terça-feira, 28 de maio de 2019

A Educação como Libertação

EDUCAÇÃO COMO LIBERTAÇÃO DO INDIVÍDUO

João Joaquim -
Se fôssemos lembrar de dois grandes educadores, imagino que muitos citariam Jean Piaget e Paulo Freire.  Piaget (1896-1980) nasceu, viveu e morreu na Suíça. Inicialmente formou-se em biologia e se dedicou a esta ciência. Depois se notabilizou nos estudos de filosofia, psicologia e educação. Se tornou muito polêmico e conhecido como educador. Sua tese de educação era a de que o professor ministra uma aula e o aluno copia, repete aquele aprendizado, como copista, um repetidor.
O brasileiro Paulo Freire (1921-1975} foi considerado um dos maiores pensadores da educação de nosso país. Não é sem motivo que recebeu as maiores condecorações  como doutor honoris causa no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Foi reconhecido pela ONU/UNESCO como uma referência pelos estudos na área de pedagogia.
Freire escreveu por exemplo a pedagogia do oprimido, uma obra seminal em questão do ensino fundamental. Ele tem a educação como um processo libertador do indivíduo. Trata-se da relação do explorado com o explorador ou do oprimido versus o opressor. Assim, deve-se permitir ao indivíduo analfabeto absoluto ou funcional as condições para que ele próprio se liberte do estado de cegueira crítica ou cultural, da condição de explorado por qualquer sistema. Nesse sentido seria mais eficaz que o opressor (patrão, chefe) também contribuísse nesse processo libertador educacional.
Paulo Freire contraditava as teorias de Piaget para quem o professor era o único protagonista no aprendizado, onde ele ditava e o aluno copiava, nos moldes da teoria da tábula rasa ou lousa em branco. Segundo a qual todos nascemos sem nenhum conhecimento e com as experiências sensoriais a criança vai adquirindo conhecimento; ou seja, ao nascer o ser humano tem um cérebro sem nenhuma inscrição dos objetos e do mundo que o cercam. Com os estímulos e as informações dos sentidos o indivíduo vai adquirindo os conhecimentos das coisas ao redor.
Na sua filosofia da educação Paulo Freire sofreu influência de outros pensadores como Karl Marx (marxismo), Jean Paulo Sartre e Kierkegaard. Ele dava relevo especial à conscientização do indivíduo nas políticas da educação como um processo pedagógico libertador. Na instrução, crítica e conhecimento como um processo do desenvolvimento do homem ou da mulher que por ventura se encontra numa condição de opressão ou submissão (pedagogia do oprimido). O melancólico é constatar que Paulo Freire não teve o merecido e justo reconhecimento dos políticos e governantes de seu tempo. Coisas e ocorrências bem próprias de nosso país. Quantos não são os cientistas, pesquisadores e doutores que saem do Brasil, por falta de incentivo e suporte financeiro dos governos?
São centenas que deixam o próprio país por falta de financiamento para suas pesquisas. Além do salário que, às vezes é indigno, quando comparado com o que recebe membros do ministério público e do judiciário, ou mesmo os congressistas. São fenômenos  e jabuticabas próprias do Brasil.
A citação dos dois indigitados cientistas da educação no presente artigo foi um modo, um mote do tema central, a educação como transformação e formação do indivíduo. Ortega y Gasset disse que “o homem é o homem e sua circunstância”. Vale dizer que cada pessoa é o produto de seu meio social que começa pela sua educação. E aqui eu cito outro grande pensador, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Ele foi um franco-suiço, grande pensador da formação do ser humano. Autor da teoria do bom selvagem. Foi um dos iluministas e precursor do romantismo. Seu pensamento lapidar foi: “ Todo homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe”, teoria do bom selvagem.
Ele fazia acerbas críticas às instituições públicas, inclusive às escolas, capazes de desviar o indivíduo de suas potencialidades naturais. Ele é autor de duas obras seminais: o Emílio e o contrato social.
Rousseau  discorreu muito sobre relações sociais e atividade política. Das relações do homem com o Estado. Das leis e estamentos.
Trazendo a temática da educação na construção e formação da pessoa humana. Não é pleonasmo a expressão pessoa humana. Serve para dar ênfase e distinguir de pessoa física e pessoa jurídica. Muito se tem negligenciado quando a questão é educação, notadamente com os avanços sociais, com o surgimento do instituto dos direitos humanos.
Ao que parece grande parcela da sociedade humana tem a fixação apenas no termo direitos. Nunca se fala em deveres humanos. Há na verdade uma corrupção, uma subversão desses princípios. E aqui entra o processo educativo. O maior reflexo da educação boa ou má, distorcida, canhestra, viciada, mambembe, customizada, individualista, egoísta se vê no conjunto de hábitos do sujeito.
O que é o habito? É o comportamento permanente do indivíduo, fruto de sua educação primeira, aquela que se inicia na fase da amamentação e da chupeta. A família, os pais, os cuidadores iniciais, sejam as babás e outros monitores da infância serão os modeladores do futuro caráter e padrão comportamental do indivíduo.
Nesse processo de educação e hábitos entram as atitudes mais básicas da vida. Assim temos os cuidados higiênicos, sejam os de ordem pessoal e ambiental, o respeito sistemático aos pais e aos idosos, ao cultivo da gentileza no trato com qualquer pessoa, ao respeito hierárquico a quem de mais experiência e de mais conhecimento, etc.
Enfim, os bons ou maus hábitos  são  o resultado da educação recebida e da família, complementada com os ensinamentos técnicos de uma boa escola. A educação é tudo na vida do indivíduo.    
    
 João Joaquim  MÉDICO — cronista do DM .   

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