quarta-feira, 22 de julho de 2009

LIVRO TEM VALOR ETERNO

João Joaquim de Oliveira
O livro tem validade eterno







“Oh! Bendito o que semeia livros ... livros à mão cheia ... E manda o povo pensar! O livro caindo n’alma É germe - que faz a palma, É chuva - que faz o mar.” Castro Alves


Entrar numa livraria ou biblioteca, frequentar uma bienal do livro como a que ocorre em Goiânia, serve, mesmo para uma pessoa comum, mas bem pensante e de bom senso, a várias reflexões, preocupações e muitas vezes tristes conclusões sobre cultura, alfabetização e ensino no Brasil.

O interesse e acesso à cultura no seu sentido mais amplo e inespecífico envolvem múltiplos fatores, a começar pelo custo que o indivíduo tem na aquisição de qualquer conhecimento. O meio mais elementar para tanto chama-se livro, instrumento este nada barato, considerando que o Brasil é riquíssimo em matéria-prima na produção de papel (celulose) abundante pelas extensas florestas ainda nativas ou cultivadas especialmente para este fim. Aqui é um país onde, talvez na relação renda per capita e custo, o livro seja o mais caro do mundo. Um absurdo!

No quesito bibliotecas públicas em todas as esferas de governo, somos outro exemplo de fracasso e do atraso. As poucas bibliotecas oferecidas às comunidades constituem exemplo do quanto pouco ou nada valem a cultura e o ensino de boa qualidade para nossos governantes. São acervos pobres, desatualizados e pessimamente administrados. As poucas opções existentes são mais entregues às traças, fungos e baratas. Causa asco, espirros, náuseas e vergonha sermos usuários e frequentadores de algumas destas tacanhas e vetustas unidades chamadas bibliotecas públicas. Será que nossos administradores e gestores das coisas públicas vão pelo menos como visitantes às nossas bibliotecas? Duvido!

E as escolas públicas? São outra amostra grátis do descalabro a que chegaram o investimento e a preocupação de nossos digníssimos e excelsos representantes com o que deveria ser sagrado e prioridade absoluta em qualquer país: a educação. Causa perplexidade e desesperança constatarmos a estrutura precária das escolas públicas; seja pelo estado de ruína e péssima conservação dos imóveis, ou pelo sucateamento e falta de manutenção da higiene, do mobiliário e carteiras escolares. A baixa remuneração e insuficiente qualificação dos professores é outro capítulo à parte. Por consequência, é prescindível comentar sobre o nível de aprendizagem de nossos alunos. Não se poderia esperar alfabetização e aprendizado eficazes e de melhor qualidade frente a tanto descaso e atitudes políticas tão pobres e irresponsáveis na área educacional.

Vários estudos e indicadores (Pisa, Saeb, Enen) mostram o quanto estamos atrasados em educação e cultura quando somos comparados a outros países que investem em educação e na qualificação de professores. Será que continuaremos entre os piores dos países emergentes ou em desenvolvimento no item educação de boa qualidade para nossas crianças, jovens e adolescentes?

O livro é um artigo caro e de luxo, inacessível para as famílias de baixa renda. Torna-se, por este e outros fundamentos, necessário e urgente mais investimento e engajamento da comunidade política no setor educação. Quando meios facilmente acessíveis forem ofertados às pessoas através de edições de livros ou boas bibliotecas públicas, poderemos constatar o quanto o País pode melhorar no quesito leitura, cultura e alfabetização de nossas crianças e jovens. Nesta sublime missão de educar e formar nossos filhos, o livro, que me perdoem os que ainda dão tanta ênfase à informática e à internet, o livro, repito, este milenar instrumento de aprender e ensinar, jamais perderá seu papel, seu posto como o melhor e mais eficaz vetor na disseminação e amplificação da cultura e educação do ser humano.





João Joaquim de Oliveira é médico, (joao@medicina.ufg.br) (www.jjoaquim.blogspot.com)

Os aditivos fúteis e vazios da Internet e redes sociais

  E nesses termos caminham rebanhos e rebanhos de humanos. Com bastante fundamento e substância afirmou o filósofo alemão Friedrich Nietzsch...