Goiânia
Go 19.07.2013
AO
Conselho técnico da Unimed/ Brasil e afiliadas
Prezado colega e conselheiro;
Preambularmente meus cumprimentos unimedianos.
De imediato, permita-me expor-lhe o seguinte caso clínico,
Sra. G.O.M.P.A- 38 anos, saudável à ectoscopia e no exame clínico global. As
únicas queixas da consulente é tratar-se de estilo sedentário, um sobrepeso de 8 kg
acima do IMC ideal. Motivo da consulta: redução de peso via dieta hipocalórica
e orientação pré-atividade física.
À anamnese e no HPP ouviu-se da paciente a negativa de qualquer
doença sistêmica significativa, pessoal e familiar. Ficou evidente em seu
perfil pessoal e familiar nenhum dado semiológico ou estigma de doença
endócrina ou metabólica para ganho de peso.
É de uma conclusão acaciana que a paciente em foco
tinha um sobrepeso por inatividade física e ingestão hipercalórica de
alimentos.
Meu caro
colega e conselheiro do corpo administrativo da Unimed,
permita-me, adentrar à questão fulcral , e perguntar-lhe o seguinte:- diante do caso
clínico acima exposto, fosse V. Sa o médico consultado, que exames complementares
o Sr. pediria para orientar e bem atender a paciente? Qual a vossa expectativa concernente
aos resultados dos exames indicados?
Será que passariam de cinco os itens solicitados? ( por exemplo um lipidograma,
glicemia, hemograma, creatinina e urinálise) + um teste ergométrico ?
Se possível pediria uma pausa reflexiva antes de
continuar o próximo parágrafo, para responder as minhas provocações. Faz parte
do prudente, técnico e ético raciocínio clinico.
Vamos desenrolar o enredo clínico à nossa frente.
Sem medo de um enigma de esfinge ao Édipo Rei ou a qualquer médico nesse tirocínio clínico. Eu (
Dr. João Joaquim de Oliveira ) fui o segundo médico procurado por nossa cliente
( paciente real Unimed). Ela vinha de outro colega, que solicitou-lhe face às
queixas ( vide na introdução desta missiva) ,ou melhor listou-lhe já pré-digitados no computador os
seguintes exames( palavras da usuária), digo que os exames já tinham sido realizados ,em mãos da paciente:
ferro sérico, AST, ALT, creatinina, ureia,
glicemia, Eas , hemograma, vitamina B12 sérica, coagulograma, lipidograma, AC
úrico , Na, K, cálcio sérico, magnésio,
ferritina, Ac fólico, PCR, proteinograma, bilirrubinas( paciente sem icterícia
ou HPP de hepatopatia), amilase, insulina, cortisol, amilase, hidroxi-vitamina
D, GH , T3, T4, TSH, testosterona, progesterona, estradiol,
zinco, cromo, selênio, testosterona livre, DEHA, ultrassonografia abdome total,
radiografias tórax PA/PE, ECG. Obs: alguns destes exames foram repetidos num
período menor do que 90 dias. Somados foram 67 itens de exames em menos de 3
meses.
Em que pese submeter ( a usuária em foco) a tantos
e desconexos exames; quando se pensa e raciocina de forma clínica com as
queixas da consulente, há de se reiterar, como manda os preceitos-padrão da
relação médico/paciente . Qual seria a
expectativa ou melhor a chance de algum desses exames mostrar resultado
anormal? É dispensável maior esforço mental. Todos foram rigorosamente normais.
Alguns, repito, feitos duas vezes.
O caso ora
aqui descrito é apenas uma mostra emblemática do descalabro , absurdos e nonsense
das práticas que vem se dando com muitos
cooperados da Unimed. Os casos que nos são relatados pelos próprios
usuários(as) da Unimed são de dar engulhos e arrepiar. São modelos do quanto se
vulgarizou e mercantilizou as condutas e posturas de muitos de nossos “ colegas médicos”. E o que é pior, médicos
admitidos como cooperados Unimed. Para
tantas condutas destrambelhadas e insanas basta ter um plano de saúde Unimed e a
inocência ou conivência do segurado em procedimentos os mais diversos. Tudo com
a chancela de “médicos”.
Se a mim,
essas condutas , causam mal estar
e reprovação, à Unimed representam verdadeiro deboche e absoluto desrespeito;
considerando que ao ingressar na cooperativa o médico assina um termo de
conhecer o estatuto dela. Muito mais que isto, o médico deve respeito às comissões
e códigos de ética médica. Além de má prática nos moldes aqui expostos
existem outros expedientes espúrios que devem merecer investigação e extirpação(dos
expedientes ou dos colegas) por parte da Unimed.
Temos conhecimento de médicos transcritores( como
se fossem despachantes) de exames de médicos não cooperados; médicos que triam
pacientes para laboratórios e clínicas de exames em troca de comissões pelos
casos encaminhados. Outro escracho e escárnio ético que temos tido notícias é
que existe alguma clínica em Goiânia, onde o usuário chega para consulta, e
independentemente de sua idade e quadro clínico ele tem que submeter-se a um
menu de exames feitos no próprio local, cujos pedidos são feitos pela própria
secretária. Um verdadeiro vexame e aviltamento de nosso múnus profissional .
Enfim, são expedientes e práticas cometidas por
alguns cooperados e clínicas conveniadas que ferem de morte os princípios mais
basilares da ética e do cooperativismo. Alguns lucram mais em dano da Unimed e
dos outros cooperados. E isto não se pode tolerar. São fatos graves e que a
administração dessa Unimed não pode deixar de apurar, sob pena de um dia torná-la
inviável ou com um ônus que todos teremos que pagar.
Por último a
sugestão que deixo é que haja normativos, uma portaria e outros termos de
conduta criados pelo conselho de administração sobre a reprovação e punição de
tais práticas. Tal documento deveria ser entregue com o ciente de cada
cooperado. De nada valerá, como já
feito, campanhas contra condutas e práticas altamente lesivas aos cofres da
Unimed. São advertências jogadas ao
vento e que caem no esquecimento, sequer são lidas pelos cooperados dados a
essas práticas.
Aos que transgridem os cânones da ética e do
cooperativismo, só mesmo regras mais rígidas para correção , a exemplo do
espírito da criação de um código civil, de um código penal, de um código de
trânsito etc. Quem não tem a ética por vocação, deve praticá-la por imposição , no caso, punição na proporção
do ilícito ou até suspensão dos quadros
da Unimed etc.
Atenciosamente ,
João Joaquim de Oliveira cooperado em
Clínica Médica e Cardiologia - joaomedicina.ufg@gmail.com
Ops : No Brasil, em Cuba e alhures veem-se feitos e fatos que nem na Cochichina se tem igual
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