sábado, 31 de outubro de 2015

SER MÉDICO

para Opinião, opiniao
MUITO MAIS HUMANOS DO QUE MAIS MÉDICOS. NOSSOS VIVAS AO BONS PROFISSIONAIS DA SAÚDE E DA VIDA   
 João Joaquim


 A moral, a ética e até mesmo os  códigos editados pelos conselhos de categorias profissionais parecem a cada dia ser letras mortas . Regras que  deveriam nortear as relações sociais as mais comezinhas e de maior significado na relação de um profissional com seus clientes (ou pacientes no caso de um médico) e nos contatos interprofissionais têm sido vilipendiadas e jogadas nas latas de lixo.
Eu tenho para mim que muitos desvios éticos, a imoralidade, o engodo, a trapaça e desonestidade que permeiam a sociedade, e de roldão, as atitudes e praxes indecorosas de advogados e médicos por exemplo não são por geração espontânea. Primeiro, porque vêm de quem deveriam (e não dão) exemplos, que são os áulicos e paladinos do poder executivo do Estado (Brasil) e de nossos congressistas, os mesmos que criam a legislação que nos rege. O segundo motivo são as leis na sua brandura e leniência. Aí entra aquela tradição também do imperativo da corporação que tem a tolerância  com toda forma de  corrupção . Quantos advogados e médicos por exemplo nós vimos receber penas justas e cumpridas  por seus crimes e infrações éticas. São poucos casos. E aí vem aquela cultura dos jeitinhos, dos recursos, dos meandros chicaneiros das leis e códigos de ética profissional , coisas como jabuticaba, que só vinga e se vê   no Brasil .
Inquérito, se torna esquecido e pretérito, e processo(ir adiante) que deveria ter um curso, andar para a frente, se torna um retrocesso. No Brasil é sempre assim, esta é nossa resposta , explicação e aceitação de tudo fora da norma. Essa indolência e tolerância a toda quebra das regras e convenções são marcas típicas de nossa sociedade, de nosso povo, por consequência de quem nos governa e deveria dar os bons exemplos no seu modus vivendi e faciendi .
Puxando a sardinha para minha brasa (a Medicina) eu me posiciono assim: quando os ilícitos ganham publicidade não há  razão de não comentá-los. Foi o caso por exemplo da máfia das próteses em matéria recentemente divulgada pelo programa fantástico (Rede Globo). Muitos médicos e hospitais foram denunciados por cobrar altos honorários de serviços não prestados (stents coronários, próteses ortopédicas, cirurgias fictícias etc). Ao meu sentir penas justas para tais delitos seriam devolução do dinheiro, suspensão do exercício profissional por 2 ou 3 anos ou em definitivo, além de processo cívico-criminal. Nos quesitos falta de ética ou decoro profissional, não é incomum termos ciência de muitos e muitos casos que nos rondam o cotidiano. Sem citar o nome do “santo”, mas-tão-somente o seu feito, e assim eu ajo sempre por respeito a condutas imorais  de colegas, eu refiro um caso de que foi vítima este neófito escriba. Nunca fui, não sou e não tenho pretensão de focos de holofotes como vimos muitos médicos por aí;  mas, já com três décadas de rodagem posso falar de boas e más posturas de colegas da profissão. O mau-caratismo permeia todos os estratos profissionais . Médicos por exemplo.
 Um exemplo de mercenarismo (venalidade), picaretagem e charlatanismo ocorreu comigo. Eu precisei, dia desses,  consultar a um endocrinologista. Por alguns clientes tido e havido como “ o cara ou bambambã  “ da especialidade, notadamente reposição hormonal masculina, esta era minha dúvida, motivo de minha consulta ao indigitado colega . Por recomendação de outro amigo médico e cliente do dito-cujo lá fui eu. Consulta pré-agendada, lá compareci bem identificado, por indicação do amigo e colega referente. Bem! A primeira decepção e esquisitice foi a cobrança de honorários de minha pessoa . Eu nunca, mas nunquinha mesmo tive o desplante e cara-de-pau de cobrar honorários de um colega de profissão, ainda que ele não seja de meu convívio .  E para resumir o seu pouco zelo e interesse a um paciente colega de profissão; consulta sumária, pouco afeito a um exame físico de mínima confiança e explicações nada convincentes. Ah, e para estrangular a relação médico/paciente, o badalado profissional não fornece recibo de seus honorários. A exemplo de corruptos do PT, ele tem caixa 2 ou 3.
 Em que pese nos amofinar e nos contristar alguns desses maus-caráteres  da profissão, encontramos muitos outros, e são muitos, que nos orgulham pertencer à classe de branco, esses verdadeiros anjos do bem e que seguem à risca os mandamentos de Moisés  Maimônides( 1138- 1204) ou do pai da Medicina o filósofo Hipócrates. Todos fazemos o juramento hipocrático quando recebemos o diploma de médico. Cumpri-lo no entanto está na ética de berço e consciência de cada um.
Felizmente nas minhas relações com colegas de profissão deparo-me com exemplos extremos de solidariedade, de abnegação, de altruísmo, de acolhimento; além de esmeralda e elevada qualificação ética e técnico-científica. Esses exemplos e luminares éticos existem.  Quero citar aqui quatro nomes que são o que se pode rotular como o padrão-ouro em ética, excelência na relação médico-paciente(seja o cliente quem for) e qualificação eticoprofissional. Os bons e belos exemplos devem ser públicos como modelos, sobretudo para os novatos de profissão, e assim permito-me nominá-los. Eles são doutores não  pelas  honrarias em diplomas  exibidos em paredes de consultórios. São doutos na arte médica de bem ouvir, escutar( a arte de escutatória), interpretar , aliviar e curar as pessoas. Doutor Antonio Carlos Ximenes. Além de médico ele é especializado em reumatologia. Doutor Jaime Guiotti Filho. Médico e ortopedista clínico e cirurgião de doenças de ombro. Doutor Nelson Rassi, médico e especialista em endocrinologia. Doutor Nilzo Antonio da Silva, reumatologista, os mesmos qualificativos dos demais citados.  Estes são quatro de muitos outros profissionais que honram e dignificam a Medicina. Muitos tão abnegados e despossuídos de qualquer vaidade que vivem em completo anonimato dos círculos e passarelas da profissão e da mídia. Observem bem que referendei quatro colegas( Ximenes, Guiotti, Rassi, Nilzo) com os títulos de médico e especialidade. Eu penso que junto com qualquer especialista subsiste o médico, de fato médico. Aquele que tem uma visão holística e não segmentada da pessoa, do paciente;  como comportam muitos que visam apenas se enriquecer, muitas vezes, com condutas escusas , ferindo postulados bioéticos e sem fundamentos científicos .
 Ainda hoje a Medicina guarda um grande magnetismo e encanto. A procura pelo curso é enorme como vimos nas seleções ENEM E SISU. O que lamentamos muito é a regressiva qualidade do ensino das Universidades, sejam públicas ou privadas . As antes tradicionais (públicas) estão sendo sucateadas e abandonadas pelo governo e outras estão sendo inauguradas sem condições básicas para uma formação de qualidade. Fica a impressão de que o governo petista quer cubanizar nossa formação médica. E já o tem feito através do inoperante , questionável e socialista programa Mais Médicos, em apoio à ditatura dos irmãos Castro ( Fidel e Raul).
Em que pese toda ruína em que vive a saúde pública no Brasil, nós médicos podemos fazer bem feito o nosso ofício. Que os atuais estudantes, os egressos e residentes de especialidades sejam altamente técnicos e cientistas em suas áreas, mas que atendam o seu paciente como médicos que devem ser. Sejam sempre bons discípulos dos bons mestres. Mirem, se puder, nos exemplos de um Ximenes, de um Jaime Guiotti, de um Nelson Rassi, de um Nilzo. Estes, sim, além de títulos e láureas recebidas, são delas merecedores. Por tais mínimos atributos e muito mais eu os coloco no panteão dos médicos.  “A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las?”    Aristóteles.
A todos os profissionais da saúde e da vida, aos médicos e paramédicos , aos anônimos bombeiros que salvam pessoas e não dão entrevistas,  nossos aplausos e nossas honras por tão dignificante atuação em prol dos sofrem ,por exemplo com a violência do trânsito, e das vitimas  de pessoas tresloucadas e criminosas encontradiças em nossa sociedade.

 João Joaquim  - médico e articulista do DM

Nenhum comentário:

Necedade especial

  Sejam resultados e produtos de genomas ancestrais ou educacionais, não é incomum deparar-se com um grupo de pessoas (homens e mulheres), m...