sexta-feira, 31 de julho de 2020

Neutrinos

 NEUTRALIDADE SOCIOLABORAL
JOAO Joaquim


Tenho na memória uma tese lida(mestrado) de uma universidade pública( Unifesp sic) em que o teor e conteúdo versa sobre a neutralidade sociolaboral (convívio social e produtividade, trabalho, etc.). E referido manuscrito serve-me agora para o presente artigo. Vem de muitas culturas, filosofias e doutrinas  a concepção de que o mundo, as coisas, os seres humanos e animais são regidos por uma dualidade, duas energias ou forças opostas, a exemplo do bem e do mal, da noite e do dia, do preto e do branco, do positivo e do negativo, da construção e destruição e assim por diante.
Tome-se o conhecimento da Física, onde no estudo do átomo existem os dois elementos próton -positivo e o eletron – negativo. Eles têm forças diametralmente opostas, (+) e (-). Há ainda no átomo o nêutron. Nem + nem -.
Outro bom exemplo temos no próprio corpo humano, o coração tem a chamada sístole(contração) e a diástole(relaxamento). A nossa pressão arterial é outro exemplo , ela  que se subdivide em máxima (sistólica ) e mínima(diastólica ). Falar nela, o ideal de normal é 12/8 ou 120/80 mmhg.
E assim, poderíamos citar um sem-número de outras situações da dualidade, dos contrários que regem o cosmo, os seres vivos e inanimados.
Nesse sentido vale mencionar o ensinamento contido no Taoismo( tao = caminho) desenvolvido por Lao-Tsé, filósofo e religioso chinês. Ali , temos o  princípio do Yin-Yang. O Yang corresponde ao masculino, quente, forte, celestial e luminoso; em contraponto ao Yin, feminino, passivo, frio, obscuro, terrestre. Enfim, o forte versus o fraco ou passivo versus ativo.
Trazendo essas noções do conhecimento humano para a vida social das pessoas. Notadamente nesses tempos da chamada modernidade líquida (Teoria do filósofo polonês Zigmunt Bauman). E para tanto busco inclusive uma referência a uma recente pesquisa do IBGE sobre a juventude brasileira, onde houve um foco significativo a respeito da ocupação desse contingente de pessoas: o que eles fazem, deixam de fazer e suas preocupações com o futuro. Trata-se de um censo emblemático do que projetam esses jovens frente a tanta tecnologia da informação(TI) e informática. Das redes sociais, enfim, que se tornaram a nova escola da nova modernidade. Ali tudo se aprende.
Fundamentado então em perguntas e respostas o IBGE classificou essas pessoas em: Nem, Nem. Ou seja, os que nem trabalham nem estudam. A pesquisa então foi mais refinada e entre esses dois grandes grupos encontrou-se um terceiro subgrupo: os que nem trabalham nem estudam nem interesse têm em ambas as iniciativas(atividades). Nada contra a Internet, as redes sociais, as mídias , da nova escola da modernidade líquida. Não foram criadas para tais fins, questão de desvios de finalidade, de utilidade, de construção de vidas.
Tendo em conta esses 3 grupos de pessoas (falando mais nos jovens de hoje) eis que podemos fazer essa alegoria das relações humanos com o trabalho, a produção, o construir alguma coisa, que papel cada um de per si representa para a sociedade, para o seu entorno social, para a família e para si mesmo.
Em paralelo com o átomo (entorno social), muitos são altamente positivos, construtivos e produtivos (os prótons) ; outros nada fazem, os nem nem, negativos( elétrons). Nada fazem, nada produzem, nada geram e alguns se tornam até delinquentes, uma carga negativa para as famílias, para o seu entorno social, para o Estado.
Temos ainda um terceiro grupo. Estes costumam nada fazerem de errados, são inclusive elogiados e protegidos pelos pais, que assim os criaram. Nada fazem de errado. Verdade absoluta. Mas, de positivos também nada produzem, são os neutrinos, os neutros, não fedem nem cheiram.
Reitero as características dos portadores de neutralidade sociolaboral = Eles não fazem nada de negativo, não usam drogas, não são alcoólatras compulsivos, não se envolvem em nenhum delito ou ilicitude. Verdade mesmo. Perguntados sobre o que fazem na vida de bom para a família, para alguma ONG ou voluntariado, também nada fazem. Não trabalham, não estudam, nem têm interesse em ambas as iniciativas de mudanças do status quo. Não fedem nem cheiram. São os neutrinos, ou neutros sociolaborais. Com a palavra o nosso glorioso IBGE, e as tão rebarbativas, intituladas “redes sociais”, as diversas formas de mídias de entretenimento e lazer... É isto aí. Parodiando Rousseau “ Todo homem nasce bom, a Internet e  as Redes sociais é que o transformam e educam”.

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