quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O ESTRESSE

O STRESS QUE ADOECE E MATA



João Joaquim de Oliveira



O estresse ou stress é um grande fator de risco para doenças já bem estudado pela medicina moderna , embora seja inerente à evolução das espécies e ao homem desde os seus primórdios. Raras noções folclóricas gozam de tanta popularidade como a que atribui uma morte súbita ou um ataque cardíaco a um choque emocional, medo, raiva, dor, humilhação, tristeza ou alegria excessiva. A expressão popular morrer de raiva(metáfora) ocorre literalmente na medicina. Muitas pessoas frente a um grande desgosto, ira excessiva, depressão morrem de coração ( infarto, síndrome do coração partido, arritmias malignas) Hoje, a medicina e a investigação científica comprovam os mecanismos e vias potenciais envolvidos nesse processo. Estudiosos ressaltam que o estresse como um conceito psicológico tem sido usado não só com referência a condições ambientais ou psicossociais extremas como também um substituto para o que se poderia denominar ansiedade, conflito, frustração, ameaça ao ego ou à segurança.
No sistema circulatório tem havido grande interesse no estudo da correlação estresse/doença cardiovascular . Essa preocupação se justifica pela nítida influência que existe de o estresse agravar ou potencializar diversos fatores mórbidos como aumento de aterosclerose, da glicose sanguinea, do peso corporal, da pressão arterial , insuficiência cardíaca e coronária, arritmias cardíacas e morte súbita.
O estresse pode ser súbito , agudo ou crônico. Numa situação estressante súbita podemos ter diversos desfechos como cefaléia, amnésia, insônia, taquicardia, crises hipertensivas, gastrites, úlceras digestivas, depressão, dores musculares, infarto do miocárdio e morte súbita. No estresse crônico os efeitos e sintomas por serem mais leves , porém cumulativos são também bastante deletérios ao organismo. Exemplos desses estressores cumulativos são os desajustes conjugais, as dificuldades financeiras, o transporte urbano precário, insegurança pública, insucesso profissional, baixo poder aquisitivo, desemprego, inflação , noticiário de violência bélica ou urbana etc.
As guerras além de ceifarem milhares de vidas de forma brutal constituem direta e indiretamente em um grande estresse para a humanidade. A simples visão das hórridas e sanguinárias imagens de feridos, mutilados e mortos gera enorme angústia, comiseração e grande sofrimento. Para os combatentes , os civis e todos os profissionais no cenário de guerra os transtornos fisiológicos e neurocomportamentais são evidentes e têm graves implicações para a saúde física e mental com sequelas permanentes
Médicos e pesquisadores fizeram um importante estudo sobre as causas de morte súbita entre jovens engenheiros aeroespaciais da NASA/U.S.A e pilotos combatentes de guerra Ao exame microscópico as coronárias de mortos de guerra mostravam rupturas de células miocárdicas, comprovando que estes vasos estavam hipertrofiados e hipercontraídos cronicamente. Esses profissionais foram vítimas de intenso estresse na vigência de conflitos bélicos. . Quando demitidos do emprego por medida de economia, muitos pilotos, altamente especializados, passaram a trabalhar em serviços menos complexos como técnicos eletrônicos. Essa mudança de atividade gerava-lhes grande depressão , frustração e ansiedade com indução de doenças cardiovasculares e morte súbita. Os principais fatores mórbidos implicados na gênese desses eventos seriam liberação para circulação de elevadas taxas de adrenalina, cortisol, testosterona e outros hormônios com evidentes lesões no sistema circulatório e outros órgãos. Estudos médico-psicológicos de ex-combatentes mostram que a vivência de uma guerra pode deixar graves sequelas psico-comportamentais. Dentre estas sobrelevam em estatística as tendências ao suicídio, delírios, alucinações, estresse crônico pós-traumático, comportamento anti-social como agressividade, violência, inadaptação sócio-familiar e perda da auto-estima. Muitas doenças psiquiátricas podem ser desencadeadas como a esquizofrenia, transtorno bipolar, síndrome do pânico, depressão etc.
Os principais sinais denunciadores do estresse são: apatia, ansiedade, irritabilidade fácil, cansaço físico e mental, hipertensão, palpitações, dores musculares, insônia, cefaléia, diarréia, impotência ou frigidez sexual, náuseas, gastrite, baixo rendimento físico e mental .
Toda forma e grau de estresse devem ser tratados buscando ajuda médica e psicoterápica. Como dicas gerais no combate ao estresse sugere-se o seguinte: definir alguma prioridades na vida. Afinal a qualidade e a quantidade(idade) do viver são mais importantes que muitos problemas. Evitar a autoconversação, o monólogo ou ruminação de fatos do dia-a-dia. Isto só perpetua o estresse. Sem perder a sensibilidade, procurar mudar o comportamento emocional evitando o ódio, a hostilidade e a irritação. Não levar questões e tarefas do trabalho para casa. A casa e a família devem ser fontes de prazer, de relaxamento e amor. Procurar uma ocupação fora do trabalho que seja geradora de promoção pessoal e espiritual. Exemplos seriam as atividades físicas, os exercícios de relaxamento tipo ioga, dança e outros do gosto e aptidão de cada pessoa.
Recomenda-se buscar valorizar as relações interpessoais começando pela família. O amor seja filial, a um bem pessoal, a um estilo de vida, ou conjugal e a amizade constituem o maior promotor da felicidade humana e fontes de realização, alívio e cura de frustrações, ansiedade, ameaça a auto-estima e muitos sofrimentos. Jamais buscar alívio ou solução de qualquer dificuldade na automedicação , em tranqüilizantes, antidepressivos, bebidas alcoólicas e outros meios terapêuticos sem comprovada eficácia terapêutica.
Além da família e boas relações interpessoais a melhor orientação seria consultar o profissional de saúde conforme o distúrbio apresentado.




João Joaquim de Oliveira
Médico Faculdade Medicina UFG
joão@medicina.ufg.br
www.jjoliveira. blogspot.com

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...