm-me a lembrança duas obras da filosofia ocidental. Uma a República de Platão, onde o grande filósofo valendo-se de sua teoria do mundo inteligível ou das ideias nos traz a concepção do que seriam as formas de governo ideal. A segunda obra de grande importância é a utopia do britânico Thomas Morus. Nessa magnífica criação o autor nos fala de um lugar imaginário. Ao pé da letra, do grego ou, não, topos, lugar =(utopia).
Literalmente, lugar nenhum, ou não lugar. Thomas Morus (1478-1535, Londres) tem uma biografia muito interessante. Ele foi um Lorde Chanceler do Rei Henrique VIII; soberano este  que se rebelou contra a igreja católica, porque se divorciou da 1ª  mulher, dona Catarina, para se casar com Ana Bolena. A igreja de Roma negou. O que fez o Rei? Ele rompeu com o vaticano e criou sua própria igreja. Dai surgiu a igreja anglicana (da Inglaterra). Thomas Morus, religioso e leal que era às decisões do vaticano se manteve solidário com o papa de então, clemente VII.
O que se teve em todo esse imbróglio é que Morus não se abdicou de suas convicções, ele foi preso e condenado à pena de morte. Tudo por causa de um devasso, tirano, ególatra e recalcitrante governante de nome Henrique VIII.
A organização estatal proposta na utopia de Morus é aquela de uma nação altamente organizada, harmônica, ordeira, com um povo continuamente feliz, realizado e seguro. Agora, façamos uma reflexão rasa e imediata. Se naquela tal concepção era uma ilusão, um feito irrealizável, imaginemos tal concretização em um Brasil de hoje.
Portanto,  nos fazem  lembrar essas magníficas obras, quando assistimos ao que apregoam nossos candidatos a cargos parlamentes, a chefia de Estado, a funções de grande responsabilidade na vida pública.
Outros personagens que me vêm à lembrança nas audiências que fazemos aos candidatos e políticos são os sofistas. Como refresco de memória, os safistas eram filósofos dedicados à oratória e  a retórica. Eram mestres na arte (ou ardil) do convencimento. Eles são considerados os predecessores da advocacia. O que faz um bom advogado? Ele cria uma tese, uma sequência de argumentos capazes de se tornar uma verdade ou realidade, que aos olhos de pessoas comuns não seriam de fato verdades.
Vem de sofista o termo sofisma. No senso comum o que vem ser um sofisma? Um argumento que embora falso pareça aos menos argutos e atentos uma afirmação válida;  mas que na essência está eivado de má-fé e falsidade.
Muitos são os nossos governantes e candidatos a funções eletivas que estudaram a fundo os filósofos sofistas e portanto sabem a arte de impressionar, de burlar, de convencer com seus discursos retumbantes e falaciosos. Ainda sobre os sofistas. Dois foram os mais proeminentes: Protágoras (480-410 a.C) e Górgias (485-380 a.C).
Protágoras é autor do axioma: o homem é a medida de todas as coisas.  Górgias afirmou que a linguagem é a principal ferramenta de qualquer líder, orador, defensor ou chefe de Estado. Os sofistas eram profissionais da palavra, da comunicação e da oratória. Eram mestres na lábia e na conquista da confiança e fé alheia, ainda que para tanto empregassem  a má-fé, a perfídia, a dissimulação.
Assim, os liames que se fazem de candidatos em épocas de eleições, com Platão, Thomas Morus e Protágoras têm vastos e todo o sentido. Os preceitos e postulados propostos na República platônica representam o que pode haver de mais ético, eficaz e humano numa organização estatal. E que fique lembrado, democracia, segundo Platão,  não é a melhor forma de governo. O melhor regime segundo o grande pensador seria a aristocracia. Um Estado governado pelos mais sábios, pelos mais aptos e éticos. Não se pode misturar Aristocracia , os melhores;  com  Oligarquia , governo de uma minoria privilegiada e desqualificada para o múnus que exerce. Coisas de Brasil.
A utopia de Morus tem sido a promessa de muitos de nossos populistas e demagogos. A maioria deles para se chegar ao trono ou se manter no poder usam e abusam de promessas irrealizáveis. São palavras e listas de promessas à feição de muitos Protágoras e Górgias. Tudo não passa de burlas, promessas vãs e sofismas. Mentiras, falácias de puro engano. E tem muita gente que acredita. Tanto é assim, que são eleitos. Só mesmo no Brasil.  Outubro /2018

Necedade especial

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