segunda-feira, 22 de julho de 2013

FILHOS DE UM NOVO MUNDO

http://www.dm.com.br/jornal/#!/view?e=20130721&p=22
Que filhos estamos criando para um novo mundo?
Diário da Manhã

João Joaquim de Oliveira


Faço aqui neste breve ensaio, ou melhor nesta sumária digressão uma também rasa análise sobre os planos e sonhos que carrega  grande parte  de nossa juventude.
Mas, porque uma análise do que andam pensando e sonhando muitos de nossos(as) adolescentes e jovens? A razão mais simplista se resume numa verdade também simplista. Eles são o futuro do mundo. Há inclusive um lugar-comum que bem expressa este meu comentário inicial que professa. “ O mundo que vou deixar para meus filhos vai depender dos filhos que vou deixar para esse mundo”. Pronto, acho que não preciso de dizer mais nada. Para um bom leitor e amante de bons conselhos o mote deste princípio já diz tudo.
Embora de entendimento trivial, este provérbio tem muito de engenhoso e filosófico. Eu e você somos as mudanças que queremos para o planeta, para a sociedade, para o meio social mais próximo de mim do qual eu faço parte. Simples assim, não acha?
Eu, sinceramente, venho me preocupando muito com o comportamento, as atitudes, os projetos e sonhos de nossos(as) jovens. Mesmo levando em conta os protestos, as reivindicações,  as marchas iniciadas neste junho/2013. Fica aquela dúvida. Não seria apenas um fogo-fátuo, alguns arroubos passageiros? Até porque nessas marchas existem muito vandalismo, muito radicalismo e falta de liderança. Salvo algumas categorias como dos médicos e outros protestos  pontuais, onde se vê uma categoria profissional que encabeça as marchas.
É bom que nós olhemos para a história, o tempo. Uma época sempre nos evoca alguma comparação com o presente; fico a cotejar e defrontar o que eram os sonhos e anseios das famílias e juventude dos anos 80(década 1981/90) e hoje, 2013. Mais precisamente antes e depois da massificação do telefone celular e da informática (internet). Para quem era jovem nessa época ,como eu, deve lembrar-se. O adolescente ao ingressar no segundo grau já trazia definido o sonho de ingresso em uma universidade, ter uma carreira profissional de sucesso. Ser alguém na vida. Veja o peso desta expressão. Ser alguém ou um joão-ninguém. Uma diferença  quilométrica quando se pensa no papel de cada um para a família, para a sociedade , para o mundo.
O bom dessa atmosfera em que mergulhava nossa juventude, nesses tempos pré-digitais,  é que a família se embalava nesses sonhos, nessa ascensão sociocultural e profissional do filho. Aqui, eu fui partícipe desse clima, dessa aura positivista que reinava nos corações e mentes das pessoas e famílias dos idos de 1980.
Todos se irmanavam na mesma idealidade, com a mesma energia na busca por um futuro promissor e construtivo para alicerçar e ancorar ainda mais este comportamento dos jovens. Eu sou fruto desse idealismo pessoal e de minha família. Nunca acalentei o sonho de ser famoso, quis e busco sempre ter alguma importância para as pessoas que me rodeiam. Muita vez, famoso é esculpir na areia, ser importante é talhar na rocha. Há pessoas famosas e nada importantes. Há outras importantes e são  eternamente assim ,e nunca famosas.
Pode parecer puro saudosismo, mas , o nível da educação nas escolas públicas, me parece, era bem superior aos dias  de hoje. Passados então três décadas daquele tempo é forçoso algumas reflexões e indagações. Como andam os sonhos e  o que pensa nossa juventude,  navegantes que são  ou náufragos, deste mundo  digital? Será que os moços e moças  trazem alguns dos sonhos de seus pais daquela época? Eu sempre gostei muito de otimismo, mas me confesso cético e descrente da maioria de nossos jovens de agora.
Claro que não é uma regra maciça, mas estanque. Há bolsões de jovens neste vasto Brasil e mundo que precocemente, estimulados pelas famílias, têm os olhos fincados em um futuro rico de sucesso, fundado em uma carreira profissional bem reconhecida, no empreendedorismo, numa vida de relações ecológicas e sociais pautadas por cidadania participativa e ética.
O progresso fez muito bem à humanidade. A comunicação hoje, tida  como 8º maravilha para nossa juventude, parece que trouxe alguns graves efeitos colaterais para  todos; pais, crianças e jovens estão distraídos em relação aos valores que devem construir e moldar o ser humano.
Os adolescentes e jovens já não se preocupam com o futuro e não sonham  como antes. Parece não haver mais futuro para essa turma. A vida tem  se resumido no aqui e agora. A internet com suas redes sociais , games e tantos outras futilidades  tem sido a razão  maior de se viver. As crianças e jovens já não pensam como antes. As máquinas da  informática pensam por elas. Isto vem se constituindo em um perigo epidêmico , que muitos se negam a enxergar.
Pais, os gestores da educação e a sociedade precisam  refletir e mudar esta tenebrosa tendência. Do contrário, os filhos que vamos deixar para este mundo serão uma legião de nerds , lerdos e de debiloides, dominados pelos computadores e tantos outros instrumentos de mídia. E isto será muito triste. Que pena!  


(João Joaquim de Oliveira, médico e cronista DM.  joaomedicina.ufg@gmail.com)




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