FILHOS SEM Limites
PAIS OMISSOS E LIBERAIS E FILHOS SEM FUTURO
João Joaquim
Houve um tempo e não faz muito tempo, porque isto ocorria ali
pelos anos 1970 até idos de 1980, em que os filhos, adolescentes e jovens, eram
criados e educados pelas famílias já com um direcionamento e orientações sobre
o futuro. Futuro aqui entendido como um rito de passagem. Do segundo grau à
faculdade, a uma profissão, a uma qualificação técnica e foco em um emprego. Ou
seja, o jovem era desde cedo educado e formado com essa consciência de assunção
de uma responsabilidade, de uma profissão, enfim ao trabalho, a uma vida
produtiva, participativa e de independência econômica, financeira, civil e
social.
Tal preocupação das famílias para com os filhos não
necessariamente redundava em o jovem cursar essa e outra faculdade. Em
muitos casos se viam muitos pais treinando os seus filhos e herdeiros na
sucessão dos seus negócios. Muita vez ocorria esta iniciativa do próprio filho,
que concluído o segundo grau se aliava ao pai, de forma muito
responsável, e na falta deste os negócios eram geridos de forma igual e com o
mesmo sucesso em qualidade e produção. E referido resultado se mantinha mercê
de todo aquele treinamento metódico, cuidadoso e educativo da
família. Aliás, temos diversos desses modelos de gestão bem sucedida, de
empresas tocadas por filhos herdeiros porque esses sucessores tiveram nos pais
e famílias os seus exemplos, mestres, treinadores e incentivadores.
A geração desses jovens a que eu me refiro (anos 70 ,80) se
denomina, hoje, a geração X (xis), ou pré tecnologia da informática e da
informação digital. Eu ,pessoalmente, gosto de separar duas épocas bem
estanques, para considerar a sociedade e as pessoas em quesitos sociais,
culturais, em costumes e até mesmo em seus valores morais, éticos e religiosos.
Assim temos então a era pré-internet e a pós-internet.
No concernente àqueles propósitos das famílias( pré-internet)
em oferecer uma direção, uma orientação e educação aos filhos em suas vidas, em
suas carreiras, uma formação e senso de trabalho e produção. Ao que parece,
houve um esmorecimento, a acomodação e omissão nessas atitudes e dedicação. São
vistas ainda famílias e jovens com esse comportamento daqueles idos
tempos, mas não tanto com a assiduidade e energia dos tempos em que só havia
telefone fixo, telégrafo, máquina de datilografar e textos impressos e muito
livro de leitura e quase tudo manuscrito. Numa palavra, quando a vida
exigia mais trabalho.
Não se quer aqui exaltar a época pré em relação à
pós-internet. Longe de condenar ou diminuir a internet com todas as suas mídias
e redes sociais, muito menos os recursos de informática e digitais, tanto
buscados, adquiridos e largamente preferidos pelos jovens, hoje intitulados
geração Y e Z( essencialmente voltados ao mundo digital, ao
celular, smartphone, tablets e outras mídias).
Em que pese, todos esses avanços das tecnologias virtuais,
dos recursos digitais e da comunicação fácil e gratuita etc; apesar de todos
esses inventos, há uma questão com que se preocupar. Tal grave questão se
revela primeiro de parte das famílias. De resto e como corolário, de parte
dos filhos e herdeiros.
Ao que sugerem pais, famílias e filhos; estes vêm se
perdendo na esteira de tanta inovação, dos apelos de tanta tecnologia e do
progresso. Num jargão popular, perdidos no bonde do progresso. Todos os jovens
de agora parecem inebriados, perdidos e irresponsáveis quanto ao que fazer,
quanto ao futuro, quanto à formação tecno-profissional de qualidade, quanto a
empreendimentos etc. Parecem estar perdendo o bonde da história do
progresso; e se chafurdando num mundo de superficialidades, de valores rasos e
sem perspectivas de um futuro melhor e construtivo.
Dois pontos como lição nesses tempos da chamada
hipermodernidade. A primeira observação é dirigida aos pais e famílias. A
permissividade e ausência de uma educação e orientação feita aos filhos. Todos
vivemos em um mundo rico e vasto em informação, mas com pouca formação. Filhos
e alunos têm muita informação, gratuita, ou-line e continuada, mas pouca ou
precária formação nos quesitos cidadania, responsabilidade com o próprio
destino e com a construção da própria nação onde vivem. Muitos jovens
e pais das novas gerações vêm tocando a vida como se vivessem num paraíso e
nada tivessem para melhorar, para aprimorar. Que futuro preparam e esperam os
pais modernos para suas crianças e jovens em formação ?
O segundo ponto a merecer atenção são os próprios filhos,
jovens e herdeiros dessas famílias. São jovens que na maioria, criados que são
sem uma orientação quanto ao futuro, quanto à uma carreira ou trabalho
se mostram desmotivados, despreparados e incapazes de suceder aos pais em seus
trabalhos ou negócios, na sucessão de suas heranças e patrimônio. Nesse
descalabro da falta de educação das famílias, muitos filhos chegam ao fracasso
de dilapidar, gastar e perder toda a herança e bens deixados pelas famílias. E
não são poucos os casos registrados e constatados nesse sentido. E quem o
atesta e bem quantifica essa triste realidade é o nosso próprio
IBGE, que num censo recente mostrou o escore da chamada juventude nem , nem;
os que nem trabalham e nem estudam . Dos quais tem uma subclasse: nem,
nem, nem . Nem trabalham, nem estudam e nem interesse tem nas duas
opções. Quão melancólico pensar e saber dessa flagrante degradação social
de grande parte de nossa juventude, sempre nomeada de o futuro da nação !
Agosto/2016