terça-feira, 27 de julho de 2021

CUCURBITÁCEAS

 

Abóboras e Melancias

João Joaquim  

 

Falar de assuntos e coisas muito serias é tarefa complexa porque exige complexidade de expressão. E eu não estou de momento disposto a queimar meus fosfatos nem adenosinas. Aquilo que é recorrente, que é trivial vai saindo ao saber da dança da esferográfica. Além do que aquilo nas linhas do ordinário já o vemos, já o lemos e ouvimos pelas redes coais como face, no Twitter, no Whatsapp. E a gente pode começar esta digressão exatamente por esse emaranhado de falas, de truísmos, de platitudes e outras cucurbitáceas de mesma natureza e gênero.

   Bem antes ali do nascimento do telefone celular, da Internet e Redes Sociais, era comum o que? Quando eu tinha dúvida sobre determinado tema, alguma matéria etc., eu buscava essa informação onde ou com quem? Nas enciclopédias disponíveis. Barsa, Mirador por exemplo. Ou com um livro e especialista no ramo do conhecimento desejado. Eram as vias normais, acreditáveis e oficiais.

Hoje, como se dá? Basta pegar do celular e acha-se especialistas aos milhares. Todos dão opinião de tudo. Vai do ciclo menstrual ou cio da cadela, aos casamentos e separação das telenovelas e transas e vilanias dos reality shows. Ou seja, fala-se desde a dieta do chuchu, passa-se pelo melão, das abobrinhas e morangas até a melancia, a cucurbitácea de que mais gosto.

 

   Todas essas informações vêm acompanhadas de acréscimos, apensos e anexos de fofocas. Na Internet e nessas Redes Sociais existem os especialistas, os analistas e catedráticos para tudo, para qualquer assunto. Analistas em saúde, em questões de família, em conflitos conjugais, em relações de filhos com os pais, em desavenças e desafeições com os cunhados. Basta uma palavra-chave e pronto. Tudo na telinha, explicadinho. De preferência com imagens, vídeos, fotos e reportagens, porque escrever e elaborar dá trabalho, gasta energia mental. Muito interessante é que no Whatsapp pode-se ter os grupos fechados. O que um do grupo posta os outros recebem, instantaneamente. Espécie de panelinha ou clube do bolinha. A internet e as Redes Sociais são muito democráticas. Nenhum critério, nenhum controle. A regra implícita é justamente essa: sem controle de qualidade.

   Uma cena curiosa e repetitiva da Internet e das Redes Sociais se dá com a banalidade no estilo de vida das pessoas. Basta tirar alguns momentos e conferir as páginas dos internautas. Quanta platitude, quanta truanice e janotice se vê no que as pessoas trocam entre elas. Algumas dessas pérolas valem reprisar. A história contada por certa madame das viagens que fazia, levando seu cachorrinho: as burocracias no preparo e exigências da empresa aérea para a viagem, os atropelos pelo stress sofrido pelo bichinho, o desconforto causado aos outros passageiros pelo animal. Há o relato também daquela internauta contando da rotina maçante e antissanitária como cuidadora, ou melhor , como mãe de sua cadelinha já idosa.

   E não ficamos só nessas essências que se postam nas páginas das pessoas. Como modelos temos as expressões de gente casquilha com suas veleidades e “vanitas”. Haja “vanitas”, hajam vacuidades. A “vanitas” cerebral é tanto que raramente as pessoas escrevem ou elaboram alguma coisa. Tudo se faz “prêt-à-porter”. São os vídeos, as fotos, as legendas, as imagens já legendadas. Assim são os almoços, as festas, os pratos, as lingeries, as viagens, os resultados dos enxertos, dos silicones, das cirurgias plásticas.

   Enfim, quer truanices, quer digressões, quer pele, quer tegumento, quer superfícies lisas e brilhantes? Acesse as Redes Sociais.

João Joaquim médico e articulista do Diário da Manhã

Autoengano

 

AUTO-ENGANO

João Joaquim  

 

O quanto de contribuição negativa e de desconstrução um pai e mãe podem estar proporcionando e oferendo a um filho? A um educando, a um adolescente e jovem? Se, o quanto de ruim assim fazendo, isto é: se tornando complacente, cúmplice e leniente com o comportamento, com as suas imaturas e rebeldes teimosas, suas atitudes antissociais, desadaptadas e desajustadas? Enfim, são perguntas emblemáticas das relações de pais e filhos, de alunos e professores. Perguntas de todos os tempos. Mas, de maior significado agora do império da Internet e Redes Sociais. Sociais? Há quem defenda como antissociais.  

Vamos às possibilidades. Um pai ou mãe que tudo consente, que em tudo se mostra conformidade e dá suporte com o sim, o tudo pode, o tudo patrocina e apoia. Isto sim, em primeiro lugar deseduca e desconstrói esse próprio filho ou filha. E de igual efeito, esse pai ou essa mãe está sendo vítima do próprio engano. O chamado auto-engano é bem estudado pela psicóloga do comportamento. Trata-se de um mecanismo psíquico de mentir para si mesmo(a). Aristóteles foi O Filosofo que estudou o fenômeno categorizando-o como uma estratégia de perpetuação da espécie já nos animais. Inclusive entre algumas bactérias e animais menores.

   Uma pessoa que dá acolhimento ao outro, seja a um filho ou quem ela quer apoiar e se tornar como uma escora e suporte para o comportamento impróprio desse terceiro não engana e mente para esse protegido; mas acima de qualquer dúvida, mente para si mesmo. Nessa forma de engano, essa pessoa cúmplice comete o pior dos autoenganos porque mente e engana a si própria. O Filosofo Nietzsche foi um pensador que bem expressou essa estratégia de mentir para si mesmo. Renê Descartes e Fernando Pessoa foram outros pensadores que discorreram sobre o autoengano. “Será que não sou alguém que está sonhando? “Perguntou o genial Fernando Pessoa.

   O autoengano conduz a pessoa a erros, a interpretação falsa do meio onde vive e outros convívios; e até mesmo o seu estilo de vida social, porque ela se refere perante sujeitos espertos e folgados prontos a tirar dessa pessoa ingênua e incauta algum proveito, tornando-a conscientemente subserviente, dominada, possuída.

   Para quem estuda e é aficionado de Filosofia há de lembrar de Sólon (638-558 a.C). Ele foi um dos 7 sábios da Grécia antiga. Era legislador e poeta. Disse o seguinte sobre o autoengano: “Cada um de vós em separado tem a voz astuta da raposa, mas todos juntos sois um tolo de cabeça oca”. No fundo e na realidade ele quis referir as pessoas como hipócritas, medíocres, iguais ou piores do que muitas ao redor.

   A psicologia cuida muito bem do comportamento de pessoas portadoras do chamado auto-engano. No chamado viés de confirmação há o que se chama concepções e valores puramente subjetivos, contrários à razão e às ciências. O autoengano com seus vieses de confirmação estão presentes nas relações conjugais, nos laços e vínculos familiares, sejam estes de amor, de paixão, de ciúme, de inveja, nas intrigas familiares. Para muitas pessoas se torna muito difícil pensar, racionalizar a verdade e sair de seu casulo, de sua concha e casca de noz.

   A política é outra seara de comportamento repleta de auto-enganos. Muitos ideológicos fazem como teorizou Nietzsche = a verdade é igual tomar banho em água fria, entrar e sair rapidamente. Pensam no que acreditam.

   Por fim, uma forma muito comezinha de auto-engano se dá no entorno, na interação familiar. Ele pode ocorrer entre vários membros parentais. Temos nesse modelo aquele pai, aquela mãe, aquele irmão; não importa. Há muita vez nesse grupo o chamado alvo ou escolhido do auto-engano. É o filho primaz que não precisa de mais aprimoramento, é o tal com inteligência acima da média, é aquele membro parental com tratamento diferenciado. Refere-se aqui, um modelo clássico de viés de confirmação. Sugestões de leituras Schelling, Schopenhauer, Nietzsche.

João Joaquim médico e articulista do Diário da Manhã

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Construção Humana

 FORMATAÇÃO DA PESSOA

 

O quanto de contribuição negativa e de desconstrução um pai e mãe podem estar proporcionando e oferendo a um filho? A um educando, a um adolescente e jovem? Se, o quanto de ruim assim fazendo, isto é: se tornando complacente, cúmplice e leniente com o seu comportamento, com as suas imaturas e rebeldes teimosas, suas atitudes antissociais, desadaptadas e desajustadas?

Vamos às possibilidades. Um pai ou mãe que tudo consente, que em tudo se mostra conformidade e dá suporte com o sim, o tudo pode, o tudo patrocina e apoia? Isto sim, em primeiro lugar deseduca e desconstrói esse próprio filho ou filha. E de igual efeito, esse pai ou essa mãe está sendo vítima do próprio engano. O chamado auto-engano é bem estudado pela psicóloga do comportamento. Trata-se de um mecanismo psíquico de mentir para si mesmo(a). Aristóteles foi O Filosofo que estudou o fenômeno categorizando-o como uma estratégia de perpetuação da espécie já nos animais. Inclusive entre algumas bactérias e animais menores.

   Uma pessoa que dá acolhimento ao outro, seja a um filho ou quem ela quer apoiar e se tornar como uma escora e suporte para o comportamento impróprio desse terceiro não engana e mente para esse protegido; mas acima de qualquer dúvida, mente para si mesmo. Nessa forma de engano, essa pessoa cúmplice comete o pior dos autoenganos porque mente e enganar a si própria. O Filosofo Nietzsche foi um pensador que bem expressou essa estratégia de mentir para si mesmo. Renê Descartes e Fernando Pessoa foram outros pensadores que discorreram sobre o autoengano. “Será que não sou alguém que está sonhando? “Perguntou o genial Fernando Pessoa.

   O autoengano conduz a pessoa a erros, a interpretação falsas do meio onde vive e outros convívios; e até mesmo o seu estilo de vida social, porque ela se referia perante sujeitos espertos e folgados.

   Para quem estuda e é aficionado de Filosofia há de lembrar de Sólon (638-558 a.C). Ele foi um dos 7 sábios da Grécia antiga. Era legislador e poeta. Disse o seguinte sobre o autoengano: “Cada um de vós em separado tem a voz astuta da raposa, mas todos juntos sois um tolo de cabeça oca”. No fundo e na realidade ele quis referir as pessoas como hipócritas, medíocres, iguais ou piores do que muitas ao redor.

   A psicologia cuida muito bem do comportamento de pessoas portadoras do chamado autoengano. No chamado viés de confirmação há o que se chama concepções e valores puramente subjetivos, contrários à razão e às ciências. O autoengano com seus vieses de confirmação estão presentes nas relações conjugais, nos laços e vínculos familiares, sejam estes de amor, de paixão, de ciúme, de inveja, nas intrigas familiares. Para muitas pessoas se torna muito difícil pensar, racionalizar a verdade e sair de seu casulo, de sua concha e casca de noz.

   A política é outra seara de comportamento repleta de autoenganos. Muitos ideológicos fazem como teorizou Nietzsche = a verdade é igual tomar banho em agua fria, entrar e sair rapidamente. Pensam no que acreditam.

   Por fim, uma forma muito comezinha de autoengano se dá no entorno, na interação familiar. Ele pode ocorrer entre vários membros parentais. Temos nesse modelo aquele pai, aquela mãe, aquele irmão; não importa. Há muita vez nesse grupo o chamado alvo ou escolhido do autoengano. É o filho primaz que não precisa de mais aprimoramento, é o tal com inteligência acima da média, é aquele membro parental com tratamento diferenciado. Refere-se aqui, um modelo clássico de viés de confirmação.

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...