sábado, 30 de abril de 2016

FILHO OU CACHORRO...


12 de abr
para OpiniãoOpinião
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 O que vale mais , dois filhos  ou um lulu-da-pomerânia    ?

João Joaquim 

Quantas lições se podem tirar da foto do casal do cachorrinho, que mais parece uma fêmea. Talvez lulu-da-pomerânia.  Soou estranho o nome? Já abro um aparte e explico um pouco de Geografia.  Pomerânia é uma região ao norte  da Polônia e da Alemanha, que no curso da história foi motivo do chamado conflito PPS; Prússia, Polônia e Suécia. Existe essa região polonesa e alemã e também o dialeto Pomerânio, derivado do Alemão.
Todavia, a mimosa e bela raça do cachorrinho tem origem na Alemanha, lulu-da-pomerânia. Um pouco de cultura inútil não faz mal a certos assuntos cachorrais.
A propósito da  questão da foto que saiu na Veja 13 de Março 2016, nas redes sociais e provocou protestos, críticas provocativas, aleivosias e comentários acrimoniosos.
Tudo se deu nas passeatas de 13 de Março, contra o governo petista de Dilma Rousseff. A foto do casal Cláudio e Carolina Pracownik foi tirada de uma via pública do Rio de Janeiro. Tal imagem, originalmente  está encimada por duas placas: Visconde de Pirajá e Rei do Mate. O quadro fotográfico mostra o casal com um pet (lulu) puxado pela coleira e atrás vem a empregada ou babá, de etnia negra, empurrando um carrinho quadriciclo com dois irmãozinhos, de cerca de 2 e 4 anos de idade.
Naquele átimo da foto, é bom que se diga, a babá empurra a composição a custo. Tanto que ela tem os passos mais contraídos e se acha mais ofegante. Naquela fração de segundo o casal num olhar de esguelha e à  lateral esquerda confere a condição das crianças que demonstram estar confortáveis.
E assim seguem o passeio pelas avenidas. E então pipocaram os comentários, nos mais diversos vieses. Alguns desses : trata-se de um ranço da época escravagista! Por que cabe à empregada negra a tarefa de cuidar dos filhos do casal? Outro: por que ao pai, tão jovem e tão saudável, não coube aquele esforço e trabalho de condução  do carrinho com as duas crianças?
Eis então as chaves interpretativas de tão polêmica imagem. Atenhamos todos à legislação que rege e normaliza o trabalho dos domésticos(as). Trata-se de questão de informação. Todos têm deveres e direitos iguais a todos os outros estratos de trabalhadores do Brasil. E são livres. Laboram para quem, onde e quanto de horas querem. Se excedem as horas devidas por dia recebem hora extra. Ou seja, são livres e têm a profissão legalizada. Recebem até seguro desemprego, se necessário;  e são até assistidos pelo INSS e pelo SUS. Então por que de tantos protestos e críticas vazias de fundamentos ?
Quanto ao diferencial ou discriminativo nos dois atos: condução do pet e do carrinho com os dois filhos do casal. Para clarear melhor a polêmica. Coloca-se a seguinte questão: falando nos dias de hoje, em termos de evolução , costumes, comportamento e paradigmas socioculturais;  como se pode prestigiar a uma pessoa ? Como  trazer-lhe mais dignidade? Resposta,  na missão a ela incumbida. Isto em se falando nos tempos de plena modernidade, de virtualidade, de global comunicação digital instantânea. Pergunta-se :  O que mais dignifica uma empregada doméstica?  Qual dessas tarefas se torna mais nobre:  a  condução dos filhos ou a guia do  cachorrinho do casal?   Francamente, eu não sei por que de tanta controvérsia!   Abril 2016. 


João Joaquim - médico - articulista DM - www.drjoaojoaquim.com  joaojoaquim@drjoaojoaquim.com

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