VENDEM-SE REMÉDIOS PARA GAGUEIRA E
IMPOTÊNCIA SEXUAL E SEM RECEITA MÉDICA
João Joaquim
Vivemos em uma sociedade
demasiadamente medicalizada. Não bastasse parcela significativa das pessoas
viverem sob efeitos de drogas ilícitas. Ou melhor de ex drogas ilícitas porque
ao que sugerem os julgamentos de nossas cortes superiores, ser usuário se tornou
lícito e legal. Em outros termos, o usuário de qualquer entorpecente (maconha,
cocaína, crack, merla, LSD) não sofrerá mais nenhuma punição da justiça. Ainda
será definido o quanto em gramas, ou quantos cigarros o indivíduo pode portar.
Missão a cargo de nosso colendo supremo tribunal federal (STF).
Três são as drogas (já lícitas e
sociais) causadoras de grande número de doenças psíquicas e orgânicas.
Sobretudo orgânicas. A nicotina (tabagismo), o álcool (alcoolismo) e a maconha
(canabismo). Com uma observação muito pertinente, os vícios do álcool e da
maconha trazem para muito além dos danos físicos, graves, gravíssimos efeitos
psíquicos e sociais. Melhor explicado: o tabagismo, tirante o efeito passivo
nas pessoas íntimas e coabitantes (cônjuges, filhos) não causa danos a
terceiros, porque não interfere na sanidade psíquica, clinicamente
significativa.
De outro lado e ao contrário temos os
efeitos das substâncias psicoativas (ou psicotrópicas)do álcool etílico e maconha (canabis sattiva).
Em tradução popular, o indivíduo sob efeito do álcool e da maconha perde a sua
personalidade, ele se transforma em uma figura animalesca e se torna capaz das
piores perversidades. O viciado nessas substâncias perde o senso crítico, perde
o sentimento do remorso, perde o pudor e o senso moral e se torna apto à
prática de atos e atitudes as mais cruéis em resposta a alguma ofensa ou
provocação que lhe são infligidas. E nem tanto precisa, basta revisitar as
estatísticas dos crimes e mortes passivas nos acidentes de trânsito. São
números de guerra, e com um gravoso adicional, costumam ser mortes coletivas .
No tocante à nossa sociedade
medicalizada. O Brasil é um dos países que mais ingere remédios. Se revela como
uma distorção, mas é uma triste e melancólica estatística. Apesar de
considerada uma nação emergente, constituímos uma nação campeã no consumo de
insumos farmacêuticos. E aqui vêm as razões.
Primeira, porque o mercado dos
remédios é de fato muito poderoso quanto à questão do marketing e propaganda. O
lobby dos executivos do ramo junto aos órgãos estatais é muito persistente e
eficaz. O governo cede às investidas e reivindicações porque como contrapartida
vêm as receitas sob a forma de arrecadação de impostos e outros dividendos,
entre eles as cotas pessoais como propina e corrupção. Práticas naturalizadas
no Brasil. Muitos expedientes nefastos, ilícitos, indignos, ilegais em nossa
sociedade vão se naturalizando, se tornando aceitas e rotineiras na vida os
cidadãos. Junto com a negociação oficial,
existe uma negociata paralela, um departamento de propinas.
A segunda razão também tem estreita
ligação com a propaganda e marketing. Deveria ser como agora se faz com
propaganda de cigarro, proibida na maioria dos países, inclusive no Brasil. Mas, não é assim que se dá com
medicamentos. Eles têm publicidade como se fosse produtos de supermercado. Uma
lista enorme de medicamentos está à disposição dos consumidores como se fosse
um cardápio de padaria e restaurante. As gôndolas de farmácias e drogarias
estão à disposição dos consumidores, com rótulos bem visíveis de suas
indicações. E os balconistas ali de prontidão para venda. São treinados pelos
laboratórios para isso.
Irônicas e hilariantes são as ofertas
de tantos produtos, para tantos males, deficiências e dores das pessoas. Sem
nenhum pudor ou vergonha os anúncios de remédios aconselham ou receitam assim:
para tal sintoma, dor, ou doença tome tal medicamento, se sentir mal ou não
curar procure o médico. Ou seja, em primeiro lugar se automedique, se
intoxique, complicou? Agora faça o certo e ético que é a consulta ao médico.
Enfim, o marketing de remédios no Brasil chega a esse deboche, ao esse escárnio.
Por isso a expressão “só mesmo no Brasil”. E todos os órgãos fiscalizadores e
de Ética são permissivos; entre os quais os conselhos de Farmácia e de Medicina, Anvisa,
Procon, etc. Acha-se de tudo, de
remédios para gagueira até milagrosas
para turbinar o desejo sexual.
A 4º razão é de fato o comportamento
useiro e vezeiro de nossa sociedade em automedicação. É rara uma família, onde
junto com a dispensa de alimentos e víveres não se encontra uma mini farmácia.
De forma igual, é difícil encontrar alguém que não use um analgésico, um antinflamatório
, vitaminas e outros suplementos por sua
conta e risco. As Academias de ginástica são um bom exemplo desses produtos.
A 5º razão, também de enorme
relevância, se refere a duas classes de profissionais, os médicos e
farmacêuticos. Logo eles, de que maneira? São os grandes prescritores de
medicamentos. Por injunções políticas, somos um país em involução e atraso em
investimentos em qualidade na formação de profissionais de saúde. Faltam verbas
e apoio dos sucessivos governos com as pesquisas e estrutura das universidades.
Há um sucateamento lento e gradual das instituições de ensino, como de resto
com toda a educação. À semelhança do Art 5º de nossa constituição temos um
mantra de igualdade no tema Educação, inclusive a de formação de médicos.
Estamos nos igualando aos egressos de Faculdades de Cuba, Bolívia, Venezuela e
outras republiquetas socialistas. A questão não se revela discriminativa contra
essas pessoas , desses países, mas, sim discricioanária de seus governantes com
a falta de estruturas para uma exigente
formação de médicos. Saúde e Educação
para governos socialistas estão em segunda plano. Pessoas críticas, bem
formadas e bem informadas incomodam governantes de índoles tirânicas ,
opressores dissimulados.
Um triste capítulo de nossa sociedade
medicalizada é o do consumo dos chamados psicotrópicos. Os lícitos e receitados
pelos médicos. Mas, nem deles, os médicos que receitam, precisamos tanto porque o abastecimento se faz
pelo mercado pirata ou alternativo (paralelo). Na falta de receita existem
várias opções fáceis. Compram-se remédios até pela internet.
Em tempos da
modernidade líquida, nunca se viu tanta depressão, tanta ansiedade, tanto
transtorno psíquico e social. são as dores existenciais e da alma. São as
angústias e dores da vida. Viver está difícil, angustioso, com insônias,
enxaquecas, mal estar ? Não há de quê. A
indústria dos antidepressivos, dos ansiolíticos, dos soníferos e calmantes tem
as respostas. As ofertas de drogas estão aí para tudo. Por isso um mercado tão lucrativo e
rentável, o de drogas. E a depender das relações com nossos piores governos e ineptos
gestores públicos, o cenário continuará de igual para mais ameaçador. Não é só
triste ,é preocupante.
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