LIVRE-ARBÍTRIO
Uma condição muito inerente e praticada pelos humanos se chama livre-arbítrio. Por definição, livre-arbítrio é a pessoa exercer ou satisfazer literalmente a sua vontade. Tomando exemplos simples: o sujeito tem a vontade de comer 1 kg de pizza em um rodízio desta iguaria. Ele vai lá e come. Há a vontade e sede de beber uma garrafa de whisky, ele vai lá e bebe. Ele é tomado pelo desejo de andar em um carro do ano; mas não dispõe de dinheiro no momento, ele compra o carro e dica com uma dívida de 30 meses.
Mas, eis que surge uma questão seríssima. Existem consequências. Estas podem ser construtivas ou destrutivas. Tanto podem ser consequentes benéficas ou maléficas para a própria pessoa que exerceu o seu livre-arbítrio ou para as pessoas de suas relações humanas. Exemplos: para credores, para colegas do ciclo profissional e família do sujeito que exerceu a prerrogativa do livre-arbítrio.
Com esta breve análise já se pode concluir o seguinte: nem todo livre-arbítrio ou livre direito é ético e honesto. Justamente porque ele pode trazer malefícios e danos para o próprio sujeito e outras pessoas das relações sociais e familiares do autor daquela escolha, daquela vontade, daquele direito subjetivo.
Para melhor contexto e compreensão vamos tomar dois casos modelos encontradiços em nossa sociedade. Caso 1. Aquele cidadão que desde a juventude vive na esbórnia de corpo e alma, se entregou à vida de boêmia, de libações etílicas e orgias da mesa. O seu livre-arbítrio foi beber desbragadamente como se não houvesse o amanhã, como se vida fosse um eterno hoje e agora. Mas, a vida tem o amanhã, tem o retorno e a conta de bônus ou ônus vai chegar. E chega mesmo!
Na evolução de sua jornada, esse sujeito vai envelhecendo. Senilidade mais alcoolismo não combinam. Consequências: um acidente vascular, uma cirrose, alguma queda e fratura óssea, invalidez permanente. Conclusão: aquele reconhecido e defendido livre-arbítrio desse caso, trouxe no futuro graves danos, custos mensais com tratamento médico, esforço e desgaste físico e emocional para os familiares cuidadores e muitas outras humilhações pessoais e familiar. Enfim, aquele livre-arbítrio foi exercido sem considerar essas potenciais e nocivas consequências para o sujeito e praticante do livre-arbítrio. Para o próprio autor e o que é pior para outras pessoas, familiares e o Estado.
Vamos imaginar um caso 2 de livre-arbítrio. Uma pessoa no seu livre-arbítrio de sair de carro em alta velocidade, sozinho. Esse motorista tem esse livre-arbítrio. Mas, de repente ele perde o controle do veículo, atropela e mata pessoas e fica mutilado do acidente.
Nos dois casos, os indivíduos exerceram livremente e satisfizeram a sua vontade. A livre vontade ou o livre-arbítrio. Todavia, houve resultados trágicos e danosos para o autor e terceiros. Na verdade, esse livre-arbítrio foi exercido de forma imprudente, irresponsável e desonesto. Em resumo, houve nesse exercício de livre-arbítrio um verdadeiro escárnio ético. Nada além deboche e desdém com o outro que, com os familiares, filhos, cuidadores e até o próprio Estado, que de ora avante se achara no obrigado dever a cuidar dessa pessoa incapaz, inválida, e depende de sobrevivência para tudo