FAMOSOS E CÉLEBRES
CELEBRIDADES MOMENTÂNEAS E “ESCRITORES
POR UMA UM DIA”
João Joaquim
Em todos as épocas
e idades culturais sempre existiram as( ou os) personagens que se destacam
pelas futilidades e excentricidades. Agora, com uma diferença, como as
informações e comunicações se popularizaram, essas pessoas e autores se
tornaram mais vistos. Essa mudança de exposição e visibilidade se deve, claro,
à facilidade de divulgação pela internet com suas globalizadas mídias e redes
sociais. É a democratização sem limites e sem censura( do fútil e do inútil )
da liberdade de informação e de expressão. “Um lado bom da vida”. Dentre as
muitas futilidades, excentricidades e esquisitices tão em voga nesses tempos
modernos em discorro sobre três tipos de pessoas no seu ” modus vivendi ou
faciendi” ou jeito de viver e aparecer na sociedade. E aqui englobamos todas as
categorias sociais. Seja na família, numa classe profissional, ou mesmo
na sociedade, ou tribo global num termo mais moderno.
O primeiro tipo
esquisito com o qual deparamos é aquele chamado pela imprensa de celebridade
instantânea. Essa classe de gente infesta de forma deprimente as redes de
televisão, a internet e todas as mídias e redes sociais como youTube, facebook
e whatsapp. Trata-se de uma infestação e epidemia que seguem os oráculos de
Murphy; o que está ruim hoje pode (e muito) piorar. É o que assistimos em escala
geométrica .
Tal categoria de
pessoas ditas celebridades instantâneas são oriundas de algum fato
inoportuno ou inopinado e mesmo acidental. Às vezes, nessas
circunstâncias são içadas ao degrau de heróis. E então se sentem o sal da
terra, o suprassumo da virtude pelo feito por exemplo de salvar alguém
que estava em risco de morte ou devolver uma carteira com documentos e dinheiro
de um desconhecido. Aqui é como se a virtude precisasse de divulgação, de
televisão, de aparecer ao vivo em qualquer mídia de imagem . Nesses
instantes com os focos de uma TV a pessoa se mostra a mãe ou o pai da
honestidade e da virtude. Mas, até que esses são os menos daninhos como
componentes da sociedade ou tribo global. É a chance que o sujeito tem de
aparecer e ser famoso, por um ou poucos dias .
Nesse estrato,
ainda, dos famosos momentâneos temos os participantes de eventos como “reality
shows” e outros programas apelativos de televisão de alta audiência. Os
atributos e virtudes para tais celebridades já são bem conhecidos. São os dotes
físicos. A pessoa pode ser semi-analfabeta, mas tendo aquele corpo malhado já
tem grande chance de estrelar ou comandar uma novela, um programa de televisão;
até casamento milionário se consegue da noite para o dia, quando juras de
amor eterno são feitas, até que um escândalo termine a união . A
mulher então costuma sair na frente nesses lances de sorte. Basta ter uma
silhueta bem encarnada e esculpida, mamas e bumbum tornados a silicone em
profusão que a fama está garantida.
Fugindo bastante
dos tipos notáveis transitórios eu descortino dois outros tipos de gente muito
encontradiços em nossa sociedade. Se não excêntricas e esquisitas , essas
personalidades padecem de outros traços e gostos psicopatológicos. Nessa
subclassificação de humanos temos aqueles(as) que gostam de fama e homenagens,
ainda que tais dignificações em nada ou muito pouco lhe dizem respeito ou
retrate algum merecimento.
Em muitas
cerimônias celebradas com o propósito de se fazer honrarias a certas pessoas,
sejam gestores públicos ou privados, temos a oportunidade de, num olhar mais
atento e neutro, perceber o quanto de pessoas que recebem diplomas de honra
ao mérito , medalhas e outras comendas sem tais homenageados(as) nada
edificante ter feito para merecer as referidas distinções, aplausos , louvores
e outros discursos cerimoniosos .
Medalhas,
diplomas e estatuetas se concedem ao alguém por algum feito
virtuoso de forma continuada e de iniciativa voluntária; também ao
talento, ato de bravura (militar por exemplo) e ações filantrópicas de
grande vulto de forma espontânea ; e não por amizade, compadrio ou outros
motivos escusos.
Uma outra forma de justa concessão dessa e
outra honraria, prêmios e outros símbolos honoríficos se faz a alguém pelo seu
mérito artístico , não importa em que ramo for, artes em geral; literatura,
produção de alguma obra de valor didático ou paradidático ou também no campo
das Ciências. Um bom exemplo são os prêmios Nobel nos vários ramos das artes e
trabalhos científicos. Ou outras láureas e valor pecuniário como reconhecimento
pelo que o homenageado produziu.
Para
finalizar não podemos esquecer os tais escritores bissextos. O sujeito, faz lá
um livreto , uma fajuta monografia pessoal( que chama de “autobiografia”) ou de
família e convoca uma sessão de autógrafos e se autoproclama escritor. Temos
vários exemplos desses pela nossa sociedade brasileira a fora. Muitos se valem
por exemplo de um órgão de sua categoria profissional, na chamada cultura do
corporativismo (médicos, advogados, jornalistas) e se autointitulam escritores.
Numa análise
crítica, mesmo não sendo crítico literário, percebe-se o quanto de nada de
construtivo, de arte, de valor didático ou paradidático ou lúdico possuem
tais títulos de tais autores momentâneos . Muitos desses tais escritores
fugazes se tornam até membros de sociedades literárias, academias de
letras ou científicas em seus estados, ou até mesmo de nossa Academia
Brasileira de Letras. Só mesmo no Brasil. Que triste , não !
Machado de Assis
referia aos escritores medíocres como “fanqueiros literários. Essa calamidade
literária não é tão dura para uma parte da sociedade....uma das aberrações dos
tempos modernos”. Já Sócrates, através de Platão, os intitulava também de
“açambarcadores efêmeros dos sucessos imerecidos. Por isso alguns soam como
balão , porque de conteúdo não têm nada”.
E aqui eu faço uma
referência a um escritor goiano que recebeu de forma justa e merecida, no mês
de setembro/2015, um meritíssimo prêmio de nosso glorioso Iphan. Aliás,
pelo que ele faz foi meramente simbólico . R$ 30.000. É muito pouco pela
sua contribuição na Literatura, na Gastronomia, em Medicina Popular, no
Folclore e outros ramos das Artes. Falo de nosso querido e polímata Waldomiro
Bariani Ortêncio. Rendo-lhe aqui, de público, minhas homenagens pelo seu
talento e produção . Ah, com um detalhe , ele só não esperava dividir o
prêmio com a Receita Federal. Descontaram-lhe o imposto de renda. Só mesmo no
Brasil. Min. Joaquim Levy, prêmio é prêmio, uai! Por que tributar o mérito ?
João Joaquim
de Oliveira médico e articulista do DM