segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Jabuticabas e....

JABUTICABAS E TARTARUGAS

João Joaquim  


Há coisas, fatos, atos, feitos e hábitos que parecem exclusivos do Brasil. São as chamadas jabuticabas. Pequi também. Ao que parecem, tais frutas e plantas (jabuticabeira e pequizeiro), de forma nativa, só vingam e dão bons frutos aqui no Brasil. Na verdade elas entram como metáforas, simbólicas de muitos outros eventos e ocorrências tão arraigadas e aderentes em nossos costumes e cultura. Singularidades brasileiras.  Outra comparação pertinente de coisas estranhas em nossa Pindorama é que até jabuti ou tartaruga sobe em árvore, dada a excentricidade dos acontecimentos.
Vamos começar pela atual crise de segurança que reina no Rio de Janeiro. Essa bela capital fluminense vive em permanente estado beligerante. Há ali uma diuturna guerra entre o intitulado crime organizado e as forças do Estado Legal.
Que desvario absurdo que se tem no Brasil. Existe um estado bandido e criminoso ,organizado, como o chamam nossas autoridades, encravado dentro do Estado Oficial. Estado que, por consequência, se mostra desorganizado, frágil, ineficiente em combater tantas facções criminosas. Facções que se sustentam do tráfico de drogas, de assaltos e saques de cargas de transportadoras, de assaltos a bancos, residências e pessoas.
O Rio de Janeiro é o mais emblemático desse tipo de coisa criminosa que se repete em outras capitais. Em São Paulo tem por exemplo o primeiro comando da capital-PCC, que tem ramificação até no Paraguai. O comando central , ou QG ( quartel General) fica na capital Paulista, comandado por Marcola.
No momento, cerca de mil homens do exército tentam prender e conter as quadrilhas que infernizam as pessoas nos morros e favelas do Rio. O curioso é que os bandidos têm uma guerra entre si pelo domínio do tráfico na Favela da Rocinha. Mas também pudera! Um estado (RJ) em que um ex governador, Sérgio Cabral, está preso com seus principais assessores (leia ex asseclas e corruptos), não se podia esperar coisas melhores do submundo do crime que manda e desmanda nos morros das favelas cariocas. Essa jabuticaba parece não existir em nenhum outro país. E tem outras jabuticabas e jabutis. O ex presidente do COB, Carlos Nuzman acabou de ser preso. Eles, Cabral e asseclas compraram votos para que o Rio fosse sede das Olimpiadas 2016. Uma vergonha internacional.
E nossa reforma política? Nossos congressistas criaram até um nome curioso para um modelo de eleições. O distritão. Seriam regras, em que os velhos e vitalícios parlamentares se reelegeriam até o fim da vida. É para lamentar mesmo! Nesse processo o mais esdrúxulo seria o financiamento de campanhas eleitorais com dinheiro público. Propuseram um fundo de campanha de três bilhões e seiscentos milhões de reais.
A ideia era tão estapafúrdia que merecia levar todos para um distrito, um distritão da polícia federal e ministério público. Não foram! Ao menos jogaram a proposta no lixo depois de muitos protestos da sociedade, imprensa e grupos políticos contrários à ideia original. Na pseudorreforma que agora passou na câmara, tem um destaque em que o candidato pode pedir ao provedor de Internet, sem ordem judicial,  para tirar algum conteúdo ofensivo ou difamante , à sua pessoa,  das redes sociais.. Ou seja, censura prévia , só isso.   E tem mais jabuticabas, jabutis e tartarugas.
E as brigas ou bate-bocas que têm sido vistos entre nossas autoridades do judiciário e do poder executivo? O caráter de baixaria que tomaram as acusações do ministro Gilmar Mendes contra o ex procurador Rodrigo Janot não tem exemplos na história. Como temos a prerrogativa da liberdade de opinião e expressão, o sujeito fala o que lhe dá na tela. Parece discussão de botequim. As trocas de farpas e acusações entre o atual presidente e Ministério Público é outro exemplo dessas baixarias.  Agora , fica essa pergunta das sociedade: como contestar áudios, malas de dinheiro, 51 milhões de reais ( ou geddéis), diálogos com corruptos e criminosos. Querem  tapar o sol peneira ou plástico translúcido. Não vão conseguir .  
Outros comportamentos não menos bizarros são as disposições de autoridades em ficar dando entrevistas sobre decisões e sentenças. É o comportamento do próprio Gilmar Mendes , ministro do Supremo Tribunal Federal, com suas concessões de habeas corpus e prisão domiciliar a empresários endinheirados e poderosos, mas corruptos e bandidos. E não ficam só nisso as nossas frutas nativas.
Chefões de gangues e quadrilhas que estão presos e dão entrevistas e ordens para seus advogados e camaradas de crimes. E nesse cenário, não apenas os criminosos  e presos do baixo clero. Tal expediente se registra desde um tal de Fernandinho Beira ou Nem( apelido de preso carioca), até ex políticos presos que continuam fazendo suas articulações delitivas. Inclusive como transportar e guardar dinheiro sujo e de propina desviado de empresários e órgãos públicos. Será que teremos que manter tais jabuticabas, depois de tantos inquéritos, processos e condenações. Quem viver verá! Viu!  (“  Tem que manter isso, viu “)  .                Outubro / 2017

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