sábado, 11 de fevereiro de 2012

ANIMAIS DE EXPIAÇÃO OU ESTIMAÇÃO.. A ÉTICA DE CADA UM

OS RISCOS DO CONVIVIO COM ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO.

João Joaquim de Oliveira


Ter um animal de estimação exige prudência, regras básicas de convívio e segurança. Não se admite, de nós racionais, esperar de um animal irracional que ele adote postura de segurança para não nos fazer mal , ainda que de forma silenciosa e não intencional. Albergar em um apartamento, um cão , um gato, um pássaro e compartilhar com ele nossos utensílios de cozinha, a cama , sala de estar , permutar afagos etc é se colocar como presa fácil de contrair as mais bizarras e insolentes doenças, sobretudo aquelas que sub-repticiamente devastam e minam nosso sistema imunitário.
João Dhoria Vijlle - biólogo/imunologista


A relação do homem com os animais remonta à própria história e existência da humanidade. Através da domesticação e adestramento o ser humano sempre buscou ter nos animais aliados para o trabalho, para a caça, o transporte, o esporte e mais corriqueiramente como guarda domiciliar ou uma companhia doméstica no papel denominado animal de estimação, caso dos cães, gatos e aves em geral.
Hoje ,disseminou-se e popularizou tanto a posse do chamado "animal de estimação" que é raro encontrar uma família sem pelo menos uma espécie de algum animal em casa que pelo confinamento passa a ser tratado e tido como um membro da família.
Todavia, esta proximidade, este convívio continuo de contato físico mais íntimo com os animais não estão isentos de riscos para as pessoas. É interessante frisar que os riscos para a saúde humana existem mesmo que todos os cuidados de higiene e de saúde(vacinação por exemplo) sejam adotados com o animal.
O alerta que fazemos aqui vai muito além dos riscos para as chamadas doenças benignas, curáveis ou não, caso das alergias, das ectoparasitoses ou helmintíases como sarna e bicho-geográfico(larva migrans, causada por nematelminto das fezes e urina dos cães ) etc. De gravidade intermediária pode-se destacar a hidatidose(acometimento hepático), doença parasitária contraída acidentalmente do cão ; a triquinelose também contraída de cães, que acomete principalmente os músculos . De alta gravidade cita-se a tão temida e amplamente conhecida toxoplasmose, transmitida pelo convívio com cães e gatos. A toxoplasmose representa doença de elevada taxa de morbidade e letalidade quando contraída pelo feto através do contato da mãe com animais contaminados . Uma característica fundamental , mas desconhecida e negligenciada pelas pessoas, é que na toxoplasmose o animal ( cão ou gato) não apresenta sinais ou sintomas da doença. O animal representa apenas um vetor ou portador do agente infeccioso ( toxoplasma gondi). Ou seja: eu posso ter um animal aparentemente belo, saudável mas, completamente contaminado pelo agente causador de uma doença silenciosa mas altamente incapacitante e mortal para o nascituro ( feto em formação). As manifestações mais comuns da toxoplasmose são cegueira por retinopatia, doença cerebral causada por hidrocefalia e calcificações cerebrais, retardo mental grave e morte intra-útero.




Chama-se a atenção das pessoas neste caso ,é bom que se reprise , onde a origem primária desta tão devastadora doença é um “animal de estimação” com o qual se estabelece uma relação humanizada de amizade no contato, mas ao mesmo tempo muito promíscua e insalubre para os membros humanos da família, sobretudo para crianças de baixa idade.
Os agentes biológicos permutados entre pessoa/animal podem ser parasitas diversos, protozoários, bactérias ou vírus. À luz dos conhecimentos atuais, notadamente da engenharia genética e imunologia se sabe que os vírus continuam representando um grande desafio para a Medicina. São agentes capazes de mutações devastadores no sistema imunológico do ser humano. Um exemplo bem atual é o vírus influenza da gripe suína (gripe tipo A H1N1)) disseminado entre aves silvestres, porcos e pessoas com alto potencial patogênico no homem e nenhuma manifestação clinica nos mencionados animais-vetores(aves e porcos).
Já é bem conhecida a relação entre a ação viral e muitas formas de câncer(câncer de colo uterino causado pelo HPV, por exemplo) além de outras doenças degenerativas incapacitantes graves e incuráveis como as polineuropatias , leucemias etc.
É oportuno relembrar que as estruturas imunológicas e genossômicas( mapa genético) do ser humano e cão ou gato são completamente distintas. Um vírus banal como o da gripe ou resfriado que transmito para um animal de estimação certamente não lhe causará a mesma doença, uma vez que seu organismo é menos complexo e tolerante ao vírus. Entretanto, este vírus encontrará um meio próprio (no organismo do animal)para adquirir marcantes mutações, tornando-se mais virulento e patogênico ao ser humano. Reinoculado no organismo da pessoa através do convívio e contato com o animal de estimação , este vírus agora totalmente degenerado e mutante poderá ocasionar graves danos ao DNA e células de defesa da pessoa com efeitos severos, doenças incuráveis e morte.
Mas, sejamos racionais , prudentes e profiláticos . Com todas as assertivas aqui reproduzidas amplamente conhecidas e emanadas de pesquisas consistentes e sérias , não se quer com isto afirmar que devamos não adotar ou descartar nossos animais de estimação. O que se recomenda é que na aquisição e convívio com qualquer animal, seja de estimação ou não , haja um expediente seguro e higiênico no seu manuseio; que o contato se dê com limites de segurança. Ter em mente que o habitat do animal deve ser dele . Já o lar , a casa onde alimentamos e dormimos é o nosso habitat humano. Para tanto basta lembrar que os excrementos( fezes, urina), pelos ou lanugem ,saliva, microlesões, ainda que não vistas a olho nu , ou seja mesmo em microparticulas ou microgotículas representam os principais riscos na veiculação de graves doenças, algumas delas aqui enumeradas, e o melhor remédio para muitas dessas afecções incuráveis e traiçoeiras chama-se prevenção. Para tanto, basta adotar normas elementares de higiene pessoal e com o animal e limites no convívio e manuseio dos tão encantadores e estimados animais que passa a fazer parte dos membros da família.

João Joaquim de Oliveira- especialista Medicina Interna joao@medicina.ufg.br www.jjoaquim.blogspot.com

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