quarta-feira, 21 de setembro de 2016

De Coleiras..

HOMENS E MULHERES NA COLEIRA,  QUE TAL ?
João Joaquim  

Quando eu vejo as pessoas saírem pelas ruas puxando ou sendo puxadas pelos seus intitulados “animais de estimação,” me causa uma certa piedade. Dizer piedade pode parecer exagero de minha parte, mas não é! Isto porque toda forma de vida é igual à vida humana. Humano  sou e me vejo nos animais como o mesmo desígnio da criação. Interessante e digno de reflexão é que são três os reinos; grosso modo, podemos classificá-los em inanimado, animado ou animal e vegetal. Do reino animal do qual, nós humanos, fazemos parte somos aquele animal diferenciado porque além de animal somos racional, inteligente e criado à imagem e semelhança de Deus. Depois veio o demo e criou várias figuras e clones de si próprio .
Vale lembrar que animal vem do latim “animus”, que significa espírito, energia vital ou alma. Alguns ramos da Filosofia existencialista admitem que há uma espécie de alma dos irracionais. Entendido também que o binômio corpo e alma (dom divino) é exclusivo do gênero humano. A essência e imortalidade do ser humano é sua alma. No plano biológico todos os animais, inclusive humanos,  guardam muitas características em comum, quais sejam: nascimento, maturidade, velhice, morte e putrefação. O que torna os humanos distintos e diferenciados é justamente esse sopro espiritual divino chamado alma, um sopro da santíssima trindade , do Espirito Santo. Morreu , todos são cadáveres , carne dada aos vermes .
Torno a ideia inicial de ver um animal contido, jungido, subjugado  e puxado por uma coleira e o sentimento de dó e generosidade que tais cenas me despertam. Decididamente a tal cultura e expediente da chamada posse do animal de estimação é antinatural. Que escusem-me aqueles adeptos dessa moda tão massiva, tão aceita por muitos, por segmentos civis e jurídicos da sociedade.
 Mas, de plano, sempre admiti meu dissenso nessa aceitação como uma prática normal e naturalista. Porque tal cultura e aceitação contraria aquela energia a mais sagrada, a mais natural, a mais bela, a de maior felicidade de um ser vivente, especialmente os irracionais que já são tão explorados, desrespeitados e tolhidos em outros direitos, enfim, a maior liberdade de ir e vir, de se sentir liberto para passear por onde quiser. Afirmam os entendidos que as aves canoras , quando em gaiolas cantam as suas mágoas e tristezas pelo isolamento e perda da alegria de voar. Faz todo o sentido tal interpretação .
Para os não afeitos ou não informados vale relembrar que, à semelhança do estatuto dos direitos humanos, existe o estatuto do direito dos animais. Declaração Universal dos Direitos dos Animais(UNESCO 27/01/1978).
Trata-se, à feição das pessoas, em uma das iniciativas das mais generosas e humanitárias. Toda forma de vida, todos os seres viventes, têm direito a uma existência digna e respeitosa. Quando me expresso dessa forma lembra-me o mais humanitário e generoso dos homens, depois tornado santo, São Francisco de Assis. Ele foi o protótipo, protagonista e inspirador da criação do estatuto do direito dos animais.
Art.1o - Todos os animais nascem iguais diante da vida e têm o mesmo direito à existência. Art.5o - Cada animal pertencente a uma espécie que vive habitualmente no ambiente do homem, tem o direito de viver e crescer segundo o ritmo e as condições de vida e de liberdade que são próprias de sua espécie. Toda modificação imposta pelo homem para fins mercantis é contrária a esse direito. Como também o é para fins de adorno, diversão, ou apurado gosto de posse do bicho(“ de estimação “).
Não se pretende aqui fazer críticas pejorativas e mesquinhas aos donos de animais. Trata-se de um direito igual ao de gerar e criar filhos. Podem-se ter tantos animais, quantos queiram de filhos. No Brasil o Estado não impõe regras a esses gostos e direitos. O burocrático e restritivo é quando se quer ter um filho adotivo. Aí existe uma “via crucis” desafiante para qualquer casal. Deveria haver normas e legislação relativas ao número de filhos, levando-se em conta critérios de aptidão social, econômica e financeira. Não há nenhuma lei nesse sentido. Cultura de países terceiro-mundistas.
Não se pode e não se quer neste parecer censurar ou condenar a posse do chamado “ pet ou animal de estimação”. Nem tão pouco ser contra a posse de  um animal com outros fins como no emprego de trabalho, no esporte, como um vigia e sentinela de uma residência e outro patrimônio. Bem assim aqueles criados na produção de carne e ovos. Falo aqui em especial dos bovinos e aviários. O que se protesta e repudia é qualquer  forma de humilhação e tratamento indigno e degradante a qualquer  bicho.
O que soa altamente condenável e intolerável são as condições nas quais são mantidos todos esses grupos de bichos. Tomemos como exemplos as classes dos chamados “animais de estimação”. O que é este animal ou qual é a  sua finalidade?  Muitos desses mimosos bichinhos são adotados e mantidos como simples objeto de adorno, enfeite, decoração. Como se fossem um ursino de pelúcia ou boneco lúdico. São aprisionados em apartamentos, em condomínios, com regras rígidas de convívio e circulação. Conforme o estilo de vida e saúde dos donos, se quer tais ditos animais de estimação  têm direito ao banho de sol como o faz presidiários humanos. Muitas vezes algo pior ocorre com alguns  animais que são descartados pelo desinteresse e desencanto dos donos. É o caso de muitos cães. Cavalos e outros animais de tração que, uma vez velhos ou doentes são abandonados nas ruas. E tantos outros maus tratos e ofensas que sofrem os animais pelos seus donos. Muitos dos quais são escorraçados e mortos como se fossem um  estorvo e trambolho na vida das pessoas .
Portanto, ficam a advertência e apelo: quer ter algum bicho ou animal de estimação? Respeite ao menos a natureza, a dignidade e os direitos desse animal.

Aos que discordar deste cronista deixo umas dicas e sugestões: experimentem ficar um dia restritos a um cubículo de 200 m2, sem direito de ir e vir. Ponham-se numa coleira e peçam para ser puxados durante meia hora por uma via pública. Seria plausível e normal passarmos alguns momentos como humanos de estimação? Já imaginou se essa lógica fosse invertida de sermos adotados pelos bichos como humanos de estimação  ou o melhor amigo dos animais e fôssemos contidos com coleiras, gaiolas, e grades de ferro ou muros à prova de fuga. Eu não quero nem pensar isso para mim. Que o digam os detentos da Papuda , de Bangu I, ou de tornozeleira eletrônica .  Agosto/2016.   

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