sábado, 26 de dezembro de 2015

NO FUTEBOL ....

ENEM PARA  COMENTARISTA DE FUTEBOL


João Joaquim 



Como a crise chegou para todo o mundo,  assim se referiu Filisteu Apolíneo,  eu achei de procurar uma segundo profissão para reforço de orçamento. E então penso daqui, penso dali e resolvi ser comentarista de futebol. Um amigo, sabedor de meu intento admirou.
- Comentarista de futebol? De onde tirou conhecimentos nesse esporte tão imprevisível?
- De pronto já retruquei-lhe. Jogando e assistindo ao próprio há quase quarenta anos.  Com tal intenção na telha me dei a fazer contatos com algumas empresas do segmento. Primeiro fui a um jornal impresso me propor a colunista esportivo. Não tinham vagas.
- O Sr. já tem experiência no ramo? Indagou-me o redator chefe.
- De muitos anos. Além de peladeiro profissional, sempre assisti a muitos jogos.
- Não basta, rebateu- me diplomaticamente o suposto diplomado jornalista.
- Ora, posso provar o contrário. Qual torcedor ou leitor vai lá querer saber se tenho ou não diploma para comentarista desse ou aquele esporte. Inda mais o futebol, onde todos damos o nosso pitaco e mostramos ser entendidos? Não somos o país de mais de 200 milhões de técnicos ?
E continuei arrotando os meus argumentos de pretenso comentarista.
- veja no seu próprio cenário. Não faz muito que numa decisão de nossa suprema corte de justiça ficou pacificado que para ser jornalista não precisa de diploma.
- Então façamos um teste.
Teste executado; eu fiquei no banco, isto é, no cadastro de reserva para vaga futura.
Dirijo-me a uma emissora de rádio. Ali as exigências foram mais amenas.
- O Sr. já trabalhou de comentarista esportivo?
- De futebol, que é mais o meu terreno.
- Em quais veículos atuou na área?
- Nos meus próprios. Sempre que ia para as peladas nos meus carros, quero dizer, nos meus  veículos ia comentando com os amigos sobre as partidas onde atuava ora como volante ora de centroavante.
- Não, estou a referir a órgãos de imprensa, jornal, rádio, televisão.
- Eu lhe garanto, que não há essa precisão. Mostro os meus qualificativos; o que eu acerto como palpiteiro em futebol é uma grandeza.
 Propuseram-me um teste. O redator-in-chefe gostou. Mas, também me deixou na reserva, isso é, em cadastro para eventual vaga na função.
Numa reação de pertinácia, vulgo teimosia, não desisti, bati num canal de TV,  e fui bem recebido com votos de bem-vindo.
Propuseram-me um teste de simulação , sem outras exigências formais.
A condição era que minha atuação tivesse direito de ir  ao ar apenas da  própria emissora. Minha atuação não podia ter circulação fora os estúdios  .
O jogo escolhido foi Palmeiras x Santos, pela copa do Brasil, na arena do Palmeiras. Assim se deram alguns lances de minha atuação, secundado pelo meu avaliador.
- O Palmeiras está verde de coragem para ganhar o jogo. Se o ataque do verdão não se amadurecer na partida o time vai ser derrotado novamente. Lembro que no primeiro jogo da decisão, o Santos tinha ganho por 1X0.
- O Santos está atacando e levando perigo ao gol adversário. O Palmeiras tem que sair desta marcação cerrada.
- Se o Gabi gol ( o atacante Gabriel do Santos) tivesse mirado melhor ele teria abrido o placar.
- Chove muito e o campo fica mais pesado para o adversário!
- Fica muito encharcado o campo mas, a dificuldade é igual para as duas equipes, rebateu meu avaliador.
Enfim, e já pedindo demissão eu desisto da carreira. Afinal é um campo minado de possibilidades, onde todas as opiniões são possíveis ou prováveis. Valeu pela (in)expertise!
Em tempo o Palmeiras venceu por 2X1 no tempo normal  e foi campeão nos pênaltis.


João Joaquim - médico - articulista DM

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