sexta-feira, 17 de abril de 2009

ANABOLIZANTE..VENENO...

Anabolizante, mais veneno que remédio
18/04/2009

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Os esteroides anabolizantes têm uso muito restrito em Medicina. Em função de tantos efeitos colaterais, “às vezes irreversíveis, graves e fatais” deveriam ter controle da Polícia Federal, a exemplo do rigor de fiscalização que têm os medicamentos psicotrópicos de tarja preta, como os derivados da morfina. Um dos grandes riscos no manuseio dessas drogas é a via de administração. Um medicamento que é de uso exclusivo via intramuscular profunda (região glútea, caso dos anabolizantes), se aplicado via venosa (veias superficiais), corre-se seriíssimos riscos de efeitos tóxicos cumulativos e sistêmicos (em órgãos vitais) da substância ativa, bem assim possibilidade de embolias (obstrução circulatória) em diversos sistemas vitais (pulmões, coração, cérebro, rins). Muitos dos preparados contêm veículo oleoso e vitaminas em sua composição. Estas formulações, se aplicadas voluntária ou acidentalmente nas veias, podem provocar embolia cerebral, convulsões, coma e morte cerebral.

A maioria dos anabolizantes (como a nandrolona, ou estigor de uso veterinário) são derivados do hormônio masculino testosterona As reações adversas podem ocorrer a curto, médio e longo prazo. Algumas são irreversíveis mesmo com a descontinuação da substância. No homem, mesmo sendo atleta, pode se observar atrofia testicular, impotência sexual, esterilidade, hepatite, câncer de fígado e de próstata, insuficiência renal, hipertensão arterial, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, convulsões, embolia cerebral, coma e morte súbita. O emprego no adolescente, mesmo em baixas doses, prejudica a formação óssea e promove redução do crescimento final, com estatura baixa. Na mulher, surgem sinais de virilização ou masculinização (aumento de pelos em tronco e membros, hipertrofia de clitóris, tendência à calvicie, voz rouca, hábito androide). Há risco de atrofia de ovários e esterilidade definitiva

Existe interação com fatores tipo dieta desbalanceada em calorias e proteínas, álcool, drogas ilícitas e outras substâncias. Medicamentos como anti-inflamatórios, analgésicos, corticóides potencializam os efeitos dos anabolizantes com iminentes riscos à saúde humana.

O mais surpreendente é que existe no mercado produtos derivados da nandrolona – mesmo princípio ativo do Estigor de uso veterinário– utilizados por esses jovens. Os efeitos tóxicos agudos, graves, dessa substância, com vários casos fatais, servem de alerta para as autoridades sanitárias, sobretudo a Agência Nacional de vigilância sanitária – Anvisa, secretarias estaduais de Saúde e outros órgãos afins, como Conselho Regional de Farmácia (CRF), Conselho Regional de Medicina (CRM), para uma trágica realidade da qual são vítimas milhões de brasileiros: a mercantilização da saúde. Muitas drogas classificadas como terapêuticas e lícitas diferem de outras ilícitas e perigosas por uma questão de dosagem e são vendidas como bananas em camelódromos e supermercados, ou adquiridas de forma mais cômoda via internet. As leis e códigos que regem o mercado de tantos gêneros alimentícios e farmacêuticos ligados à saúde animal ou humana não podem ser hipócritas no tratamento para com os fabricantes e traficantes desses produtos. A retórica e investidas contra este nefasto mercado negro que está presente nas esquinas de nossas cidades, em muitas academias de ginástica dirigidas por pessoas sem formação e qualificação para tal, e outros comércios sem nenhum escrúpulo e compromisso com o ser humano, têm que ser ostensivas, permanentes e severas. De nada adiantará esperar que outras vítimas morram de forma súbita, trágica para sair à rua em busca dos chamados traficantes menores. O mal é muito maior do que se pensa. Inúmeras ampolas de nandrolona ou testosterona podem ser adquiridas de forma fácil. A aquisição é livre e, para se tomar uma dose do Estigor, produto de uso veterinário, é questão de empregar 2 ou 4 ampolinhas de 1 ml. Com isto correndo-se os mesmos riscos de embolia cerebral, coma e morte. A todos aqueles adeptos e amantes de fisiculturismo e da musculação, que buscam um corpo saudável , com pernas, braços e tórax bem torneados e definidos, alertamos que não usem essas “drogas”. Basta lembrar que estas substâncias constituem “ doping” dentro de qualquer competição esportiva. A detecção do menor resíduo metabólico na urina ou sangue é passível de punição severa ou abolição das práticas esportivas como atleta. Estes produtos podem até produzir algum efeito tipo hipertrofia muscular a curto prazo, mas com certeza sua expectativa de vida não será mais a mesma. Há grandes riscos de morte súbita prematura ou lesões orgânicas irreversíveis



João Joaquim de oliveira é especialista em

Medicina Interna e Cardiologia – HC UFG - (joão@medicina.ufg.br) (www.jjoaquim.blogspot.com)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O ESTRESSE

O STRESS QUE ADOECE E MATA



João Joaquim de Oliveira



O estresse ou stress é um grande fator de risco para doenças já bem estudado pela medicina moderna , embora seja inerente à evolução das espécies e ao homem desde os seus primórdios. Raras noções folclóricas gozam de tanta popularidade como a que atribui uma morte súbita ou um ataque cardíaco a um choque emocional, medo, raiva, dor, humilhação, tristeza ou alegria excessiva. A expressão popular morrer de raiva(metáfora) ocorre literalmente na medicina. Muitas pessoas frente a um grande desgosto, ira excessiva, depressão morrem de coração ( infarto, síndrome do coração partido, arritmias malignas) Hoje, a medicina e a investigação científica comprovam os mecanismos e vias potenciais envolvidos nesse processo. Estudiosos ressaltam que o estresse como um conceito psicológico tem sido usado não só com referência a condições ambientais ou psicossociais extremas como também um substituto para o que se poderia denominar ansiedade, conflito, frustração, ameaça ao ego ou à segurança.
No sistema circulatório tem havido grande interesse no estudo da correlação estresse/doença cardiovascular . Essa preocupação se justifica pela nítida influência que existe de o estresse agravar ou potencializar diversos fatores mórbidos como aumento de aterosclerose, da glicose sanguinea, do peso corporal, da pressão arterial , insuficiência cardíaca e coronária, arritmias cardíacas e morte súbita.
O estresse pode ser súbito , agudo ou crônico. Numa situação estressante súbita podemos ter diversos desfechos como cefaléia, amnésia, insônia, taquicardia, crises hipertensivas, gastrites, úlceras digestivas, depressão, dores musculares, infarto do miocárdio e morte súbita. No estresse crônico os efeitos e sintomas por serem mais leves , porém cumulativos são também bastante deletérios ao organismo. Exemplos desses estressores cumulativos são os desajustes conjugais, as dificuldades financeiras, o transporte urbano precário, insegurança pública, insucesso profissional, baixo poder aquisitivo, desemprego, inflação , noticiário de violência bélica ou urbana etc.
As guerras além de ceifarem milhares de vidas de forma brutal constituem direta e indiretamente em um grande estresse para a humanidade. A simples visão das hórridas e sanguinárias imagens de feridos, mutilados e mortos gera enorme angústia, comiseração e grande sofrimento. Para os combatentes , os civis e todos os profissionais no cenário de guerra os transtornos fisiológicos e neurocomportamentais são evidentes e têm graves implicações para a saúde física e mental com sequelas permanentes
Médicos e pesquisadores fizeram um importante estudo sobre as causas de morte súbita entre jovens engenheiros aeroespaciais da NASA/U.S.A e pilotos combatentes de guerra Ao exame microscópico as coronárias de mortos de guerra mostravam rupturas de células miocárdicas, comprovando que estes vasos estavam hipertrofiados e hipercontraídos cronicamente. Esses profissionais foram vítimas de intenso estresse na vigência de conflitos bélicos. . Quando demitidos do emprego por medida de economia, muitos pilotos, altamente especializados, passaram a trabalhar em serviços menos complexos como técnicos eletrônicos. Essa mudança de atividade gerava-lhes grande depressão , frustração e ansiedade com indução de doenças cardiovasculares e morte súbita. Os principais fatores mórbidos implicados na gênese desses eventos seriam liberação para circulação de elevadas taxas de adrenalina, cortisol, testosterona e outros hormônios com evidentes lesões no sistema circulatório e outros órgãos. Estudos médico-psicológicos de ex-combatentes mostram que a vivência de uma guerra pode deixar graves sequelas psico-comportamentais. Dentre estas sobrelevam em estatística as tendências ao suicídio, delírios, alucinações, estresse crônico pós-traumático, comportamento anti-social como agressividade, violência, inadaptação sócio-familiar e perda da auto-estima. Muitas doenças psiquiátricas podem ser desencadeadas como a esquizofrenia, transtorno bipolar, síndrome do pânico, depressão etc.
Os principais sinais denunciadores do estresse são: apatia, ansiedade, irritabilidade fácil, cansaço físico e mental, hipertensão, palpitações, dores musculares, insônia, cefaléia, diarréia, impotência ou frigidez sexual, náuseas, gastrite, baixo rendimento físico e mental .
Toda forma e grau de estresse devem ser tratados buscando ajuda médica e psicoterápica. Como dicas gerais no combate ao estresse sugere-se o seguinte: definir alguma prioridades na vida. Afinal a qualidade e a quantidade(idade) do viver são mais importantes que muitos problemas. Evitar a autoconversação, o monólogo ou ruminação de fatos do dia-a-dia. Isto só perpetua o estresse. Sem perder a sensibilidade, procurar mudar o comportamento emocional evitando o ódio, a hostilidade e a irritação. Não levar questões e tarefas do trabalho para casa. A casa e a família devem ser fontes de prazer, de relaxamento e amor. Procurar uma ocupação fora do trabalho que seja geradora de promoção pessoal e espiritual. Exemplos seriam as atividades físicas, os exercícios de relaxamento tipo ioga, dança e outros do gosto e aptidão de cada pessoa.
Recomenda-se buscar valorizar as relações interpessoais começando pela família. O amor seja filial, a um bem pessoal, a um estilo de vida, ou conjugal e a amizade constituem o maior promotor da felicidade humana e fontes de realização, alívio e cura de frustrações, ansiedade, ameaça a auto-estima e muitos sofrimentos. Jamais buscar alívio ou solução de qualquer dificuldade na automedicação , em tranqüilizantes, antidepressivos, bebidas alcoólicas e outros meios terapêuticos sem comprovada eficácia terapêutica.
Além da família e boas relações interpessoais a melhor orientação seria consultar o profissional de saúde conforme o distúrbio apresentado.




João Joaquim de Oliveira
Médico Faculdade Medicina UFG
joão@medicina.ufg.br
www.jjoliveira. blogspot.com

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...