sábado, 28 de fevereiro de 2015

FALAR E ESCUTAR...

A ARTE DA ORATÓRIA E DA ESCUTATÓRIA

João Joaquim
 Se tem uma estratégia importante na vida de qualquer ser animal se chama comunicação. Vamos imaginar por exemplo as relações humanas. Já imaginou se na nossa concepção, não fôssemos dotados de fala e audição. Basta imaginar como seria a vida de um surdo-mudo se não houvesse quem lhe ensinasse a linguagem cênica dos sinais (libras). Vamos pensar no que seria a existência de uma pessoa sem som.
Não! Não é pouca coisa. A capacidade de se comunicar bem é tão relevante na vida humana que há profissões estritamente dedicadas a tal atividade. Daí temos por exemplo os porta-vozes das empresas, dos órgãos de governo e assim por diante. A arte de bem falar tem até um nome pomposo, oratória. A História está repleta de grandes oradores. Na antiga Grécia houve notáveis na arte da oratória. Cícero e Marco Aurélio por exemplo. No Brasil tivemos por exemplo o Pe  Antonio Vieira, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, entre outros.
Expressar bem oralmente os pensamentos e raciocínio é questão de vocação natural e treinamento.  Claro que uma bagagem cultural e prodigiosa memória vão fazer muita diferença. Isto porque se num discurso o orador começa a falar abobrinhas, os ouvintes ou vão embora, ou dormem, ou não entendem patavinas.
Agora, pena que não sou político ! Mas, se eu fosse parlamentar iria através de um projeto de lei suplementar (PLS) propor  o curso de escutatória. Este curso seria útil , por exemplo,  a funcionários públicos, delegados de polícia, juízes de direito, governadores, presidentes da República; mas se tornaria muito recomendado para profissionais de saúde. Para aqueles médicos que mal olham na cara do paciente e lhes entregam uma lista de exames complementares. Olha quanta utilidade. Passaria a constar como infração ética. O médico que não escutasse direito as queixas do doente estaria sujeito a alguma advertência por escrito e seria obrigado a fazer uma reciclagem na arte de saber ouvir o seu cliente. A escutatória é considerada a irmã siamesa da oratória. Há quem assevere e filosofa que ouvir é mais importante do que falar. Não é sem razão que os animais, inclusive os humanos, têm dois ouvidos e uma boca.
Outra evidência da importância da arte de se comunicar é o próprio ministério das comunicações. Se bem que nos dias atuais (vigência dos escândalos da Petrobras) os porta-vozes do palácio do governo (PT de Lula e Dilma) andam mudos e moucos. Eles não ouvem e nem falam nada. Há como quê um pacto  de silêncio os membros do PT.
Nada no mundo evoluiu tanto como as comunicações. Basta observar o quanto de empresas teles temos no Brasil e no mundo. É tanto cruzamento de informações que há dia e local que os celulares e as teles entram em colapso. Mas, imagina! São mais de 7 bilhões de terráqueos  fazendo comunicação. Aí o sistema não suporta. Nunca o mundo se comunicou tanto como agora na era digital. A internet, o celular e as redes sociais estão aí na crista da onda para ilustrar esta realidade. E ainda vai melhorar. Agora, algumas criaturas me intrigam; e não só a mim, mas a toda humanidade. Os ETs por exemplo, como eles se comunicam entre si? E não digo nem conosco aqui na terra. Eu fico encafifado é mesmo com a fala deles. Seria uma espécie de metalinguagem,  paracomunicação , códigos, letras ? Sinceramente nem imagino.
Outra seara que me deixa atrapalhado é a comunicação mediúnica que algumas pessoas espíritas fazem com os mortos, no caso com a alma desses falecidos. Nesse campo eu continuo mais ignorante do que cético. Eu sigo aquele conselho de Sócrates “ Ajuizado serás não supondo que sabes o que ignoras “.
Dia desses eu estava a espera de uma consulta num movimentado hospital de ortopedia de Goiânia. Do lado, uma senhorinha que igualmente consultava por questões de juntas. Aí juntamos a falar de coisas triviais da vida. Ela contou-me por exemplo que tinha como terapia cuidar de algumas plantas. Todos os dias sua terapia era regar e podar as criaturas verdes. Eu então inquiri dela:  a senhora fala com suas plantas? Mais que depressa ela me disse que não só falava com suas plantinhas, mas que trocava carinhos e afagos com elas. E disse mais, que as plantas têm sentimentos, tristeza e depressão. Do  outro lado, outra senhora olhou para mim e para a mãe das plantas com olhos incrédulos e de escárnio. E para arrematar eu disse para essa terceira senhora: não duvide! Tudo isso que ela diz é verídico e até científico. Eu disse mais, as flores falam conosco através de sua beleza e de seu perfume. Podemos falar e comunicar até com a lua e com as estrelas. Basta saber ouvir e entreter-se com elas como bem testemunhou o grande poeta Olavo Bilac. “ E eu vos direi/Amai para entende-las/Pois só quem ama pode ter ouvido / Capaz de ouvir e de entender estrelas” .  


 João Joaquim  - médico e articulista do DM joaomedicina.ufg@gmail.com



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