segunda-feira, 8 de julho de 2013

FELICIDADE



           SER FELIZ COM A FELICIDADE ALHEIA 


                                                                                   João Joaquim de Oliveira 

 Afirmar que o objetivo primeiro do homem nesta terra é a busca da felicidade é uma obviedade. Ninguém em sua existência busca a infelicidade. O vir à luz já é uma felicidade. Mas, afinal o que é mesmo a felicidade? Cada um pode ter um conceito, um modelo de ser feliz. Neste introito lembro de uma tirinha que expressava com muita propriedade o quão é vário e difícil esta ideia que cada um faz desta bem aventurança. A cliente chega à oficina de um chaveiro e lhe pede: “ você pode me fazer uma chave da felicidade”? Não menos malicioso o chaveiro pensa, pensa e responde, “ faço sim, basta que me traga o modelo”.
As maneiras e vias que levam as pessoas a viver bem e serem felizes são tão subjetivas e díspares que existem aquelas que têm na promoção da felicidade dos outros a sua própria felicidade. Já pensou! Ser feliz em promover o bem-estar, a alegria  e a felicidade alheia? Isto é a regra? Claro que não! Vivemos em um mundo, em uma sociedade calcada no egoísmo e no materialismo. Cada um por si e Deus por todos. Quando o mais ético seria um por todos , todos por um.
Hoje há uma busca insana, desmedida e neurótica pelo gozo e prazer. Satisfações estas confundidas com felicidade. São sensações que passam ao longe da fruição verdadeira de felicidade. Realizar-se, ser feliz  tendo como alvo o outro leva-nos inevitavelmente à seara da ética na sua mais pura essência. No campo ético do humanismo,  podemos buscar vários de seus legados do bem. Dentre estes vamos trazer à memória por exemplo a filantropia, a  fraternidade e a compaixão. Vejam que estes verbetes já trazem embutidos a sua definição.
Filantropia, amor ao homem(ao outro);  fraternidade, sentimento de que somos uma irmandade de uma mesma família, a humanidade. Compaixão, sofrer junto ou com a dor alheia. Virtude é outro legado o mais puro e perfeito da ética, da felicidade em propiciar ao  outro  a felicidade. Segundo Aristóteles, virtude é a firme e perene vontade de fazer o bem ao outro.  Isto é a quintessência da beleza ética e de generosidade.
Uma reflexão filosófica que gosto muito de fazer quando se fala de felicidade é aquela que trata de meu  papel no mundo, na sociedade, enquanto estamos vivos. E essa provocação deve começar com a seguinte indagação: o que eu represento para o mundo! Para a sociedade de que faço parte? Para as pessoas à minha volta? O que eu faço em meu dia-a-dia para ajudar tornar este mundo melhor e mais humano?
 Será que se eu deixar de existir eu farei  alguma falta? São reflexões que eu devo fazer a mim mesmo e começar a pensar no conceito e na busca da minha e da felicidade do outro. Qual será o legado de bom e de  útil que  posso deixar depois da minha  morte. Será que fui tão egoísta, tão pequeno(a), tão inútil que ninguém notará minha ausência quando eu me for?
 Há pessoas assim! Elas passam pela vida sem ter vivido, quando muito olharam e cuidaram apenas de seus umbigos. Muitas, sequer,  cuidam daqueles que muita vez, cuidaram tanto delas para lhes permitir a sobrevivência: os pais , os ancestrais por exemplo  . Viver e tocar a vida assim não é felicidade. É entrar e sair da vida como uma tábula rasa, uma lousa em branco, sem nada escrito. Que triste!   


  João Joaquim de Oliveira  médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com

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