sábado, 8 de setembro de 2012

RISCO CIRÚRGICO

PREVENÇÃO DE COMPLICAÇOES E MORTE EM UMA CIRURGIA João Joaquim de oliveira Risco anestésico-cirúrgico é a probabilidade de complicações e/ou óbito decorrentes do ritual pré, peri e pós-operatório . As chances destas intercorrências são dependentes de fatores diversos como estado de saúde do paciente, qualificação profissional da equipe médica , técnica operatória e instituição hospitalar. Constitui requisito capital na segurança e sucesso de qualquer procedimento cirúrgico uma avaliação clínico-laboratorial criteriosa do doente no período pré-operatório. Não raramente esta pode ser a primeira oportunidade para algumas pessoas passarem por um “check-up” médico ,quando então diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, derrame cerebral, insuficiência cardíaca, arritmia ou doenças constitucionais como diabetes, doenças renais, tireoidianas, colesterol elevado podem ser detectados . O não tratamento e a instabilidade destes fatores encerram grande risco no período trans e pós-operatório. A avaliação pré-operatória não deve restringir-se a uma lista de exames laboratoriais. Conforme a condição física , constituição do paciente, porte e duração do ato anestésico-cirúrgico faz-se necessário uma consulta prévia (história clinica) pormenorizada seguida de exames complementares e específicos para cada pessoa . Nesta entrevista médica são essenciais informações sobre alergia ou intolerância a medicamentos, anestésicos, antissépticos e outras reações adversas em algum procedimento cirúrgico-odontológico pregresso . Independentemente da complexidade da cirurgia o paciente deve passar por alguns exames básicos como hemograma completo( contagem de hemácias, leucócitos e plaquetas), análise da coagulação sanguínea , taxa de glicose (diabetes), exame de função renal e eletrocardiograma .Em cirurgias de médio e grande porte( intra-abdominal, intra-torácica, craniana, vascular) é recomendável exames mais sensíveis objetivando a presença de insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, infarto do miocárdio antigo já cicatrizado etc. Estas doenças , ainda que leves ou silenciosas somadas ao estresse metabólico e circulatório de qualquer cirurgia agravam o prognóstico com iminentes riscos de vida em qualquer cirurgia . Há que diferenciar os riscos inerentes e inevitáveis de certos procedimentos daqueles que eletiva e antecipadamente podem ser minimizados ou evitados. Neste contexto temos como exemplos as cirurgias emergenciais (e.g. úlcera gástrica perfurada, hemorragia interna por rompimento vascular, aneurismas) e traumas, onde as circunstâncias exigem pronta intervenção cirúrgica para salvar a vida do enfermo. Nas cirurgias plásticas, lipoaspiração e corretivas anatômicas em geral, existe um tempo hábil de planejamento pré-operatório, quando então todos exames pré-admissionais à internação são executados com quantificação dos riscos alusivos à pessoa e procedimento e medidas atenuantes e profiláticas. Um grupo particularmente susceptível de complicações no trans e pós-operatório é representado pelos idosos. Nesta faixa etária existe uma incidência maior de comprometimento de órgãos vitais como coração, aparelho circulatório, cérebro e rins. O sistema imunológico é menos operante nessa faixa etária. Portanto, além de maior ocorrência de infarto e derrame cerebral, há risco de infecções na ferida operatória e em todo o organismo(septicemia). A avaliação pré-cirúrgica do idoso, mesmo hígido, é sempre mais rigorosa. Nas cirurgias eletivas de grande porte além dos exames rotineiros torna-se mais prudente considerar exames mais sensíveis de função cardiovascular (teste ergométrico, ecocardiograma, cateterismo cardíaco) . Outro grupo que merece orientação e cuidado especial são os portadores de doença de valvas cardíacas (com ou sem próteses artificiais). Neste grupo há grande risco de infecção intra-cardíaca (endocardite infecciosa). Trata-se de doença de grave prognóstico independente do risco pertinente ao ato cirúrgico. As únicas maneiras de evitar a endocardite são técnica cirúrgica rigidamente asséptica e uso adequado de profilaxia antibiótica (medicamentos antimicrobianos). O ritual operatório é um trabalho de equipe, onde todos devem assumir seu papel com zelo, ética, humanismo e competência para um fim comum que é a saúde e satisfação do paciente. Cirurgião , anestesista e auxiliares devem atuar solidários para o bem estar do doente. Um integrante que tem papel primordial, considerado vital na cirurgia é o anestesista. Este profissional deve ser conhecedor não apenas de técnicas anestésicas, mas da fisiologia do paciente como um todo. Uma parcela significativa de pacientes cirúrgicos é portadora de múltiplas afecções que com o estresse da cirurgia são passíveis de agravamento com exigência de manuseio eficaz e emergencial. Todo medicamento e modalidade anestésica têm potenciais efeitos adversos no organismo. O sistema circulatório e coração são particularmente vulneráveis aos anestésicos e fármacos adjuvantes no ato anestésico-operatório. Ainda que a instituição hospitalar disponha de monitores, equipamentos e todo instrumental cirúrgico modernos o melhor monitoramento peri e pós-operatório é a própria equipe médica. No curso operatório, o anestesista em especial, este profissional paramentado de vestes brancas e pouco lembrado torna-se o verdadeiro “anjo da guarda do doente”. JOÃO JOAQUIM DE OLIVEIRA – cardiologista Assistente Serviço Risco Anestésico-cirúrgico HC/FM - UFG

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