sexta-feira, 31 de março de 2017

POSSESSÃO CIBER...

O EXORCISMO DA POSSESSÃO CIBERNÉTICA
João Joaquim  


Desde os primórdios e de seu nascimento eu venho acompanhando duas conquistas, na verdade, três conquistas tecnológicas da humanidade, que são o telefone celular, a informática e a internet. Eu quero cravar sem hesitação que nunca uma invenção, qualquer uma dessas três, dominou tanto as pessoas. Ou seja, a evolução se deu assim: primeiro, o homem dominou plenamente a sua criação. Uma vez concebida (a criatura), essa invenção dominou completamente quem dela se apoderasse. Houve uma inversão de posse, ,as tecnologias se apoderaram de seus usuários. Basta olhar no bolso, na bolsa, no pescoço, nas mãos das pessoas. Alguma dessas tecnologias estão ali como um parasita, carrapato ou carrapicho. Ela não desgruda de seu ex dono( de possuidor o sujeito se tornou possuído, uma possessão digitoeletrônica).
Eu perguntaria, sobretudo para as gerações pós internet, quem em sã consciência ,daria conta de viver, de se locomover, de trabalhar e se comunicar sem um desses recursos digitais? Do telefone móvel, de um instrumento de informática ou de conexão com a internet? Basta verificar quando falta um desses recursos na vida das novas gerações. Há um deus-nos-acuda, um bafafá, uma mobilização que lembra um enxame de formiga-correição .
Experiências já têm sido possível nesse sentido, em deixar o indivíduo sem celular e sem internet. Os resultados têm se mostrado o quanto nós humanos criamos uma dependência de certos objetos e dispositivos à semelhança do que se dá com os chamados adictos (viciados) em qualquer droga lícita (psicotrópicos) ou ilícita (efeitos psicodélicos e alucinatórios) como é o caso de uma cocaína ou maconha.
No caso da criação da informática. Aqui, entendemos como todo instrumento, máquina ou dispositivo com a finalidade de  gravar e armazenamento de dados. Ela foi concebida pelo francês Philippe Dreyfus em 1962. Os componentes de informática é o que hoje popularmente se conhece por hardwares. São os componentes físicos de um computador destinados ao armazenamento de toda informação (daí o termo informática).
A internet tem uma história curiosa e empolgante. Foram vários engenheiros e tecnólogos na sua gestação. Ela foi idealizada para ser utilizada pelas forças armadas americanas, para guardar segredos de Estado, na chamada guerra fria EEUU versus URSS.  J. C. R. Licklider, do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), foi o primeiro idealizador. O objetivo era a transmissão de dados de forma instantânea e confiável. Assim, um recurso que imaginou-se de uso restrito de segurança estatal,  se tornou em um conjunto de redes de computadores interconectados de acesso público e gratuito por toda a humanidade.
Por último o telefone celular; o quão impactante foi tal invenção. A intenção inicial era apenas esta( ligações telefônicas), o indivíduo ter um equipamento portátil, leve e pequeno, com o qual ele pudesse falar de onde ele estivesse, inclusive dos presídios e hospícios. Tem-se ali em Bangu I, Rio de Janeiro, um traficante preso, ele que dar uma ordem pra seu grupo em São Paulo. Pronto, o celular a mão é a solução imediata. Ordem dada e veem-se lá assassinatos, ônibus queimados, assalto a bancos, joalherias etc.
Agora com os criadores e tecnologias da telefonia móvel, pode-se dizer sem hesitação que ninguém vai errar. Ao que sugerem os novos tempos, e as tendências, baixaram nos inventores do celular todos os espíritos mercantis e mercenários. Gradativamente foram sendo criados um marketing e atrativos que excitassem  e induzissem as pessoas ao consumo e posse do aparelho. Senão vejamos.
Primeiro então o celular servia apenas como ligações telefônicas. Eu estou aqui numa pescaria mas preciso falar com alguém na cidade. Pronto, com a telefonia móvel está resolvido. As indústrias do aparelho percebendo esse fabuloso mercado consumidor teve um clarão criativo, que os americanos chamam de “insight” ou a popular intuição.
- Opa, esse negócio tá dando lucro! Criaram então as primeiras mensagens eletrônicas( as sms) . O negócio ficou melhor ainda. Pensaram então em outro filão de consumidores, as crianças. Inventaram então os games para celular. Conquistaram então a adesão da garotada. Coitados dos pais e das notas escolares. Os índices de avaliação escolar tipo Ideb, prova Brasil, Pisa despencaram. Culpa dos inventores e dos pais que dão celulares aos filhos muito cedo. Pontos para as industrias e mercadores desses apetrechos.
Ah, não esqueçamos que todos esses recursos foram desenvolvidos em cartel com as operadoras de celulares.
Bem, imaginemos agora juntando as três invenções : a informática, a internet e o celular. Que estalo criativo tiveram essas pessoas, esses cientistas, as indústrias e empresas de telefonia móvel.
O telefone celular, hoje, ainda o chamam assim, se tornou o objeto mais inseparável das pessoas. É o maior sonho de consumo das pessoas, principalmente das crianças e juventude. Enfim, ele representa uma compactação das três invenções , a informática, o celular e a Internet. Falar nisso, celular agora nem chamam-no mais deste nome e sim  smartphone, iPhone, tablet ;  o uso dele é para tudo mais menos ligações telefônicas.
Para exorcizar tanta possessão , de tantas tecnologias, de tantos instrumentos digitais que se apoderaram de nossas mentes e corações, há mais prevenção do que cura. O tratamento da webdependência já existe nas clínicas psiquiátricas e psicológicas. Mas, o mais eficaz , duradouro e efetivo está na prevenção .
Por isso advirto aos pais, aos educadores, aos tios, padrinhos e cuidadores. Nesse ponto eu assevero com todo rigor: não dê um celular , um tablet, um iPad, um instrumento eletrônico ou digital para uma criança de baixa idade; antes do 12 anos. Esses recursos , para esses pequenos os tornarão  eternamente dominados e possuídos por tais tecnologias. Como se uma possessão demoníaca fosse. Aí o exorcismo de tais objetos se tornará muito mais difícil. Pensem nisso e ajam na construção de uma sociedade e de pessoas mais pensantes, conscientes e humanizadas umas com as outras.   março/2017.   

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