segunda-feira, 29 de abril de 2019

Estratos e Extratos

 QUERO MUDAR DE ESTRATO E RASGAR OS MEUS EXTRATOS
João Joaquim 
Eu quero mudar de estrato. Palavra de honra que eu não suporto mais. Não pensem que enjoiei de tomate porque sequer uso o seu extrato. Prefiro o fruto “in natura” com todo o seu vigor e frescor. Também não tenho nada contra as nuvens, os estratos atmosféricos. Na verdade, se pudesse queria alçar voo e navegar na estratosfera, mas é inexequível pela baixa tensão de oxigênio. Dia desses fui averiguar meu extrato bancário e tive um desalento, porque com minguadas receitas vi  lá tarifas e cobranças fantasmas. Nunca pedidas, nunca autorizadas, nunca sabidas, nunca fruídas. Como os bancos e operadoras telefônicas nos conseguem cobrar tanta coisa, tantas tarifas sem os devidos serviços prestados!
Enfim, minha insatisfação é com meu estrato social. A dicção de nossa constituição é cristalina de que no Brasil não existe as tais castas sociais. Uma coisa é o escrito outra coisa é o que acontece na prática e no grito. É isto mesmo que está dito. Quando o cidadão é poderoso, ou no dinheiro ou na hierarquia funcional ,ele se resolve de duas maneiras. Encrencou com algum delito chama a sua renca de advogados. Aí tem todo aquele rito.
É entrevista pra lá, justificativa pra cá e quando menos se espera está na rua o maldito. Depois ainda falam os da OAB inscritos de que todos são iguais perante a lei - Art 5º da constituição, cognominada por nosso Ulisses de carta cidadã. Cadê a cidadania na prática e nos direitos ? Direitos  que nunca são usufruídos ?
Nosso Brasil do século XXI não mudou muito em relação ao país de séculos passados quando se fala em desigualdades sociais e de renda. Se fizesse uma estratificação das pessoas elas entrariam no sistema parecido com o sistema de castas indiano. Alguns tipos como modelo. Há a classe dos ricos e poderosos, há a classe média alta, média média e média baixa; a classe dos funcionários públicos, a classe dos trabalhadores privados;  a classe das autoridades (dos sabe com que está falando ?); a classe dos operários da construção civil; e a classe dos excluídos de tudo. Estes seriam os párias da sociedade, compostos de desempregados, analfabetos (milhões), moradores de rua e mendigos. Fica a sensação de sempre. Aquela de que código civil foi criado para os ricos, mandatários e autoridades. Já o penal foi idealizado para os párias sociais, os pobres e excluídos. Jocosamente, falam até dos três ps , prostituta, pobre e preto( ops, é o que está na boca do vulgo). 
Quando se olha o ritmo da governabilidade veem-se presidentes dos poderes fazendo pilhérias e fofocas um do outro, o outro abrindo inquérito por críticas e xingamentos de internautas,  e nessa toada todos os projetos de interesse da nação em banho maria. Parece que o país é governado via tuites. 
Outra mostra do jeito mambembe e caranguejeiro do país é a justiça e suas céleres decisões favoráveis aos crimes do colarinho-branco. O malandro e ex poderoso político recebe malas de dinheiro, propinas de tais e quais empresas, é fartamente comprovada sua lista de delitos. Vai preso, mas de pronto é libertado por um magistrado que teve um curriculum criminal igualmente o de quem ele libertou. Pode isso? No Brasil pode tudo.
Por isso que reitero, dá-me vontade de pegar meu extrato bancário, rasgá-lo e jogá-lo no lixo e voar lá para a estratosfera. Ou então fazer companhia  ao Bandeira e ir embora para Passárgada. " Vou-me embora para Passárgada, porque lá sou amigo do Rei". Março/2019.

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