domingo, 29 de maio de 2016

CO(RRUP)RAÇÃO...

COM MUITA CORRUPÇÃO MORRE-SE MAIS DO CORAÇÃO
João Joaquim 


 Uma curiosidade que invade minha consciência e imaginação nesses conflagrados dias do impeachment de nossa primeira mulher presidente, foi a seguinte: qual a relação que existe entre corrupção e coração? Como do país inteiro sabido, o dia 12 de maio 2016 ficará para a história como o começo do fim, do fim  do  governo da presidente Dilma Rousseff. Em nome da fidelidades dos fatos ; que as futuras gerações saibam, ela não está sendo impedida de gerir o Brasil por ser mulher. Longe disto! Sua despedida se dá por outras razões assim delineadas.
Sua exoneração do cargo, aliás muita penosa e traumática, se dá motivada por muitas pedaladas. E não por pedalar todos os dias em sua bike, nas cercanias do palácio da  alvorada, mas pura e simplesmente  por pedaladas fiscais. Fiscal no sentido fazendário, ou de milhões, bilhões de reais gastos sem autorização do congresso nacional. Segundo acusam-na o TCU( tribunal de contas da união ) câmara e senado, tais montanhas de dinheiro  foram gastos à semelhança de um “cheque especial”. Naquele velho lema : gasto agora e depois vejo se dá para acertar.
Mas, em tese, corrupção e coração. É o mote da presente crônica .  Tudo tem a ver uma coisa com a outra. E de todas essas coisas, sairá algum resultado que magoará o nosso tão místico, tão simbólico e vigoroso órgão de muitos sentimentos, do amor e da vida, O Coração.
 Na primeira consideração devemos ter em conta, o ponto de vista dos corruptíveis não participantes da corrupção em voga (mensalão, petrolão como exemplos). À luz da chamada medicina baseada em evidências, e mesmo da medicina psicossomática, se sabe que a inveja e a cobiça maltratam o coração, fazem aumentar a adrenalina (hormônio do estresse). Assim, todo brasileiro corruptível, não contemplado com os frutos e furtos da corrupção, por somatização, passará por situações de dor precordial, cefaleias, dores no peito, opressão torácica; todo um conjunto de sintomas semelhantes a uma cardiopatia. E de fato, conforme estudos de casos-controle, esses indivíduos têm maior risco de angina, arterioesclerose( que também envelhece a pessoa) e infarto do miocárdio. Somados a outros fatores mórbidos como cigarro, alcoolismo, sedentarismo e colesterol, então, é que o quadro pode antecipar e desandar, e o potencial corrupto sofrer infarto e outros eventos vasculares de alta gravidade.
 E sob a ótica e ética  do brasileiro honesto e probo, o que pode haver de nexo causal entre corrupção e coração ? Se aplicam as mesmas evidências( da Medicina Baseada em Evidência e da Psicossomática ) . Sabe-se que a indignação é causa de doença cardíaca e morte prematura. A frustração, a angústia e a desesperança da pessoa honesta colocam-na em maior risco de sofrer do coração. Se o amor, a alegria e a felicidade são energéticos e vitamínicos  para o nosso coração, o ódio e a revolta representam toxinas e venenos que o aniquilam, estrangulam e matam-no lenta ou subitamente. Aqui então é que se dão aqueles princípios morrer de medo, morrer de raiva. Quantas pessoas morrem subitamente do coração sem nenhum aviso ou sintoma prévio?
Por último, um fator que não se pode perder de análise entre corrupção e maus tratos ao coração refere-se ao dinheiro roubado e não investido em saúde. Basta lembrar o quanto de pessoas desassistidas temos visto por esse Brasilzão a fora. Sem marcapassos, sem stents, sem cateterismo, sem válvulas cardíacas, sem uma simples aspirina ou sinvastatina. Ou seja, não precisa nem um tantinho para deixar tanto coração em completo desatino. Como já sentenciou um meditabundo caboclo, em se tratando de material, medicamentos e outros recursos no SUS há uma “fartura” em tudo. “Fartam” desde leitos hospitalares até vergonha na cara dos governantes por promessas não cumpridas.
O que se espera é que de ora avante, todo homem público aja com o máximo da razão e coloquemos um ponto final em tanto mal como a  corrupção que tanto estrago  faz ao  coração, a brasileiros honestos  e a toda uma nação. Maio/2016. 

OS MAIS =S

OS SUPREMOS PRIVILEGIADOS E MAIS IGUAIS DESTE BRASIL 

JOAO JOAQUIM


Embora por formação e confissão seja eu leigo em Política e Direito, gosto muito de ler e de me informar sobre determinados assuntos. Em todas as fontes buscadas e consultadas não encontro explicações convincentes e razoáveis para minhas dúvidas, que acredito ser também a de muitas outras pessoas. Leio por exemplo a Constituição atual (editada e promulgado em 1988), código penal (muito antigo) e civil (2002). Por exemplo, alguma dúvida eternizada: por que da tal imunidade parlamentar?
 Explicações de especialistas: ah essa prerrogativa foi criada para o parlamentar ter direito a expor suas ideias e opinião. Tal justificativa hoje não faz sentido, considerando que não há censura de opinião e expressão. Por que do tal foro (tribunal) especial? A explicação é idêntica à da imunidade e também  sem sentido em nossa democracia vigente. Porque a liberdade de opinião e expressão  também não pode ser absoluta e irrestrita. Imagine, como modelo, um parlamentar que defendesse a prática de pedofilia ou atos e pregação do nazifascismo? Isto seria intolerável aos olhos da sociedade e ao crivo do Judiciário, nosso defensor e guardião das leis e da Constituição.
Outra dúvida que não me sai da cabeça: por que para processar e condenar um político é tão moroso e quase sempre os processos não resultam em nada? Até mesmo ex políticos, poucos estão na cadeia. Mais uma: por que para banqueiros, grandes traficantes, próceres e poderosos tem sempre um juiz ou ministro do supremo tribunal federal  de plantão para garantia de habeas corpus ou liminar a favor do acusado ?
Uma das justificativas  dessas pessoas não  serem condenadas é o julgamento tardio e prescrição das penas. O grande Ruy Barbosa , dizia que justiça tardia não é justiça. Agora imagine então a prescrição de penas por falta de julgamento em tempo hábil . Mais uma dúvida no meio político: por que em muitas investigações e processos, os investigados são apenas destituídos dos cargos (cassados), e voltam para a vida privada incólumes de qualquer reparação pelo que roubaram , por  improbidade administrativa, peculatos e outros  delitos?
No mundo dos endinheirados e ricos é notório que muita impunidade se vê pelo poder pecuário que detêm muitos dos criminosos e o tráfico de influência que exerce o dinheiro e a cooptação que esses agentes têm com políticos e autoridades.
Uma outra razão de impunidade é a prática corporativa de muitas categorias profissionais. São os casos por exemplo de um delegado, de um oficial militar ou integrantes de ministério público e judiciário. Quando surge um delinquente nessas classes profissionais, como é difícil  um justo julgamento e uma justa condenação. Alguns recebem como pena uma aposentadoria compulsória. Parece que esta modalidade punitiva só existe no Brasil. O sujeito comete um crime, é destituído do cargo e ainda aposentado, com aquele salarinho que todos sabemos.
O que se tem de esperançoso e promissor é que a sociedade cada vez mais vem se tornando mais e mais participativa, mais informada, mais cobradora e tudo vem mudando para melhor. Todos sonhamos com um mundo melhor.
Como    exemplo desse relevante papel das pessoas e sociedade  eu citaria dois exemplos bem contundentes e atuais. Um, o impeachment em curso da presidente Dilma Rousseff. Outro, a prisão do senador Delcídio do Amaral, já com mandato cassado.
Uma outra grande dúvida, ou melhor enorme estranheza que me causa é a operação lava-jato. Trata-se de  enorme investigação da Policia  Federal e Justiça Federal, sediada em Curitiba PR, onde se investiga corrupção de empreiteiras, Petrobras e partidos políticos. Por que até agora nenhum político foi preso, só empresários? Ou seja, os mentores e chefões dos carteis e quadrilhas estão livres, leves e soltos. Alguns nos comandos do legislativo e do executivo. Algum ex político preso representa caso pontual . Mas , são raros.  Há muito blábláblá e pouco punição .
Enfim, voltando à Constituição, o que parece é que o seu artigo 5º  não tem sido aplicado a alguns cidadãos desse país. Muitos, entre tantos, como autoridades, ex isso, ex aquilo, políticos, parlamentares, coronéis e caciques de Estado se mostram bem mais privilegiados, com direito a foro e julgamento especial e no fundo e ao cabo mais iguais do que os outros brasileiros. Só no Brasil mesmo! Foi daqui do Brasil que surgiu o refrão , políticos e autoridades constituem uma classe de pessoas mais iguais do que os outros iguais perante a lei. Maio/2016.  

BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA...

A SATISFAÇÃO E ORGASMO  PELA  VINGANÇA E VIOLÊNCIA 

Chegamos a um estágio de tanto culto, gosto e banalização da violência, que o agressor é capaz de cometer atrocidades as mais hediondas, de comprazer junto aos amigos, rir de seus atos e ainda postar tais atrocidades em redes sócias. Estamos todos perdidos, perdemos pelo visto nossa humanidade e capacidade de condoer com a dor do outro.
João Joaquim  


Alguns ramos das neurociências tratam e explicam bem os sentimentos humanos como o amor, o ódio, os sentimentos de vingança, a generosidade, a solidariedade entre muitos outros. Enfim, essas especialidades de saúde como a psicanálise e psicologia até tratam e explicam muito esses atributos neuropsíquicos  de nossas relações com os nossos semelhantes, com a flora e fauna e a natureza como um todo. Todavia, ficam algumas perguntas  não respondidas   quanto a por exemplo esses dois sentimentos: o primeiro, a vingança. Por que há indivíduos que frente a uma ofensa, por pequena que seja, têm uma sede insaciável da desforra e do desagravo, chegando muita vez à eliminação do outro?
A melhor opção que defendo a uma ofensa ou injúria, sem um pedido sincero de desculpa do ofensor, é um compromisso tácito e íntimo ou mesmo expresso de não vingança, embora essa lembrança não se possa ser apagada da memória. Pessoalmente , frente à alguma crítica infundada e acrimoniosa à minha pessoa e honra, algum ato não me devido ou qualquer gesto reprochável por simples fofoca ou inveja ou outra razão que o valha; eu como resposta sempre  procurei fazer dele uma troça, um chiste e  mesmo me inspirar e  criar até uma crônica de humor. Sempre foi a melhor revindita que achei. Ninguém é consenso no mundo dos néscios e amesquinhados. Nunca iremos ser unanimidade ante os intentos éticos ou patológicos de todos.
O segundo sentimento que tento saber seus mecanismos é o gosto ou atração do ser humano pela violência. Quando se fala em violência devemos entendê-la em todo o seu espectro. Assim podemos descrevê-la tanto em seu estado micro como macrodimensional (permitam-me o neologismo). No seu estágio maior podemos ter como exemplo a violência do Estado contra o cidadão. E como tal ela não ocorre somente nos regimes tirânicos de exceção. O Estado comete violência em toda forma de omissão, seja na saúde, na educação, na segurança e infraestrutura qualquer. Imaginemos como modelo as rodovias mal conservadas do Brasil, as vias urbanas esburacadas, hospital caindo aos pedaços! As condutas dos homens públicos, em se falando das tiranias, representam o suprassumo dessas pessoas em questão do gosto ou prazer (mórbido) pela violência. Basta rememorar as perseguições políticas,  o cerceamento à liberdade de expressão e opinião, as execuções de adversários .
Em seus estágios menores quantos gestos são praticados no dia a dia de violência? Eles são repetitivos no cotidiano de todos. Sejam esses atos contra a natureza, contra os animais domesticados ou selvagens, contra o meio ambiente. São às centenas, milhares por dia. O que ocorre nesses casos é um processo de analgesia ou anestesia das pessoas. Pela repetição, nós humanos vamos perdendo a capacidade de espanto e de indignação com tudo fora da norma, da ética , do legal, do humano, do que se convencionou  como cartilha básica de convivência.  Para melhor contextualizar o gosto, o mórbido prazer das pessoas pela violência vamos buscar a aplicação de uma responsabilização civil, penal ou política de um culpado(a) por esses “delitos”. O que preconiza o código penal no caso de um furto? Que o réu cumpra uma pena de reclusão. Essa vingança imposta pelo Estado como legal  é o que expressa a lei de forma enfática e cristalina. É o que se chama em Direito de dosimetria da pena , que não pode ser nem de mais nem de menos. Justiça é isso  ,é atribuir a cada um o que lhe é  de dever e de direito.
Fica aqui a pergunta: quantas pessoas, especialmente se forem as vítimas, não gostariam de além dessa pena imposta, ver o condenado sendo injuriado, torturado ou até executado pelos agentes de Estado (policiais)? Quando não o fazem com as próprias mãos.  Um outro exemplo bem em voga. No impeachment da presidente Dilma Rousseff. O que diz a constituição no referente à sua responsabilização e punição? Está lá de forma irretocável e indiscutível: cassação do mandato e dos direitos políticos por oito anos. Ao que assistimos? Dos mesmos parlamentares que redigem e aprovam as leis ouvimos ofensas e injúrias nos mais variados graus de menosprezo, vilipêndio e agravo à pessoa da presidente. Tudo ao vivo e a cores para o Brasil e para o mundo.
Por fim um genuíno exemplo da morbidez atrativa e gosto pela violência eu citaria o absurdo que chamam de esporte, as lutas de UFC. A última de que tenho notícia no UFC 198(maio de 2016), contou com mais de 45000 pessoas presentes e cerca de 50 milhões de telespectadores pelo mundo. O combate durou dois minutos e meio. É o tempo que o vencedor com socos, coices e cruzados levou o vencido à lona; desmaiado, e com o rosto cheio de hematomas e outras injúrias internas, que em geral de forma silenciosa levam o lutador a sequelas neurológicas, doença de Parkinson e viver uma vida vegetativa futura. É muito triste.
Tudo isso, ou só isso, diriam  os apreciadores de violência, com ingressos caros , sob apupos e  demorados aplausos. Os organizadores e empresários do ramo de lutas marciais, pugilismo etc,  chamam toda essa selvageria de esporte e entretenimento. Imaginem, se não fosse hein!          Maio/2016

sábado, 30 de abril de 2016

QUE DEPRÊ..

 NÃO CAIA NA FOSSA E NA DEPRÊ 

João Joaquim

Pensava eu com meus cadarços e botões  em como somos conectados com o passado, com todos os fatos, notadamente os ruins que sucederam em nossas vidas;  e também “pré-ocupados”( ocupação antecipada) , angustiados com o futuro. Que bom seria viver apenas o presente.
Se fizéssemos um paralelo, uma analogia de nossa mente, nossa memória com um gravador ou o disco rígido de um computador, como seria melhor para controlarmos aqueles acontecimentos, vivências e  reminiscências que nos causam pesar, dor e sensações negativas. Fosse assim nosso cérebro , bastaria evocarmos essa ou aquela lembrança dolorosa e deletá-la permanentemente de nossos arquivos mentais. Mas , por razões que a nossa própria razão ( de racional ) desconhece, quis nosso criador-mor, Deus, que não fôssemos como máquinas inventadas pelo criador-minor, o homem. Temos que guardar tudo, todos os entulhos e lixos psicológicos e emocionais que nos ocorrem. Por isso haja neuroses, depressões, recalques, sentimentos de ódio, vingança e outros desejos do mesmo naipe.
 Diante de uma ofensa, grave injúria, difamação ;  siga este conselho: perdoe o ofensor. Não significa esquecer o caráter , a indignidade, a baixeza do  autor da ofensa. Perdoar significa no mínimo não ter uma atitude de retaliação, de vingança, de desforra. Esqueça pelo menos o ofensor.
Não sem motivos temos a medicina, a psicologia, a psiquiatria, a psicanálise; justamente para auxiliar o ser humano em suas doenças psíquicas, em sua dor existencial, nos seus mais variados conflitos sociais decorrentes das relações interpessoais. Numa análise simplista assim de plano, são três as grandes causas dos sofrimentos existenciais e emocionais das pessoas. Primeira  , as decorrentes de conflitos na relação pais/ filhos. Segunda  , da relação interprofissional. Terceira , da relação conjugal .
 Conflito de gerações . Pelo choque ideológico entre pais/filhos, estribada ainda por  uma educação frouxa e frágil dos ditos tempos modernos decorrem os inúmeros conflitos nas relações humanas, na vivência diária de cada pessoa . Trata-se de um esgarçamento do convívio humano que frente às futilidades mundanas tende a piorar. As famílias e Escolas andam embevecidas com a modernidade e distraídas com os valores éticos e cívicos que moldam o caráter humano. Educar uma criança tem se tornado uma tarefa complexa nesses tempos digitais.
Na área profissional - Surgem os atritos porque no trabalho as pessoas não têm um natural senso ético de respeitar o outro, e das diferenças surgem os confrontos. No ambiente produtivo e profissional têm sido recorrentes  dois tipos de assédio;  o moral, onde o chefe ou supervisor de um funcionário se acha melhor e superior a ele e usa de gestos ou termos de menosprezo ou mesmo graves ofensas a esse colega subalterno. Parece mesmo um ranço, um resquício do senhorio feudal ou dos escravagistas. Os chefes e gerentes de hoje tratam  o empregado ou auxiliar como um escravo, como um sujeito de dignidade inferior. É como se dignidade e honra tivessem uma classificação , uma escala, inferior, média e alta. Uma autêntica estultice ou idiotice de quem assim pensa e age.  
 O outro assédio , e de igual modo muito ignominioso e degradante,  o sexual, onde alguém hierarquicamente acima daquele(a) colega tenta algum favor sexual.  Felizmente , ante essas duas ofensas ,as leis trabalhistas têm se pronunciado a favor das vítimas desses predadores.
No namoro ou casamento por uma escolha desastrada, inesperada ou enganosa do par conjugal por exemplo. E nesta seara como as pessoas sofrem por não se soltarem das armadilhas e amarras de um casamento mal sucedido! Penso, embora na prática também sofro  por não me desvencilhar do meu próprio  passado, que o bom seria ser como os filósofos epicuristas ( exaltação do prazer ); do princípio de  viver essencialmente o dia de hoje, o agora;  o que passou, passou!  O que importa é o dia presente ou como recomendava o poeta Horácio “ carpe diem “, colha o dia de hoje, aproveite o seu presente porque o  futuro a Deus pertence e passado é coisa de museu  . Mas quem há  de buscar esta opção  ! Tente  e seja  muito mais feliz!- abr/16


João Joaquim - médico - articulista DM www.drjoaojoaquim.com                  joaojoaquim@drjoaojoaquim.com

PÍLULA DO CÂNCER

OS PERIGOS DE USAR  FOSFOETANOLAMIA COMO ANTICÂNCER

João Joaquim  

Estamos vivendo tempos tão absurdos e abstrusos no Brasil que há algumas façanhas  não menos estapafúrdias que passam até ao largo do conhecimento da imprensa e das pessoas comuns. E o fazem com razão. Num Brasil com tantos escândalos políticos e de corrupção, há fatos que vão se tornando menos atrativos e pouco interessantes. Principalmente para as redes de televisão e mídias digitais.
Dentro dessas considerações vamos dissertar sobre um fato. Apenas esse meio esquecido, que é a liberação da fosfoetanolamina para tratamento de câncer. Tal liberação está sustentada na suposição, repiso o termo, suposição de que tal substância tenha efeitos anticancerígenos. Chegamos ao contrassenso de algum parlamentar encampar a ideia da eficácia da já popular substância e apresentar tal argumento para a câmara dos deputados. Um projeto de lei nesse sentido está correndo nas duas casas do congresso nacional.  
Trata-se de uma idiotice, estultice ou aberração   no que se refere à decisão das duas casas legislativas no referido projeto de lei. Usar tal droga por conta própria, ou  ser ela prescrita por qualquer profissional constituem atitudes de charlatanismo e de risco à saúde. Para tanto vamos às razões.
O emprego de qualquer medicamento em humanos se dá com os resultados da chamada medicina baseada em evidências. Expliquemos melhor o termo em nome do bom entendimento. Evidência significa verdade real, certeza de que aquele insumo farmacêutico tem tais e tais efeitos terapêuticos, tais e tais efeitos colaterais e o percentual de eficácia quando empregado em conformidade com os resultados de todos os estudos científicos e ensaios clínicos; primeiro em cobaias e depois em seres humanos. Referidos estudos e ensaios envolvem várias etapas. Pode-se chegar, o grupo de estudo,  a conclusões claras em 5 anos, mas pode-se prolongar por uma década a plena certeza da eficácia e segurança daquela droga em investigação, ou a absoluta ineficácia e contraindicação para o fim proposto. E assim procedido, não se precisam nem de tantas fases de estudos, se no início já se tem resultados negativos.
Recomendar a fosfoetanolamina como quimioterápico anticâncer é no mínimo antiético e ato de grande irresponsabilidade do médico que assim o faz, ou mesmo do próprio paciente numa atitude de automedicação.
Vamos, a título de ilustração, pegar dois casos públicos, que fizeram tratamento anticâncer.
O ex-presidente Lula fez tratamento de câncer de faringe (ligado ao fumo). Suponhamos que ele confiasse na fosfoetanolamina e desistisse do tratamento padrão. Ele se tratou dentro dos padrões  éticos e científicos . A chance de sucesso se o tratamento fosse com a droga em questão( fosfoetanolamina) era como se ele se lançasse  de  um vazio, com algumas almofadas em embaixo  e esperar esse ou aquele resultado de se salvar ou de se espatifar. O mesmo raciocínio poderíamos fazer com a quase ex-presidente Dilma Rousseff que se  tratou de linfoma. Ela também seguiu as diretrizes corretas em seu tratamento.  Ou seja, usar uma droga para uma doença séria e grave, sem comprovada eficácia é por demais temerário. Seria como uma pessoa pular do 5º andar de um prédio, em cima de uma rede que não foi previamente testada quanto a segurança e resistência para tamanho impacto.
No caso da rede não testada são três os resultados possíveis: a pessoa manter sua integridade e sair incólume  (eficácia ) se machucar levemente (eficácia parcial), ou se matar (ineficácia total). É o mesmo resultado que se espera de estágios de estudos científicos e ensaios clínicos com qualquer  procedimento terapêutico ou diagnóstico . Essas pesquisas são as evidências da eficácia ou não de qualquer medicamento.
Portanto, dirijo-me à presidenta da República, a quem cabe a palavra final de referendar o comentado projeto de lei ou vetá-lo na sua inteireza.
Exma presidenta Dilma Rousseff; vossa Excia que já fora  vítima de uma forma grave de câncer;  que se tratou e continua em monitoramento;  e certamente curada graças a Deus ,  aos médicos e ao  tratamento correto.  Atenha-se , sobretudo ,  ao risco do nocivo, intempestivo e esdrúxulo projeto de lei da aprovação de um medicamento, que nada de concreto se sabe sobre ele. Vete tal iniciativa de nosso congresso  e mostre sensatez e ética com a saúde dos compatrícios que porventura tenham algum tipo de câncer,  e queiram,  ao livre-arbítrio,  ou por indicação de algum médico fazer tratamento com  tal medicamento.  Abril /2026.

Atenciosamente.


João Joaquim - médico - articulista DM www.drjoaojoaquim.com  joaojoaquim@drjoaojoaquim.com

LIÇÕES DO ÓCIO...

O ELOGIA DA PREGUIÇA

JOÃO JOAQUIM


Eu venho de escrever sobre o trabalho, nestas linhas deu me na telha de escrever sobre a preguiça. Falando primeiro do mamífero, me disserto sobre o elogio da preguiça. Para aqueles não afeitos à sabedoria e símbolo do bicho, eu alcanço por bem esclarecer já de pronto. O animal, folclórico pela sua tenaz morosidade deu ensejo aos princípios da Ataraxia. Sistema existencial e filosófico que também defino para evitar deserção de leitura do texto remanescente. Ataraxia é um verbete originado do grego (gr ataraxía) com o significado de quietude, paz e tranquilidade. Tal sistema foi difundido, proposto e vivido pelos pensadores do ceticismo e estoicismo. Era na contemplação serena e imóvel da natureza que esses filósofos gregos afirmavam encontrar a felicidade suprema. É no  equilíbrio e moderação constante dos atos, na busca constante dos prazeres sensíveis (pelos sentidos) e espirituais que se atinge a plena realização do corpo e da alma. Numa palavra, serenidade para tudo.
O elogio da preguiça nada mais é do que essa constante demonstração que o animal nos dá sobre esse milenar princípio, que enfim, exposto em outros termos e conselhos seria : vá com calma porque a vida é breve e a arte é longa.
Um ensinamento de vida que nos traz essa classe de desdentados é aquele procurado por muitos: se quiser atingir o apogeu vá devagar. Outro saudável princípio é o do vegetarianismo. Só folhas e brotos. Não têm grãos, leguminosas, nada que fede a carne.
Poucos devem saber fora do regionalismo, mas o bicho preguiça também é conhecido por aí ou aígue. E não pensem que foi a expressão macunaímica “ai que preguiça” que deu origem a esses outros nomes de tão filosófico animal. Isto porque tais codinomes do animal  já estavam dicionarizados antes da obra andradiana .
Ficam então aqui relembrados os preceitos e elogios originados de tão simbólico animal por poucos admirado e reverenciado, a preguiça, do lema “devagar se vai ao longe”, lentamente se chega ao topo.
Por último falo de outra preguiça, aquele sentimento de aversão  ao trabalho, a indolência, a inércia em tudo na vida, o nada produzir ; ou numa expressão francesa o “laisser-faire”. O comportamento preguiçoso, o estado espiritual da preguiça (indolência) teve, é bem verdade, origem no ritmo de lentidão de nossa querida preguiça animal. Mas, trata-se, em nome de justiça, de uma referência desrespeitosa e infamante. Como bem pontuado, a criatura na verdade faz da paz, da serenidade e equilíbrio o seu modo de viver, o que vem a ser o seu grande elogio e lições de vida no mundo atribulado em que vivemos.
Os preguiçosos humanos de nossos dias vêm se proliferando. Tanto que vêm sendo objeto de estudo do ainda profícuo e produtivo IBGE. Nossos preguiçosos do Brasil foram classificados como nem, nem, nem. Para mais clareza das pessoas que me leem eu explico. Primeiro o IBGE fez uma estatística dos nem  nem; isto é; o grupo dos que nem estudam, nem trabalham, duas vezes nem.  A pesquisa então foi refinada e chegou-se a uma subclassificação. De tal pesquisa então surgiram os chamados três vezes nem .
São os genuínos preguiçosos porque nem estudam, nem trabalham e nem têm vontade ou desejo para ambas as atividades. Nossa moção de protestos aos preguiçosos do Brasil. Outra injustiça que deve ser reparada é a atribuição de tantos preguiçosos  nem aos programas sociais( fome zero, minha casa minha vida ) instituídos , com o fim de angariar eleitores e mais votos , pelo partidos dos trabalhadores de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Uma absoluta inverdade.  Os nem e preguiçosos já existiam. Eles apenas tiveram um incentivo a mais com tais programas assistencialistas. São tantas injustiças nesse nosso mundo  e no   Brasil que nem sonha nossa santa e pura filosofia de vida  !                    Abril/2016.  


João Joaquim de Oliveira  Médico Cronista do DM Goiânia Go  www.drjoaojoaquim.com   joaojoaquim@drjoaojoaquim.com 

FILHO OU CACHORRO...


12 de abr
para OpiniãoOpinião
Imagem inline 1

 O que vale mais , dois filhos  ou um lulu-da-pomerânia    ?

João Joaquim 

Quantas lições se podem tirar da foto do casal do cachorrinho, que mais parece uma fêmea. Talvez lulu-da-pomerânia.  Soou estranho o nome? Já abro um aparte e explico um pouco de Geografia.  Pomerânia é uma região ao norte  da Polônia e da Alemanha, que no curso da história foi motivo do chamado conflito PPS; Prússia, Polônia e Suécia. Existe essa região polonesa e alemã e também o dialeto Pomerânio, derivado do Alemão.
Todavia, a mimosa e bela raça do cachorrinho tem origem na Alemanha, lulu-da-pomerânia. Um pouco de cultura inútil não faz mal a certos assuntos cachorrais.
A propósito da  questão da foto que saiu na Veja 13 de Março 2016, nas redes sociais e provocou protestos, críticas provocativas, aleivosias e comentários acrimoniosos.
Tudo se deu nas passeatas de 13 de Março, contra o governo petista de Dilma Rousseff. A foto do casal Cláudio e Carolina Pracownik foi tirada de uma via pública do Rio de Janeiro. Tal imagem, originalmente  está encimada por duas placas: Visconde de Pirajá e Rei do Mate. O quadro fotográfico mostra o casal com um pet (lulu) puxado pela coleira e atrás vem a empregada ou babá, de etnia negra, empurrando um carrinho quadriciclo com dois irmãozinhos, de cerca de 2 e 4 anos de idade.
Naquele átimo da foto, é bom que se diga, a babá empurra a composição a custo. Tanto que ela tem os passos mais contraídos e se acha mais ofegante. Naquela fração de segundo o casal num olhar de esguelha e à  lateral esquerda confere a condição das crianças que demonstram estar confortáveis.
E assim seguem o passeio pelas avenidas. E então pipocaram os comentários, nos mais diversos vieses. Alguns desses : trata-se de um ranço da época escravagista! Por que cabe à empregada negra a tarefa de cuidar dos filhos do casal? Outro: por que ao pai, tão jovem e tão saudável, não coube aquele esforço e trabalho de condução  do carrinho com as duas crianças?
Eis então as chaves interpretativas de tão polêmica imagem. Atenhamos todos à legislação que rege e normaliza o trabalho dos domésticos(as). Trata-se de questão de informação. Todos têm deveres e direitos iguais a todos os outros estratos de trabalhadores do Brasil. E são livres. Laboram para quem, onde e quanto de horas querem. Se excedem as horas devidas por dia recebem hora extra. Ou seja, são livres e têm a profissão legalizada. Recebem até seguro desemprego, se necessário;  e são até assistidos pelo INSS e pelo SUS. Então por que de tantos protestos e críticas vazias de fundamentos ?
Quanto ao diferencial ou discriminativo nos dois atos: condução do pet e do carrinho com os dois filhos do casal. Para clarear melhor a polêmica. Coloca-se a seguinte questão: falando nos dias de hoje, em termos de evolução , costumes, comportamento e paradigmas socioculturais;  como se pode prestigiar a uma pessoa ? Como  trazer-lhe mais dignidade? Resposta,  na missão a ela incumbida. Isto em se falando nos tempos de plena modernidade, de virtualidade, de global comunicação digital instantânea. Pergunta-se :  O que mais dignifica uma empregada doméstica?  Qual dessas tarefas se torna mais nobre:  a  condução dos filhos ou a guia do  cachorrinho do casal?   Francamente, eu não sei por que de tanta controvérsia!   Abril 2016. 


João Joaquim - médico - articulista DM - www.drjoaojoaquim.com  joaojoaquim@drjoaojoaquim.com

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...