terça-feira, 28 de maio de 2019

A Educação como Libertação

EDUCAÇÃO COMO LIBERTAÇÃO DO INDIVÍDUO

João Joaquim -
Se fôssemos lembrar de dois grandes educadores, imagino que muitos citariam Jean Piaget e Paulo Freire.  Piaget (1896-1980) nasceu, viveu e morreu na Suíça. Inicialmente formou-se em biologia e se dedicou a esta ciência. Depois se notabilizou nos estudos de filosofia, psicologia e educação. Se tornou muito polêmico e conhecido como educador. Sua tese de educação era a de que o professor ministra uma aula e o aluno copia, repete aquele aprendizado, como copista, um repetidor.
O brasileiro Paulo Freire (1921-1975} foi considerado um dos maiores pensadores da educação de nosso país. Não é sem motivo que recebeu as maiores condecorações  como doutor honoris causa no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Foi reconhecido pela ONU/UNESCO como uma referência pelos estudos na área de pedagogia.
Freire escreveu por exemplo a pedagogia do oprimido, uma obra seminal em questão do ensino fundamental. Ele tem a educação como um processo libertador do indivíduo. Trata-se da relação do explorado com o explorador ou do oprimido versus o opressor. Assim, deve-se permitir ao indivíduo analfabeto absoluto ou funcional as condições para que ele próprio se liberte do estado de cegueira crítica ou cultural, da condição de explorado por qualquer sistema. Nesse sentido seria mais eficaz que o opressor (patrão, chefe) também contribuísse nesse processo libertador educacional.
Paulo Freire contraditava as teorias de Piaget para quem o professor era o único protagonista no aprendizado, onde ele ditava e o aluno copiava, nos moldes da teoria da tábula rasa ou lousa em branco. Segundo a qual todos nascemos sem nenhum conhecimento e com as experiências sensoriais a criança vai adquirindo conhecimento; ou seja, ao nascer o ser humano tem um cérebro sem nenhuma inscrição dos objetos e do mundo que o cercam. Com os estímulos e as informações dos sentidos o indivíduo vai adquirindo os conhecimentos das coisas ao redor.
Na sua filosofia da educação Paulo Freire sofreu influência de outros pensadores como Karl Marx (marxismo), Jean Paulo Sartre e Kierkegaard. Ele dava relevo especial à conscientização do indivíduo nas políticas da educação como um processo pedagógico libertador. Na instrução, crítica e conhecimento como um processo do desenvolvimento do homem ou da mulher que por ventura se encontra numa condição de opressão ou submissão (pedagogia do oprimido). O melancólico é constatar que Paulo Freire não teve o merecido e justo reconhecimento dos políticos e governantes de seu tempo. Coisas e ocorrências bem próprias de nosso país. Quantos não são os cientistas, pesquisadores e doutores que saem do Brasil, por falta de incentivo e suporte financeiro dos governos?
São centenas que deixam o próprio país por falta de financiamento para suas pesquisas. Além do salário que, às vezes é indigno, quando comparado com o que recebe membros do ministério público e do judiciário, ou mesmo os congressistas. São fenômenos  e jabuticabas próprias do Brasil.
A citação dos dois indigitados cientistas da educação no presente artigo foi um modo, um mote do tema central, a educação como transformação e formação do indivíduo. Ortega y Gasset disse que “o homem é o homem e sua circunstância”. Vale dizer que cada pessoa é o produto de seu meio social que começa pela sua educação. E aqui eu cito outro grande pensador, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Ele foi um franco-suiço, grande pensador da formação do ser humano. Autor da teoria do bom selvagem. Foi um dos iluministas e precursor do romantismo. Seu pensamento lapidar foi: “ Todo homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe”, teoria do bom selvagem.
Ele fazia acerbas críticas às instituições públicas, inclusive às escolas, capazes de desviar o indivíduo de suas potencialidades naturais. Ele é autor de duas obras seminais: o Emílio e o contrato social.
Rousseau  discorreu muito sobre relações sociais e atividade política. Das relações do homem com o Estado. Das leis e estamentos.
Trazendo a temática da educação na construção e formação da pessoa humana. Não é pleonasmo a expressão pessoa humana. Serve para dar ênfase e distinguir de pessoa física e pessoa jurídica. Muito se tem negligenciado quando a questão é educação, notadamente com os avanços sociais, com o surgimento do instituto dos direitos humanos.
Ao que parece grande parcela da sociedade humana tem a fixação apenas no termo direitos. Nunca se fala em deveres humanos. Há na verdade uma corrupção, uma subversão desses princípios. E aqui entra o processo educativo. O maior reflexo da educação boa ou má, distorcida, canhestra, viciada, mambembe, customizada, individualista, egoísta se vê no conjunto de hábitos do sujeito.
O que é o habito? É o comportamento permanente do indivíduo, fruto de sua educação primeira, aquela que se inicia na fase da amamentação e da chupeta. A família, os pais, os cuidadores iniciais, sejam as babás e outros monitores da infância serão os modeladores do futuro caráter e padrão comportamental do indivíduo.
Nesse processo de educação e hábitos entram as atitudes mais básicas da vida. Assim temos os cuidados higiênicos, sejam os de ordem pessoal e ambiental, o respeito sistemático aos pais e aos idosos, ao cultivo da gentileza no trato com qualquer pessoa, ao respeito hierárquico a quem de mais experiência e de mais conhecimento, etc.
Enfim, os bons ou maus hábitos  são  o resultado da educação recebida e da família, complementada com os ensinamentos técnicos de uma boa escola. A educação é tudo na vida do indivíduo.    
    
 João Joaquim  MÉDICO — cronista do DM .   

Más Mídias

 Deselegância no Celular


A evolução dos recursos da comunicação no mundo é algo extraordinário. A história nesse sentido é algo fascinante. Pode-se afirmar sem hesitação que a comunicação até início do século XIX guardava intima relação com os meios de transportes. Transmitir alguma informação tinha estrita dependência com a logística de mobilidade a longa distância. Em fins do século XIX, houve um progresso com a invenção da telegrafia. Na antiga Grécia por exemplo, época do surgimento das olimpíadas o meio de comunicação mais rápido e confiável era o próprio homem, os atletas olímpicos eram empregados nesse sentido.
Já no fim do século XIX houve grande avanço com a invenção do automóvel e da telefonia fixa. Nesse contexto tivemos então a contribuição histórica de Gerald Ford com o automóvel e de Grahn Bell com o telefone. As contribuições do século XX foram a invenção do avião do Santos Dumont (1906), do rádio, da televisão, da internet e da telefonia móvel. Todos esses recursos extremamente aprimorados no início e evolução do século XXI, não impropriamente chamado era digital ou da pós modernidade líquida, segundo teoria do filósofo polonês Zigmunt Bauman.
Uma temática por demais interessante se refere ao uso de cada invenção, cada descoberta, cada recurso tecnológico. Além do emprego correto de cada instrumento a serviço da humanidade pode-se também analisar os seus desvios de função. Ou seja, o que seria o desvio de função? Seria todo e qualquer emprego dessa ou aquela máquina ou utensílio pessoal, industrial e coletivo para fins nocivos, para toda finalidade que não seja algum benefício para si ou para terceiros, incluindo a coletividade, a sociedade. Tomemos o caso do telegrama. Enquanto foi empregado, porque trata-se de um meio de comunicação extinto ou obsoleto, será que foi utilizado para fins ilícitos, para passar trote, fofoca, ou Fake News. É pouco provável, considerando que em sua existência sequer se conhecia  ou se falava em Fake News ou pós-verdades.
Tome-se o recurso da carta tradicional ou outras remessas pelo correio, sedex por exemplo. Ainda se emprega muito esse meio de comunicação para o cometimento de atos ilícitos, difamações, injúria, ofensas pessoais e outros expedientes delituosos. Como exemplos temos mensagens injuriosas a alguém, o transporte de drogas ilícitas e entorpecentes ; e mesmo bombas e explosivos com intenção homicida. Analisamos os recursos do rádio e televisão. O emprego do rádio e televisão com desvio de função não se dá de forma numericamente significativa. E tem uma única explicação, a questão da exposição e identificação do autor da infração ou crime de que natureza for. Aqui torna-se impossível o anonimato. Ou seja, nesses veículos de comunicação o agressor se faz notar e identificar pela voz e pela cara. 
Por fim, temos então os dois meios de comunicação da pós modernidade a internet e a telefonia móvel. Quando se fala em emprego do telefone, se pode referir tanto ao fixo como o móvel. Nesse gênero de comunicação em se falando estritamente de se ligar, telefonar para alguém. Ainda se pode empregar esses instrumentos para fins nocivos, ilícitos e imorais ou até criminosos. Todavia com os mesmos riscos do rádio e televisão, pela quase impossibilidade do anonimato, considerando que o autor das ofensas pode ser localizado.
A internet dos meios de comunicação moderno se tornou a campeã em desvios de função. E aqui vão as razões. O fator mais importante é a permissão do anonimato relativo. Relativo porque as polícias dispõem de meios e recursos para se chegar ao autor de qualquer trote, ofensa ou prática de crime. Ou seja, através de rastreamento do IP se chega até o endereço do emissor daquela mensagem.
Como fecho de matéria, algumas considerações a respeito dos smartphones, também e ainda chamados de celulares. Na verdade esses tão buscados e desejados objetos digitais se tornaram computadores portáteis de fácil porte manual. Eles se tornaram disparadamente os recursos de comunicação que mais têm desvios de função. Basta imaginar que o que menos se faz com um aparelho de celular são ligações telefônicas. Pesquisa do IBGE aponta que mais de 90% do acesso à internet se faz com um aparelho móvel, tablets ou smartphone.
E aqui volta à questão: não é o aparelho que é incivilizado, antissocial, antietiqueta. O defeito, o vício, o mau uso é por conta do usuário, do indivíduo que porta o apetrecho digital. Mau é o ser humano.
É a eterna dependência, a nomofobia, a fomofobia. Isto é, as fobias de perder a conexão com a internet, o medo de perder o que está se passando nas redes sociais. As cenas useiras e vezeiras indicativas de ausência de etiqueta e deselegância são: estar numa festa, numa missa, num culto, numa reunião, num jantar, na rua, nas recepções públicas e privadas e se atender uma chamada,  passar mensagem, se digitar, se falar de viva voz para os quatro canto do planeta. Foram-se embora a intimidade, a privacidade, o recato, a vergonha. A maioria das pessoas não se falam umas com as outras. Todos ligados e online nas redes sociais. São outros tempos, era digital.   Maio/2019.            

Câo.Nibal e Cão.Afeição

 O Cão como Bravura ou Afeto
 João Joaquim  

Existem vários estudos sobre a relação das pessoas com os animais. O animal protótipo ou piloto dessa sociedade é o cão, pelos laços estreitos da união. A grande maioria desses animais tem um ancestral selvagem. Todos os canídeos têm um ancestral em sua genealogia. Muitos desses primeiros representantes ainda existem na natureza. São os casos do lobo selvagem, do cão selvagem,  ainda visto nas savanas africanas, do lobo-guará ainda selvagem no continente americano. Entre outras espécies.
Nos primórdios o homem buscou domesticar e amansar os cães com o objetivo principal de caça. Tal iniciativa se deu pela simples observação dos animais selvagens (os cães) como exímios caçadores. Isto se deve até os dias de hoje pela grande aptidão da espécie em corridas, em olfato dos mais diferenciados e inteligência.
Os cães  no contexto moderno se tornou uma bicho mais lento, mais dócil, tendo̶-se em conta que o confinamento do animal, a sua prisão em casas e apartamentos tornam̶ no um bicho mais inibido, mais preguiçoso  e com todas as habilidades deprimidas. É  o resultado de sua reclusão, limitação de reflexos e movimentos.
Primitivamente   os cães foram amansados, domesticados e adestrados para a caça e posteriormente para a atividade de vigilância. E de fato nesta atividade de guarda, e de vigilância eles são muito hábeis por duas características básicas: territorialidade e sentido do olfato aguçado. Ser territorial é o apego do animal onde é mantido e criado. O animal tem energia e  inclinação em defender o domicílio e respectivo dono.
Considerações da criação e posse dos cães no contexto da modernidade. Nesses termos leva̶-se em conta que o homem se urbanizou, a maioria das pessoas mora em condomínios verticais, conjuntos habitacionais tais dotados das mais rígidas e eficazes guaritas pessoais (funcionários de portaria) e vigilância eletrônica. Ora, diante da modernização e segurança da vida urbana, por que a criação, a estreita e massiva relação com os cães, nesses ambientes apertados e reclusos?
Estudos Australianos e Canadenses nos revelam sobre a gênese ou  motivação da adoção e convivência das pessoas com os cães em ambiente puramente residencial. São os cães como pets ou animais de estimação. Projeção da pessoa no animal como símbolo de força e bravura (violência). Têm̶ aqui um componente psiquiátrico e social. É como se um indivíduo dono e condutor do bicho (passeio na coleira) dissesse ou expressasse aos outros transeuntes: afastem̶ se de minha rota senão eu lhe ataco e mordo. Nesse sentido tem-se noticiado   os casos de  cães ferozes que atacam, estraçalham e matam as pessoas em seus caminhos.
Por fim, para concluir, um mecanismo psíquico da relação das pessoas com os cães situa̶ se no campo dos afetos, das frustrações das relações amorosas e conjugais. Distmia é o termo técnico para esses distúrbios emocionais, das emoções e das privações afetivas. Em síntese, muitas carências afetivas e falta física de um filho, um cônjuge e outros pares afetivos são supridas pela criação, manutenção e companhia perene de um cão como animal de estima, de amor e alvo de afeto. Ainda que para tanto o animal seja cerceado de todos os seus instintos ancestrais de liberdade e livre circulação. Existe ainda o risco de transmissão de doenças e não são poucas, elas merecem um capitulo a parte.  Maio/2019.   
João Joaquim médico e cronista DM

SUS.TO NO SUS..

 
MINISTÉRIO DA DOENÇA E SUS(to) nos Hospitais Públicos
Joao joaquim
  
O Ministério da Saúde deveria se chamar Ministério da Doença. Porque o que ele menos faz é justamente cuidar  da saúde das pessoas. Que políticas o governo tem de saúde ? Pensem comigo, quadras de esporte, academias gratuitas para todos, ginásios esportivos, quadras esportivas ao ar livre, planejamento familiar, prevenção de gravidezes indesejadas com contraceptivos, laqueaduras de trompas, vasectomia, etc. Atendimento de qualidade em saúde bucal, entre outros expedientes de saúde pública.
Quando se criou o nosso sistema único de saúde- SUS , 1988, a teoria foi excelente. Mas, uma coisa é o enredo, outra bem diversa é a prática. Uma empreitada  é a criação, outras, seus criadores- leiam: nossos sempre incorrigíveis políticos no seu modus operandi.
Elaborarem projetos de lei, aprová-los, e dessas leis se valerem para uso pessoal ou para  usufruto de seus apaniguados políticos. Para quem já esqueceu, tivemos a CPMF, contribuição provisória sobre movimentação financeira, alíquota de 0,38% em qualquer movimentação bancária, de 1997-2007.
O ministro de saúde era Adib Jatene (1929-2014). A ideia foi dele, mas na condição de ser unicamente para a saúde .  O objetivo da arrecadação com o imposto era custeio da saúde pública, da previdência social e erradicação da pobreza. Doce ilusão e enganação das pessoas porque a “saúde pública” se manteve doente, a previdência na mesma deficiência e a pobreza em condição de miséria. Grande parte do dinheiro da CPMF foi canalizada para outros fins, entre eles os dutos de roubos e corrupção perpetrada pelos políticos da brilhante ideia da contribuição provisória que por escárnio durou 10 anos (1997- 2007). E muitos dos gatunos e ladravazes queriam̶ na permanente.

Por isso que se reitera, em tese o nosso SUS, não foi uma má ideia. São cláusulas e postulados  das melhores intenções. Desembestadas e psicopáticas são as mentes de quem dele fizeram e fazem uso com fins espúrios. Insanas e criminosas são as cabeças daqueles governantes que desviam dinheiro e surrupiam recursos dos hospitais públicos, dos bancos de sangue e da merenda escolar.
O SUS e todos os seus braços de funcionamento são apenas uma materialização e contundência dos desgovernos, das ingerências e quadrilhas (como o quadrilhão do MDB)que administram o nosso país.
Tomemos alguns exemplos desses esquemas criminosos. Alguns batizados com nomes curiosos, quando investigados pela polícia federal. Máfia dos sanguessugas; foi uma quadrilha ocorrida em  2006, formada por deputados e prefeitos que fraudavam licitação na compra de ambulâncias e orçamento para bancos de sangue. Eram políticos vampiros roubando dinheiro da saúde.
Máfia das próteses, ocorrida em 2015. Envolvia orçamento com próteses de ortopedia. Eram médicos de hospitais públicos, na atividade de gatunagem. Muitos desses profissionais ou não realizavam o implante das próteses nos segurados do SUS, ou colocavam uma prótese inferior e cobravam por outra bem mais cara, superfaturada.
É muito triste e melancólico constatar, como este autor o testemunhou  como médico urgencista( hospitais públicos).  Constatar e  sem muito o que fazer por doentes em prontos socorros e hospitais do SUS . Por ironia são chamados prontos socorros. A maioria ou tarda ou nunca atende aos segurados. Quantos não são os casos que morrem por falta de insumos básicos como antibióticos e quimioterápicos ? Outros tantos por falta de cirurgias e vagas em UTIs.
São cenários mórbidos que mais parecem a nau dos insensatos ou navios dos loucos porque o indivíduo chega buscando socorro e não sabe o seu destino. O que lhe espera, quando sua vida se acha por um fio. Muitos são os segurados que morrem por falta de uma  simples cirurgia de hérnia inguinal, de úlcera perfurada, por uma apendicite, por hemorragia interna que passa da hora do atendimento.
Fico de cá a imaginar em todos esses ladrões e larápios do dinheiro de merenda das crianças, do sangue para pessoas em risco de vida , nas ambulâncias destinadas aos doentes, das próteses não implantadas nos idosos.
Quando se fala na punição para tanto roubo e corrupção , no julgamento que deveria receber esses malfeitores de nossos compatrícios menos favorecidos, pelo desvio de dinheiro de escolas, creches e hospitais públicos, vem  exatamente o imagem  da divina comédia do Dante Alighieri. Também do  Armagedon ou juízo final . Provável que nem o 5º nem o 9º círculo do purgatório para esses malfeitores da humanidade, dado que mais do que hediondos são os pecados desses vilões dos recursos da educação e da saúde pública de nossos pobres e desvalidos e inseguros brasileiros    Maio /2019.   
João Joaquim médico e cronista DM www.jjoaquim.blogspot.com 

Poder Novo - Práticas Velhas

MELANCÓLICO E DESESPERADOR
João Joaquim  
Quando olhamos o quadro político e sociocultural de nosso Brasil temos motivos soberbos para preocupação e espanto. Quando a maioria dos brasileiros elegeu para presidente um candidato novato para o cargo, o deputado Jair Bolsonaro, foi uma aposta na esperança de que o novo eleito (quadriênio 2019  2022) pudesse implementar uma série de propostas que colocasse o país novamente na rota do desenvolvimento e administração de qualidade em muitas áreas  como segurança pública, educação e saúde pública. Passados mais de 4 meses de governo, pouco ou nada dessas metas têm sido cumpridas. A impaciência e desesperança têm novamente batido à consciência e porta das pessoas. Para franca sinceridade (sem cera) , fica a sensação de que houve até piora de muitos setores e atividades do país.
Nessa percepção basta uma detida análise de como ou a quantas anda a saúde das pessoas, o nível das escolas públicas, a segurança das pessoas. Quando se menciona segurança das pessoas pode subdividi-la em outros itens. Porque além do risco da ida e volta do trabalho e outros eventos, têm̶ se o risco do desemprego, o risco da educação de má qualidade dos filhos, a insegurança da subsistência, o risco das dívidas, o risco da falta de assistência médica, o risco da infelicidade e da depressão. Viver no Brasil passou a ser um risco.
Não é de agora que temos acompanhado algumas tragédias que preocupam, que infelicitam a todos nós, a começar pelas estatísticas. De analfabetos funcionais; são 13 milhões segundo o IBGE. Somados aos funcionais têm̶̶ se mais de 50 milhões de  brasileiros que mal leem e entendem um parágrafo de jornal ou manual de eletrodomésticos.
Os crimes de trânsito e homicídios com feminicídios superam os crimes da guerra da Síria. São mais de 100 mil mortos por ano. É uma estatística recrudescente e aterrorizante. Entre as causas estão estradas em agonias de manutenção, frota de carros velha, motoristas embriagados e drogaditos;  e por fim leniência das leis e impunidade pela omissão da  justiça. Fragilidade das leis e tolerância da justiça que explicam o elevado número de crimes contra a vida. Entre esses delitos dois dos mais hediondos têm sido o feminicídio e a violência sexual contra as crianças e mulheres.
Uma questão por demais sensível e que se mostra renitente refere̶̶ se à educação. Quando se olha os índices que avaliam tanto o aprendizado de alunos (prova Brasil, Ideb, Pisa) ou das instituições de ensino, o cenário nos parece melancólico e desesperador. Tal constatação inicia̶ se no ensino fundamental (o nome já diz tudo, fundação ou base de um edifício) e deságua no ensino universitário.
Nossos formandos do ensino superior entram nas faculdades via ENEN —ensino nacional do ensino médio. Para isso eles são adestrados especificamente para o vestibular. Passa quem faz mais pontos. Uma espécie de bingo ou tabela de certo e errado. Passado um ano eles não sabem nada da decoreba. As escolas deveriam ensinar aos alunos a pensar, a ler, a exercitar a matemática, a escrever, a se falarem com os outros.
A maioria dos colégios públicos se tornaram um antro de consumo e venda de drogas. Ir para essas escolas tem se tornado um pesadelo para muitos adolescentes e jovens. O cenário psicossocial tem se mostrado tão pessimista para nossa juventude que até ataques terroristas têm sido cometidos por aloprados, suicidas e terroristas, estes os próprios “educandos” dessas escolas.
Mas, otimismo. Se Deus é brasileiro, ele que talvez estava com outras ocupações, há de olhar pelo nosso Brasil, e com sua ajuda voltaremos a ser uma grande nação.  Maio 2019.
João Joaquim médico e cronista DM www.jjoaquim.blogspot.com

Peso Psíquico...

A OBESIDADE EXPLICADA PELA PSICANÁLISE
JOAO JOAQUIM

Neste instante ao ingerir um chocolate “amargo” eu me lembrei dos deuses do olimpo de zeus, e de Simgund Frend, e eu explico. Nada mais impróprio do que chamar um chocolate de amargo. Só por que ele não contem muito açúcar ou sacarose? Indébito este tratamento. O componente mais substantivo do chocolate é a teobromina. O termo vem do grego, téos= deus, broma= manjar, manjar dos deus. Por isso que esse alimento( vindo do cacau) é capaz de levar ao vício, à dependência, porque TRAZ  uma sensação euforizante. Nos sentimos meio que no paraíso.
Quando degusto um alimento muito capitoso e saboroso como os derivados do cacau vem- me também a lembrança do grande psicanalista Freud. É dele a teoria do desenvolvimento da criança. Ele estudou não apenas a mente humana, os sonhos, mas a ligação erótica da criança com o genitor do sexo oposto, menina e pai, o menino com a mãe; e também as fases anal, oral, etc.
E é justamente a teoria da fase oral que trago neste artigo.
Se fosse vivo, no atual estágio da medicina, Freud teria contribuído mais para outros ramos das ciências da saúde, além do que nos revelou. Por exemplo no campo da endocrinologia e da metabologia. Nesses ramos do conhecimento dois graves distúrbios têm fundamentos na psicanálise de Freud. São a compulsão alimentar e a obesidade, que tem conexões uni e biunívocas.
Em psicanalise, compulsão se refere a um instinto ou reflexo interior que leva o indivíduo à repetição de um ato, expediente, gesto laborativo ou alimentar. Tem a analogia com um tique nervoso, aquele movimento involuntário de partes de nosso corpo. A diferença é que a compulsão alimentar se faz de forma subjetiva e voluntária.
Da compulsa alimentar vem a doença obesidade. Distúrbio metabólico e ponderal multifatorial, sendo a compulsão alimentar uma das causas. Segundo Freud todos passamos por um desenvolvimento psicossexual de 5 fases: oral, anal, fálica, latente e genital. 
Dessas fases uma que parece ter conexão com a obesidade é justamente a fase oral, que vai do nascimento até os 18 meses de idade. É nesse período que a criança expressa sua primeira energia libidinal. 
Buscando, nesse contexto, uma  contribuição na fisiologia e na anatomia. A boca e todos os seus órgãos e tecidos que a compõem constituem  um complexo de estruturas e corpúsculos os mais sensitivos de prazer do corpo humano. Como exemplos dessa intricada anatomia temos  as fibras sensitivas e papilas linguais que identificam os variados sabores e outros estímulos do prazer.
Segundo tese de nosso psicanalista maior(Freud) cada fase do desenvolvimento psicossexual deve ser bem resolvida. Assim, se estriba muitos casos de obesidade que persistem com a longevidade de muitos dela portadores. Seria como se o indivíduo regredisse para  sua fase oral do desenvolvimento. Para muitas pessoas, o maior dos prazeres, o único prazer, sempre o mesmo prazer e mais prazer estão centrados, restritos ao ato de ingestão de bebidas e mastigação de alimentos. Mesmo que tais produtos e alimentos lhes sejam excessivos, supérfluos, nocivos e danosos à saúde. Fase oral e paladar orgástico em sua máxima sensação. Daqui resulta a terrível, a mórbida e limitante obesidade, de gravidade linear com o excesso de peso.  A pior delas, não é sem razão que leva o adjetivo mórbida.    Maio/2019.
João Joaquim - médico - articulista DM   facebook/ joão joaquim de oliveira  www.drjoaojoaquim.blogspot.com

O tédio do Novo

frustrante mundo novo 

joao  joaquim 
É interessante e curioso como o desenvolvimento científico e tecnológico propiciou a melhora na qualidade de vida das pessoas. Sobre isso penso haver uma unanimidade. Apesar de tantos avanços, tanto progresso em todas as áreas do conhecimento ficam-me ainda algumas inquietações e frustração. Uma inquietação é que nem todos têm acesso à revolução científica e tecnológica. A todas as conquistas, na verdade. Mas, uma exceção é benfazeja e prova que nem tudo é de quem pode pagar. Dia desses vagava por praças e passeios e nesse passeio isso me ficou estampado na cabeça. 
Debaixo de farrapos de cobertor e em andrajos um morador de rua foi despertado pelo seu smartphone
- Alô, não. Eu estou aqui na praça Joaquim Felix. Não, agora não posso porque vou dormir mais um pouco.
As revoluções científicas da internet e da telefonia móvel têm em comum essa característica humanitária e democrática. Quase todos  delas fazem uso com a mesma qualidade e conforto. O indivíduo pode não ter onde cair e repousar depois de morto, mas ele desfruta dos benefícios e futilidades da internet, redes sociais e telefone celular. E uma das facilidade é essa: como os aparelhos de celular são descartados, a cada edição o usuário de poder aquisitivo mais elevado troca de aparelho. Um novo é adquirido e doa o anterior para quem não pode adquirir tal objeto do desejo de consumo da humanidade. Santo atributo descartável.
Disse então de minha inquietação e frustração com a evolução da revolução científica e tecnológica e não sem razão. Se de um lado tanta qualidade e produtividade trouxeram esses progressos, o mesmo não se verifica quando se trata do ser humano em si como pessoa pensante, crítica, criativa, racional e inteligente.
Frente a mecanização e automação de quase tudo, a um sem-número de procedimentos digitais em substituição aos analógicos; ante ao fascinante mundo das múltiplas opções da internet fica uma inquietante pergunta: e o homem (gênero)? Em que ele evoluiu? Que revolução se vê nos atributos de racionalidade e inteligência do bicho humano? 
O que diria Aldous Huxley (1894-1963/69 anos) com o seu admirável mundo novo. Ele foi um visionário da evolução da condição humana. Mas, errou. Errou porque mesmo não prevendo a descoberta da internet e redes sociais ainda defendia o uso do ácido lisérgico (LSD) como energitador da mente e inteligência das pessoas.
Hoje de fato, temos um admirável e embriagante mundo novo da internet, das redes sociais e facilitação da comunicação virtual e telefonia móvel. Mas, quando se olha as pessoas em sua cotidiana lida nos vêm a descrença e a frustração. Ficam sempre as imagens de um franco e irreversível retrocesso nos atributos de evolução, inteligência e criatividade do gênero humano.
A televisão do controle remoto trouxe as pessoas para o conforto do sofá  e da pipoca. Os portões eletrônicos trouxe o comodismo de nem sair dos carros. Até o ato de  ir para a ginástica e padaria se dá de automóvel.
Quando muito , alguns saem  puxando os seus encarcerados pets de estimação e recolhendo os seus excrementos, quando o fazem esses donos, porque às vezes , nem cuidadar dos seus bichos de expiação( ops, de estimação), eles fazem 
A grande maioria das pessoas, estuda, quando estuda, e se torna estagnada até onde estudou. Nada, mas nada mesmo, essas pessoas acrescentam em suas vidas em sentido de formação cultural, humanística e profissional. Muitos profissionais, médicos, engenheiros, advogados, têm um diploma e um manual elementar de trabalho, que se tornam obsoletos com os anos. 
Em conclusão e parodiando Oscar Wilde, a maioria das pessoas não vive, apenas existe, subsiste e sobrevive. Inquietante, frustrante e fútil mundo novo.  Março/2019.  

Muita Pele e Pouco cérebro

O EXAGERO DAS PLÁSTICAS, TATUAGENS E BOTOX
João Joaquim  

Nesses tempos pós-modernos e digitalizados temos assistido, de forma frenética, uma contínua busca por tudo quanto é tido de prazer e satisfação do corpo e dos instintos,  por simples instinto. Nesse sentido, por exemplo, têm sido os casos dos excessos da mesa, das bebidas alcoólicas, das drogas ilícitas ou lícitas (prescritas por médicos) e até o exagero do exercício sexual com os chamados medicamentos para a disfunção erétil (impotência nos homens, frigidez nas mulheres).
Uma outra questão comportamental de nossa sociedade se refere aos tratamentos de beleza ou  de estética corporal. A tal ponto chegou a preocupação com o corpo que dificilmente se sabe se uma jovem bela e elegante o é de forma natural. Tem  sido desmedido o uso dos implantes, cortes, recortes, lipoaspiração, botox e toda forma de enxertos e próteses.
Um outro modelo do exagero na mudança do visual e estética corporal tem sido o uso abusivo e espalhafatoso das tatuagens. Tal prática de exagero soa incompreensiva e imbecil posto que o indivíduo troca sua pele natural por pinturas perenes, de quase impossível limpeza se chegar ao enfado e arrependimento. Curioso e esquisito que até as pessoas de pele negra vêm aderindo aos adereços das tatuagens. Como os desenhos ficam ofuscados pela melanina, eles mais sugerem os túneis de bicho-geográfico (parasita de pele, larva migrans).
Muito intrigantes esses comportamentos do prazer, da vaidade, da estética corporal quando os expedientes de boa saúde e qualidade de vida são relegados a um plano secundário. Nessa questão a ilustração mais candente se refere a lipoaspiração. Em  já tão popular técnica de sucção de excessos adiposos, barriga, coxas e glúteos, retiram-se de fato as gorduras excedentes. Mas, aquelas mais danosas, aquelas contidas nas vísceras, no coração e artérias continuam intocáveis. E são esses acúmulos de gordura que matam porque causam infartos e derrames cerebrais. Com um seriíssimo agravante: se o paciente já está com sobrepeso, essas gorduras invisíveis, já entranhadas nas vísceras, são crônicas e de efeitos nocivos de alto risco( obstrução de artérias , infartos, derrames).
Cada vez mais a medicina vem enfatizando toda terapia e estilo de vida baseados em evidências.  Ou seja, em ensaios clínicos e estudos científicos rigorosos seguindo critérios bioéticos. Acabou a vez do charlatanismo , das crendices e de apenas opinião pessoal. Vivemos hoje a chamada Medicina cartesiana, tudo com provas científicas .
Muito mais do que narcisismo (culto do próprio corpo), dos prazeres da carne e da mesa, as pessoas podem se dedicar a práticas mais simples e que de fato trazem mais saúde, mais qualidade de vida e longevidade lúcida e independente.
Como recomendações simples de uma existência sadia e longeva ficam as dicas de um check̶ up anual para qualquer pessoa. Alimentar bem não significa comer muito. Mais vale a qualidade dos nutrientes. A melhor tríade da boa saúde consiste em alimentação equilibrada, sono de boa qualidade e reparador e atividade física conforme aptidão de cada pessoa.  Maio/2019.

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...