sábado, 11 de fevereiro de 2012

LIÇÕES DO CANCER - STEVE JOBS, LULA, ALENCAR

AS LIÇÕES DO CÂNCER
João Joaquim de Oliveira

Um atributo que a divina criação concebeu ao homem é ele viver sem a preocupação constante com a morte. Trata-se de uma característica muito bem pré-concebida e imanente aos humanos, uma vez que somos dotados de tantos outros dotes divinos como a razão, o pensamento lógico e sentimentos exclusivos da espécie humana.
Viver como imortal não significa pouca coisa. Imagina se as pessoas vivessem pensando que a qualquer momento o interruptor da vida pudesse ser desligado. Viveríamos todos com fobia daquela execrável dama da foice, em pânico e atacados de muita angústia. Todavia, existe algumas circunstâncias em que experimentamos de forma intensa nossa mortalidade. São aqueles contextos ou fatos que põem em risco, nossa integridade física. Sempre que somos vitimas de alguma doença, uma ameaça qualquer tomamos conhecimento de nossa finitude, sentimos a condição de mortais. Trata-se de uma sensação tão impactante e aflitiva que ela é vivenciada até mesmo pelos seres irracionais. Há algumas espécies de cervos e alces por exemplo que diante de uma ameaça muito grande eles têm morte súbita, tamanha a carga de adrenalina e angústia por que passam.
Independentemente do lado místico, da crença em Deus ou mesmo em outros valores filosóficos e culturais das pessoas, a iminência ou consciência de morte traz sentimentos que desorganizam a estrutura psíquica de cada um. Uma demonstração das tantas reações das pessoas quando são confrontadas com a inelutável realidade da morte, pode ser observada em doenças graves. O diagnostico de um câncer por exemplo. Até mesmo a pronúncia da palavra causa arrepios e repulsa nas pessoas.
Recentes em nossas memórias temos os casos do vice-presidente José Alencar e Steve Jobs (da Apple). Foram duas personagens públicas que de forma muito natural, positiva e rica deram lições à humanidade de como mesmo com o prenúncio da morte tocaram a vida normal e falaram dela como um capítulo certo, último e inevitável da vida. Ninguém normal e em sã consciência vai glamourizar ou enaltecer a morte. Esta sempre representará um transe doloroso para quem vai e dias pesarosos , solidão e saudade para quem fica.
entretanto, algumas reflexões e mesmo ensinamentos possamos extrair de algumas enfermidades malignas, cheias de estigmas como são as neoplasias malignas (câncer). Quais seriam os aspectos metafísicos ou surrealistas destas doenças que ainda representam verdadeiras e intrigantes incógnitas para as Ciências Médicas? Sem dúvida que podemos destacar o curso inelutável e a imutabilidade da natureza delas. Em outros termos, quem delas for acometido terá as mesmas dores, as mesmas angústias, as mesmas seqüelas, o mesmo sofrimento. Não importa que a vítima seja humilde ou arrogante, pessoa anônima ou celebridade rico ou pobre. Todos sentirão igualmente na pele e na consciência a pequenez, a fragilidade, a transitoriedade e a condição de mortais que todos carregamos.
Ter ciência e assistir o curso de doenças graves ou incuráveis de algumas figuras públicas como as mencionadas devem servir de alerta e reflexões para todos nós.
Quantos de nós tocamos a vida de forma tão imprevidente? A Medicina de hoje tem respostas e prevenção para muitos doenças graves e incuráveis. Quantos hábitos adquirimos na vã certeza de que eles não nos causarão nenhum mal ! Parece que a desventura, o mal, as doenças, a morte estão sempre reservadas para os outros, não para mim .
Assim, por que o vicio do tabagismo se sei que posso morrer de câncer pulmonar ou de laringe ? Por que me torno alcoólatra se posso ter cirrose hepática ou tumor de pâncreas ? Por que saio de carro desembestado por aí se posso matar ou morrer de forma violenta ?. Por que o consumo guloso e só por prazer de alimentos industrializados, enlatados e embutidos ricos em nitrosaminas que sabidamente aumentam os riscos de doenças metabólicas e tumor de colo intestinal ?
Como disse Guimarães Rosa “ viver é perigoso”. Agora de forma irresponsável então, imagina o quanto então é mais perigoso!

João Joaquim de Oliveira joaomedicina.ufg@gmail.com

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