sábado, 30 de janeiro de 2021

TRANS

 

TRANSPARENTES E DEPENDENTES


João Joaquim  

 A temática aqui abordada é muito comum, mas pouco conhecida se citada pelo nome. Trata-se da chamada fixação emocional ou dependência emocional. Foi observando o comportamento animal que psicólogos e pesquisadores descreveram o fenômeno. Como se dá o comportamento ou sentimento da dependência afetiva ou emocional? Imaginemos uma cria de gazela (antílope) que perde sua mãe para um predador qualquer. Imediatamente essa gazela filhote vai buscar repetida e afoitamente uma mãe substituta. Uma mãe que lhe possa inclusive amamentar, se essa cria ainda for uma lactente (dependente do leite materno). Se essa gazela filhote já for maior ela também terá o mesmo comportamento buscando uma gazela macho ou fêmea como proteção, amparo, guia. E ainda mais, tal comportamento pode se dar inclusive buscando um animal de outra espécie. Uma gazela com um outro animal herbívoro ou mesmo um bicho carnívoro. Tudo vai depender do instinto afetivo e instintivo entre esses dois indivíduos.

No reino dos irracionais não é tão raro algumas fêmeas adotarem filhotes de outras mães da mesma espécie e mesmo crias de animais de outras espécies.  Como exemplos, cadelas adotarem gatinhos e vice-versa, entre outras combinações.

   Um ensinamento que os irracionais trazem aos humanos é aquela constância de comportamento do desmame das crias. Tal fenômeno é bem perceptível em todas as espécies. Todas as fêmeas expressam como regra rígida desmamar os filhos, à medida que eles atingem aptidão e desenvolvimento para sobreviver de forma autônoma, independente. Basta lembrar de uma gata com suas crias, uma cadela, uma porca e as aves em geral. Nunca vamos ver uma cadela adulta, um gato maior de idade dependendo dos pais para sobreviver. Imagine uma águia já criada ficar no ninho dos pais depois de adulta, esperando pela caça no seu bico. Impossível. A mãe águia vai treinando a cria a voar, e voa.

   E aqui começam as grandes diferenças do mundo dos bichos com os humanos. Quantos não são os filhos de muitos pais que nunca desgrudam afetiva (excessivamente) e providencialmente, ou seja: aqueles filhos (as) que fazem do pai e mãe. seus perpétuos provedores. Para tudo dependem dos decrépitos e aposentados genitores. E não são poucos para ser exato. Temos assim, os trintões e quarentões adolescentes, eternos adolescentes, na verdade. Eles carecem de cama, mesa e banho das famílias. Nesta nossa era, intitulada hipermodernidade ou era das tão ubíquas redes socais temos visto demais os eternos adolescentes que não querem deixar o ninho, a proteção e os provedores pais, muitos já idosos e carentes de cuidados, aposentados do INSS, sequelados e filhos dependentes.

   Tornando a outra questão que são os estudos psíquicos e comportamentais da fixação emocional (dependência emocional). Ao se falar nesse fenômeno podemos, como bem assinala os pesquisadores, fazer um paralelo com o transtorno de ansiedade. A ansiedade de grau leve é comum e normal em qualquer pessoa. O excesso é que se torna patológico. O mesmo se dá com o fenômeno da fixação ou dependência emocional.  Uma pessoa se ligar à outra, se conectar a outra por amizade, afeto, amor, considerações, por um mútuo interesse cultural ou profissional é saudável, aceitável, é sociável e de utilidade à vida em sociedade. Somos animais sociais e políticos. Porque vivemos na polis, nas cidades. O excesso dessa comunicação, dessa ligação, dessa chamada fixação obsessiva é que se torna patológica, de assédio e indesejável. E como instrumentos se emprega o tão pernóstico celular quanto os antissociais aplicativos das redes digitais. Existem muitos membros parentais que fazem de outro parente seu provedor emocional, para as demandas as mais rasas e triviais.

Tudo em demasia se torna nocivo, pernóstico, desgastante e patológico. Até o amor excessivo se torna doença. Daí o termo paixão se aplicar a esses casos. Paixão, passional, patos, patológico. Tudo a ver. São aquelas relações que vão exercendo um controle sub-reptício, subliminar e tornando a outra pessoa refém dessa exploradora dependência emocional.

 

 


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