sábado, 30 de abril de 2016

LIÇÕES DO ÓCIO...

O ELOGIA DA PREGUIÇA

JOÃO JOAQUIM


Eu venho de escrever sobre o trabalho, nestas linhas deu me na telha de escrever sobre a preguiça. Falando primeiro do mamífero, me disserto sobre o elogio da preguiça. Para aqueles não afeitos à sabedoria e símbolo do bicho, eu alcanço por bem esclarecer já de pronto. O animal, folclórico pela sua tenaz morosidade deu ensejo aos princípios da Ataraxia. Sistema existencial e filosófico que também defino para evitar deserção de leitura do texto remanescente. Ataraxia é um verbete originado do grego (gr ataraxía) com o significado de quietude, paz e tranquilidade. Tal sistema foi difundido, proposto e vivido pelos pensadores do ceticismo e estoicismo. Era na contemplação serena e imóvel da natureza que esses filósofos gregos afirmavam encontrar a felicidade suprema. É no  equilíbrio e moderação constante dos atos, na busca constante dos prazeres sensíveis (pelos sentidos) e espirituais que se atinge a plena realização do corpo e da alma. Numa palavra, serenidade para tudo.
O elogio da preguiça nada mais é do que essa constante demonstração que o animal nos dá sobre esse milenar princípio, que enfim, exposto em outros termos e conselhos seria : vá com calma porque a vida é breve e a arte é longa.
Um ensinamento de vida que nos traz essa classe de desdentados é aquele procurado por muitos: se quiser atingir o apogeu vá devagar. Outro saudável princípio é o do vegetarianismo. Só folhas e brotos. Não têm grãos, leguminosas, nada que fede a carne.
Poucos devem saber fora do regionalismo, mas o bicho preguiça também é conhecido por aí ou aígue. E não pensem que foi a expressão macunaímica “ai que preguiça” que deu origem a esses outros nomes de tão filosófico animal. Isto porque tais codinomes do animal  já estavam dicionarizados antes da obra andradiana .
Ficam então aqui relembrados os preceitos e elogios originados de tão simbólico animal por poucos admirado e reverenciado, a preguiça, do lema “devagar se vai ao longe”, lentamente se chega ao topo.
Por último falo de outra preguiça, aquele sentimento de aversão  ao trabalho, a indolência, a inércia em tudo na vida, o nada produzir ; ou numa expressão francesa o “laisser-faire”. O comportamento preguiçoso, o estado espiritual da preguiça (indolência) teve, é bem verdade, origem no ritmo de lentidão de nossa querida preguiça animal. Mas, trata-se, em nome de justiça, de uma referência desrespeitosa e infamante. Como bem pontuado, a criatura na verdade faz da paz, da serenidade e equilíbrio o seu modo de viver, o que vem a ser o seu grande elogio e lições de vida no mundo atribulado em que vivemos.
Os preguiçosos humanos de nossos dias vêm se proliferando. Tanto que vêm sendo objeto de estudo do ainda profícuo e produtivo IBGE. Nossos preguiçosos do Brasil foram classificados como nem, nem, nem. Para mais clareza das pessoas que me leem eu explico. Primeiro o IBGE fez uma estatística dos nem  nem; isto é; o grupo dos que nem estudam, nem trabalham, duas vezes nem.  A pesquisa então foi refinada e chegou-se a uma subclassificação. De tal pesquisa então surgiram os chamados três vezes nem .
São os genuínos preguiçosos porque nem estudam, nem trabalham e nem têm vontade ou desejo para ambas as atividades. Nossa moção de protestos aos preguiçosos do Brasil. Outra injustiça que deve ser reparada é a atribuição de tantos preguiçosos  nem aos programas sociais( fome zero, minha casa minha vida ) instituídos , com o fim de angariar eleitores e mais votos , pelo partidos dos trabalhadores de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Uma absoluta inverdade.  Os nem e preguiçosos já existiam. Eles apenas tiveram um incentivo a mais com tais programas assistencialistas. São tantas injustiças nesse nosso mundo  e no   Brasil que nem sonha nossa santa e pura filosofia de vida  !                    Abril/2016.  


João Joaquim de Oliveira  Médico Cronista do DM Goiânia Go  www.drjoaojoaquim.com   joaojoaquim@drjoaojoaquim.com 

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